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segunda-feira, 20 de julho de 2015

Terça-feira da 16ª semana do Tempo Comum

Evangelho (Mt 12,46-50): Enquanto Jesus estava falando às multidões, sua mãe e seus irmãos ficaram do lado de fora, procurando falar com Ele. Alguém lhe disse: «Olha! Tua mãe e teus irmãos estão lá fora e querem falar contigo». Ele respondeu àquele que lhe falou: «Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?». E, estendendo a mão para os discípulos, acrescentou: «Eis minha mãe e meus irmãos. Pois todo aquele que faz a vontade do meu Pai, que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe».

«O que cumpre a vontade de meu Pai celestial, esse é (...) minha mãe»

P. Pere SUÑER i Puig SJ (Barcelona, Espanha)

Hoje, o Evangelho apresenta-se surpreendente para nós logo no início: «Quem é minha mãe» (Mt 12,48), pergunta-se Jesus. Parece que o Senhor tem uma atitude depreciativa perante Maria. Não é isso. O que Jesus quer deixar claro aqui é que aos seus olhos-olhos de Deus! — o valor decisivo da pessoa não reside no aspecto da carne ou do sangue, mas na disposição espiritual de aceitação da vontade de Deus: «E, estendendo a mão para os discípulos», acrescentou: «Eis minha mãe e meus irmãos. Pois todo aquele que faz a vontade do meu Pai, que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe» (Mt 12,49-50). Naquele momento a vontade de Deus era que Ele evangelizasse aqueles que o ouviam e que eles o escutassem. Isso estava acima de qualquer valor, por mais caro que fosse. Para fazer a vontade do Pai, Jesus Cristo tinha deixado Maria e agora pregava longe de casa.

Mas quem se empenhou em cumprir mais a vontade de Deus do que Maria? «Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra» (Lc 1,38). Por isso Santo Agostinho diz que Maria primeiro acolheu a palavra de Deus no espírito da obediência e somente depois a concebeu em seu seio pela Encarnação.

Em outras palavras: Deus nos ama na medida da nossa santidade, Maria é santíssima, e por isto, amadíssima. Assim, ser santos não é a razão pela qual Deus nos ama. Pelo contrário, porque Ele nos ama, Ele nos torna santos. O primeiro a amar sempre é o Senhor (cf. 1Jo 4,10). Maria nos ensina isto ao dizer: «Pôs os olhos na humildade da sua serva» (Lc 1,48). Aos olhos de Deus somos pequenos; mas Ele nos quer engrandecer e nos santificar.

Reflexão de Frei Carlos Mesters

V Centenário do Nascimento (1515-2015)
• A família de Jesus. Os parentes chegam à casa onde Jesus está. Provavelmente chegavam de Nazaré. De lá para Cafarnaum são uns 40 km. Sua mãe estava com eles. Não entram, mas enviam um recado: "Tua mãe e teus irmãos estão aí fora, e querem falar-te”. A reação Jesus é firme: “Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?" E, apontando com a mão para os seus discípulos, acrescentou: Eis aqui minha mãe e meus irmãos. “Todo aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe.” Para entender bem o significado desta resposta deve-se olhar para a situação da família no tempo de Jesus.

• No antigo Israel, o clã, ou seja, a grande família (a comunidade) era a base da convivência social. Era a proteção das famílias e das pessoas, a garantia da posse da terra, o fluxo principal da tradição, a defesa da identidade. Era a maneira concreta de que as pessoas da época tinham a encarnar o amor de Deus no amor ao próximo. Defender o clã era o mesmo que defender a Aliança.

• Na Galileia no tempo de Jesus, por causa do sistema implantado durante o longo governo de Herodes, o Grande (37 aC a 4 aC) e seu filho Herodes Antipas (4 aC a 39 dC), o clã (a comunidade) estava se enfraquecendo. Devia-se pagar impostos tanto para o governo como para o Templo, a dívida pública crescia, dominava a mentalidade individualista da ideologia helenista, havia frequentes ameaças de repressão violenta da parte dos romanos, a obrigação de acolher os soldados e dar-lhes hospitalidade, os problemas cada vez maiores da sobrevivência, tudo isto levava as famílias fecharem-se em suas próprias necessidades. Este fechamento era reforçado pela religião da época. Por exemplo, quem dava a sua herança para o Templo, eles poderiam deixar seus pais sem ajuda. Isso enfraqueceu o quarto mandamento, que era a dobradiça do clã (Mc 7,8-13). Além disso, a observância das normas de pureza era fator de marginalização de muitas pessoas: mulheres, crianças, samaritanos, estrangeiros, leprosos, endemoniados, publicanos, doentes, aleijados, paralíticos.

S. Lourenço de Brindisi, Presbítero e Doutor
• E assim, a preocupação com os problemas da própria família impedia que as pessoas se unissem em comunidade. Então, para que o Reino de Deus pudesse manifestar-se na vida comunitária do povo, as pessoas tinham de ir além dos limites estreitos da pequena família e abrir-se novamente para a grande família, para a Comunidade. Jesus nos dá o exemplo. Quando sua família tentou agarrá-lo, reagiu e alargou o sentido da família: "Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?" E, estendendo a mão para os seus discípulos, disse: "Aqui estão minha mãe e meus irmãos. Pois quem faz a vontade de meu Pai que está nos céus é meu irmão, minha irmã e minha mãe”. Criou comunidade.

• Jesus pedia o mesmo para todos os que queiram segui-lo. As famílias não poderiam fechar-se em si mesmas. Os excluídos e marginalizados deviam ser recebidos dentro da convivência e, assim, se sentir acolhidos por Deus (cf. Lc 14,12-14). Este era o caminho para alcançar o objetivo da Lei que dizia: "Não deve haver pobres entre vós" (Dt 15,4). Como os grandes profetas do passado, Jesus procurava fortalecer a vida comunitária nas aldeias da Galileia. Ele retoma o sentido mais profundo do clã, família, da comunidade, como expressão da encarnação do amor de Deus no amor ao próximo.

Para um confronto pessoal
• Viver a fé em comunidade. Qual é o lugar e a influência das comunidades em minha maneira de viver a fé?
• Hoje, em grandes cidades, a massificação promove o individualismo que é contrário da vida em comunidade. O que estou fazendo para combater este mal?

V CENTENÁRIO DO NASCIMENTO 
DE SÃO FELIPE NERI 
(1515 - 21 de julho - 2015)

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