«És tu aquele que há de vir ou
devemos esperar outro?».
Jesus
tinha começado a proclamar o reino de Deus com palavras (Mt 5-7) e através de
obras (Mt 8-9). João, desde a prisão, ouviu falar das suas obras. Todos
esperavam um Messias diferente, guerreiro, capaz de libertar, definitivamente,
Israel dos seus inimigos. Porém, Jesus, liberta o povo, sim, mas das suas
enfermidades e dos seus pecados. As reações não foram todas iguais. Alguns
ficaram desconcertados e escandalizados. Na segunda parte do evangelho, Jesus
faz referência à escritura para elogiar João Baptista como um grande profeta, o
mensageiro por excelência do Messias.
Evangelho
Mt 11,2-11 - Naquele tempo, João Batista
ouviu falar, na prisão, das obras de Cristo e mandou-lhe dizer pelos
discípulos: «És tu aquele que há de vir ou devemos esperar outro?». Jesus
respondeu-lhes: «Ide contar a João o que vedes e ouvis: os cegos veem, os coxos
andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e a boa
nova é anunciada aos pobres. E bem-aventurado aquele que não encontrar em mim
motivo de escândalo». Quando os mensageiros partiram, Jesus começou a falar de
João às multidões: «Que fostes ver ao deserto? Uma cana agitada pelo vento?
Então que fostes ver? Um homem vestido com roupas delicadas? Mas aqueles que
usam roupas delicadas encontram-se nos palácios dos reis. Que fostes ver então?
Um profeta? Sim – Eu vo-lo digo – e mais que profeta. É dele que está escrito:
‘Vou enviar à tua frente o meu mensageiro, para te preparar o caminho’. Em
verdade vos digo: Entre os filhos de mulher, não apareceu ninguém maior do que
João Batista. Mas o menor no reino dos Céus é maior do que ele».
Naquele tempo, João Batista ouviu
falar, na prisão, das obras de Cristo e mandou-lhe dizer pelos discípulos: «És tu aquele que há de vir ou devemos esperar outro?»
Jesus
tinha começado a proclamar o reino através de palavras (Mt 5-7) e de obras
concretas (Mt 8-9). Estas obras de Jesus provocaram reações. Também João, que
estava na prisão, ouviu falar delas. Há tanto tempo se esperava o Messias…
forte, guerreiro, com a espada na mão, para aniquilar de vez os inimigos de
Israel, tornando-o numa nação próspera. Porém, as obras de Jesus, não passaram
por reunir um exército de armas, nem salvar o povo dos inimigos pagãos; as
obras de Jesus trouxeram salvação, sim, mas aos “últimos”, aos pecadores, aos
sem voz (Cfr. Mt 8-9): curou um leproso, o servo de um pagão, uma mulher… Que
Messias é este? Não nos teremos enganado? Não será melhor esperar outro que
satisfaça as nossas expectativas e se preocupe menos com os outros?
Jesus respondeu-lhes: «Ide contar a
João o que vedes e ouvis: os cegos veem, os coxos andam, os leprosos são
curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e a boa nova é anunciada aos
pobres. E bem-aventurado aquele que não encontrar em mim motivo de escândalo».
A
pergunta de João Batista “obriga” Jesus a dissipar as dúvidas sobre a sua
missão; as suas obras falam por si. As obras que Jesus aqui elenca, estão já
descritas no profeta Isaías, como as obras do Messias que havia de vir. Os
discípulos de João, como nós que tantas vezes duvidamos, podemos “ver” e
“ouvir” que, através das obras de Jesus, Deus estava nele. É Ele o Messias
esperado, que vem implementar o “Reino” de Deus: um reino de justiça para os
mais desatendidos pelos homens; um reino de proximidade de Deus aos “últimos” a
quem estava vedado o acesso ao templo e a Deus; um reino de perdão a quem era
facilmente rotulado de pecador.
Quando os mensageiros partiram,
Jesus começou a falar de João às multidões: «Que fostes ver ao deserto? Uma
cana agitada pelo vento? Então que fostes ver? Um homem vestido com roupas
delicadas? Mas aqueles que usam roupas delicadas encontram-se nos palácios dos
reis.
João
tinha já falado de Jesus às multidões (3,11-14); agora é Jesus que fala dele.
João está na prisão, já não sairá dela, terminou a sua missão. E Jesus elogia
este homem. João não foi uma cana agitada por qualquer vento, hesitante,
duvidoso; pelo contrário, assumiu até às últimas consequências, firme, sem
hesitações, o seu papel de percursor, apelando à conversão, alertando para a
proximidade do reino; não foi uma cana agitada pelos ventos que mais lhe
convinham, nem se acomodou em confortos palacianos mas, pelo contrário, apelou
à penitência, com a voz e com o exemplo de toda uma vida. Para quem sabia próximo
o reino de Deus, tudo o resto lhe sobrava.
Que fostes ver então? Um profeta?
Sim – Eu vo-lo digo – e mais que profeta. É dele que está escrito: ‘Vou enviar
à tua frente o meu mensageiro, para te preparar o caminho’.
Nesta
terceira pergunta, Jesus clarifica o papel de João: ele é um profeta, o
precursor, o mensageiro que lhe prepara o caminho, como Messias. Que honra, que
privilégio! Não espera de nós, Jesus, a mesma missão? A nossa missão, como
discípulos de Jesus é, precisamente, sermos os mensageiros que preparam os seus
caminhos. Há vidas, há corações tristes, desamparados, à espera dos
“mensageiros” que preparem o caminho para a chegada de Jesus a essas vidas e a
esses corações. É isso o que muitos esperam “ver” em nós. Nãos os defraudemos.
Em verdade vos digo: Entre os filhos
de mulher, não apareceu ninguém maior do que João Batista.
João
viveu uma vida de penitência forte, foi firme na sua missão de mensageiro do
Messias, mas não podia ter recebido um elogio maior, do próprio Jesus. É maior
que Abraão, Moisés e Elias. Em João conflui toda a história de salvação
anterior. Os seus olhos viram, os seus ouvidos escutaram, as suas mãos tocaram
o que outros desejaram, sonharam e anunciaram. A missão de João, não foi
alimentada pelo seu êxito pessoal, para ser reconhecido, mas foi alimentada
pela espera ativa, intensa, “maior”, do Messias; e assim, foi reconhecido, como
o maior aos olhos de Jesus.
Mas o menor no reino dos Céus é
maior do que ele».
Os
discípulos de Jesus que, através das suas palavras e das suas obras, forem
reflexo do Emanuel, Deus conosco, rostos do amor de Deus aos “últimos”, aos
pecadores, aos marginalizados, serão considerados “maiores”. Viver segundo a
justiça do reino de Deus, ‘justiça maior que a dos escribas e fariseus’,
reconhecer em Jesus o Messias, apesar de pobre e desarmado, torna-nos grandes
aos olhos de Deus; pois, as nossas maiores dificuldades são, precisamente,
“ver”, sem duvidar, as obras de Jesus e “ouvir” as suas palavras, de modo
vinculativo. Quem duvida, quem não “vê” e não “ouve” será o “menor”. Viver,
pelo contrário, segundo os critérios do reino, torna-nos “maiores”, porque
convertidos a Deus e ao irmão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
DEIXE AQUI SEU SUA SUGESTÃO