Textos:
Isaias 55, 6-9; Filipenses 1, 20-24.27; Mateus 20, 1-16
A lógica de Deus não é
a nossa lógica. A lógica de Deus é a misericórdia. A lógica humana é “à tantos
reais a hora”.
Pe. Antonio Rivero, L.C.
21 de setembro - S. Mateus Apóstolo |
A
salvação não será dada ao homem em conceito de contrato bilateral, de justiça
legal, mas de misericórdia e amor de Deus. Que, para méritos, pois ai estão os
de Jesus Cristo. É claro, o homem tem que colaborar.
Em
primeiro lugar, os legalistas e fariseus hoje gritam a Deus: “é injusto! Nós
merecemos mais do que os que trabalharam menos horas...com gente como tu somos
incitados à luta de classes, à expansão universal do marxismo socialista e
comunista e a arrebentar o odre que, como o odre do mítico Éolo no Tirreno, contém
os ventos de todas as tempestades sociais e políticas”. Jogam na sua cara que
foi justo na justiça comutativa e legal, mas não na distributiva nem na social.
“Proceder assim, Deus, é o melhor para provocar o pior”. A parábola era para os
judeus, que como o povo eleito de Deus pareciam os “titulares” da promessa,
enquanto que outros não judeus, os pagãos, que podemos considerar como os
“suplentes”, não deveriam ter direito a receber a mesma recompensa que eles.
Mas também a nós se pode aplicar a mesma lição. Os sacerdotes, religiosos e
gente comprometida com a pastoral diocesana ou paroquial podemos ter a tentação
de pensar que somos mais acreditados do prêmio que os leigos de a pé.
Em
segundo lugar, Cristo também grita hoje aos legalistas e fariseus: “Por que
tendes inveja porque eu sou bom, inclusive com aqueles que vós pensais que não
merecem?”. Jesus nos dá, não uma lição de justiça salarial- o dono da vinha
paga todos o justo- mas uma lição da generosidade que Deus tem, que admite como
jornaleiros que se apresentam somente na última hora, sem dar uma excessiva
importância a este atraso, e logo paga os últimos mais do que lhes competiria
de acordo o rigor. Deus não premia só conforme aos nossos méritos, senhores
legalistas, mas segundo a sua bondade. A salvação de Deus é sempre gratuita.
Este evangelho não é um evangelho social, porque nem a é a notícia de um
conflito laboral nem a negativa a uma reivindicação salarial nem a denúncia ou
a defesa de uma arbitrariedade patronal, mas um tratado de soteriologia, ou
economia da salvação, em forma de parábola: “Deus salva os homens não tanto
pela justiça (você fez tanto, merece tanto), mas da misericórdia (que é amor)”.
Que tenta se salvar é o homem, mas quem efetivamente salva é Deus. Se não fosse
assim, as relações do homem com Deus seriam mercantis: se salva só quem cumpre.
Finalmente,
e nós, o que gritamos hoje a Cristo? “Senhor, dai-nos um coração como o vosso
para que aprendamos a ser bondosos de coração na nossa relação com os demais”.
A questão é se temos bom coração ou não. Somos às vezes “mão de vaca”, de
coração mesquinho, calculadores na nossa relação com Deus e com os irmãos.
Acostumamos levar uma contabilidade das horas que trabalhamos para Deus, como
seguindo as pautas do contrato laboral, e depois pedimos contas a Deus e
pensamos que temos o direito ao prêmio ou ao pagamento. Não projetemos sobre
Deus os nossos cálculos e as nossas medidas. Ao contrário, aprendamos Dele a
ser misericordiosos e generosos com aqueles que não merecem, segundo a nossa
opinião. Ah, se Deus levasse a contabilidade das nossas faltas, não pensaríamos
assim como esses legalistas do evangelho.
Para refletir:
1. Somos propensos aos ciúmes e à
inveja?
2. Estamos dispostos a louvar os bons
resultados dos outros, a alegrar-nos com as qualidades que outros têm?
3. Somos cristãos de salário, ou
trabalhamos só tratando de alegrar a Deus?
4. Consideramos a salvação como um
contrato bilateral, de justiça legal, ou como graça?
Para rezar: Senhor, que compreenda a vossa
lógica divina, que é a da misericórdia. Tira de meu peito o coração de pedra e
justiceiro, e dai-me um coração aberto a vossa lógica para que possa me alegrar
pelo bem que concedes a meus irmãos, inclusive a aqueles que segundo eu não o
merecem. E ajudai-me a trabalhar na vossa vinha com amor e por amor, e não por
interesse mercantil, só para Vos alegrar, e isso me basta.
Qualquer
sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail:
arivero@legionaries.org
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