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quarta-feira, 13 de maio de 2015

MÊS DE MARIA – São Matias, apóstolo (Quinta-feira da Ascensão).


Evangelho (Jo 15,9-17): Naquele tempo, Jesus disse aos discípulos: «Como meu Pai me ama, assim também eu vos amo. Permanecei no meu amor. Se observardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como eu observei o que mandou meu Pai e permaneço no seu amor. Eu vos disse isso, para que a minha alegria esteja em vós, e a vossa alegria seja completa. Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei. Ninguém tem amor maior do que aquele que dá a vida por seus amigos. Vós sois meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando. Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu Senhor. Eu vos chamo amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi de meu Pai.  Não fostes vós que me escolhestes; fui eu que vos escolhi e vos designei, para dardes fruto e para que o vosso fruto permaneça. Assim, tudo o que pedirdes ao Pai, em meu nome, ele vos dará. O que eu vos mando é que vos ameis uns aos outros».

Comentário: + Rev. D. Josep VALL i Mundó (Barcelona, Espanha)

Eu vos disse isso, para que a minha alegria esteja em vós, e a vossa alegria seja completa

Hoje, a Igreja recorda o dia em que os Apóstolos escolheram o discípulo de Jesus que devia substituir Judas Iscariotes. Como nos diz acertadamente S. João Crisóstomo numa das suas homilias, na hora de eleger pessoas que gozarão de uma certa responsabilidade podem ocorrer rivalidades ou discussões. Por isso, S. Pedro «se desentende das invejas que poderiam ter surgido», deixa à sorte, à inspiração divina e evita assim essa possibilidade. Na continuação diz este Padre da Igreja: «É que as decisões importantes muitas vezes originam desgostos».

No Evangelho deste dia, o Senhor fala aos Apóstolos acerca da alegria que devem ter: «para que a minha alegria esteja em vós, e a vossa alegria seja completa» (Jn 15,11). Na verdade, o cristão, tal como Matias, viverá feliz, com uma alegria serena, se assumir os diversos acontecimentos da vida à luz da graça da filiação divina. De outro modo, acabaria por se deixar levar por falsos desgostos, por invejas néscias ou por preconceitos de qualquer tipo. A alegria e a paz são sempre fruto da abundância de entrega apostólica e da luta por alcançar a santidade. É o resultado lógico e sobrenatural do amor a Deus e do espírito de serviço ao próximo.

Romano Guardini escreveu: « A fonte da alegria encontra-se no mais profundo do interior da pessoa (…). Aí reside Deus. Então a alegria dilata-se e faz-nos luminosos. E tudo aquilo que é belo é recebido em todo o seu esplendor». Quando não estivermos contentes, temos de saber rezar como S. Tomás More: «Meu Deus, concedei-me o sentido de humor para que saboreie a felicidade na vida e consiga transmiti-la aos outros». Não esqueçamos o que também Sta. Teresa de Jesus pedia: «Meu Deus, livrai-me dos santos de cara triste, pois um santo triste é um triste santo».

A alegria de vocês seja completa

São Matias Apóstolo
Da mesma maneira que Deus Pai-Mãe ama a Jesus, Ele nos ama a cada uma e a cada um de nós! Deus ama as pessoas ''como uma mãe'', afirma Francisco

A nossa fé se fundamenta numa experiência religiosa, num encontro com esse Amor do Pai que não tem limites, que ama cada um/a de nós assim como somos, sem exigências. Essa experiência do amor é que nos leva continuamente a responder seguindo os passos de Jesus e sua forma de vida.

Papa Francisco escreve ao La Repubblica: ''Um diálogo aberto com os não crentes'': "A fé, para mim, nasceu do encontro com Jesus. Um encontro pessoal, que tocou o meu coração e deu uma direção e um sentido novo à minha existência. Mas, ao mesmo tempo, um encontro que se tornou possível pela comunidade de fé em que eu vivia e graças à qual eu encontrei o acesso à inteligência da Sagrada Escritura, à vida nova que, como água que jorra, brota de Jesus através dos Sacramentos, à fraternidade com todos e ao serviço dos pobres, imagem verdadeira do Senhor."

É um Deus que continuamente fica perto de nós, que nos fala e atua, como disse Francisco: “Deus nos fala como o fazem um pai ou uma mãe”.
“Porque o amor de pai e de mãe tem necessidade de se aproximar, eu digo esta palavra de abaixar-se precisamente ao mundo da criança. É assim: se o pai e a mãe falam com ela normalmente, a criança vai entender certamente; mas eles querem tomar o modo de falar da criança. Eles se aproximam, e se fazem crianças. E assim é o Senhor.”

No centro da passagem se faz referência a morte de Cristo como ato supremo de amor (v.13). A partir de aqui Jesus chama seus discípulos/as de amigos/as.

O evento da ressurreição que neste tempo continuamos celebrando nos revela o grande amor solidário de Deus para com seu Filho, para com toda a humanidade.

Quando São João diz que Deus é amor está fazendo uma das melhores afirmações do Pai. Hoje o conceito de amor se perdeu e desvaneceu-se em mil formas disfarçadas de egoísmo, indiferença e até violência.

Como disse José Luis Sicre no seu comentário sobre esse texto: Aquilo que exige Jesus como troca desta amizade é curioso. Na Primeira Carta de São João, disse-se: “Amados, se Deus nos amou a tal ponto...”. Nós teríamos adicionado: “Nós devemos amar a Deus da mesma forma”. “No entanto o que João disse nesta carta é: ‘Amados, se Deus nos amou a tal ponto, também nós devemos amar-nos uns aos outros’”.

Ele continua dizendo que é similar o que acontece no evangelho de hoje. Jesus não pede para ser amado como Ele amou, porque ele não pensa nele mas pensa em nós. O mais difícil é amar ao próximo.

Na relação de Jesus com Deus, Jesus se experimenta profundamente amado pelo Pai, a ponto de encontrar ali seu segredo para viver com paixão, até a entrega de sua própria vida, à causa de Deus, seu Pai, do Reino de Deus, que é a causa dos pequeninos deste mundo.

Em Jesus crucificado, encontramos a medida do amor, que é o amor sem medida, "exagerado", a cruz é a escola do amor cristão. Jesus, por amor a nós, suportou as injustiças, as contradições de seus discípulos e nisso ele manifestou seu grande amor ao Pai.

Dessa forma ele nos ensina a amar como ele. Mostra-nos que é capaz de amar até o extremo, que lhe importa mais a vida dos outros que a sua própria vida, que é fiel mesmo que essa fidelidade tenha o preço da renúncia, um amor que é perdão, um amor que é gerador de vida no mesmo leito da morte, que é gratuito é incondicional.

Qual é nossa escola de amor?

O Ressuscitado nos convida por meio deste Evangelho a beber do amor que brota de seu corpo crucificado e ressuscitado para sermos capazes de amar aos outros como Ele nos amou.

O mandamento do amor não é um exercício de "voluntarismo", mas uma resposta de amor a quem nos amou primeiro, a quem nos apaixonou com sua vida e sua proposta de vida para todos.

Só nesse diálogo de amigos, de amantes é que se entende que tantos homens e mulheres ao longo da história tenham entregado e continuem entregando sua vida em fidelidade ao Deus da vida e à vida de seus irmãos e irmãs.

A vivência do mandamento do amor, o amar apaixonadamente como Jesus nos amou, nos faz saborear o que existe já agora de vida eterna, imperecível, nos episódios simples da vida quotidiana.
Viver ressuscitados/as, como seguidores de Jesus nos leva a amar até a cruz para que o mundo ressuscite. Vivendo desse jeito é que seremos felizes, como Jesus nos promete neste Evangelho.

Nestes últimos meses escutamos e vemos continuamente informações de cristãos que entregam sua vida por amor a Jesus manifestado no amor a seus irmãos. São vidas de pessoas que secretamente fazem parte deste movimento do amor que semeia Vida Nova no mundo.

Por isso, podemos perguntar-nos, quais são as nossas atitudes que favorecem a construção de um mundo novo. São pequenas ou grandes atitudes que geram espaço para que a Ressurreição continue despertando as consciências e atuando no mundo.

Qual é a medida de nosso amor?

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