Evangelho
(Lc 1,39-47): Naqueles dias, Maria
partiu apressadamente para a região montanhosa, dirigindo-se a uma cidade de
Judá. Ela entrou na casa de Zacarias e saudou Isabel. Quando Isabel ouviu a
saudação de Maria, a criança pulou de alegria em seu ventre, e Isabel ficou
repleta do Espírito Santo. Com voz forte, ela exclamou: «Bendita és tu entre as
mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! Como mereço que a mãe do meu Senhor
venha me visitar? Logo que a tua saudação ressoou nos meus ouvidos, o menino
pulou de alegria no meu ventre. Feliz aquela que acreditou, pois o que lhe foi
dito da parte do Senhor será cumprido!». Maria então disse: «A minha alma
engrandece o Senhor, e meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador». Maria
ficou três meses com Isabel. Depois, voltou para sua casa.
Comentário: Mons. F. Xavier CIURANETA i Aymí Bispo
Emérito de Lleida (Lleida, Espanha)
O menino pulou de
alegria no meu ventre
Hoje
contemplamos o fato da Visitação da Virgem Maria a sua prima Isabel. Tão
rapidamente como lhe foi comunicado que tinha sido escolhida por Deus Pai para
ser Mãe do Filho de Deus e que sua prima Isabel tinha recebido também o dom da
maternidade, caminha decididamente até a montanha para cumprimentar sua prima,
para compartilhar com ela o gozo de terem sido agraciadas com o dom da
maternidade e para servi-la.
A
saudação da Mãe de Deus provoca que o menino, que Isabel leva no seu ventre,
pule de entusiasmo dentro das entranhas de sua mãe. A Mãe de Deus, que leva
Jesus no seu ventre é causa de alegria. A maternidade é um dom que gera
alegria. As famílias alegram-se quando há um anúncio de uma nova vida. O
nascimento de Cristo produz certamente «uma grande alegria» (Lc 2,10).
Apesar
de tudo, hoje em dia, a maternidade não é devidamente valorizada. Frequentemente
colocam-se em primeiro lugar outros interesses superficiais, que são
manifestação de comodidade e de egoísmo. As possíveis renúncias que comporta o amor
paternal e maternal, assustam a muitos matrimônios que, talvez pelos meios que
receberam de Deus, devessem ser mais generosos e dizer “sim” mais
responsavelmente a novas vidas. Muitas famílias deixam de ser “santuários da
vida”. O Papa João Paulo II constata que a contracepção e o aborto “têm as suas
raízes numa mentalidade hedonista e irresponsável a respeito da sexualidade e
pressupõem uma concepção egoísta da liberdade, que vê na procriação um
obstáculo ao desenvolvimento da própria personalidade».
Isabel,
durante cinco meses, não saía de casa, e pensava: «Isto é o que o Senhor fez
por mim» (Lc 1,25). E Maria dizia: «A minha alma glorifica o Senhor (…) porque
pôs os olhos na humildade da sua serva» (Lc 1,46.48). A Virgem Maria e Isabel
valorizam e agradecem a obra de Deus nelas: a maternidade! É necessário que os
católicos reencontrem o significado da vida como um dom sagrado de Deus aos
seres humanos.
Reflexão de Frei
Carlos Mesters, O.Carm
* Lucas acentua a prontidão de Maria
em servir, em ser serva. O anjo falou da gravidez de Isabel e, imediatamente,
Maria se levanta apressadamente para ir ajudá-la. De Nazaré até a casa de
Isabel são bem mais de 100 quilômetros, quatro dias de viagem, no mínimo! Não
havia ônibus nem trem. Maria começa a servir e cumprir sua missão a favor do
povo de Deus.
* Isabel representa o Antigo
Testamento que estava terminando. Maria representa o Novo que está começando. O
Antigo Testamento acolhe o Novo com gratidão e confiança, reconhecendo nele o
dom gratuito de Deus que vem realizar e completar a expectativa do povo. No
encontro das duas mulheres manifesta-se o dom do Espírito. A criança estremece
de alegria no seio de Isabel. Esta é a leitura de fé que Isabel faz das coisas
da vida.
* A Boa Nova de Deus revela a sua
presença numa das coisas mais comuns da vida humana: duas donas de casa se
visitando para se ajudar mutuamente. Visita, alegria, gravidez, criança, ajuda
mútua, casa, família: é nisto que Lucas quer que as comunidades e nós todos
percebamos e descubramos a presença de Deus.
* Isabel diz a Maria: “Bendita és tu
entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre!” Até hoje, estas palavras
fazem parte do salmo mais conhecido e mais rezado no mundo inteiro, que é a Ave
Maria.
* "Feliz aquela que acreditou,
pois o que lhe foi dito da parte do Senhor vai acontecer". É o elogio de
Isabel a Maria e o recado de Lucas para as comunidades: crer na Palavra de Deus,
pois a Palavra de Deus tem força para realizar tudo aquilo que ela nos diz. É
Palavra criadora. Gera vida nova no seio da virgem, no seio do povo pobre que a
acolhe com fé.
* Maria e Isabel já eram conhecidas
uma da outra. E no entanto, neste encontro, elas descobrem, uma na outra, um
mistério que ainda não conheciam e que as encheu de muita alegria. Hoje também
encontramos pessoas que nos surpreendem com a sabedoria que possuem e com o
testemunho de fé que elas nos dão. Algo parecido já aconteceu com você? Já
encontrou pessoas que te surpreenderam? O que nos impede de descobrir e de
viver a alegria da presença de Deus em nossa vida?
* A atitude de Maria frente à Palavra
expressa o ideal que Lucas quer comunicar às Comunidades: não fechar-se sobre
si mesma, mas sair de si, sair de casa, e estar atenta às necessidades bem
concretas das pessoas e procurar ajudar os outros na medida das necessidades.
* Lucas 1,46-56: O Magnificat: “O
Senhor fez em mim maravilhas!” Quando a experiência de Deus é grande a ponto de
ultrapassar a capacidade das palavras, então o recurso para expressar o que se
vive é o canto e a poesia. Foi o que Maria fez no encontro com Isabel, quando
as duas experimentaram a presença de Deus. O resultado é esse canto tão bonito
do Magnificat. Saber rezar e celebrar tudo que acontece na nossa vida.
Para um confronto
pessoal
1. Colocando-me na posição de Maria e
Isabel: sou capaz de perceber e experimentar a presença de Deus nas coisas
simples e comuns da vida de cada dia?
2. O elogio de Isabel para Maria:
“Você acreditou!” O marido dela teve problema em crer no que o anjo lhe dizia.
E eu?
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