Textos: Atos 4, 8-12; 1 Jo 3, 1-2; Jo 10,
11-18
Comentário: + Rev. D. Josep VALL i Mundó (Barcelona,
Espanha)
Eu sou o bom pastor
Hoje,
Jesus nos diz: «Eu sou o bom pastor» (Jo 10,11). Comentando Santo Tomás de
Aquino esta afirmação, escreve que «é evidente que o título de “pastor” lhe
convém a Cristo, já que da mesma maneira um pastor conduz o rebanho à pastagem,
assim também Cristo restaura os fiéis com um alimento espiritual: seu próprio
corpo e seu próprio sangue». Tudo começou na Encarnação, e Jesus o cumpriu ao
longo de sua vida, levando-o ao fim com sua morte redentora e sua ressurreição.
Depois de ter ressuscitado, confiou este pastoreio a Pedro, aos Apóstolos e à
Igreja até o fim dos tempos.
Através
dos pastores, Cristo dá sua Palavra, reparte sua graça nos sacramentos e conduz
o rebanho para o Reino: Ele mesmo se entrega como alimento no sacramento da
Eucaristia, e comunica a Palavra de Deus e o seu Magistério, e guia com
solicitude o seu Povo. Jesus tem procurado para sua Igreja pastores segundo seu
coração, quer dizer, homens que, impessoalizando-o pelo Sacramento da Ordem,
doem sua vida pelas ovelhas, com caridade pastoral, –com humilde espírito de
serviço, com clemência, paciência e fortaleza. Santo Agostinho falava frequentemente
desta exigente responsabilidade do pastor: «Esta honra de ser pastor me tem
preocupado (...), mas lá onde me aterra o fato de que sou para vocês, me
consola o fato de que estou entre vocês (...). Sou bispo para vocês, sou
cristão com vocês».
E
cada um de nós, cristãos, trabalhamos apoiando os pastores, rezamos por eles,
amamos-lhes e obedecemos-lhes. Também somos pastores para os irmãos,
enriquecendo-os com a graça e a doutrina que temos recebido, compartindo
preocupações e alegrias, ajudando todo o mundo com o coração. Interessamo-nos
por todos aqueles que nos rodeiam no mundo familiar, social e profissional até
dar a vida por todos com o mesmo espírito de Cristo, que veio ao mundo «Pois o
Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em
resgate por muitos» (Mt, 20,28).
Jesus é o nosso Pastor.
Pe. Antonio Rivero, L.C.
26 de abril - N Sra do Bom Conselho |
Diante
da iminente beatificação do Monsenhor Óscar Romero, resumo a mensagem deste
domingo com as suas palavras a uns meses de ser assassinado celebrando a santa
missa: “Como pastor desta comunidade, estou obrigado a dar a vida pelos que
amo, que são todos os salvadorenhos, inclusive por aqueles que vão me
assassinar. Se chegarem a cumprir as ameaças de morte, desde agora ofereço a
Deus o meu sangue pela redenção e pela ressurreição de El Salvador”.
Em
primeiro lugar, quando Jesus se define como o Bom Pastor está dizendo o que
Homero dizia de Agamenon e Xenofonte de Ciro: “Eu sou o condutor dos homens, o
dirigente das nações, o salvador do mundo”. E quando Jesus acrescenta que todos
os demais pastores são uns “assalariados” está dizendo que existem muitos por
ai que se dizem pastores, guia de povos e nações, dirigentes de comunidades,
tanto políticos como religiosos, e na verdade são uns carreiristas,
interesseiros e buscadores de dinheiro, da vaidade e de poder. Agora entendemos
melhor algumas duras expressões do papa Francisco quando recorda com bastante
frequência ao clero para não sermos mundanos, não buscar honras, nem
prestígios. E quando termina Jesus com que, esses tais assalariados, só verem o
lobo chegar, deixam as ovelhas e fogem, está dando uma bem dada contra os
chefes políticos e religiosos da sua terra, do seu tempo, de todas as terras e
tempos da história. Basta ver o panorama mundial: quem se enfrenta com o lobo
do relativismo e do consumismo, à hiena da malversação de fundos e corrupção, a
raposa da ideologia de gênero e da manipulação genética. Quem se enfrenta com
esses governantes sem escrúpulos que prometem até mesmo o impossível, e depois
saem com a deles e ficam bem sentadinhos na poltrona, e não cumprem nada do que
prometeram!
Em
segundo lugar, Cristo sim é o Bom Pastor, o único Pastor autêntico, o único
dirigente honesto e de princípios, exemplo para todos os que têm uma missão de
pastorear na Igreja, na sociedade e nas comunidades. A todos os dirigentes de
ontem de hoje e de amanhã Cristo Pastor está dizendo várias coisas: que vivam
para o seu rebanho e não do seu rebanho; que cuidem o seu rebanho e não só a
sua parcela familiar e os seus fãs de amigos; que defendam o seu rebanho de
todo tipo de lobos ideológicos; que estejam dispostos a dar a vida pelo seu
rebanho; se fosse necessário, dando trabalho, saúde, educação para todos, e
evitando nas suas vidas a opulência e o esbanjo, os lucros desorbitados, os
salários escandalosos de funcionários e parlamentários centrais e autonômicos,
os chalés de luxo, as vidas de sultão... Cristo, único Pastor grita para eles
que têm que servir e não querer ser servidos.
Finalmente,
Cristo Pastor também tem palavras sérias para quem temos uma missão na Igreja
como bispos, sacerdotes e diáconos. Que não sejamos funcionários, tipo
secretárias que dizem “melhor volte amanhã, hoje não é possível o atendimento”.
Que não sejamos burocratas das contas e das montanhas de papéis, administrador
mecânico da palavra de Deus e dos sacramentos rotineiros e sempre do “depois,
depois, depois”, carreirista e ansioso de subir na vida com muitas regalias,
como quem fez carreira eclesiástica e às vezes uma baita duma carreira bem
longa e bem rápida. Que conheçamos, amemos, alimentemos, defendamos e demos a
vida pelas nossas ovelhas, que não são nossas, que são de Cristo. Que sejamos
autênticos sacerdotes pastores, e não sacerdotes secularizados que entendem
mais de cinema e esportes do que de Deus, que encabeçam reuniões e greves, mas
não se ajoelham nem estudam nem ensinam as suas ovelhas a rezar. Que sejamos
pastores cuja autoridade vem até nós desde Cristo para fazer crescer as ovelhas
e levá-las até Ele, e não fustigarmos assim as ovelhas com o chicote do
autoritarismo. A nossa autoridade é de serviço e não de mando.
Para
refletir:
Reflitamos neste
poema-soneto de Lope de Vega:
Pastor
que com teus assobios amorosos
Despertaste-me
do profundo sono,
Tu
que fizeste cajado desse lenho,
No
qual tendes os braços poderosos,
Volve
os olhos a minha fé piedosos,
Pois
confesso por meu amor e dono,
E
a palavra de te seguir empenho,
Os
teus doces assobios e os teus pés formosos.
Ouve,
Pastor, pois por amores morres,
Não
te espante o rigor dos meus pecados,
Pois
Tu tão amigo de rendidos és.
Espera,
pois, e escuta os meus cuidados,
Mas,
como te digo que me esperes,
Se
Tu estás para esperar os pés pregados?
Para
rezar: Senhor Jesus, Pastor, revesti o meu
coração das virtudes que adornaram a vossa vida de pastor: mansidão, bondade,
ternura, desprendimento, sacrifício, fortaleza, firmeza para poder levar o
vosso rebanho até o céu.
Qualquer sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre
Antonio neste e-mail:
arivero@legionaries.org
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