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sexta-feira, 4 de outubro de 2013

FORMAÇÃO CARMELITA

A REGRA DA ORDEM TERCEIRA DO CARMO - Edição 1977

Nosso Pai Santo Elias
Introdução da Regra
As primeiras palavras da Regra poderiam ser consideradas como uma introdução e colocam dois assuntos:
a) Definição da OTC.
b) Convite aos sacerdotes diocesanos para nela ingressarem.

Definição:
A Ordem Terceira da Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo etc. ... (ler no texto as seis primeiras linhas)

Pontos a serem refletidos:
1 - Uma associação de leigos
2 - Um chamado especial de Deus
3 - Promessa livre e deliberada de viver vida evangélica
4 - No Espírito da Ordem do Carmo e sob sua orientação
5 - Um convite para os sacerdotes do clero diocesano ou seculares.

Para:
- Ajudá-los no desapego espiritual.
- Fortalecê-los em sua vida espiritual, através do Carisma do Carmelo.
- e levá-los ao desapego e fidelidade à sua vocação e missão no mundo e na Igreja.

1 - É uma associação de leigos:
A Regra, definindo a OTC como associação de leigos, já situa muito bem a sua posição, tanto dentro da Ordem como na Igreja.
É essencialmente uma associação religiosa e como tal aceite e sujeita às normas do direito canônico, que regulamenta as demais associações religiosas. E como associação religiosa tem uma finalidade fundamentalmente religiosa, não social não assistencial e/ou muito menos política. Verdade é que muitos sodalícios da OTC, pelo facto de possuírem património. tem estatutos civis;
Tais estatutos. de efeitos puramente civis, devem sintonizar-se perfeitamente com a Regra da OTC, do contrário correríamos o risco de desvirtuar a verdadeira 'natureza e finalidade da OTC.
É uma associação de leigos, aqui o seu caráter específico - laical - para deixar bem claro que o terceiro é um leigo.
As inúmeras citações, dentro da Regra de textos da "Lúmen Gentium", "Apostolicam Actuositatem" etc. definem e esclarecem a sua posição especifica e especial na Ordem do Carmo. Assim se situa o terceiro, ele é leigo, não é frade, a terceira é leiga, não é freira carmelita. E como leigos, os seus votos de obediência e castidade conforme o estado, que eles fazem, eles o fazem de maneira optativa, e não obrigatória. como fazem os religiosos e as freiras, quando emitem os votos de pobreza obediência e castidade.
A Igreja sempre teve uma posição bem definida em relação ao papel e à missão do leigo, mas do Concílio Vaticano II para cá esta posição do leigo adquiriu uma dimensão muito mais clara e mais profunda. Lançando um olhar rápido aos movimentos de leigos existentes na Igreja hoje verifica-se que os leigos, cada dia que passa, tomam muito mais consciência da sua missão e assumem compromissos tais que bem evidenciam esta realidade, hoje o leigo está se sentindo mais Igreja e não poderia ser de outra forma.

2 - Chamado especial de Deus:
Ser terceiro Carmelita é atender a um chamado especial de Deus, é portanto uma vocação. Na relação entre Deus e nós, entre o Criador e a criatura, temos que admitir este facto. Deus chama muitas pessoas para determinadas missões, foi sempre assim, haja visto a vida dos Patriarcas, dos Profetas, o chamado de Elias e Eliseu para converter todo um povo desviado do verdadeiro Deus; um S.João Apóstolo, para implantar o cristianismo no mundo pagão da época e Nossa Senhora então, A eleita de Deus para a missão mais sublime e necessária, a Encarnação do Cristo e a Redenção da humanidade, é exatamente neste processo de redenção da humanidade e de toda a humanidade é que estamos todos envolvidos. Deus, por intermédio de Cristo e de Maria, chama um grande número de leigos, especialmente os terceiros carmelitas, que devem colaborar de maneira mais estreita neste processo de redenção da humanidade.

3 - E todo o chamado de Deus deve ter uma resposta que para ser do agrado deste mesmo Deus:
Deve ser também livre, deliberada e por isso mesmo comprometedora. A precisão da resposta está evidentemente nesta liberdade da pessoa, Deus chama, mas não força e se correspondido, dá também os meios através das graças e virtudes (fé, esperança e caridade. sobretudo estas) ilumina a mente e fortifica a vontade do escolhido para que ele assuma livre e deliberadamente os compromissos da OTC;
Qual seria o compromisso daquele que é chamado para o OTC?
Viver de maneira intensa a vida evangélica. Os Carmelitas, religiosos e leigos, por uma particularidade marcada pela própria Regra primitiva dos religiosos é uma pessoa que se ocupa e se preocupa em meditar dia e noite na lei do Senhor, lei esta que está expressa na Bíblia e particularmente nos evangelhos. Um estudo muito interessante do nosso estimado Frei Carlos Mesters analisa a Regra da nossa Ordem, à luz das sagradas escrituras e esclarece como o Legislador Sto. Alberto de Jerusalém, se preocupa em dar aos religiosos Carmelitas uma Regra, toda fundamentada nos sagrados textos.
Qual a dimensão do compromisso do terceiro carmelita de viver o evangelho?
O Compromisso deve ter uma dimensão teológica profunda, a ponto de levar o terceiro a se familiarizar com a leitura assídua e atenta do antigo e mais ainda do novo testamento para descobrir neles as exigências de Deus,
traduzidas na prática da vida do dia a dia, de acordo e sob a inspiração do Espírito Santo .num convívio íntimo com Deus que nele atua. Assim o terceiro carmelita vive para Deus e para o irmão.

4 - O que se entende pela expressão “ no espírito da Ordem do Carmo?”
Os evangelhos em toda a sua riqueza. apresentam facetas diversas, todas elas dirigidas para determinadas inclinações, tendências e aspirações do coração humano. Tais riquezas são descobertas através dos tempos e suas exigências, e é sobretudo através das Ordens e Congregações Religiosas que são descobertas nos textos sagrados tais exigências e seus membros se propõem a atendê-las, vivendo-as de maneira radical e profunda." A Ordem do Carmo, na sua experiências de sete séculos. procura esmerar-se na busca e na descoberta nos sagrados textos do ideal carmelita, vida de íntima união com Deus, busca do Absoluto na prática da oração, em suas diversas modalidades. Esta prática leva forçosamente o terceiro a uma vida de comprometimento - o de se colocar ao serviço de Deus e dos irmãos. O Espírito da Ordem será determinado melhor ao longo dos comentários da Regra do terceiro.

E que quer dizer "direção da Ordem"?
Colocar os sodalícios - os terceiros carmelitas - sob a direção da Ordem é um imperativo lógico e definido, pois a Ordem do Carmo é uma Ordem que na história da Igreja, cumpre sua missão muito específica e apresenta condições de orientar com segurança todos os leigos que a Ela se filiam. A Ordem do Carmo está atenta a esta realidade. São milhares de pessoas no mundo que, atraídas pela riqueza espiritual da Ordem, sentiram o chamado de viver o evangelho conforme o seu espírito e deles a Ordem procura cuidar sempre e com muito carinho. É Para estes leigos filiados na Ordem que se dedica esta Regra.

5 - Em seguida à definição da OTC, porque é que se abre a porta também aos sacerdotes seculares?
É muito simples. Clero diocesano é aquele que está diretamente sob a direção do bispo da diocese, chamado também por Deus de modo especial para, numa participação estreita do sumo sacerdócio de Cristo, acompanhar o povo de Deus na caminhada até a eternidade, o sacerdote é chamado também a viver a vida evangélica em intensidade tal que melhor lhe permita desempenhar a contento a sua missão na obra salvífica daquelas almas que lhe são confiadas por força do seu ministério sacerdotal o que sem dúvida exige muita dedicação, espírito de sa-crifício e desapego. Ingressando na OTC, o sacerdote secular filia-se também na Ordem do Carmo onde ele vai encontrar aquele carisma próprio do Carmelo - a intimidade com Deus pela oração contínua - que há de fortalece-lo na sua vida espiritual e ajudá-lo no fiel desempenho de sua missão sacerdotal no mundo e na Igreja.
Dai se compreende porque tempos atrás havia sodalícios da OTC até mesmo em seminários maiores diocesanos. Os candidatos nessa época de formação embebiam-se da nossa es-piritualidade carmelita, nela encontravam um ideal de vida evangélica voltada para a busca daquela intimidade com Deus e uma vez, atuando em seus campos de apostolado se tornavam elementos muito aptos a manter e fazer crescer o Amor à Ordem do Carmo e à sua espiritualidade entre os leigos carmelitas. Há ainda hoje bispos e sacerdotes que, como terceiros carmelitas, estão unidos a nós por este vínculo muito forte e até mesmo providencial, pois muitas vezes são os instrumentos de Deus na criação de novos sodalícios. É sumamente recomendável que sacerdotes seculares. diretores dos nossos sodalícios ingressem também na OTC para que melhor se consagrem à vida e ao crescimento dos mesmos sodalícios.
E concluindo, ao rodapé da página 3 da Regra, está a citação 1 P03 que é uma menção do nº 3 do decreto Conciliar do Vat.II, "Presbiterorum Ordinis"; este número 3 do decreto numa sequência de Citações das cartas de S. Paulo aos Hebreus-. 1ª aos Coríntios, aos Romanos, Atos dos Apóstolos, Comentários de São Policarpo da Epístola aos Filipenses, situa o presbítero no contexto do mundo pela sua vocação e ordenação, até certo modo segregado do meio do povo, mas ao mesmo tempo nele inserido para consagrar-se a ele, como testemunha ao serviço dos homens, distribuindo os bens espirituais. Está no mundo sem ser do mundo.
É patente, no comentário de S. Policarpo à Carta aos Filipenses, a necessidade do presbítero colocar-se ao lado dos que erram, do enfermo, da viúva, do órfão e do pobre. Neste prólogo da Regra, o Legislador coloca o Carisma do Carmelo como meio para fortalecê-lo na vida.

Do roteiro formativo da OTC de Setúbal - Portugal

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