V Centenário Teresiano (1515-2015) |
Evangelho
(Lc 13,22-30): Jesus atravessava cidades
e povoados, ensinando e prosseguindo o caminho para Jerusalém. Alguém lhe
perguntou: “Senhor, é verdade que são poucos os que se salvam?” Ele respondeu:
”Esforçai-vos por entrar pela porta estreita. Pois eu vos digo que muitos
tentarão entrar e não conseguirão. Uma vez que o dono da casa se levantar e
fechar a porta, vós, do lado de fora, começareis a bater, dizendo: ‘Senhor,
abre-nos a porta! ’. Ele responderá: ‘Não sei de onde sois’. Então começareis a
dizer: ‘Comemos e bebemos na tua presença, e tu ensinaste em nossas praças! ’.
Ele, porém, responderá: ‘Não sei de onde sois. Afastai-vos de mim, todos vós
que praticais a iniquidade! ’ E ali haverá choro e ranger de dentes, quando
virdes Abraão, Isaac e Jacó, junto com todos os profetas, no Reino de Deus,
enquanto vós mesmos sereis lançados fora. Virão muitos do oriente e do
ocidente, do norte e do sul, e tomarão lugar à mesa no Reino de Deus. E assim
há últimos que serão primeiros, e primeiros que serão últimos».
Comentário:
Rev. D. Lluís RAVENTÓS i Artés (Tarragona, Espanha)
Há últimos que serão
primeiros, e primeiros que serão últimos.
Hoje,
a caminho de Jerusalém, Jesus se detém um momento e alguém aproveita para
perguntar: «Senhor, é verdade que são poucos os que se salvam?» (Lc 13,23).
Talvez, ao escutar a Jesus, aquele homem se inquietou. Realmente, o que Jesus
ensina é maravilhoso e atrativo, mas as exigências que admite já não são tão de
seu agrado. Mas, e se vivesse o Evangelho à sua vontade, com una “moral a la
carte”? Que probabilidades teria de se salvar?
Assim,
pois, pergunta: «Senhor, é verdade que são poucos os que se salvam?» Jesus não
aceita esta sugestão. A salvação é uma questão muito séria como para ser
resolvida mediante um cálculo de probabilidades. DEUS «não quer que ninguém se
perca, e sim que todos se convertam» (2Pe 3,9).
Jesus
responde: «Esforçai-vos por entrar pela porta estreita. Pois eu vos digo que
muitos tentarão entrar e não conseguirão. ‘Uma vez que o dono da casa se
levantar e fechar a porta, vós, do lado de fora, começareis a bater, dizendo:
‘Senhor, abre-nos a porta! ’. Ele responderá: ‘Não sei de onde sois’.» (Lc
13,24-25). Como podem ser ovelhas de seu rebanho se não seguem ao Bom Pastor,
nem aceitam o Magistério da Igreja? «Ele, porém, responderá: ‘Não sei de onde
sois. Afastai-vos de mim, todos vós que praticais a iniquidade! E ali haverá
choro e ranger de dentes, quando virdes Abraão, Isaac e Jacó, junto com todos
os profetas, no Reino de Deus, enquanto vós mesmos sereis lançados fora.» (Lc 13,27-28).
Nem
Jesus, nem a Igreja temem que a imagem de Deus Pai seja manchada ao revelar o
mistério do inferno. Como afirma o Catecismo da Igreja, «as afirmações da
Sagrada Escritura e os ensinamentos da Igreja a propósito do inferno são um
chamado à responsabilidade com a qual o homem deve usar sua liberdade em
relação com seu destino eterno. Constituem ao mesmo tempo um rápido chamado à
conversão» (n. 1036).
“Deixemos
de brincar de espertos” e de fazer cálculos. Preocupemo-nos por entrar pela
porta estreita, voltando a começar tantas vezes quantas sejam necessária,
confiados em sua misericórdia «Todo isso, que te preocupa de momento — diz são
Josemaria — importa más o menos — O que importa absolutamente é que seja feliz,
que te salves».
Reflexão de Frei
Carlos Mesters, O.Carm
*
O evangelho de hoje traz mais um episódio acontecido durante a longa caminhada
de Jesus desde a Galileia até Jerusalém, cuja descrição ocupa mais de uma terça
parte do evangelho de Lucas (Lc 9,51 a 19,28).
* Lucas 13,22: A
caminho de Jerusalém.
“Jesus
atravessava cidades e povoados, ensinando e prosseguindo caminho para
Jerusalém”. Mais uma vez Lucas menciona que Jesus está a caminho de Jerusalém.
Durante os dez capítulos que descrevem a viagem até Jerusalém (Lc 9,51 a
19,28), Lucas, constantemente, lembra que Jesus está a caminho de Jerusalém (Lc
9,51. 53.57; 10,1. 38; 11,1; 13,22.33; 14,25; 17,11; 18,31; 18,37; 19,1.11.28).
O que é claro e definido, desde o começo, é o destino da viagem: Jerusalém, a
capital, onde Jesus será preso e morto (Lc 9,31.51). Raramente, informa o
percurso e os lugares por onde Jesus passava. Só no começo da viagem (Lc 9,51),
no meio (Lc 17,11) e no fim (Lc 18,35; 19,1), ficamos sabendo algo a respeito
do lugar por onde Jesus estava passando. Deste modo, Lucas sugere o seguinte
ensinamento: temos que ter claro o objetivo da nossa vida, e assumi-lo
decididamente como Jesus fez. Devemos caminhar. Não podemos parar. Nem sempre,
porém, é claro e definido por onde passamos. O que é certo é o objetivo:
Jerusalém, onde nos aguarda o “êxodo” (Lc 9,31), a paixão, morte e
ressurreição.
* Lucas 13,23: A
pergunta sobre o número dos que se salvam.
Nesta
caminhada para Jerusalém acontece de tudo: informações sobre massacres e
desastres (Lc 13,1-5), parábolas (Lc 13,6-9.18-21), discussões (Lc 13,10-13) e,
no evangelho de hoje, perguntas do povo: "Senhor, é verdade que são poucos
aqueles que se salvam?" Sempre a mesma pergunta em torno da salvação!
* Lucas 13,24-25: A
porta estreita.
Jesus
diz que a porta é estreita: "Façam todo o esforço possível para entrar
pela porta estreita, porque eu lhes digo: muitos tentarão entrar, e não
conseguirão”. Será que Jesus diz isto só para encher-nos de medo e obrigar-nos
a observar a lei como ensinavam os fariseus? O que significa esta porta
estreita? De que porta se trata? No Sermão da Montanha Jesus sugere que a
entrada para o Reino tem oito portas. São as oito categorias de pessoas das
bem-aventuranças: (1) pobres em espírito, (2) mansos, (3) aflitos, (4) famintos
e sedentos de justiça, (5) misericordiosos, (6) puros de coração, (7)
construtores da paz e (8) perseguidos por causa da justiça (Mt 5,3-10). Lucas
as reduziu para quatro: (1) pobres, (2) famintos, (3) tristes e (4) perseguidos
(Lc 6,20-22). Só entra no Reino quem pertence a uma destas categorias
enumeradas nas bem-aventuranças. Esta é a porta estreita. É o novo olhar sobre
a salvação que Jesus nos comunica. Não há outra porta! Trata-se da conversão
que Jesus pede de nós. Ele insiste: "Façam todo o esforço possível para
entrar pela porta estreita, porque eu lhes digo: muitos tentarão entrar, e não
conseguirão. Uma vez que o dono da casa se levantar e fechar a porta, vocês vão
ficar do lado de fora. E começarão a bater na porta, dizendo: Senhor, abre a
porta para nós! E ele responderá: Não sei de onde são vocês”. Enquanto a hora
do julgamento não chegar, é tempo favorável para a conversão, para mudar nossa
visão sobre a salvação e entrar em uma das oito categorias.
* Lucas 13,26-28: O
trágico mal-entendido.
Deus
responde aos que batem na porta: “Não sei de onde são vocês”. Mas eles insistem
e argumentam: Nós comíamos e bebíamos diante de ti, e tu ensinavas em nossas
praças! Não basta ter convivido com Jesus, de ter participado da multiplicação
dos pães e de ter escutado seus ensinamentos nas praças das cidades e povoados.
Não basta ter ido à igreja e de ter participado das instruções do catecismo.
Deus responderá: Não sei de onde são vocês. Afastem-se de mim, todos vocês que
praticam injustiça!”. Mal-entendido trágico e falta total de conversão, de
compreensão. Jesus declara injustiça aquilo que os outros consideram ser coisa
justa e agradável a Deus. É uma visão totalmente nova sobre a salvação. A porta
é realmente estreita.
* Lucas 13,29-30: A
chave que explica o mal-entendido.
“Muita
gente virá do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e tomarão lugar à mesa
no Reino de Deus. Vejam: há últimos que serão primeiros, e primeiros que serão
últimos". Trata-se da grande mudança que se operou com a vinda de Deus até
nós em Jesus. A salvação é universal e não só do povo judeu. Todos os povos
terão acesso e poderão passar pela porta estreita.
Para um confronto
pessoal
1. Ter o objetivo claro e caminhar
para Jerusalém: Será que tenho objetivos claros na minha vida ou deixo-me levar
pelo vento do momento da opinião pública?
2. A porta é estreita. Qual a visão
que tenho da Deus, da vida, da salvação?
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