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terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Ser tentado é bom.

Frei Patrício Sciadini, ocd

Estamos iniciando hoje o caminho quaresmal, quarenta dias estão na nossa frente de caminho duro onde somos chamados ao deserto onde o demônio nos vai tentar como um dia tentou Jesus e nele todos nós. Não se pode chegar à Páscoa, à Terra Prometida, à Ressurreição sem passar através dos desertos que nos ferem e nos obrigam a ter a verdadeira visão dos nossos valores e dos nossos defeitos. Marcos situa as tentações de Jesus depois do batismo recebido de João Batista no rio Jordão e depois que o Pai proclamou para todos que este Jesus não é um profeta qualquer, mas sim o seu "Filho bem amado em quem colocou toda sua complacência".

Hoje somos levados pelo Espírito Santo ao deserto para sermos tentados. É necessário nos perguntar: quais são os desertos de hoje? E quais são as tentações que hoje o mal, vestido de bem, de anjo de luz, coloca na nossa frente?

1. O deserto do relativismo da fé: o mundo contemporâneo tem medo de se comprometer com valores que vão exigindo dele rupturas com seus contrários. Por isso procuram uma religião descartável, mutável, que possa de um lado satisfazer suas necessidades religiosas básicas, e de outro que não exija nenhuma renúncia do que gosta.

2. O deserto afetivo: temos perdido o sentido da alegria que nasce do sofrimento e da renúncia. É por isso que o ser humano vive na busca de uma felicidade "artificial, química", Vemos uma busca desenfreada do prazer de todos os tipos e de todas as marcas: físico, intelectual, sexual, emocional. O que importa é eu ser feliz neste rápido momento da vida.

3. O deserto do poder: a corrida pela aparência, o ser humano vale na medida em que ele exerce um poder sobre os outros e sobre as coisas. E o único caminho ao poder é o dinheiro, que faz do ser humano um "deus",

4. O deserto das limitações: Mais cedo ou tarde somos obrigados a nos deparar com as nossas limitações em todos os campos: físicas, espirituais, corporais e intelectuais. É o deserto duro onde não se avalia o ser humano por aquilo que ele é: imagem e semelhança de Deus.

Em nossas vidas podemos contemplar com clareza estes quatro desertos. Devemos passá-los, enfrentá-los e combatê-los não com as nossas forças, mas sim pela graça de Deus. O deserto nos prepara para a missão.

Senhor, dá-me a coragem de reconhecer o deserto em que estou, saber superar e lutar contra o mal, para que possa ser consagrado no teu amor.

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