Textos: Ez
17, 22-24; 2 Cor 5, 6-10; Mc 4, 26-34
Evangelho
(Mc 4,26-34): Naquele tempo, Jesus
dizia-lhes: «O Reino de Deus é como quando alguém lança a semente na terra.
Quer ele esteja dormindo ou acordado, de dia ou de noite, a semente germina e
cresce, sem que ele saiba como. A terra produz o fruto por si mesma: primeiro
aparecem as folhas, depois a espiga e, finalmente, os grãos que enchem a
espiga. Ora, logo que o fruto está maduro, mete-se a foice, pois o tempo da
colheita chegou». Jesus dizia-lhes: «Com que ainda podemos comparar o Reino de
Deus? Com que parábola podemos apresentá-lo? É como um grão de mostarda que, ao
ser semeado na terra, é a menor de todas as sementes. Mas, depois de semeada,
cresce e se torna maior que todas as outras hortaliças, com ramos grandes a tal
ponto que os pássaros do céu podem fazer seus ninhos em sua sombra». Jesus lhes
anunciava a palavra usando muitas parábolas como estas, de acordo com o que
podiam compreender. Nada lhes falava sem usar parábolas. Mas, quando estava a
sós com os discípulos, lhes explicava tudo.
Comentário: Fr. Faust BAILO (Toronto, Canadá)
«O Reino de Deus é como
quando alguém lança a semente na terra e a terra produz o fruto por si mesma»
Hoje,
Jesus nos oferece duas imagens de grande intensidade espiritual: a parábola do
crescimento da semente e a parábola do grão de mostarda. São imagens da vida
ordinária que resultavam familiares aos homens e mulheres que o escutavam,
acostumados como estavam a semear, regar e colher. Jesus utiliza algo que lhes
era conhecido —a agricultura—para lhes ilustrar sobre algo que não lhes era
conhecido: O Reino de Deus.
Efetivamente,
o Senhor lhes revela algo de seu reino espiritual. Na primeira parábola lhes
disse: «O Reino de Deus é como quando alguém lança a semente na terra» (Mc
4,26) e introduz a segunda dizendo: «Com que ainda podemos comparar o Reino de
Deus (…)? É como um grão de mostarda » (Mc 4,30).
A
maior parte de nós temos já pouco em comum com os homens e mulheres do tempo de
Jesus e, porém, estas parábolas continuam ressoando nas nossas mentes modernas,
porque detrás do semear, do regar e da colheita, intuímos o que Jesus nos está
dizendo: Deus enxertou algo divino nos nossos corações humanos.
O
que é o Reino de Deus? «É Jesus mesmo», nos lembra Bento XVI. E nossa alma «é o
lugar essencial onde se encontra o Reino de Deus»- Deus quer viver e crescer no
nosso interior! Procuremos a sabedoria de Deus e obedeçamos a suas insinuações
interiores; se o fazemos, então nossa vida adquirirá uma força e intensidade
difíceis de imaginar.
Se
correspondermos pacientemente a sua graça, sua vida divina crescerá na nossa
alma como a semente cresce no campo, tal como o místico medieval Mestre Eckhart
expressou belamente: «A semente de Deus está em nós». Se o agricultor é
inteligente e trabalhador, crescerá para ser Deus, cuja semente é, seus frutos
serão da natureza de Deus. «A semente da pêra se transforma em árvore da pêra; a
semente da noz; em árvore de nogueira, a semente de Deus, se transforma em
Deus».
O Reino de Deus é como
uma planta.
Pe. Antonio Rivero, L.C.
Santo Pai Eliseu |
O
Reino de Deus com planta começa primeiramente como simples semente no dia do
nosso batismo. Vem o talo débil. Com a água e o sol da graça e dos sacramentos,
essa planta cresce e se converte em arvore com folhas, flor e fruto. E nos dá
sombra e nos alimenta.
Em
primeiro lugar, esse Reino de Deus começou humilde com doze homens débeis.
Jesus plantou essa semente no interior desses homens pescadores. Foi aguando
essa semente com a água da sua Palavra e com o adubo e nutriente do seu sangue.
E esse Reino ia crescendo na mente, no coração e na vontade dos apóstolos. Em
três anos de vida pública quanto mudou nesses pobres e simples homens! A sua
mente feita só de categorias humanas-pesca, impostos, ambições, fanatismos- foi
se abrindo à dimensão transcendente: pesca de homens, impostos compartilhados,
ambições convertidas em espírito de serviço, e fanatismos, em abertura e
respeito por todos. O seu coração que estava circunscrito ao grupo dos seus
familiares e amigos foi se dilatando e abrindo a outras culturas às que também
estava destinada essa semente do Reino de Cristo. E cada um dos apóstolos foi
evangelizar estes povos de Deus, com uma vontade de ferro. No ano 150
Tertuliano pôde dizer: “Somos de ontem e enchemos o mundo”. E o furacão chamado
Saulo de Tarso que viajou por Ásia, Grécia, Roma. Fundando comunidades eclesiais e levando o
pólen dessa planta do Reino, embora isto supusesse para ele fomes, cadeia,
torturas, naufrágios e perigos sem fim.
Em
segundo lugar, esse Reino de Deus foi crescendo e estendendo os seus galhos lá
onde fosse possível, chegando a lugares insuspeitáveis onde tinha impérios
imponentes com árvores bem crescidas e culturas bimilenárias, mas onde faltava
a seiva divina e evangélica. E assim esse primeiro grupo de pescadores foi se
espalhando por todo o mundo, formando a Igreja. Igreja que é o fruto da morte
de Cristo, regada com a sua água, vivificada com o seu sangue; água e sangue
que brotaram do seu lado aberto. Os apóstolos, depois de Pentecostes saíram e
estenderam os seus galhos, tornando-se árvore frondosa, onde muitos dos seus
frutos foram comidos pelas feras, outros pisoteados, burlados; e alguns foram
saboreados por almas famintas de paz, amor, justiça e felicidade. E depois dos
apóstolos muitos missionários, deixando as suas pátrias e famílias,
embarcavam-se a mundos desconhecidos, com o único imperativo interior de levar
a semente desse Reino de Cristo: o Novo Mundo de América, Ásia, África e
Oceania. Não foi fácil a expansão dessa semente, de século em século. Em
algumas épocas foi sufocada pela moral decadente, pelo poder arbitrário dos
Estados absolutistas, pelas heresias que queriam misturar a boa semente com o
joio, por apostasias que clamavam ao céu, por filosofias ateias, por ideologias
de cunho marxista, liberal, hedonista e materialista; por grandes tempestades e
furacões que queriam destruir essa semente, e, logicamente, apenas tinha espaço
para germinar.
Finalmente,
esse Reino de Deus quer também crescer em cada um de nós, interiormente. Para
isso temos que deixar aberta a nossa mente para que entre e possam tomar força
os critérios evangélicos. Para isso temos que abrir o coração para que essa
semente se fecunde e purifique os nossos afetos limpando-os e elevando-os com a
caridade de Cristo. Para isso temos que permitir que a semente do evangelho
encontre um buraco na nossa vontade e provoque a revolução da conversão do
pecado à graça.
Para
refletir:
como estão as raízes da
minha árvore cristã, fortes porque estão alimentadas pela Palavra e pela
Eucaristia? Como está o tronco: firme ou a ponto de cair diante do primeiro
vendaval? E as folhas: verdes ou secas? Estou dando frutos saborosos de
virtudes? Compartilho esses frutos na minha família, no meu trabalho, na minha
paróquia, entre os meus amigos? Quantos “pássaros vêm e aproveitam da sombra
debaixo da minha árvore? ”
Para
rezar: Senhor, continuai regando e adubando
com a vossa graça a árvore do Reino que cresceu no meu interior para que chegue
à maturidade e dê frutos de vida eterna. E dai-me força e coragem e ousadia
para levar o pólen do meu bom exemplo e da minha palavra convencida e sincera a
fim de que chegue a todas as extremidades da terra e fiquem assim fecundadas
com a semente do vosso Evangelho.
Qualquer sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre
Antonio neste e-mail:
arivero@legionaries.org
Nenhum comentário:
Postar um comentário
DEIXE AQUI SEU SUA SUGESTÃO