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sexta-feira, 10 de abril de 2015

Sábado da oitava da Páscoa

Evangelho (Mc 16,9-15): Ressuscitado na madrugada do primeiro dia depois do sábado, Jesus apareceu primeiro a Maria Madalena, de quem tinha expulsado sete demônios. Ela foi anunciar o fato aos seguidores de Jesus, que estavam de luto e choravam. Quando ouviram que ele estava vivo e tinha sido visto por ela, não acreditaram. Depois disso, Jesus apareceu a dois deles, sob outra aparência, enquanto estavam indo para o campo. Eles contaram aos outros. Também não acreditaram nesses dois. Por fim, Jesus apareceu aos onze discípulos, enquanto estavam comendo. Ele os criticou pela falta de fé e pela dureza de coração, porque não tinham acreditado naqueles que o tinham visto ressuscitado. E disse-lhes: «Ide pelo mundo inteiro e anunciai a Boa Nova a toda criatura!».

Comentário: P. Raimondo M. SORGIA Mannai OP (San Domenico di Fiesole, Florencia, Itália).

Maria Madalena foi anunciar o fato aos seguidores de Jesus, não acreditaram.

Hoje, o Evangelho nos oferece a oportunidade de meditar alguns aspectos que cada um de nós tem experiência: estamos certos de amar a Jesus, o consideramos o maior dos nossos amigos; não obstante, quem de nos poderia afirmar não tê-Lo traído nunca? Pensemos se, pelo menos alguma vez, não O vendemos mal, por algo ilusório de péssima envoltura. Em segundo lugar, ainda que estejamos frequentemente tentados a nos valorizar demais como cristãos, porém, o testemunho da nossa própria consciência nos impõe calar-nos e humilhar-nos, imitando o publicano que não ousava nem mesmo levantar a cabeça, batendo-se no peito, enquanto repetia: «Ó Deus, tem piedade de mim, que sou pecador» (Lc 18,13).

Dito tudo isto, não pode surpreender-nos a conduta dos discípulos. Conheceram pessoalmente Jesus, apreciaram-lhe seus dotes da mente, do coração, as qualidades incomparáveis de sua predicação. Contudo, quando Jesus já havia ressuscitado, uma das mulheres do grupo — Maria Madalena — «Foi ela noticiá-lo aos que estiveram com ele, os quais estavam aflitos e chorosos» (Mc 16,10) e, ao invés de interromperem as lágrimas e começarem dançar de alegria, não lhe creem. É o sinal de que nosso centro de gravidade é a terra.

Os discípulos tinham ante eles próprios o anuncio inédito da Ressurreição, e, no entanto, preferem continuar afligindo-se deles mesmos. Pecamos, sim! Traímos-lhe, sim! Celebramos-lhe uma espécie de exéquias pagãs, sim! Depois de bater o peito, joguemo-nos aos seus pés, com a cabeça bem alta, olhando para cima, e de frente! Em marcha seguindo Ele! Seguindo o seu ritmo. Disse sabiamente o escritor francês Gustave Flaubert: «Acho que se olhássemos sempre para o céu, acabaríamos adquirindo asas». O homem que estava imerso no pecado, na ignorância e na tibieza, desde hoje e para sempre saberá que, graças à Ressurreição de Cristo, «encontra-se como imerso na luz do meio dia».

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

V Centenário do Nascimento (1515-2015)
* O evangelho de hoje faz parte de uma unidade literária mais ampla (Mc 16,9-20) que traz uma lista ou um resumo de várias aparições de Jesus: (1) Jesus aparece a Maria Madalena, mas os discípulos não aceitam o testemunho dela (Mc 16,9-11); (2) Jesus aparece a dois discípulos, mas os outros não creram no testemunho deles (Mc 16,12-13); (3) Jesus aparece aos Onze, critica a falta de fé e dá ordem de anunciar a Boa Nova a todos (Mc 16,14-18); (4) Jesus sobe ao céu e continua cooperando com os discípulos (Mc 16,19-20).

* Além desta lista de aparições do evangelho de Marcos, existem outras listas de aparições que nem sempre coincidem entre si. Por exemplo, a lista conservada por Paulo na carta aos Coríntios é bem diferente (1 Cor 15,3-8). Esta variedade mostra que, inicialmente, os cristãos não se preocupavam em provar a ressurreição por meio das aparições. Para eles a fé na ressurreição era tão evidente e tão vivida, que não havia necessidade de prova. Uma pessoa que toma banho de sol na praia não se preocupa em provar que o sol existe. Ela mesma, bronzeada, é a prova viva de que o sol existe. As comunidades, elas mesmas, existindo no meio daquele império imenso, eram uma prova viva da ressurreição. As listas das aparições começam a aparecer mais tarde, na segunda geração, para rebater as críticas dos adversários.

* Marcos 16,9-11: Jesus aparece a Maria de Magdala, mas os outros discípulos não creram nela.  Jesus aparece primeiro a Maria Madalena. Ela foi anunciá-lo aos outros. Para vir ao mundo, Deus quis depender do sim de uma jovem de 15 ou 16 anos, chamada Maria, lá de Nazaré (Lc 1,38). Para ser reconhecido como vivo no meio de nós, quis depender do anúncio de uma moça que tinha sido libertada de sete demônios, também chamada Maria, lá de Magdala! (Por isso, era chamada Maria Madalena). Mas os outros não acreditaram nela. Marcos diz que Jesus apareceu primeiro a Madalena. Na lista das aparições, transmitida na carta aos Coríntios (1 Cor 15,3-8), já não constam as aparições de Jesus às mulheres. Os primeiros cristãos tiveram dificuldade de crer no testemunho das mulheres. É pena!

* Marcos 16,12-13: Jesus aparece a dois discípulos, mas os outros não creram neles.  Sem muitos detalhes, Marcos se refere a uma aparição de Jesus a dois discípulos, “enquanto estavam a caminho do campo”. Trata-se, provavelmente, de um resumo da aparição de Jesus aos discípulos de Emaús, narrada por Lucas (Lc 24,13-35). Marcos insiste em dizer que “os outros não acreditaram nem mesmo nestes”.

* Marcos 16,14-15: Jesus critica a incredulidade e manda anunciar a Boa Nova a todas as criaturas.  Por fim, Jesus aparece aos onze discípulos e os repreende por não terem acreditado nas pessoas que o tinham visto ressuscitado. Novamente, Marcos se refere à resistência dos discípulos em crer no testemunho daqueles e daquelas que experimentaram a ressurreição de Jesus. Por que será? Provavelmente, para ensinar três coisas. Primeiro, que a fé em Jesus passa pela fé nas pessoas que dão testemunho dele. Segundo, que ninguém deve desanimar, quando a dúvida e a descrença nascem no coração. Terceiro, para rebater as críticas dos que diziam que cristão é ingênuo e aceita sem crítica qualquer notícia, pois os onze discípulos tiveram muita dificuldade em aceitar a verdade da ressurreição!

* O evangelho de hoje termina com o envio: “Ide pelo mundo inteiro e proclamai a Boa Nova a toda criatura!” Jesus lhes confere a missão de anunciar a Boa Nova a toda criatura.

Para um confronto pessoal
1)  Maria Madalena, os dois discípulos de Emaús e os onze discípulos: quem é que teve maior dificuldade em crer na ressurreição? Por quê? Eu me identifico com qual deles?
2) Quais são os sinais que mais convencem as pessoas da presença de Jesus no nosso meio?

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