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sexta-feira, 16 de maio de 2014

V Domingo da Páscoa

«Na casa de meu Pai há muitas moradas»

Num texto em que Jesus procura tranquilizar os seus discípulos na sua situação de crise, sentimos como a presença de Jesus entre os homens é um convite à vida nova que Deus tem como projeto para todos: um caminho. Um caminho que é uma pessoa: Jesus. Jesus, caminho, verdade e vida. Um caminho que é um projeto: permanecer no amor. No Amor de Deus que Jesus oferece e que serena. Um amor que faz obras. Um amor que se multiplica no nosso. Para descobrirmos o caminho que nos conduz à casa de Deus onde há muitas moradas. E morada para todos.
Pe. David Teixeira

Evangelho (14, 1-12) - Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Não se perturbe o vosso coração. Se acreditais em Deus, acreditai também em Mim. Em casa de meu Pai há muitas moradas; se assim não fosse, Eu vos teria dito que vou preparar-vos um lugar? Quando Eu for preparar-vos um lugar, virei novamente para vos levar comigo, para que, onde Eu estou, estejais vós também. Para onde Eu vou, conheceis o caminho». Disse-Lhe Tomé: «Senhor, não sabemos para onde vais: como podemos conhecer o caminho? ». Respondeu-lhe Jesus: «Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai senão por Mim. Se Me conhecêsseis, conheceríeis também o meu Pai. Mas desde agora já O conheceis e já O vistes». Disse-Lhe Filipe: «Senhor, mostra-nos o Pai e isto nos basta». Respondeu-lhe Jesus: «Há tanto tempo que estou convosco e não Me conheces, Filipe? Quem Me vê, vê o Pai. Como podes tu dizer: ‘Mostra-nos o Pai’? Não acreditas que Eu estou no Pai e o Pai está em Mim? As palavras que Eu vos digo, não as digo por Mim próprio; mas é o Pai, permanecendo em Mim, que faz as obras. Acreditai-Me: Eu estou no Pai e o Pai está em Mim; acreditai ao menos pelas minhas obras. Em verdade, em verdade vos digo: quem acredita em Mim fará também as obras que Eu faço e fará obras ainda maiores, porque Eu vou para o Pai».

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: “Não se perturbe o vosso coração. Se acreditais em Deus, acreditai também em Mim (...)”.

No decorrer da última ceia com os seus discípulos, Jesus anuncia-lhes simplesmente que vai partir, para não abordar diretamente a sua morte. Eles reagem manifestando a sua tristeza e inquietação. Então Jesus sossega-os, convidando-os a que não se deixem perturbar nos seus corações, mas que continuem a acreditar nele como acreditam em Deus.
Como tenho lidado com a partida de Cristo Jesus? Será que me importo realmente com a sua partida? Por outro lado, é verdade que ele já não está fisicamente presente... mas essa é razão para viver triste e inquieto/a? Não é esta minha atitude uma falta de fé nele, que nos disse que estaria sempre conosco? O que posso e quero fazer para crescer nesta certeza?

“Em casa de meu Pai há muitas moradas (...) Quando Eu for preparar-vos um lugar, virei novamente para vos levar comigo, para que, onde Eu estou, estejais vós também.”

Para os sossegar mais, Jesus diz que vai partir para casa do Pai. Assegura-lhes que aí há muitos lugares e que, portanto, ele vai à sua frente para lhes preparar um lugar, mas virá para os levar consigo, porque é seu desejo que, onde quer que ele esteja, estejam também os seus discípulos.
A casa do Pai não é senão o céu. É aí que Jesus nos quer com ele. Que notícia podia sossegar-me mais do que esta? Apesar de tudo o que acontece comigo, Jesus Cristo quer-me com ele e tem garantido para mim um lugar na casa do Pai. Sabendo desta boa nova, como posso antecipar e viver, já aqui, com ele?

“Para onde Eu vou, conheceis o caminho”. Disse-Lhe Tomé: “Senhor, não sabemos para onde vais: como podemos conhecer o caminho?”. Respondeu-lhe Jesus: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida.”

Nesta sua preocupação por sossegar os seus discípulos, e respondendo à pergunta de Tomé, Jesus vai aproveitar para se dar a conhecer um pouco mais e manifestar-lhes quem ele é: o caminho, a verdade e a vida.
Já fiz esta pergunta muitas vezes, mas porque não, uma vez mais, ser sincero comigo mesmo e perguntar-me: ‘quem é Jesus, para mim?’. Ele é mesmo o meu caminho para Deus? O seu exemplo inspira-me diariamente? É ele a minha verdade, ou procuro outras verdades mais racionais e convincentes? É ele o centro da minha vida ou algo complementar?

“Ninguém vai ao Pai senão por Mim. Se Me conhecêsseis, conheceríeis também o meu Pai. Mas desde agora já O conheceis e já O vistes”. Disse-Lhe Filipe: “Senhor, mostra-nos o Pai e isto nos basta. Há tanto tempo que estou convosco e não Me conheces, Filipe? Quem Me vê, vê o Pai. Como podes tu dizer: ‘Mostra-nos o Pai’?”

Jesus continua a dar-se a conhecer e agora explicita que ele é o caminho para Deus, e que quem o conhece, conhece a Deus. Termina por afirmar que eles já conhecem a Deus porque o conhecem a ele. Mas o pedido de Filipe deita por terra esta declaração. No entanto, há ainda um resto de esperança, porque é a Jesus, o caminho para Deus, que Filipe dirige o seu pedido para conhecer a Deus.
Por um lado, é verdade que nunca chegarei a conhecer totalmente a Deus, nem a Jesus, o seu Filho. Mas, por outro, é bom que isto me leve a procurar conhecê-lo o mais possível. Importante, então, é que, como Filipe, eu volte sempre a Jesus Cristo para que ele se dê a conhecer e me dê a conhecer a Deus Pai. Neste sentido, o que posso fazer?

As palavras que Eu vos digo, não as digo por Mim próprio; mas é o Pai, permanecendo em Mim, que faz as obras. Acreditai-Me: Eu estou no Pai e o Pai está em Mim...”

Jesus persiste na apresentação de si. Aqui, recorda aos seus discípulos que ele e Deus são um só: ele está em Deus e Deus está nele. Porque são um só, as suas palavras e obras são as de Deus. E, já no fim deste seu dar-se a conhecer, fá-lo como começou: convidando à fé.
A minha fé recorda-me que o meu Deus é Trindade, ou seja, o Deus que não se fica em si mesmo mas é relação. Que consequências tem isto na minha vida? Acredito que Deus se relaciona comigo, que devo relacionar-me com os outros, e que dependo d’Ele tal como Ele “se faz depender” de mim?

“... quem acredita em Mim fará também as obras que Eu faço e fará obras ainda maiores, porque Eu vou para o Pai.”

Jesus termina por dizer aos seus discípulos que quem acredita nele realizará as obras que ele realiza e maiores ainda, porque, uma vez que vai para junto de Deus, poderá interceder junto de Deus por todo aquele que nele acredita.
O acreditar deve ser algo também prático: mesmo sem querer, o que faço deve denunciar aquilo em que acredito! Se acredito em Jesus Cristo, devo pensar, sentir e agir como ele. E não devo duvidar de que sou capaz, porque ele está sempre comigo, e intercedendo por mim junto de Deus Pai.

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