Evangelho
(Jo 6,51-58): «Eu sou o pão vivo que
desceu do céu. Quem come deste pão viverá eternamente. E o pão que eu darei é a
minha carne, entregue pela vida do mundo». Os judeus discutiam entre si: «Como
é que ele pode dar a sua carne a comer?». Jesus disse: «Em verdade, em verdade,
vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu
sangue, não tereis a vida em vós. Quem consome a minha carne e bebe o meu
sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. Pois minha carne
é verdadeira comida e meu sangue é verdadeira bebida. Quem consome a minha
carne e bebe o meu sangue permanece em mim, e eu nele. Como o Pai, que vive, me
enviou, e eu vivo por meio do Pai, assim aquele que me come viverá por meio de
mim. Este é o pão que desceu do céu. Não é como aquele que os vossos pais
comeram — e no entanto morreram. Quem come este pão viverá para sempre».
Cristo é o Pão vivo com sabor
de vida eterna.
Pe. Antonio Rivero, L.C.
O
homem, durante o seu peregrinar na terra, é um ser radical e espiritualmente
faminto (primeira leitura). E Deus na Eucaristia veio para satisfazer essa fome
interior humana (evangelho). Ao comer a Eucaristia, não só alimentamos a nossa
alma, mas também formamos um só corpo com Cristo (segunda leitura).
Em
primeiro lugar, temos muitos quilômetros para percorrer nesta terra até chegar
à eternidade. Temos que levar suficientes provisões na nossa mochila, senão
desfalecemos irremediavelmente no caminho. Se existe algo que não deve faltar é
o Pão da Eucaristia, sem o qual não teríamos forças para avançar e cantar, e
morreríamos de fome. Durante a nossa travessia somos seduzidos por tantos
restaurantes que vemos na esquerda e na direita, tentando-nos e oferecendo-nos
um cardápio suculento que satisfaz o nosso ventre e os nossos sentidos.
Em
segundo lugar, Deus, sabendo da nossa fome radical, nos prepara um banquete
para a nossa alma com o Corpo e o Sangue do seu Filho. Este Pão é remédio da
imortalidade, como diz são Inácio de Antioquia, isto é, o Pão que nos garante a
ressurreição, inclusive do nosso corpo. Mas também este Pão neste dia de Corpus
Christi é pão no só para ser comido no banquete da missa, mas também para ser
contemplado e adorado. Por isso, passeamos pelas ruas dos povoados e das
cidades, assentado na custódia, esse Pão consagrado que é Cristo. Podemos
vê-lo, contemplá-lo e adorá-lo com gozo. É a presença de Cristo oferecida para
alento nas nossas tristezas, e para que também nós nos convertamos em pão
fresco para os nossos irmãos; pão que se parte; pão que se reparte e se comparte;
e assim os nossos irmãos tenham vida e ninguém morra de fome.
Finalmente,
na sequência, que foi composta por santo Tomás de Aquino, cantamos hoje: Este
Pão “comem Dele bons e maus, com proveito diferente; para uns é vida; para
outros, morte”. Para comer este Pão com dignidade e respeito, a nossa alma tem
que estar limpa, o nosso coração bem decente. Não podemos jogar este Pão dos
anjos aos cachorros das nossas paixões. É para os filhos que se aproximam do
banquete com o traje de gala da graça e da amizade com Deus. Para Santo
Agostinho de Hipona, a Eucaristia tem como finalidade última a união dos
cristãos com Cristo e entre si. É o que são Paulo na segunda leitura de hoje
nos diz: “formamos um só corpo, porque todos comemos do mesmo pão”. A Eucaristia
é o meio privilegiado para edificar a Igreja. Por isso podemos dizer com santo
Agostinho que a Eucaristia é “sacramento de piedade, sinal de unidade, vínculo
de caridade”.
Para
refletir: Tenho fome do Pão de vida eterna, ou tenho o estômago cheio de
manjares mundanos? Noto que a Eucaristia me transforma em Jesus, e me faz
pensar, sentir e amar como Cristo? Comungo em estado de amizade com o Senhor?
Procuro tempo para contemplar e adorar a Cristo Eucaristia na Igreja uma vez
por semana?
Eu sou
o pão vivo que desceu do céu. Quem come deste pão viverá eternamente
Mons. Agustí CORTÉS i Soriano Bispo de Sant Feliu de Llobregat (Barcelona, Espanha)
Hoje,
toda a mensagem que ouviremos e viveremos está contida no "o pão". O
sexto capítulo do Evangelho segundo são João, relata o milagre da multiplicação
dos pães, e segue com um grande discurso de Jesus, um desses fragmentos ouvimos
hoje. Interessa-nos muito entendê-lo, não só para viver a festa do “Corpus” e o
sacramento da Eucaristia, senão também para compreender uma das mensagens
centrais do seu Evangelho.
Há
multidões famintas que precisam pão. Há toda uma humanidade próxima à morte e
ao vazio, carente de esperança, que necessita de Jesus Cristo. Há um Povo de
Deus crente e caminhante que precisa encontrá-lo visivelmente para seguir
vivendo Dele e alcançar a vida. Há três tipos de fome e três experiências de
sacies, que correspondem a três formas de pão: o pão material, o pão que é a
pessoa de Jesus Cristo e o pão eucarístico.
Sabemos
que o pão mais importante é Jesus Cristo. Sem Ele não podemos viver de nenhuma
maneira. «Pois sem mim, nada podeis fazer» (Jo 15,5). Mas Ele mesmo quis dar de
comer ao faminto e, além do mais, fez disso um imperativo evangélico
fundamental. Certamente pensava que era uma boa forma de revelar e verificar o
amor de Deus que salva. Mas também quis fazer-se acessível a nós em forma de
pão, para os que ainda caminhamos na história, permaneçamos nesse amor e
alcancemos assim a vida.
Ele
queria, antes de tudo, ensinar-nos que devemos buscá-lo e viver Dele? quis
demonstrar seu amor dando de comer ao faminto, oferecendo-se constantemente na
Eucarística: «Quem consome este pão viverá para sempre» (Jo 6,58). Santo
Agostinho comentava este Evangelho com frases atrevidas e figurativas: «Quando
se come a Cristo, se come a vida (...). Se vos separais até o ponto de não
comer o Corpo e não beber o Sangue do Senhor, é de temer-se que morrais».
Nenhum comentário:
Postar um comentário
DEIXE AQUI SEU SUA SUGESTÃO