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terça-feira, 11 de novembro de 2014

V Centenário Teresiano


Tema 10 - ORAÇÃO, TRATO DE AMIZADE COM DEUS

1. «Vós sois meus amigos»
Jesus, rodeado por uma multidão que caminha sem rumo, sem se comprometerem Mt 9, 35-38. Ontem como hoje ... Ao mesmo tempo, acompanhado de perto por um grupo de discípulos mais ou menos comprometidos.
Aos seus discípulos – ontem e hoje – Jesus brinda com a sua amizade: Jo 15, 13 – 15, 11. «Vós sois meus amigos».
A iniciativa parte sempre do Senhor: Jo 15, 16; Ap 3,20s. A sua amizade é pura graça: Ef: 2,4 ss; 1Jo 3,1 s.
É nesta relação de amizade com Jesus que se vive a oração cristã: Jo 15,9; 17,26.
Qualquer que seja a linguagem da oração (palavras, cânticos, gestos, olhares, silêncios contemplativos) o que ora é o Homem na sua globalidade. Mas, o centro de onde brota e se desenvolve a oração (e a amizade) é o coração. «A oração não está em pensar muito, mas sim em amar muito» (Santa Teresa).           
Santa Teresa: «Outra coisa não é, a meu parecer, oração mental, senão tratar de amizade – estando muitas vezes tratando a sós – com quem sabemos que nos ama... E se ainda O não amais (porque para que seja verdadeiro o amor e para que dure a amizade hão de encontrar-se as condições: a do Senhor já se sabe, não pode Ter falta, a nossa é ser viciosa, sensual, ingrata), não podeis por vós mesmas chegar a amá-lo, porque não é da vossa condição... Oh! Que bom amigo sois, Senhor meu, como o ides rejeitando e sofrendo e esperais que se taça à Vossa condição e, entretanto, lhe sofreis Vós a sua! Tenho visto isto claramente por mim, e não vejo, Criador meu, porque todo o mundo não procura achegar-se a Vós por meio desta particular amizade; os maus – que não são da Vossa condição – para que os façais bons .. » (Vida 8,5-6)

2. Elementos constituintes da amizade = oração
a) Conhecimento mutuo. Deus conhece-me e compreende-me plenamente (é muito consolador): Sal 139, Ef 1,4 ss. Como posso em conhecer a Deus? Deus revela-se a nós na história da salvação por meio da Sua Palavra: Is 55,6 – 13; Jo 6,68; 8,31 s; Heb 1, 1-3; e o seu Espírito: Jo 16, 12 – 15.
A sua Igreja: Corpo e plenitude de Cristo: Ef 1,22; depositária e interprete da Palavra: Mt 16, 18 s; 28, 18 ss. Os acontecimentos da vida iluminados (meditados) pela fé: Rom 8,28. Distrações? Podem descentrar de Deus, ou podem ser portadoras de uma mensagem urgente de Deus.

b) Confiança mutua e fidelidade. Deus é fiel e confia em nós: 1 Cor 1,9; 13,7; Jo 8,10s. Deus ensina-nos a confiar n`Ele, a apoiarmo-nos n`Ele, a viver com Ele: M1 18,1 – 4; Jo 14, 1ss; 2 Tim 1,12.

c) Amor recíproco. Deus ama-nos com amor eterno e terno: Jer 31,3; Rom 5,5 ss; 8,35. Nós mostramos o nosso amor a Deus. Como Jesus (Jo 8,29) procurando a sua vontade e aquilo que lhe agrada: Mt 7,21; 12,50.
Para viver em amizade com Deus, nada é mais importante que guardar o mandamento novo: Jo 15,10 – 12; 1 Jo 3,22 ss. Ressentimento e ausência de perdão sufocam a vida de oração: Mt 18,23 ss; Col 3,12 ss.

d) Partilha de dons. Cristo dá-se sem reservas: Mt 26,26s; Gal 2,20. O Dom de si mesmo: Rom 14, 7-9. «Deus não se nos dá totalmente porque não nos damos totalmente a Ele (Santa Teresa).

e) Alegria participada. Deus alegra-se conosco como com Jesus: Mt 12, 18; Gal 3,26s. O Espírito conduz-nos a alegrarmo-nos em Deus: Sal 43,4; Is 35,10; Lc 1,46 ss; Jo 15,11; Fil 4,4 ss.

f) A amizade com Deus vivida em oração produz uma aproximação mútua, fusão de vontades, união com Deus, finalmente, a transformação n`Ele. É aí onde o orante encontra a sua plena realização: Jo 17,21 ss. A finalidade da oração é a «união da totalidade da Santíssima Trindade com a totalidade do espírito» (S. Gregório Nisa)

Oh noite que guiaste! 
Oh noite amável mais que a alvorada!
Oh noite que juntaste 
Amada com amada 
amada no Amado transformada!
                                                                                       (S. João da Cruz)

3. Pautas para a oração pessoal
a) Diz com freqüência a Jesus: «Obrigada pela tua amizade. És o meu melhor amigo. Em Ti confio».

b) Conta a Jesus as tuas coisas mais íntimas. Alguma coisa te preocupa? Consulta Jesus e escuta.

c) Sente-te envolvido pelos sentimentos do salmo 138. Deixa-te levar por ele. Procura que façam ressonâncias, dentro do teu coração, algumas das suas expressões.

Senhor, Vós me perscrutais e conheceis.
Vós sabeis quando me sento e me levanto,
conheceis à distância o meu próprio pensar.
Quer caminhe, quer repouse, vós o sabeis;
estais atento a todos os meus passos.
Ainda a palavra não chegou à boca,
já a conheceis plenamente.
Estais à minha frente e atrás de mim,
sobre mim repousa a Vossa mão.
Grande demais é essa ciência
para o meu alcance,
tão alta que não posso atingi-la.

d) A alegria é a melhor resposta aos dons de Deus. Mais, ainda a alegria é a forma que o orante tem a viver Deus. Por isso, procura viver hoje a alegria. Quando alguém nos oferece um presente, olha-nos nos olhos para ver se ficamos felizes. Deus que se nos tem a si mesmo, olha-nos nos olhos para ver se estamos contentes. E, os nossos contemporâneos também nos olham para ver se temos alegria por sermos dos d`Ele.


e) Comenta e ora estas palavras de Teresa de Lisieux sobre o amor aos outros: «Meditando nas palavras de Jesus compreendi o imperfeito o que era o meu amor às minhas irmãs e vi que não as amava como Deus as ama. Sim, agora compreendo que a caridade perfeita consiste em suportar os defeitos dos outros, não estranhar as suas debilidades, em edificar-se com os mais pequenos atos de virtude que as vejamos praticar. Mas, sobretudo, compreendi que a caridade não deve ficar encerrada no fundo do coração. Ninguém disse Jesus, acende uma lâmpada para colocá-la debaixo de um alqueire, mas sim para colocá-la num candeeiro para que ilumine toda a casa» (Manuscrito C, 12).

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