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quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Mês de São José - Domingo II da Quaresma

Textos: Gn 22, 1-2.9-13.15-18; Rm 8, 31-34; Mc 9, 2-10

Evangelho (Mc 9,2-10): Seis dias depois, Jesus levou consigo Pedro, Tiago e João e os fez subir a um lugar retirado, no alto de uma montanha, a sós. Lá, ele foi transfigurado diante deles. Sua roupa ficou muito brilhante, tão branca como nenhuma lavadeira na terra conseguiria torná-la assim. Apareceram-lhes Elias e Moisés, conversando com Jesus. Pedro então tomou a palavra e disse a Jesus: «Rabi, é bom ficarmos aqui. Vamos fazer três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias». Na realidade, não sabia o que devia falar, pois eles estavam tomados de medo. Desceu, então, uma nuvem, cobrindo-os com sua sombra. E da nuvem saiu uma voz: «Este é o meu Filho amado. Escutai-o!». E, de repente, olhando em volta, não viram mais ninguém: só Jesus estava com eles. Ao descerem da montanha, Jesus ordenou-lhes que não contassem a ninguém o que tinham visto, até que o Filho do Homem ressuscitasse dos mortos. Eles ficaram pensando nesta palavra e discutiam entre si o que significaria esse “ressuscitar dos mortos”.

Comentário: Rev. D. Jaume GONZÁLEZ i Padrós (Barcelona, Espanha)

Ele foi transfigurado diante deles

Hoje contemplamos a cena «na qual os três apóstolos Pedro, Tiago e João aparecem como extasiados pela beleza do Redentor» (João Paulo II): «ele foi transfigurado diante deles. Sua roupa ficou muito brilhante, tão branca como nenhuma lavadeira na terra conseguiria torná-la assim» (Mc 9,2-3). Pelo que nós podemos entrelaçar uma mensagem: «o qual destruiu a morte e fez brilhar a vida e a imortalidade por meio do evangelho» (2Tm 1,10), assegura São Paulo a seu discípulo Timóteo. É o que contemplamos cheios de assombro, como os três Apóstolos prediletos, neste episódio próprio do segundo domingo de Quaresma: a Transfiguração.

É bom que seja o nosso exercício de quaresma acolher este estalido de sol e de luz no rosto e nos vestidos de Jesus. É um maravilhoso ícone da humanidade redimida, que já não se apresenta na feia imagem do pecado, senão em toda a beleza que a divindade comunica à nossa carne. O bem-estar de Pedro é expressão do que um sente quando se deixa invadir pela graça divina.

O Espírito Santo transfigura também os sentidos dos Apóstolos, e graças a isto podem ver a glória divina do Homem Jesus. Olhos transfigurados para ver o que resplandece mais; ouvidos transfigurados para escutar a voz mais sublime e verdadeira: a do Pai que põem a sua complacência no Filho. Para nós tudo resulta demasiado surpreendente, já que nos encontramos na mediocridade. Só se nos deixamos tocar pelo Senhor, nossos sentidos serão capazes de ver e de escutar o que há de mais belo e gozoso, em Deus, e nos homens divinizados por Aquele que ressuscitou dentre os mortos.

«A espiritualidade cristã — escreveu João Paulo II— tem como característica o dever do discípulo de configurar-se cada vez mais plenamente com o seu Mestre», de tal maneira que — a través de uma assiduidade que poderíamos chamar “amizade”— chegarmos até ao ponto de «respirar seus sentimentos». Ponhamo-nos nas mãos de Santa Maria a meta da nossa verdadeira “transfiguração” em seu Filho Jesus Cristo.

Por que Deus nos faz subir tantos montes na vida? O que existe detrás ou em cima desses montes?

Pe. Antonio Rivero, L.C

Romaria do Senhor dos Passos
Ao longo da nossa vida Deus nos faz subir diversos montes. Hoje fez Abraão subir o monte Moriá (primeira leitura). Hoje Cristo sobe com os seus íntimos o monte Tabor (evangelho). Deus fez o seu Filho subir o Calvário e o entregou por todos nós (segunda leitura). É bom que na Quaresma reflitamos no sentido espiritual e teológico dos montes que Deus nos pede subir. Em cada monte Deus exige algo e oferece algo. Vejamos.

Em primeiro lugar, vejamos alguns dos montes do Antigo Testamento. Faz Abraão subir o monte Moriá (cf. Gen 22), onde lhe pede pegar o seu filho único, subir esse monte e sacrificar esse filho; oferece-lhe em troca, a sua benção e a fecundidade na descendência. Deus fez Moises subir o monte Sinai (cf. Ex 3 e 4; 19 e 20) onde pediu que tirasse as sandálias, ir ao faraó e libertar o seu povo da escravidão do Egito; e ao mesmo tempo, Deus lhe oferece e segurança da sua presença e a promessa da terra prometida. Elias sobe o monte Carmelo, e ai Deus pede para ele fazer converterem-se os que se afastaram de Deus e andam servindo os “baais” ou deuses falsos; também ali Elias põe à prova e deixa no chão esses falsos deuses e manda matar esses falsos profetas que os servem. Deus lhe oferece a segurança no triunfo e no seu poder e na sua força.

Em segundo lugar, vejamos os montes mais importantes os quais Jesus nos convida subir. Hoje Jesus sobe o monte Tabor, onde manifesta a sua glória e dá alento aos seus íntimos para enfrentar o gole amargo da Paixão e não se escandalizam Dele- quem veem aqui com o rosto transfigurado- quando o vejam com o rosto desfigurado. É uma pregustar do que será o céu. E dentro de uns dias, o Pai celeste fará Jesus subir o monte Calvário para resgatar a humanidade do pecado e nos conceder uma nova vida, através da sua morte e da sua ressurreição. E Jesus obedece e oferece livremente a sua vida, embora isto suponha ver o seu corpo destroçado, o seu coração trespassado e as suas mãos pregadas na cruz. E aqui neste monte Calvário lança as suas sete palavras como último testamento.

Finalmente, na nossa vida Deus nos faz subir esses montes, sem que nós planejemos ou peçamos isso. No monte Moriá Deus foi bem claro conosco: “Sacrifica para mim esses caprichos, esses desejos, esses sonhos que tanto acaricias e amas”. No monte Sinai nos convidou a renovar a sua Aliança conosco um e outra vez para que não nos esqueçamos de que Ele é o nosso único Deus e Senhor, e não somos escravos de nada e de ninguém. No monte Carmelo nos pede dar morte aos nossos vícios, maus hábitos, atitudes pecaminosas, afetos secretos e inconfessados, para oferecer-lhe todo o nosso coração. No monte Tabor nos chama à intimidade com Ele, para entrarmos na sua nuvem divina, contemplar o seu lindo rosto e nos apaixonar por Ele, e escutarmos a voz do Pai. E no monte Calvário nos pede morrer com Cristo para ressuscitar a uma vida nova; ser grão de trigo que cai na terra e morre para dar bom fruto; fazer a Vontade de Deus e não a nossa, e saciar a sua sede implacável. 

Para refletir: Quais montes eu já subi? Quais são montes que eu ainda não subi? De qual deles desci só porque era muito difícil e preferi a planície da mediocridade e da tibieza? Ajudo os meus irmãos a subir estes montes, animando-os e consolando-os?

Para rezar: Senhor, dai-me forças para empreender o caminho até o monte que Vós me indicardes. Tirai dos meus pés os grilhões que querem me atar à planície da vida fácil. Renovai a minha alegria durante a subida. E estando nesse monte, dobrai os meus joelhos para eu vos adorar, escutar-vos e beijar as vossas mãos abençoadas. E que assim eu desça desse monte com os olhos purificados, o coração ardente e a vontade decidida a seguir-vos sempre e em todas as partes.  

Qualquer sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail: arivero@legionaries.org

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