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segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Terça-feira da 25ª semana do Tempo Comum

São Pio de Pietralcina
Evangelho (Lc 8,19-21): Naquele tempo, sua mãe e seus irmãos vieram ter com ele, mas não podiam se aproximar, por causa da multidão. Alguém lhe comunicou: Tua mãe e teus irmãos estão lá fora e querem te ver. Ele respondeu: Minha mãe e meus irmãos são estes aqui, que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática.

Comentário: Rev. D. Xavier JAUSET i Clivillé (Lleida, Espanha)

Minha mãe e meus irmãos são estes aqui, que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática.

Hoje, lemos uma formosa passagem do Evangelho. Jesus não ofende, de modo algum, a Sua Mãe, já que Ela é a primeira a escutar a Palavra de Deus e dela nasce Aquele que é a Palavra. E, simultaneamente, Ela é a que mais perfeitamente cumpriu a vontade de Deus: Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra (Lc 1,38), responde ao anjo na Anunciação.

Jesus revela-nos de que precisamos, também nós, para chegar a ser seus familiares: Aqueles que ouvem...(Lc 8,21) e, para ouvir é necessário que nos aproximemos, tal como os seus familiares, que chegaram até onde Ele estava, mas não podiam aproximar-se por causa da multidão. Os familiares esforçam-se por se aproximar, seria conveniente que nos perguntássemos se lutamos e procuramos vencer os obstáculos que encontramos na hora de nos aproximarmos da Palavra de Deus. Dedico, todos os dias, uns minutos a ler, escutar e meditar a Sagrada Escritura? S. Tomás de Aquino recorda-nos que: é necessário que meditemos continuamente a Palavra de Deus (...); esta meditação ajuda fortemente na luta contra o pecado.

E, finalmente, cumprir a Palavra de Deus. Não basta escutar a Palavra; é necessário cumpri-la, se queremos ser membros da família de Deus. Temos de pôr em prática aquilo que nos diz! Por isso será bom que nos perguntemos se só obedeço quando aquilo que se me pede me agrada ou é relativamente fácil, e, pelo contrário, quando há que renunciar ao bem-estar, ao bom nome, aos bens materiais ou ao tempo disponível para o descanso..., ponho a Palavra entre parêntesis até que cheguem melhores tempos. Peçamos à Virgem Maria que escutemos como Ela e cumpramos a Palavra de Deus para andarmos assim no caminho que conduz à felicidade duradoura.

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

* O evangelho de hoje traz o episódio em que os parentes de Jesus, inclusive sua mãe, quiseram conversar com ele, mas Jesus não lhes deu atenção. Jesus teve problemas com a família. Às vezes, a família ajuda a viver o evangelho e a participar da comunidade. Outras vezes, ela atrapalha. Assim foi com Jesus e assim é conosco.

* Lucas 8,19-20: A família procura Jesus
Os parentes chegam à casa onde Jesus estava. Provavelmente tinham vindo de Nazaré. De lá até Cafarnaum são uns 40 quilômetros. Sua mãe veio junto. Eles não entram, pois havia muita gente, mas mandam recado: "Tua mãe e teus irmãos estão aí fora, e querem te ver".  Conforme o evangelho de Marcos, os parentes não querem ver Jesus. Eles querem é levá-lo de volta para casa (Mc 3,32). Achavam que Jesus tinha enlouquecido (Mc 3,21). Provavelmente, estavam com medo, pois conforme a história informa, havia uma vigilância muito grande da parte dos romanos com relação a todos que, de uma ou de outra maneira, tinha liderança popular (cf. At 5,36-39). Em Nazaré na serra seria mais seguro do que na cidade de Cafarnaum.

* Lucas 8,21: A resposta de Jesus
A reação de Jesus é firme: "Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a Palavra de Deus, e a põem em prática." Em Marcos a reação de Jesus é mais concreta. Marcos diz: “Então Jesus olhou para as pessoas que estavam sentadas ao seu redor e disse: Aqui estão minha mãe e meus irmãos. Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe" (Mc 3,34-35). Jesus alargou a família! Ele não permite que a família o afaste da missão: nem a família (Jo 7,3-6), nem Pedro (Mc 8,33), nem os discípulos (Mc 1,36-38), nem Herodes (Lc 13,32), nem ninguém (Jo 10,18).

* É a palavra de Deus que cria a nova família ao redor de Jesus: "Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a Palavra de Deus, e a põem em prática.". Um bom comentário deste episódio é o que diz o evangelho de João no prólogo: “A Palavra estava no mundo, o mundo foi feito por meio dela, mas o mundo não a conheceu. Ela veio para a sua casa, mas os seus não a receberam. Ela, porém, deu o poder de se tornarem filhos de Deus a todos aqueles que a receberam, isto é, àqueles que acreditam no seu nome. Estes não nasceram do sangue, nem do impulso da carne, nem do desejo do homem, mas nasceram de Deus. E a Palavra se fez homem e habitou entre nós. E nós contemplamos a sua glória: glória do Filho único do Pai, cheio de amor e fidelidade” (João 1,10-14). A família, os parentes, não entenderam Jesus (Jo 7,3-5; Mc 3,21), não fazem parte da nova família. Só fazem parte da nova comunidade aqueles e aquelas que recebem a Palavra, isto é, que acreditam em Jesus. Estes nascem de Deus e formam a Família de Deus.

* A situação da família no tempo de Jesus.
No tempo de Jesus, tanto a conjuntura política, social e econômica como a ideologia religiosa, tudo conspirava para o enfraquecimento dos valores centrais do clã, da comunidade. A preocupação com os problemas da própria família impedia as pessoas de se unirem em comunidade. Ora, para que o Reino de Deus pudesse manifestar-se, novamente, na convivência comunitária do povo, as pessoas tinham de ultrapassar os limites estreitos da pequena família e abrir-se para a grande família, para a Comunidade. Jesus deu o exemplo. Quando sua própria família tentou apoderar-se dele, reagiu e alargou a família (Mc 3,33-35). Criou comunidade.

* Os irmãos e as irmãs de Jesus
A expressão “irmãos e irmãs de Jesus” é causa de muita polêmica entre católicos e protestantes. Baseando-se neste e em outros textos, os protestantes dizem que Jesus teve mais irmãos e irmãs e que Maria teve mais filhos! Os católicos dizem que Maria não teve outros filhos. O que pensar disso?  Em primeiro lugar, as duas posições, tanto dos católicos como dos protestantes, ambas têm argumentos tirados da Bíblia e da Tradição das suas respectivas Igrejas. Por isso, não convém brigar nem discutir esta questão com argumentos só de cabeça. Pois se trata de convicções profundas, que têm a ver com a fé e com o sentimento de ambos. Argumento só de cabeça não consegue desfazer uma convicção do coração! Apenas irrita e afasta! Mesmo quando não concordo com a opinião do outro, devo sempre respeitá-la. Em segundo lugar, em vez de brigar em torno de textos, nós todos, católicos e protestantes, deveríamos unir-nos bem mais para lutar em defesa da vida, criada por Deus, vida tão desfigurada pela pobreza, pela injustiça, pela falta de fé. Deveríamos lembrar algumas outras frases de Jesus: “Eu vim para que todos tenham vida, e a tenham em abundância” (Jo 10,10). “Que todos sejam um, para que o mundo creia que Tu, Pai, me enviaste” (Jo 17,21). “Não o impeçam! Quem não é contra nós é a favor” (Mc 10,39.40).

Para um confronto pessoal
1. A família ajuda ou dificulta a sua participação na comunidade cristã?
2. Como você assume o seu compromisso na comunidade cristã sem prejudicar nem a família e nem a comunidade?

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