Textos: Is 50, 5-9a; Tg 2, 14-18; Mc 8, 27-35
Evangelho
(Mc 8,27-35): Jesus e seus discípulos
partiram para os povoados de Cesareia de Filipe. No caminho, ele perguntou aos
discípulos: «Quem dizem as pessoas que eu sou?». Eles responderam: «Uns dizem
João Batista; outros, Elias; outros ainda, um dos profetas». Jesus, então,
perguntou: «E vós, quem dizeis que eu sou?». Pedro respondeu: «Tu és o Cristo».
E Jesus os advertiu para que não contassem isso a ninguém. E começou a
ensinar-lhes que era necessário o Filho do Homem sofrer muito, ser rejeitado
pelos anciãos, sumos sacerdotes e escribas, ser morto e, depois de três dias,
ressuscitar. Falava isso abertamente. Então, Pedro, chamando-o de lado, começou
a censurá-lo. Jesus, porém, voltou-se e, vendo os seus discípulos, repreendeu
Pedro, dizendo: «Vai para trás de mim, satanás! Pois não tens em mente as
coisas de Deus, e sim, as dos homens!». Chamou, então, a multidão, juntamente
com os discípulos, e disse-lhes: «Se alguém quer vir após mim, renuncie a si
mesmo, tome a sua cruz e siga-me! Pois quem quiser salvar sua vida a perderá;
mas quem perder sua vida por causa de mim e do Evangelho, a salvará».
«Se alguém quer vir após
mim (...) tome a sua cruz e siga-me!»
Rev. D. Antoni CAROL i Hostench (Sant Cugat del Vallès,
Barcelona, Espanha)
S. João Crisóstomo, Bispo e Doutor |
Jesus,
naquela ocasião da confissão de fé feita por Simão Pedro, «E Jesus os advertiu
para que não contassem isso a ninguém» (Mc 8,30). Sua condição messiânica devia
ser transmitida ao povo judeu com uma pedagogia progressiva. Mais tarde
chegaria o momento fundamental em que Jesus Cristo declararia -de uma vez e
para sempre- que Ele era o Messias: «Eu sou» (Lc 22,70). Desde então, já não há
escusa para não lhe declarar nem lhe reconhecer como o Filho de Deus vindo ao
mundo para nossa salvação. Mais ainda: todos os batizados têm esse gozoso dever
sacerdotal de predicar o Evangelho por todo o mundo e a toda criatura (cf. Mc
16,15). Esta chamada à predicação da Boa Nova é tanto mais urgente se levamos
em consideração que sobre Ele continuam proferindo todo tipo de opiniões
equivocadas, inclusive blasfêmias.
Mas
o anuncio de sua messianidade e da chegada do seu Reino passa pela Cruz.
Efetivamente, Jesus Cristo «E começou a ensinar-lhes que era necessário o Filho
do Homem sofrer muito» (Mc 8,31), e o Catecismo nos lembra que «a Igreja avança
em sua peregrinação através das persecuções do mundo e dos consolos de Deus»
(n. 769). Eis aqui, pois, o caminho para seguir a Cristo e dá-lo a conhecer:
«Si alguém quer vir após mim (...) tome sua cruz e siga-me» (Mc 8,34).
Em verdade, quem é Jesus
e qual é a sua missão?
Pe. Antonio Rivero, L.C.
V Centenário do Nascimento (1515-2015) |
Hoje
lemos a primeira confissão clara de Pedro: “Tu és o Messias”. Ao final
escutaremos, depois de ter passado Cristo pela sua paixão, morte e ressureição,
a surpreendente afirmação do centurião romano: “Verdadeiramente este homem era
Filho de Deus”.
Em
primeiro lugar, quem é Jesus para muitos? Aqui temos diversas respostas que
foram dadas ao longo dos séculos. Para os judeus: “é um samaritano” (Jo 8.48).
Para os samaritanos: “é verdadeiramente o Salvador do mundo” (Jo 4,42). Para os
fariseus: “é um comilão e beberão” (Mt 11,19). Para Natanael: “Tu és o Filho de
Deus” (Jo 1, 49). Para os sacerdotes e fariseus: “é um mentiroso” (Mt 27,63).
Para João Batista: “Este é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo
1,29). Para André: “Achamos o Messias” (Jo 1,41). Para o povo: “Tens um
demônio” (Jo 7,20). Para Tomé: “Meu Senhor e meu Deus” (Jo 20,28). Para os seus
parentes: “Ele está fora de si” (Mc 3,21). Para Mahatma Gandhi, artífice da
independência da Índia em 1947: “Jesus é a figura mais grande da história”.
Para o poeta hindu Tagore: “Se os cristãos fossem como o seu mestre, já teríeis
a Índia em vossos pés”. Para Ibn Arabí, filósofo, teósofo y místico mulçumano:
“Aquele qual enfermidade chama-se Jesus Cristo, já não se pode curar”. Para
Jean Fernoit (jornalista): “Durante longo tempo tenho acreditado que Jesus
Cristo era filho de Deus, Deus mesmo. Agora não estou seguro. Porém pouco
importa. Nenhum homem jamais tem falado nem amado como ele. Ele nos disse que
estava em cada um de nós, mas isto ainda eu não chego a crê-lo”. Para Eddy
Merck, ciclista belga: “Desejo dar a conhecer Jesus a todos aqueles que não lhe
conhecem. Para mim Cristo tem uma presença continua em toda minha vida. Creio
profundamente n’Ele, na sua história e na sua divindade”. Para K. Rahner, um
dos teólogos católicos jesuítas mais importantes do século XX: “Cristo é a
resposta total à pergunta total do homem”. Outro disse: “sou o que sou, porque
tenho encontrado em Jesus Cristo a fonte de dois grandes valores da minha vida:
a liberdade e o amor”. Para o escritor russo Dostoievski: “Não tem nada mais
bonito, mais profundo, mais amável, mais razoável, mais valente, mais perfeito
que Cristo, e digo-me a mim mesmo com amor zeloso que não pode ter nada mais
perfeito”.
Em
segundo lugar, e Jesus, quem diz ser ele mesmo? Tudo menos triunfalista,
charlatão, ganhador de votos e carreirista. Ele definiu-se assim, como escrevi
no meu primeiro libro sobre Jesus Cristo: “Eu sou o Caminho, a Verdade, a Vida,
a Ressurreição, a Luz do mundo, o Bom Pastor, a Porta das ovelhas, o Pão da
vida, a Videira verdadeira, Rei dos corações”. Os apóstolos receberam de Jesus
uma boa chamada de atenção, porque eles não lhe entendiam. Ainda ressoa nos
nossos ouvidos o que lhe disse a Pedro: “Afasta-te de mim Satanás! Tu pensas
como os homens, não como Deus! ”. Ser como Satanás significa que Pedro, sem
querê-lo, estava tentando a Jesus para que não aceitasse o plano de Deus, senão
que seguira as apetências humanas que buscam o êxito e a vitória. O caminho de
Jesus era a cruz. Aos apóstolos não lhes entrava na cabeça que seu Mestre, o
Messias, pudesse fracassar. Temos que aceitar a Cristo não só como Messias, mas
também como o Servo que se entrega pelos demais, que enfrentou a humilhação, os
golpes, os cuspes, a coroa de espinhas, os ultrajes; como Isaías bem nos falou
hoje na primeira leitura, prefigurando a Cristo como o Servo das dores. Hoje
Jesus condenou o triunfalismo de Pedro e, ao condená-lo, condenou o
triunfalismo da Igreja Licinio-constantiniana e dos cristãos e da hierarquia
triunfalistas.
Finalmente,
e para nós, quem é Jesus? Cada um de nós tem feito ou está fazendo a própria
experiência de Cristo. Cada um de nós deve responder a esta pregunta que hoje
nos faz Jesus. Talvez Médico, Amigo, Mestre, Pastor, Água viva, Pão de vida
eterna, Senhor da nossa vida, Juiz supremo, Redentor dos nossos pecados? O que
tem que ficar bem claro é isto: não existe em todos os livros sagrados
inspirados por Deus nenhum outro messias que o sofredor dos profetas, nem outro
Jesus que o nascido para o vexame, a cruz e a ressurreição, nem outra Igreja
que a fundada para o serviço e a salvação dos homens, nem outro cristão que o
imitador de Cristo. Querer uma Igreja triunfalista é desnaturalizar,
secularizar e socializar a Igreja. Temos que nos convencer que o triunfalismo é
anti-evangélico. Tiremos da nossa agenda toda altivez e pedantaria religiosa, e
vivamos humildes, alegres e firmes na fé messiânica proclamada por Cristo no
evangelho de hoje; não por Pedro, a quem Cristo teve que lhe chamar fortemente
a atenção.
Para
refletir:
Somente gosto que Cristo
leve-me para o Tabor, aonde está o resplendor e a luz? Ou também aceito que me
convide e leve-me ao Calvário, para acompanhar-lhe na grande tarefa da
Redenção, ainda que tenha que suar sangue? Que conceito tenho de Cristo e da
Igreja: triunfalista ou humilde?
Para
rezar: JESUS, filho de Maria e de José, irmão
e salvador nosso: um dia perguntastes aos teus discípulos o que se comentava de
Ti, qual era a opinião sobre a tua pessoa. E, se julgamos as respostas, muitos
não te conheciam de verdade. Só Pedro, o futuro primeiro Papa, deu a resposta
certa: TU ÉS O CRISTO, O FILHO DE DEUS VIVO. Ainda hoje, são tão variadas as
ideias sobre a tua pessoa, que se poderiam escrever milhares de livros e de
teorias. Mas para nós, o que nos preocupa é chegar a conhecer-te melhor para
amar-te mais. Sabemos que não és um mago, nem um bruxo, senão que alguém muito
superior a eles; ainda que às vezes, não podemos negá-lo, que temos corrido com
eles. Nosso sincero desejo é experimentar teu Amor e transmiti-lo aos nossos
irmãos. Oxalá que nos queiras iluminar com o teu Espírito Santo, e que nós,
teus irmãos, possamos dizer com os lábios, e manifestar com nossas ações que TU
ÉS O CRISTO, O FILHO DE DEUS VIVO.
Qualquer
sugestão ou dúvida podem comunicar-se com o padre Antonio neste e-mail:
arivero@legionaries.org
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