V Centenário do nascimento (1515-2015) |
Evangelho
(Mc 1,14-20): Depois que João foi preso,
Jesus veio para a Galileia, proclamando a Boa Nova de Deus: «Completou-se o
tempo, e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede na Boa Nova».
Caminhando à beira do mar da Galileia, Jesus viu Simão e o irmão deste, André,
lançando as redes ao mar, pois eram pescadores. Então disse-lhes: «Segui-me, e
eu farei de vós pescadores de homens». E eles, imediatamente, deixaram as redes
e o seguiram. Prosseguindo um pouco adiante, viu também Tiago, filho de Zebedeu,
e seu irmão, João, consertando as redes no barco. Imediatamente, Jesus os
chamou. E eles, deixando o pai Zebedeu no barco com os empregados, puseram-se a
seguir Jesus».
Comentário: Rev. D. Joan COSTA i Bou (Barcelona, Espanha)
Convertei-vos e crede na
Boa Nova
Hoje,
o Evangelho nos convida à conversão. «Completou-se o tempo e o Reino de Deus
está próximo; fazei penitência e crede no Evangelho» (Mc 1,15). Converter-se, a
que? Melhor seria dizer, a quem? A Cristo! Assim o expressou: «Quem ama seu pai
ou sua mãe mais que a mim, não é digno de mim. Quem ama seu filho mais que a
mim, não é digno de mim» (Mt 10,37).
Converter-se
significa acolher agradecidos o dom da fé e fazê-lo operativo pela caridade.
Converter-se quer dizer reconhecer a Cristo como único senhor e rei de nossos
corações, dos que pode dispor. Converter-se implica descobrir Cristo em todos
os acontecimentos da história humana, também da nossa pessoal, consciente de
que Ele é a origem, o centro e o fim de toda história, e que por Ele tudo foi
redimido e Nele alcança sua plenitude. Converter-se supõe viver de esperança,
porque Ele venceu o pecado, o maligno e a morte, e a Eucaristia é a garantia.
Converter-se
comporta amar a Nosso Senhor por acima de tudo aqui na terra, com todo nosso coração,
com toda nossa alma e com todas nossas forças. Converter-se pressupõe
entregar-lhe nosso entendimento e nossa vontade, de tal maneira que nosso
comportamento faça realidade o lema episcopal do Santo Papa, João Paulo II,
Totus tuus, quer dizer, Todo teu, Deus meu; e todo é: tempo, qualidades, bens,
ilusões, projetos, saúde, família, trabalho, descanso, tudo. Converter-se
requer, então, amar a vontade de Deus em Cristo acima de tudo e gozar,
agradecidos, de tudo o que acontece de parte de Deus, inclusive contradições,
humilhações, doenças, e descobri-las como tesouros que nos permitem manifestar
mais plenamente nosso amor a Deus: si Você o quer assim, eu também o quero!
Converter-se
pede, assim, como os apóstolos Simão, André, Jaime e João, deixar «imediatamente
as redes» e ir-se com Ele (cf. Mc 1,18), uma vez ouvida a sua voz. Converter-se
é que Cristo seja tudo em nós.
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm.
*
Depois que João foi preso, Jesus voltou para a Galileia proclamando a Boa Nova
de Deus. João foi preso pelo rei Herodes por ter denunciado o comportamento
imoral do rei (Lc 3,18-20). A prisão de João Batista não assustou a Jesus! Pelo
contrário! Ele viu nela um sinal da chegada do Reino. E hoje, será que sabemos
ler os fatos da política e da violência urbana para anunciar a Boa Nova de
Deus?
*
Jesus proclamava a Boa Nova de Deus. A Boa Nova é de Deus não só porque ela vem
de Deus, mas também e sobretudo porque Deus é o seu conteúdo. Deus, Ele mesmo,
é a maior Boa Notícia para a vida humana. Ele responde à aspiração mais profunda
do nosso coração. Em Jesus aparece o que acontece quando um ser humano deixar
Deus entrar e reinar. Esta Boa Notícia do Reino de Deus anunciada por Jesus tem
quatro aspectos:
1. Esgotou-se o prazo! Para os outros judeus o prazo ainda não tinha
se esgotado. Faltava muito para o Reino poder chegar. Para os fariseus, por
exemplo, o Reino só poderia chegar quando a observância da Lei fosse perfeita.
Jesus tem outra maneira de ler os fatos. Ele diz que o prazo já se esgotou.
2. O Reino de Deus chegou! Para os fariseus a chegada do Reino dependia
do esforço deles. Só chegaria, depois que eles tivessem observado toda a lei.
Jesus diz o contrário: “O Reino chegou!” Já estava aí! Independente do esforço
feito! Quando Jesus diz “O Reino chegou!”, ele não quer dizer que o Reino
estava chegando só naquele momento, mas sim que já estava aí. Aquilo que todos
esperavam, já estava presente na vida deles, e eles não o sabiam, nem o
percebiam (cf. Lc 17,21). Jesus o percebeu! Pois ele lia a realidade com um
olhar diferente. E é esta presença escondida do Reino no meio do povo, que
Jesus vai revelar aos pobres da sua terra. É esta a semente do Reino que vai
receber a chuva da sua palavra e o calor do seu amor.
3. Convertei-vos! O sentido exato é mudar o modo de pensar e de
viver. Para poder perceber a presença do Reino na vida, a pessoa terá que
começar a pensar e viver de maneira diferente. Terá que mudar de vida e encontrar
outra forma de convivência! Terá que deixar de lado o legalismo do ensino dos
fariseus e permitir que a nova experiência de Deus invada sua vida e lhe dê
olhos novos para ler e entender os fatos.
4. Acreditem nesta Boa Notícia! Não era fácil aceitar esta mensagem. Não é
fácil você começar a pensar diferentemente de tudo que aprendeu, desde pequeno.
Isto só é possível através de um ato de fé. Quando alguém vem trazer uma
notícia diferente, difícil de ser aceita, você só a aceitará se a pessoa que
traz a notícia for de confiança. Aí, você dirá aos outros: “Pode aceitar! Eu
conheço a pessoa! Ela não engana. É de confiança!”. Jesus é de confiança!
* O primeiro objetivo do
anúncio da Boa Nova é formar comunidade. Jesus passa, olha e chama. Os primeiros quatro chamados,
Simão, André, João e Tiago, escutam, largam tudo e seguem a Jesus para formar
comunidade com ele. Parece amor à primeira vista! Conforme a narração de
Marcos, tudo aconteceu logo no primeiro encontro com Jesus. Comparando com os
outros evangelhos, a gente percebe que os quatro já conheciam a Jesus (Jo 1,39;
Lc 5,1-11). Já tiveram a oportunidade de conviver com ele, de vê-lo ajudar o
povo e de escutá-lo na sinagoga. Sabiam como ele vivia e o que pensava. O
chamado não foi coisa de um só momento, mas sim de repetidos chamados e convites,
de avanços e recuos. O chamado começa e recomeça sempre de novo! Na prática,
coincide com a convivência dos três anos com Jesus, desde o batismo até o
momento em que Jesus foi levado ao céu (At 1,21-22). Então, por que Marcos o
apresenta como um fato repentino de amor à primeira vista? Marcos pensa no
ideal: o encontro com Jesus deve provocar uma mudança radical na nossa vida!
Para um confronto
pessoal
1)
Um fato político, a prisão de João, levou Jesus a iniciar o anúncio da
Boa Nova de Deus. Hoje, os fatos da política e da polícia influem no anúncio
que fazemos da Boa Nova ao povo?
2) “Convertei-vos! Acreditem nesta Boa
Notícia!” Como isto está acontecendo na minha vida?
Nenhum comentário:
Postar um comentário
DEIXE AQUI SEU SUA SUGESTÃO