BB. João Baptista
Duverneil,
Miguel Luís Brulard e Tiago Gagnot,
mártires
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Evangelho
(Mt 19,16-22): Naquele tempo, alguém
aproximou-se de Jesus e disse: «Mestre, que devo fazer de bom para ter a vida eterna?
». Ele respondeu: «Por que me perguntas sobre o que é bom? Um só é bom. Se
queres entrar na vida, observa os mandamentos»? «Quais? », perguntou ele. Jesus
respondeu: «Não matarás, não cometerás adultério, não roubarás, não levantarás
falso testemunho, honra pai e mãe, ama teu próximo como a ti mesmo». O jovem
disse-lhe: «Já observo tudo isso. Que me falta ainda? ». Jesus respondeu: «Se
queres ser perfeito, vai, vende os teus bens, dá o dinheiro aos pobres, e terás
um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me». Quando ouviu esta palavra, o jovem
foi embora cheio de tristeza, pois possuía muitos bens.
Comentário: Rev. D. Óscar MAIXÉ i Altés (Roma, Itália)
Que tenho que fazer de
bom para ter a vida eterna?
Hoje
a Liturgia da Palavra coloca para nossa consideração a famosa passagem do jovem
rico, aquele jovem que não soube responder diante do olhar de amor com o qual
Cristo olhou para ele (cf. Mc 10,21). João Paulo II lembra-nos que naquele
jovem podemos reconhecer a todo homem que se aproxima de Cristo e lhe pergunta
sobre o sentido de sua própria vida: «Mestre, que devo fazer de bom para ter a
vida eterna? » (Mt 19,16). O Papa comenta que «o interlocutor de Jesus intui
que há uma conexão entre o bem moral e o pleno cumprimento do próprio destino».
Hoje,
há muitas pessoas que também fazem, no seu íntimo, esta pergunta! Se olharmos à
nossa volta, talvez pensemos que são poucas as pessoas que veem algo a mais, ou
que o homem do século XXI não precisa se fazer este tipo de pergunta, pois não
encontrará respostas que lhe sirvam.
Jesus
respondeu ao jovem: «Por que me perguntas sobre o que é bom? Um só é bom. Se
queres entrar na vida, observa os mandamentos» (Mt 19,17). É legítimo
perguntar-se sobre o sentido da vida, pois, hoje é necessário fazê-lo! O jovem
lhe perguntou o que tem que fazer de bom para chegar à vida eterna, e Cristo
respondeu-lhe que tem que ser bom.
Nos
dias de hoje, para alguns ou para muitos? Tanto faz! Parece ser impossível? Ser
bom? ... Ou melhor, pode parecer até algo sem sentido: uma bobagem! Hoje, como
há vinte séculos, Jesus Cristo segue nos lembrando que para entrar na vida
eterna é necessário cumprir os mandamentos da Lei de Deus: não se trata do
“ótimo”, mas de seguir o caminho necessário para que o homem se assemelhe a
Deus e assim possa entrar na vida eterna de mãos dadas com seu Pai-Deus.
Efetivamente, «Jesus mostra que os mandamentos não devem ser entendidos como um
limite mínimo que não se deve ultrapassar, mas como uma vereda aberta para um
caminho moral e espiritual de perfeição, cujo impulso interior é o amor» (João
Paulo II).
Reflexões de Frei
Carlos Mesters, O.Carm.
O
evangelho de hoje traz a história do jovem que perguntou pelo caminho da vida
eterna. Jesus indicou para ele o caminho da pobreza. O jovem não aceitou a
proposta de Jesus, pois era muito rico. Uma pessoa rica é protegida pela
segurança que a riqueza lhe dá. Ela tem dificuldade em abrir mão da sua
segurança. Agarrada às vantagens dos seus bens, vive preocupada em defender
seus próprios interesses. Uma pessoa pobre não tem esta preocupação. Mas há
pobres com cabeça de rico. Muitas vezes, o desejo de riqueza cria neles uma
grande dependência e faz o pobre ser escravo do consumismo, pois ele fica
devendo prestações em todo canto. Já não tem mais tempo para dedicar-se ao
serviço do próximo.
* Mateus 19,16-19: Os
mandamentos e a vida eterna.
Alguém
chega perto de Jesus e pergunta: "Mestre, que devo fazer de bom para
possuir a vida eterna?" Alguns manuscritos informam que se tratava de um
jovem. Jesus responde bruscamente: "Por que você me pergunta sobre o que é
bom? Um só é o bom!” Em seguida, ele responde à pergunta e diz: “Se você quer
entrar para a vida, guarde os mandamentos". O jovem reage e pergunta:
“Quais mandamentos?” Jesus tem a bondade
de enumerar os mandamentos que o rapaz já devia conhecer: "Não mate; não
cometa adultério; não roube; não levante falso testemunho; honre seu pai e sua
mãe; e ame seu próximo como a si mesmo".
É muito significativa a resposta de Jesus. O jovem tinha perguntado pela
vida eterna. Queria a vida junto de Deus! Mas Jesus só lembrou os mandamentos
que dizem respeito à vida junto do próximo! Não mencionou os três primeiros
mandamentos que definem nosso relacionamento com Deus! Para Jesus, só
conseguiremos estar bem com Deus, se soubermos estar bem com o próximo. Não
adianta se enganar. A porta para chegar até Deus é o próximo.
Em
Marcos a pergunta do jovem é diferente: "Bom Mestre, que devo fazer para
herdar a vida eterna?" Jesus
respondeu: "Por que você me chama de bom? Só Deus é bom, e ninguém mais!”
(Mc 10,17-18). Jesus desvia a atenção de si mesmo para Deus, pois o que importa
é fazer a vontade do Deus, revelar o Projeto do Pai.
* Mateus 19,20:
Observar os mandamentos, para que serve?
O
jovem respondeu: "Tenho observado todas essas coisas. O que é que ainda me
falta fazer?" O curioso é o seguinte. O jovem queria conhecer o caminho
que o levasse à vida eterna. Ora, o caminho da vida eterna era e continua
sendo: fazer a vontade de Deus, expressa nos mandamentos. Com outras palavras,
o jovem observava os mandamentos sem saber para que serviam! Se o soubesse, não
teria feito a pergunta. É como muitos católicos que não sabem por que motivo
são católicos. ”Nasci católico, por isso sou católico!” Coisa de costume!
* Mateus 19,21-22: A
proposta de Jesus e a resposta do jovem
Jesus
respondeu: "Se você quer ser perfeito, vá, venda tudo o que tem, dê o
dinheiro aos pobres, e você terá um tesouro no céu. Depois venha, e
siga-me". Quando ouviu isso, o jovem foi embora cheio de tristeza, porque
era muito rico. A observância dos mandamentos é apenas o primeiro degrau de uma
escada que vai mais longe e mais alto. Jesus pede mais! A observância dos
mandamentos prepara a pessoa para ela poder chegar à doação total de si em
favor do próximo. Marcos diz que Jesus olhou para o jovem com amor (Mc 10,21).
Jesus pede muito, mas ele o pede com muito amor. O moço não aceitou a proposta
de Jesus e foi embora, “pois era muito rico”.
* Jesus e a opção
pelos pobres.
Um
duplo cativeiro marcava a situação do povo na época de Jesus: o cativeiro da
política de Herodes, apoiada pelo Império Romano e mantida por todo um sistema
bem organizado de exploração e de repressão, e o cativeiro da religião oficial,
mantida pelas autoridades religiosas da época. Por causa disso, o clã, a
família, a comunidade, estava sendo desintegrada e uma grande parte do povo
vivia excluída, marginalizada, sem lugar, nem na religião, nem na sociedade.
Por isso, havia vários movimentos que, como Jesus, procuravam refazer a vida em
comunidade: essênios, fariseus e, mais tarde, os zelotes. Dentro da comunidade
de Jesus, porém, havia algo novo que a diferenciava dos outros grupos. Era a
atitude frente aos pobres e excluídos. As comunidades dos fariseus viviam
separadas. A palavra “fariseu” quer dizer “separado”. Viviam separadas do povo
impuro. Alguns fariseus consideravam o povo como ignorante e maldito (Jo 7,49),
cheio de pecado (Jo 9,34). Não aprendiam nada do povo (Jo 9,34). Jesus e a sua
comunidade, ao contrário, viviam misturados com as pessoas excluídas,
consideradas impuras: publicanos, pecadores, prostitutas, leprosos (Mc 2,16;
1,41; Lc 7,37). Jesus reconhece a riqueza e o valor que os pobres possuem (Mt
11,25-26; Lc 21,1-4). Proclama-os felizes, porque o Reino é deles, dos pobres
(Lc 6,20; Mt 5,3). Define sua própria missão como “anunciar a Boa Nova aos
pobres” (Lc 4, 18). Ele mesmo vive como pobre. Não possui nada para si, nem
mesmo uma pedra para reclinar a cabeça (Lc 9,58). E a quem quer segui-lo para
conviver com ele, manda escolher: ou Deus, ou o dinheiro! (Mt 6,24). Manda
fazer opção pelos pobres como propôs ao jovem rico! (Mc 10,21) Esta maneira
diferente de acolher os pobres e de conviver com eles era uma amostra do Reino
de Deus.
Para um confronto
pessoal
1. Uma pessoa que vive preocupada com
a sua riqueza ou com a aquisição dos bens que a propaganda do consumismo lhe
oferece, será que ela pode libertar-se de tudo isto para seguir Jesus e viver
em paz numa comunidade cristã? É possível? O que você acha?
2. O que significa para nós hoje: “Vai
vende tudo, dá aos pobres”? É possível
tomar isto ao pé da letra? Conhece alguém que conseguiu largar tudo por causa
do Reino?
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