São Pedro Tomás, Mártir de nossa Ordem Patriarca Latino de Constantinopla |
Comentário: Rev. D. Llucià POU i Sabater (Granada,
Espanha)
O Espírito do Senhor
está sobre mim, pois ele me consagrou com a unção
Hoje
lembramos que «quem ama a Deus, ame também seu irmão» (1Jo 4,21). Como
poderíamos amar a Deus a quem não vemos, se não amamos a quem vemos, imagem de
Deus? Depois que São Pedro renegara, Jesus lhe perguntou se o amava: «Senhor,
tu sabes tudo; tu sabes que te amo» (Jo 21,17), respondeu. Como a São Pedro,
também Jesus nos pergunta: «Tu me amas? »; e queremos lhe responder agora
mesmo: «Tu o sabes tudo, Senhor, tu sabes que te amo apesar de minhas
deficiências; mas, ajuda-me a demonstrar-te; ajuda-me a descobrir as
necessidades de meus irmãos, a me entregar de verdade aos outros, a aceita-los
tal como são, a valorizá-los».
A
vocação do homem é o amor, é vocação a se entregar, procurando a felicidade do
outro e, assim encontrar a própria felicidade. Como diz São João da Cruz, «No
crepúsculo da vida, seremos julgados no amor». Vale a pena que nos perguntemos
ao terminar cada jornada, cada dia, num breve exame de consciência, com foi
este amor e, pontualizar algum aspecto a melhorar para o dia seguinte.
«O
Espírito do Senhor está sobre mim» (Lc 4,18), dirá Jesus, fazendo seu este
texto messiânico. É o Espírito do Amor que assim como fez o do Messias a «que
consagrou com a unção, para anunciar a Boa Nova aos pobres» (cf. Lc 4,18), também
“repousa” sobre nós e nos conduz até o amor perfeito: Como diz o Concilio
Vaticano II: «Todos os fiéis cristãos, de qualquer estado ou ordem, são
chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade». O Espírito
Santo nos transformará como fez com os Apóstolos, para que possamos agir sob
sua moção, nos outorgando seus frutos e, assim levá-los a todos os corações: «O
fruto do Espírito, porém, é: amor, alegria, paz, paciência, amabilidade,
bondade, lealdade, mansidão, domínio próprio» (Gal 5,22-23).
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm
*
Animado pelo Espírito Santo, Jesus volta para a Galileia e começa a anunciar a
Boa Nova do Reino de Deus. Andando pelas comunidades e ensinando nas sinagogas,
ele chega em Nazaré, onde tinha sido criado. Estava de volta na comunidade,
onde, desde pequeno, tinha participado das celebrações durante trinta anos. No
sábado seguinte, conforme o seu costume, ele vai na sinagoga para estar com o
povo e participar da celebração.
*
Jesus se levantou para fazer a leitura. Escolheu o texto de Isaías que falava
dos pobres, presos, cegos e oprimidos. O texto refletia a situação do povo da Galileia
no tempo de Jesus. Em nome de Deus, Jesus toma posição em defesa da vida do seu
povo e, com as palavras de Isaías, define a sua missão: anunciar a Boa Nova aos
pobres, proclamar a libertação aos presos e a recuperação da vista aos cegos,
restituir a liberdade aos oprimidos. Retomando a antiga tradição dos profetas,
ele proclama “um ano de graça da parte do Senhor”. Proclama o ano do jubileu.
Jesus quer reconstruir a comunidade, o clã, para que fosse novamente expressão
da sua fé em Deus! Pois, se Deus é Pai/Mãe, todos e todas devemos ser irmãos e
irmãs uns dos outros.
*
No antigo Israel, a grande família, o clã ou a comunidade, era a base da
convivência social. Era a proteção das famílias e das pessoas, a garantia da
posse da terra, o veículo principal da tradição e a defesa da identidade do
povo. Era a maneira concreta de se encarnar o amor de Deus no amor ao próximo.
Defender o clã, a comunidade, era o mesmo que defender a Aliança com Deus. Na Galileia
do tempo de Jesus, um duplo cativeiro marcava a vida do povo e estava
contribuindo para a desintegração do clã, da comunidade: o cativeiro da
política do governo de Herodes Antipas (4 aC a 39 d.C.) e o cativeiro da
religião oficial. Por causa do sistema de exploração e de repressão da política
de Herodes Antipas, apoiada pelo Império Romano, muita gente ficava sobrando e
sem lugar, excluída e sem emprego (Lc 14,21; Mt 20, 3.5-6). O clã, a
comunidade, ficou enfraquecida. As famílias e as pessoas ficaram sem ajuda, sem
defesa. E a religião oficial, mantida pelas autoridades religiosas da época, em
vez de fortalecer a comunidade, para que ela pudesse acolher os excluídos,
reforçava ainda mais esse cativeiro. A Lei de Deus era usada para legitimar a
exclusão de muita gente: mulheres, crianças, samaritanos, estrangeiros,
leprosos, possessos, publicanos, doentes, mutilados, paraplégicos. Era o
contrário da fraternidade que Deus sonhou para todos! Assim, tanto a conjuntura
política e econômica como a ideologia religiosa, tudo conspirava para
enfraquecer a comunidade local e impedir, assim, a manifestação do Reino de
Deus. O programa de Jesus, baseado no profeta Isaías oferecia uma alternativa.
*
Terminada a leitura, Jesus atualizou o texto e o ligou com a vida do povo
dizendo: “Hoje se cumpriu esta escritura nos ouvidos de vocês!” A sua maneira
de ligar a Bíblia com a vida do povo, provocou uma dupla reação. Uns
acreditaram e ficaram admirados. Outros tiveram uma reação de descrédito.
Ficaram escandalizados e já não queriam saber dele. Diziam: “Não é este o filho
de José?” (Lc 4,22) Por que ficaram escandalizados? É que Jesus falou em
acolher os pobres, os cegos, os oprimidos. Mas eles não aceitaram a sua
proposta. E assim, no momento em que apresentou o seu projeto de acolher os
excluídos, ele mesmo foi excluído!
Para um confronto
pessoal
1. Jesus ligou a fé em Deus com a
situação social do seu povo. E eu, como vivo a minha fé em Deus?
2. No lugar onde eu moro existem cegos,
presos, oprimidos? O que faço?
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