Santo Amadeu de Lausana (1108-1159), monge cisterciense, depois
bispo
"Maria guardava todos estes acontecimentos e meditava-os no
seu coração"
Quando, pela primeira vez, Maria tomou nos seus braços o seu
menino, o Emanuel, Maria discerniu nele uma luz incomparavelmente mais bela do
que o sol, sentiu um fogo que nenhuma água teria podido apagar. Recebeu,
escondida naquele pequeno corpo que acabava de nascer dela, a luz deslumbrante
que ilumina tudo e mereceu suportar nos braços o Verbo de Deus que suporta tudo
quanto existe (Hb 1,3). Como não se deixaria invadir pelo conhecimento de Deus,
tal como se fossem ondas que transbordassem do mar (Is 11,9)?
Como não ficaria extasiada, fora de si mesma, elevada às alturas,
numa admirável contemplação? Como não se espantaria de se ver mãe, ela que é
virgem, e, cheia de alegria, Mãe de Deus? Maria compreende que nela se
cumpriram as promessas feitas aos patriarcas e os oráculos dos profetas, os
desejos dos seus antepassados que o esperavam de todo o coração.
Ela vê o Filho de Deus que lhe é entregue; alegra-se por lhe ter
sido confiada a salvação do mundo. Ouve o Senhor Deus dizer-lhe no fundo do
seu coração: "Escolhi-te de entre tudo o que criei; abençoei-te entre
todas as mulheres (Lc 1,42); entreguei o meu Filho nas tuas mãos; confiei-te o
meu Unigênito. Não tenhas medo de amamentar aquele que geraste, nem de levantar
do chão aquele que deste à luz. Aprende que Ele não é só o teu Deus mas também
o teu Filho. É meu Filho e é teu Filho, meu Filho pela divindade, teu Filho
pela humanidade que em ti assumiu". Com que afeto e com que zelo, com que
humildade e com que respeito, com que amor e com que devoção não terá Maria
respondido a este apelo! Os homens não podem sabê-lo, mas Deus sabe, Ele que
perscruta os rins e os corações (Sl 7,10)... Feliz aquela a quem foi dado criar
Aquele que tudo protege e alimenta, de segurar nas suas mãos Aquele que segura
todo o universo.
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