Sto Alberto, Patriarca de Jerusalém Legislador da nossa Ordem. |
Evangelho
(Lc 7,36-50): Naquele tempo, um fariseu
convidou Jesus para jantar. Ele entrou na casa do fariseu e sentou-se à mesa.
Uma mulher, pecadora da cidade, soube que Jesus estava à mesa na casa do
fariseu e trouxe um frasco de alabastro, cheio de perfume. Ela postou-se atrás,
aos pés de Jesus e, chorando, lavou-os com suas lágrimas. Em seguida,
enxugou-os com os seus cabelos, beijou-os e os ungiu com o perfume. Ao ver
isso, o fariseu que o tinha convidado comentou: «Se este homem fosse profeta,
saberia quem é a mulher que está tocando nele: é uma pecadora!». Então Jesus
falou: «Simão, tenho uma coisa para te dizer». Ele respondeu: «Fala, Mestre».
«Certo credor», retomou Jesus, «tinha dois devedores. Um lhe devia quinhentas
moedas de prata, e o outro cinqüenta. Como não tivessem com que pagar, perdoou
a ambos. Qual deles o amará mais?». Simão respondeu: «Aquele ao qual perdoou
mais». Jesus lhe disse: «Julgaste corretamente». Voltando-se para a mulher,
disse a Simão: «Estás vendo esta mulher? Quando entrei na tua casa, não me
ofereceste água para lavar os pés; ela, porém, lavou meus pés com lágrimas e os
enxugou com seus cabelos. Não me beijaste; ela, porém, desde que cheguei, não
parou de beijar meus pés. Não derramaste óleo na minha cabeça; ela, porém,
ungiu meus pés com perfume. Por isso te digo: os muitos pecados que ela cometeu
estão perdoados, pois ela mostrou muito amor. Aquele, porém, a quem menos se
perdoa, ama menos». Em seguida, disse à mulher: «Teus pecados estão perdoados».
Os convidados começaram a comentar entre si: «Quem é este que até perdoa
pecados?». Jesus, por sua vez, disse à mulher: «Tua fé te salvou. Vai em paz!».
«Ela postou-se aos pés
de Jesus chorando»
Mons. José Ignacio ALEMANY Grau, Bispo Emérito de
Chachapoyas (Chachapoyas, Peru)
Hoje,
Simon fariseu, convida para comungar o corpo de Jesus para chamar a atenção das
pessoas. Era um ato de vaidade, mas o trato que Jesus deu ao recebê-lo, não
correspondeu nem se quer ao mais elementar.
Enquanto
ceiam, una pecadora pública faz um grande ato de humildade: «Pondo-se atrás,
aos pés de Jesus, começou a chorar e com suas lagrimas lhe molhava os pés e com
os cabelos, os secavam, beijava seus pés e os ungia com o perfume» (Lc 7,38).
O
fariseu em troca, ao receber Jesus, não lhe deu o beijo de saudação, água para
seus pés, toalha para secá-los, nem lhe ungiu a cabeça com azeite. Além disso,
o fariseu pensa mal, «Se este fosse profeta, saberia quem e que tipo de mulher
é a que está tocando, pois é uma pecadora» (Lc 7,39). De fato, quem não sabia
com quem tratava era o fariseu!
O
Papa Francisco tem insistido muito na importância de aproximar-se dos enfermos
e assim “tocar a carne de Cristo”. Ao canonizar a santa Guadalupe García,
Francisco disse: «Renunciar a uma vida cômoda para seguir ao chamado de Jesus
amar a pobreza para poder amar mais aos pobres, enfermos e abandonados, para
servir-lhes com ternura e compaixão, isto se chama “tocar a carne de Cristo”.
“Os pobres, abandonados, enfermos, e os marginais são a carne de Cristo». Jesus
tocava os enfermos e se deixava tocar por eles e pelos pecadores.
A
pecadora do Evangelho tocou Jesus e Ele estava feliz vendo como se transformava
seu coração. Por isso lhe presenteou a paz recompensando sua fé valente. —Tu
amigo, te aproximas com amor para tocar a carne de Cristo em tantos que passam
junto a ti e de ti necessitam? Si sabes fazê-lo, tua recompensa será a paz com
Deus, com os demais e contigo mesmo.
«Tua fé te salvou. Vai
em paz!»
Rev. D. Ferran JARABO i Carbonell (Agullana, Girona, Espanha)
Hoje,
o Evangelho nos chama a ficar atentos ao perdão que o Senhor nos oferece: «Teus
pecados estão perdoados» (Lc 7,48). É preciso que os cristãos nos lembremos de
duas coisas: que devemos perdoar sem julgar à pessoa e amar muito porque fomos
perdoados gratuitamente por Deus. Gera-se um duplo movimento: o perdão recebido
e o perdão amoroso que devemos dar.
«Quando
alguém lhe insulte, não lhe jogue a culpa, jogue-a ao demônio que, em todo
caso, é quem faz insultar, e descarregue nele toda sua ira; em troca, compadeça
ao desgraçado que faz o que o diabo lhe mandar» (São João Crisóstomo). Não se
deve julgar à pessoa mas reprovar a má ação. A pessoa é um objeto continuado do
amor do Senhor, são as ações que nos distanciam de Deus. Nós, então, devemos
estar sempre dispostos a perdoar, acolher e amar á pessoa, mas a rejeitar
aquelas ações contrarias ao amor de Deus.
«Quem
peca fere a honra de Deus e o seu amor, sua própria dignidade de homem chamado
a ser filho de Deus e o bem espiritual da Igreja, da qual cada cristão deve ser
pedra viva» (Catecismo da Igreja, n. 1487). Através do Sacramento da
Penitência, a pessoa tem a possibilidade e a oportunidade de refazer sua
relação com Deus e com toda a Igreja. A resposta ao perdão recebido, só pode
ser o amor. A recuperação da graça e a reconciliação nos levará à amar com um
amor divinizado. Somos chamados para amar como Deus ama!
Perguntemo-nos
hoje, especialmente, se somos conscientes da grandeza do perdão de Deus, se
somos aqueles que amam à pessoa e lutam contra o pecado e, finalmente, se
acudimos com confiança ao Sacramento da Reconciliação. Tudo o podemos com o
auxilio de Deus. Que nossa humilde oração nos ajude.
Reflexões de Frei
Carlos Mesters, O.Carm.
V Centenário do Nascimento (1515-2015) |
*
O evangelho de hoje traz o episódio da moça de perfume que foi acolhida por
Jesus durante uma refeição na casa de Simão, o fariseu. Um dos aspecto da
novidade que a Boa Nova de Deus traz é a atitude surpreendente de Jesus para
com as mulheres. Na época do Novo Testamento, a mulher vivia marginalizada. Na
sinagoga ela não participava, na vida pública não podia ser testemunha. Muitas
mulheres, porém, resistiam contra sua exclusão. Desde os tempos de Esdras,
crescia a marginalização das mulheres pelas autoridades religiosas (Esd 9,1 a
10,44) e crescia também a resistência das mulheres contra a sua exclusão, como
transparece nas histórias de Judite, Ester, Rute, Noemi, Suzana, da Sulamita e
de tantas outras. Esta resistência encontrou eco e acolhida em Jesus. No
episódio da moça do perfume transparecem o inconformismo e a resistência das
mulheres no dia-a-dia da vida e o acolhimento que Jesus lhes dava.
* Lucas 7,36-38: A situação que provocou o
debate
Três
pessoas totalmente diferentes se encontram: Jesus, Simão, o fariseu, um judeu
praticante, e a moça, da qual diziam que era pecadora. Jesus está na casa de
Simão que o convidou para um jantar. A moça entra, coloca-se aos pés de Jesus,
começa a chorar, molha os pés de Jesus com as lágrimas, solta os cabelos para
enxugá-los, beija e unge os pés com perfume. Soltar os cabelos em público era
um gesto de independência. Jesus não se retrai nem afasta a moça, mas acolhe o
gesto dela.
* Lucas 7,39-40: A reação do fariseu e a
resposta de Jesus
Jesus
estava acolhendo uma pessoa que, conforme os costumes da época, não podia ser
acolhida, pois era pecadora. O fariseu, observando tudo, critica Jesus e
condena a mulher: "Se este homem fosse um profeta, saberia que tipo de
mulher é esta que o toca, pois é uma pecadora!" Jesus usa uma parábola
para responder à provocação do fariseu.
* Lucas 7,41-43: A parábola dos dois devedores
Um
devia 500 denários, o outro, 50. Nenhum dos dois tinha como pagar. Ambos foram
perdoados. Qual dos dois terá mais amor? Resposta do fariseu: "Amará mais
aquele a quem mais se perdoa!". A parábola supõe que os dois, tanto o
fariseu como a moça, tinham recebido algum favor de Jesus. Na atitude que os
dois tomam diante de Jesus, mostram como apreciam o favor recebido. O fariseu
mostra o seu amor, a sua gratidão, convidando Jesus para o jantar. A moça
mostra o seu amor, a sua gratidão, através das lágrimas, dos beijos e do
perfume.
* Lucas 7,44-47: O recado de Jesus para o
fariseu.
Depois
de receber a resposta do fariseu, Jesus aplica a parábola. Mesmo estando na
casa do próprio fariseu, a convite do mesmo, Jesus não perde a liberdade de
falar e de agir. Defende a moça contra a crítica do judeu praticante. O recado
de Jesus para os fariseus de todos os tempos é este: "Aquele, a quem pouco
foi perdoado, mostra pouco amor!" Um fariseu acha que ele não tem pecado,
porque observa em tudo a lei. A segurança pessoal que eu, fariseu, crio para
mim pela observância das leis de Deus e da Igreja, muitas vezes, me impede de
experimentar a gratuidade do amor de Deus. O que importa não é a observância da lei em si, mas sim o
amor com que observo a lei. E usando os símbolos do amor da moça, Jesus dá a
resposta ao fariseu que se considerava em paz com Deus: "Você não me deu
água para lavar os pés, não me deu o beijo de acolhida, não me deu água de
cheiro! Simão, apesar de todo o banquete que me ofereceu, você tem pouco amor!"
* Lucas 7,48-50: Palavra de Jesus para a moça
Jesus
declara a moça perdoada e acrescenta: "Tua fé te salvou! Vai em paz!"
Aqui transparece a novidade da atitude de Jesus. Ele não condena, mas acolhe. E
foi a fé que ajudou a moça a se recompor e a se reencontrar consigo mesma e com
Deus. No relacionamento com Jesus, uma força nova despertou dentro dela e a fez
renascer.
Para um confronto
pessoal
1) Onde, quando e como as moças são
desprezadas pelos fariseus de hoje ?
2) A moça certamente não teria feito o
que fez, se não tivesse antes a certeza absoluta de ser acolhida por Jesus.
Será que os marginalizados e os pecadores de hoje têm a mesma certeza a nosso
respeito?
Nenhum comentário:
Postar um comentário
DEIXE AQUI SEU SUA SUGESTÃO