Evangelho
(Mt 17,1-9): Naquele tempo, Jesus levou
consigo Pedro, Tiago e João e os fez subir a um lugar retirado, no alto de uma
montanha, a sós. Lá, ele foi transfigurado diante deles. Sua roupa ficou muito
brilhante, tão branca como nenhuma lavadeira na terra conseguiria torná-la
assim. Apareceram-lhes Elias e Moisés, conversando com Jesus. Pedro então tomou
a palavra e disse a Jesus: «Rabi, é bom ficarmos aqui. Vamos fazer três tendas:
uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias». Na realidade, não sabia o
que devia falar, pois eles estavam tomados de medo. Desceu, então, uma nuvem,
cobrindo-os com sua sombra. E da nuvem saiu uma voz: «Este é o meu Filho amado.
Escutai-o!». E, de repente, olhando em volta, não viram mais ninguém: só Jesus
estava com eles. Ao descerem da montanha, Jesus ordenou-lhes que não contassem
a ninguém o que tinham visto, até que o Filho do Homem ressuscitasse dos
mortos. Eles ficaram pensando nesta palavra e discutiam entre si o que
significaria esse «ressuscitar dos mortos».
«Rabi, é bom ficarmos
aqui»
Rev. D. Ignasi NAVARRI i Benet (La Seu d'Urgell,
Lleida, Espanha).
Hoje
celebramos a solenidade da Transfiguração do Senhor. A montanha do Tabor, como
a do Sinai, é o lugar da proximidade com Deus. É o espaço elevado, com respeito
à existência diária onde se respira o ar puro da Criação. É o lugar da oração
donde se está na presença do Senhor, como Moisés e Elias que aparecem com Jesus
transfigurado falando com Ele sobre o Êxodo que lhe esperava em Jerusalém (ou
seja, sua Páscoa).
«As
suas vestes tornaram-se resplandecentes, de tal brancura que nenhum lavadeiro
sobre a terra as poderia assim branquear» (Mc 9,3). Este fato simboliza a
purificação da Igreja. E Pedro disse a Jesus: «Vamos fazer três cabanas, una
para ti, outra para Moisés e outra para Elias» (Mc 9,5). Santo Agostinho
comenta belamente que Pedro buscava três cabanas porque ainda não conhecia a
unidade entre a Lei, a Profecia e o Evangelho.
«Nisto
veio uma nuvem que os cobriu, e dela saiu uma voz que dizia: Este é o meu Filho
amado; a ele ouvi» (Mc 9,7). A Transfiguração não é uma mudança em Jesus, e sim
a Revelação de sua Divindade. Pedro, Santiago e João, contemplando a Divindade
do Senhor, se preparam para afrontar o escândalo da Cruz. A Transfiguração é um
antecipo da Ressurreição!
«Rabi,
bom é nós estarmos aqui» (Mc 9,5). A Transfiguração nos recorda que as alegrias
semeadas por Deus na vida não são pontos de chegada, e sim luzes que Ele nos dá
na peregrinação terrena para que “Jesus só” seja nossa Lei, e sua Palavra seja
o critério, o gozo e a bem-aventurança de nossa existência.
Que
a Virgem Maria nos ajude a viver intensamente nossos momentos de encontro com o
Senhor para que possamos seguir cada dia com alegria, e nos ajude a escutar e
seguir sempre ao Senhor Jesus, até a paixão e a Cruz com intenção de participar
também de sua Gloria.
«Este é o meu Filho
amado»
+ Rev. D. Joan SERRA i Fontanet (Barcelona, Espanha)
Hoje
o Evangelho nos fala da Transfiguração de Jesus Cristo no monte Tabor. Jesus,
depois da confissão de Pedro, começou a mostrar a necessidade de que o Filho do
homem fosse condenado à morte e anunciou também a sua ressurreição ao terceiro
dia. É neste contexto que devemos situar o episódio da Transfiguração de Jesus.
Anastácio, o Sinaíta escreve que «Ele tinha se revestido com nossa miserável
túnica de pele, hoje se colocou a veste divina, e a luz o envolveu como um
manto». A mensagem que Jesus transfigurado nos traz são as palavras do Pai:
«Este é o meu Filho amado. Escutai-o!». (Mc 9,7). Escutar significa fazer sua
vontade, contemplar sua pessoa, imitá-lo, por em prática seus conselhos, tomar
nossa cruz e segui-lo.
Com
o propósito de evitar equívocos e más interpretações, Jesus «ordenou-lhes que
não contassem a ninguém o que tinham visto, até que o Filho do Homem
ressuscitasse dos mortos». (Mc 9,9). Os três apóstolos contemplam a Jesus
transfigurado, sinal de sua divindade, mas o Salvador não quer que se divulgue
até depois de sua Ressurreição, quando se poderá compreender a dimensão deste
episódio. Cristo nos fala no Evangelho e em nossa oração; então poderemos
repetir as palavras de Pedro: «Rabi, que bem estamos aqui» (Mc 9,5), sobretudo
depois de ir a comungar.
O
prefácio da Missa de hoje nos oferece um belo resumo da Transfiguração de
Jesus. Diz assim: «Porque Cristo, Senhor, tendo anunciado sua morte aos
discípulos, revelou sua glória na montanha sagrada e, tendo também a Lei e os
profetas como testemunhas, os fez compreender que a paixão é necessária para
chegar à gloria da ressurreição». Lição que cristãos não devem esquecer nunca.
Reflexão de Frei
Carlos Mesters, OCarm.
* Hoje é a festa da
Transfiguração de Jesus.
A Transfiguração acontece depois do primeiro anúncio da Morte de Jesus (Mt
16,21). Este anúncio transtornou a cabeça dos discípulos, sobretudo de Pedro
(Mt 16,22-23). Eles tinham os pés no meio dos pobres, mas a cabeça estava
perdida na ideologia dominante da época. Eles esperavam um messias glorioso. A
cruz era um impedimento para crer em Jesus. A Transfiguração, onde Jesus
aparece glorioso no alto da montanha, era uma ajuda para eles poderem superar o
trauma da Cruz e descobrir em Jesus o verdadeiro Messias. Mesmo assim, muitos
anos depois, quando a Boa Nova já estava espalhada pela Ásia Menor e pela
Grécia, a Cruz continuava sendo um grande impedimento para os judeus e para os
pagãos aceitarem Jesus como Messias. “A cruz é uma loucura e um escândalo!”,
assim diziam (1Cor 1,23). Um dos maiores esforços dos primeiros cristãos
consistia em ajudar as pessoas a perceber que a cruz não era escândalo nem
loucura, mas sim a expressão mais bonita e mais forte do poder e da sabedoria
de Deus (1Cor 1,22-31). O evangelho de hoje dá a sua contribuição neste
esforço. Ele mostra que Jesus veio realizar as profecias e que a Cruz era o
caminho para a Glória. Não há outro caminho.
V Centenário do Nascimento (1515-2015) |
* Mateus 17,1-3: Jesus
muda de aspecto.
Jesus
sobe a uma montanha alta. Lucas acrescenta que ele subiu para rezar (Lc 9,28).
Lá em cima, Jesus aparece na glória diante de Pedro, Tiago e João. Junto com
Jesus aparecem Moisés e Elias. A Montanha alta evoca o Monte Sinai, onde, no
passado, Deus tinha manifestado sua vontade ao povo, entregando as tábuas da
lei. As vestes brancas lembram Moisés que ficava fulgurante quando conversava
com Deus na Montanha e dele recebia a lei (cf. Ex 34,29-35). Elias e Moisés, as
duas maiores autoridades do Antigo Testamento, conversam com Jesus. Moisés
representa a Lei, Elias, a profecia. Lucas informa que a conversa foi sobre o
“êxodo” (a morte) de Jesus em Jerusalém (Lc 9,31). Assim fica claro que, o
Antigo Testamento, tanto a Lei como os Profetas, já ensinava que, para o
Messias, o caminho da glória tinha de passar pela cruz.
* Mateus 17,4: Pedro
gostou, mas não entendeu.
Pedro
gostou e quis segurar o momento agradável na Montanha. Ele se oferece para
construir três tendas. Marcos diz que Pedro estava com medo, sem saber o que
estava dizendo (Mc 9,6), e Lucas acrescenta que os discípulos estavam com sono
(Lc 9,32). Eles são como nós: têm dificuldade para entender a Cruz!
* Mateus 17,5-8: A voz
do céu esclarece os fatos.
Enquanto
Jesus é envolvido pela glória, uma voz do céu diz: "Este é o meu Filho
amado, que muito me agrada. Escutem o que ele diz". A expressão “Filho
amado” evoca a figura do Messias Servo, anunciado pelo profeta Isaías (cf. Is
42,1). A expressão “Escutem o que ele diz” evoca a profecia que prometia a
chegada de um novo Moisés (cf. Dt 18,15). Em Jesus, as profecias do AT estão se
realizando. Os discípulos já não podem duvidar. Jesus é realmente o Messias
glorioso e o caminho para a glória passa pela cruz, conforme tinha sido
anunciado na profecia do Messias Servo (Is 53,3-9). A glória da Transfiguração
o comprova. Moisés e Elias o confirmam. O Pai o garante. Jesus o aceita. Diante
de tudo que estava acontecendo os discípulos ficam com muito medo e caíram com
o rosto por terra. Jesus se aproxima, toca neles e diz: "Levantem-se, e
não tenham medo." Os discípulos levantam os olhos e veem sós Jesus e
ninguém mais. Daqui para frente, Jesus é a única revelação de Deus para nós!
Jesus, e só ele, é a chave para podermos entender a Escritura e a Vida.
4. Mateus 17,9: Saber
guardar o silêncio.
Jesus
pedia aos discípulos para não dizer nada a ninguém até que ele tivesse
ressuscitado dos mortos. Marcos diz que eles não sabiam o que significava
ressurreição dos mortos (Mc 9,10). De fato, não entende o significado da Cruz
quem não liga o sofrimento com a ressurreição. A Cruz de Jesus é a prova de que
a vida é mais forte que a morte. A compreensão plena do seguimento de Jesus não
se obtém pela instrução teórica, mas sim pelo compromisso prático, caminhando com
ele no caminho do serviço, desde a Galileia até Jerusalém.
Para um confronto
pessoal
1. A sua fé em Jesus já proporcionou a
você algum momento de transfiguração e de alegria intensa? Como estes momentos
de alegria lhe dão força na hora das dificuldades?
2. Como transfigurar, hoje, tanto a
vida pessoal e familiar, como a vida comunitária no nosso bairro?
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