Tema 3 - ORAMOS PORQUE JESUS OROU (I)
1. Por que oramos?
Mais tarde ou mais cedo no-lo perguntarão; ou tu
mesmo já te perguntaste. Podemos nós mesmos dar várias razões: porque me
ensinaram; preciso pedir, agradecer ou louvar; intuo a necessidade de me
relacionar com Deus; ou até me sinto psicologicamente bem...
Todas estas razões podem ser válidas mas não
suficientes. Os que seguimos o Evangelho, possuímos uma razão de fundo: Oramos
por que Jesus orou e ensinou-nos a orar.
2. Efetivamente Jesus orou
Se a oração não é senão a relação do homem com
Deus, Jesus, não só orou, mas, ao ser a sua vida inteira uma relação com o Pai,
toda ela foi oração. Contudo, somente soluças nos apresenta Jesus a orar: no
Batismo (3,21); depois duma jornada de pregação (5,15); antes da eleição dos
doze (6,12); antes da confissão de Pedro (9,18); durante a transfiguração
(9,28); no momento de ensinar o Pai Nosso (11,1); no Monte das Oliveiras
(22,41); desde a Cruz (11,46)...
E se nos fixamos em S.João, vemo-lo orando: antes
da Ressurreição de Lázaro (11,41); depois de anunciar a sua hora (12,27); na
oração sacerdotal (17).
Jesus ora num lugar solitário (Mc 1,35); no coração
da noite (Mc 6,6); durante uma refeição (Jo 6,11); no regresso dos 72
discípulos (Lc 10,21); no Templo, na Sinagoga...
3. Porque orou Jesus?
A razão de fundo e a mais simples é esta: Jesus
orava porque sentia necessidade de orar. Jesus necessitava várias vezes, de se
distanciar dos homens e buscar no Pai o que estes não Lhe podiam dar.
Lucas diz-nos que a sua fama se estendia, que
muitos acorriam a Ele para ouvi-lo; mas Jesus retirava-se para lugares
solitários, onde rezava (5,15), onde cultivava a sua relação de filiação com o
Pai.
Só descobrindo esta necessidade de nos sentirmos
filhos - e na medida em que o formos descobrindo - saberemos dar razões da
nossa oração. Finalmente, só se oramos para estar - ou querer estar - com o
Pai, conhecer dia a dia a sua vontade e correr a cumpri-la entre os homens,
oraremos pelos mesmos motivos que Jesus orou.
4. Orar em
Cristo Jesus
Orar é tanto «falar com Deus» como deixar-nos falar
por Ele. Mas Ele só fala em direto com o Filho, a nós fala-nos por seu
intermédio. O orante deve aproximar-se do Filho para conhecê-lo, traduzir,
adequar a mensagem a si próprio e segui-Lo.
Jesus disse a Teresa que Ele era o Livro Vivo; mas
ler a Cristo não é fácil. Sem a luz do Espírito não entenderemos nem uma só
linha do Evangelho. Por fim, não só devemos ler a Cristo, mas devemos ler em Cristo. Ou seja,
interpretar tudo com os seus critérios. Ninguém como os grandes orantes
interpretou à luz do Evangelho todos os sinais dos tempos.
PAUTAS PARA A
ORAÇÃO PESSOAL :
1. JESUS
ENSINOU-NOS A ORAR
Dirigindo-nos a um Deus Pai (Lc 11,2). Desde a
nossa própria interioridade (Mt 6,5). Sem ser demasiado loquazes (Lc 11,5).
Unidos aos irmãos (Mt 18,19). Adequando fé e obras (Mt 7,21). Seguros da
bondade do Pai (Mt 6,7). Procurando o melhor para nós (Lc 12,29). Perdoando (Mc
11,25). Sem esquecer os nossos inimigos (Mt 5,43). Orando em seu nome e unidos
A Ele (Jo 14-12; 15-1). Examina hoje a tua oração à luz da oração de Jesus.
2. JESUS ORA QUANDO ESTÁ ALEGRE E CONTENTE
Lê o texto
de Lc 10,21. Jesus apresenta-se como cumpridor da vontade do Pai e publica os
nomes dos que serão herdeiros do seu Reino: os pobres, os simples... Chegar a
compreender isto não é nada fácil, é pura graça de Deus. Jesus dá graças, não
pela desgraça dos sábios e «espertos», mas porque as coisas de Deus vão ser
patrimônio da gente simples. Como andamos de simplicidade e humildade?
3. JESUS ORA,
CHORANDO, FRENTE AO TÚMULO DE LÁZARO.
«Graças, Pai, por me teres escutado» (Jo 11, 42).
Neste caso, a oração do Senhor serve para demonstrar a sua condição de enviado;
mas também para demonstrar o valor que para Deus tem a vida em si mesma, o
corporal, o terreno.
Releiamos este texto. Façamos nossos os sentimentos
de Jesus frente à dor humana; frente à morte de um amigo. Façamos nossa a
petição ao Pai a favor do mesmo. Integramos na nossa oração a dor dos que
sofrem?
4. JESUS ORA NO JARDIM DAS OLIVEIRAS (Lc 39,46)
Podem-se tecer muitas considerações acerca desta
passagem evangélica. Fixemo-nos nela, não só hoje, mas muitas vezes na vida.
Podemos meditar na necessidade de orar para não cair... No terrível da
angústia, tristeza ou tédio. Pensemos, por exemplo, na sua terrível solidão.
Solidão que lhe advém do fato de ser o Profeta por antonomásia e, todo o
profeta, será sempre um homem incompreendido. Será sempre o orante da oração
comprometida, isto é, a oração que não acaba nas palavras mas no jogo da sua
própria vida. Silêncio... Assombremo-nos frente a tanta capacidade de
compromisso!
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