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terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Leitura da Patrística

São Bernardo, abade e doutor da Igreja, séc. XII.
(Das Homilias em louvor da Virgem Mãe, Hom. 4,8-9)

Deus na terra, Deus entre os homens!

Deus na terra, Deus entre os homens! Desta vez, Ele não promulga a Sua Lei no meio dos relâmpagos, ao som da trombeta, numa montanha fumegante, na obscuridade de uma tempestade aterradora (cf. Ex 19,16ss.), mas recria-Se, de forma mansa e pacífica, num corpo humano, com os Seus irmãos de raça.

Deus encarnado! Como pode a divindade viver na carne? Como o fogo subsiste no ferro, não deixando o local onde arde, mas comunicando-se-lhe. Com efeito, o fogo não se lança sobre o ferro, mas, permanecendo no seu local, comunica-lhe o seu poder. Ao fazê-lo, não fica minimamente diminuído, mas preenche plenamente o ferro ao qual se comunica. Da mesma forma, Deus, o Verbo que «vive no meio de nós», não saiu de Si mesmo: «O Verbo que Se fez carne» não foi submetido à mudança; o céu não foi despojado d'Aquele que contém e, no entanto, a terra acolhe no seu seio Aquele que está nos céus.

Apreende este mistério: Deus está na carne de forma a destruir a morte que nela se esconde. Quando se «manifestou a graça de Deus, portadora de salvação para todos os homens» (Tt 2,11), quando «brilhou o sol de justiça» (Ml 3,20), «a morte foi tragada pela vitória» (1Cor 15,54) porque não podia coexistir com a verdadeira vida.

Ó profundidade da bondade de Deus e do amor de Deus pelos homens! Demos glória com os pastores, dancemos com os coros dos anjos, porque «hoje nasceu o Salvador que é o Messias Senhor» (Lc 2,11-12).

«O Senhor é Deus; Ele tem nos iluminado» [Sl 118/117,27], não sob a Sua aparência de Deus, para não assustar a nossa fraqueza, mas sob a forma de um servo, a fim de conferir a liberdade àqueles que estavam condenados à servidão. Quem teria o coração suficientemente adormecido e indiferente para não exultar de alegria, para não irradiar felicidade, perante este acontecimento? É uma festa comum a toda a Criação. Todos devem contribuir para ela, ninguém se deve mostrar ingrato. Elevemos nós também a voz para cantar o nosso júbilo!

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