A REGRA DA ORDEM TERCEIRA DO CARMO - Edição 1977
Nosso Pai Santo Elias |
Introdução da Regra
As primeiras
palavras da Regra poderiam ser consideradas como uma introdução e colocam dois
assuntos:
a) Definição da
OTC.
b) Convite aos
sacerdotes diocesanos para nela ingressarem.
Definição:
A Ordem
Terceira da Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo etc. ... (ler no texto
as seis primeiras linhas)
Pontos a serem refletidos:
1 - Uma
associação de leigos
2 - Um chamado
especial de Deus
3 - Promessa
livre e deliberada de viver vida evangélica
4 - No Espírito
da Ordem do Carmo e sob sua orientação
5 - Um convite
para os sacerdotes do clero diocesano ou seculares.
Para:
- Ajudá-los no
desapego espiritual.
- Fortalecê-los
em sua vida espiritual, através do Carisma do Carmelo.
- e levá-los ao
desapego e fidelidade à sua vocação e missão no mundo e na Igreja.
1 - É uma associação de leigos:
A Regra, definindo
a OTC como associação de leigos, já situa muito bem a sua posição, tanto dentro
da Ordem como na Igreja.
É
essencialmente uma associação religiosa e como tal aceite e sujeita às normas
do direito canônico, que regulamenta as demais associações religiosas. E como
associação religiosa tem uma finalidade fundamentalmente religiosa, não social
não assistencial e/ou muito menos política. Verdade é que muitos sodalícios da
OTC, pelo facto de possuírem património. tem estatutos civis;
Tais estatutos.
de efeitos puramente civis, devem sintonizar-se perfeitamente com a Regra da
OTC, do contrário correríamos o risco de desvirtuar a verdadeira 'natureza e
finalidade da OTC.
É uma
associação de leigos, aqui o seu caráter específico - laical - para deixar bem
claro que o terceiro é um leigo.
As inúmeras
citações, dentro da Regra de textos da "Lúmen Gentium",
"Apostolicam Actuositatem" etc. definem e esclarecem a sua posição
especifica e especial na Ordem do Carmo. Assim se situa o terceiro, ele é
leigo, não é frade, a terceira é leiga, não é freira carmelita. E como leigos,
os seus votos de obediência e castidade conforme o estado, que eles fazem, eles
o fazem de maneira optativa, e não obrigatória. como fazem os religiosos e as
freiras, quando emitem os votos de pobreza obediência e castidade.
A Igreja sempre
teve uma posição bem definida em relação ao papel e à missão do leigo, mas do
Concílio Vaticano II para cá esta posição do leigo adquiriu uma dimensão muito
mais clara e mais profunda. Lançando um olhar rápido aos movimentos de leigos
existentes na Igreja hoje verifica-se que os leigos, cada dia que passa, tomam
muito mais consciência da sua missão e assumem compromissos tais que bem
evidenciam esta realidade, hoje o leigo está se sentindo mais Igreja e não
poderia ser de outra forma.
2 - Chamado especial de Deus:
Ser terceiro
Carmelita é atender a um chamado especial de Deus, é portanto uma vocação. Na
relação entre Deus e nós, entre o Criador e a criatura, temos que admitir este
facto. Deus chama muitas pessoas para determinadas missões, foi sempre assim,
haja visto a vida dos Patriarcas, dos Profetas, o chamado de Elias e Eliseu
para converter todo um povo desviado do verdadeiro Deus; um S.João Apóstolo,
para implantar o cristianismo no mundo pagão da época e Nossa Senhora então, A
eleita de Deus para a missão mais sublime e necessária, a Encarnação do Cristo
e a Redenção da humanidade, é exatamente neste processo de redenção da
humanidade e de toda a humanidade é que estamos todos envolvidos. Deus, por
intermédio de Cristo e de Maria, chama um grande número de leigos,
especialmente os terceiros carmelitas, que devem colaborar de maneira mais
estreita neste processo de redenção da humanidade.
3 - E todo o chamado de Deus deve ter uma resposta que para ser do agrado
deste mesmo Deus:
Deve ser também
livre, deliberada e por isso mesmo comprometedora. A precisão da resposta está
evidentemente nesta liberdade da pessoa, Deus chama, mas não força e se
correspondido, dá também os meios através das graças e virtudes (fé, esperança
e caridade. sobretudo estas) ilumina a mente e fortifica a vontade do escolhido
para que ele assuma livre e deliberadamente os compromissos da OTC;
Qual seria o
compromisso daquele que é chamado para o OTC?
Viver de
maneira intensa a vida evangélica. Os Carmelitas, religiosos e leigos, por uma
particularidade marcada pela própria Regra primitiva dos religiosos é uma
pessoa que se ocupa e se preocupa em meditar dia e noite na lei do Senhor, lei
esta que está expressa na Bíblia e particularmente nos evangelhos. Um estudo
muito interessante do nosso estimado Frei Carlos Mesters analisa a Regra da
nossa Ordem, à luz das sagradas escrituras e esclarece como o Legislador Sto.
Alberto de Jerusalém, se preocupa em dar aos religiosos Carmelitas uma Regra,
toda fundamentada nos sagrados textos.
Qual a dimensão
do compromisso do terceiro carmelita de viver o evangelho?
O Compromisso
deve ter uma dimensão teológica profunda, a ponto de levar o terceiro a se
familiarizar com a leitura assídua e atenta do antigo e mais ainda do novo
testamento para descobrir neles as exigências de Deus,
traduzidas na prática da vida do
dia a dia, de acordo e sob a inspiração do Espírito Santo .num convívio íntimo
com Deus que nele atua. Assim o terceiro carmelita vive para Deus e para o
irmão.
4 - O que se entende pela expressão “ no espírito da Ordem do Carmo?”
Os evangelhos
em toda a sua riqueza. apresentam facetas diversas, todas elas dirigidas para
determinadas inclinações, tendências e aspirações do coração humano. Tais
riquezas são descobertas através dos tempos e suas exigências, e é sobretudo
através das Ordens e Congregações Religiosas que são descobertas nos textos
sagrados tais exigências e seus membros se propõem a atendê-las, vivendo-as de
maneira radical e profunda." A Ordem do Carmo, na sua experiências de sete
séculos. procura esmerar-se na busca e na descoberta nos sagrados textos do
ideal carmelita, vida de íntima união com Deus, busca do Absoluto na prática da
oração, em suas diversas modalidades. Esta prática leva forçosamente o terceiro
a uma vida de comprometimento - o de se colocar ao serviço de Deus e dos
irmãos. O Espírito da Ordem será determinado melhor ao longo dos comentários da
Regra do terceiro.
E que quer dizer "direção da Ordem"?
Colocar os
sodalícios - os terceiros carmelitas - sob a direção da Ordem é um imperativo
lógico e definido, pois a Ordem do Carmo é uma Ordem que na história da Igreja,
cumpre sua missão muito específica e apresenta condições de orientar com
segurança todos os leigos que a Ela se filiam. A Ordem do Carmo está atenta a
esta realidade. São milhares de pessoas no mundo que, atraídas pela riqueza
espiritual da Ordem, sentiram o chamado de viver o evangelho conforme o seu
espírito e deles a Ordem procura cuidar sempre e com muito carinho. É Para
estes leigos filiados na Ordem que se dedica esta Regra.
5 - Em seguida à definição da OTC, porque é que se abre a porta também aos
sacerdotes seculares?
É muito
simples. Clero diocesano é aquele que está diretamente sob a direção do bispo
da diocese, chamado também por Deus de modo especial para, numa participação estreita
do sumo sacerdócio de Cristo, acompanhar o povo de Deus na caminhada até a
eternidade, o sacerdote é chamado também a viver a vida evangélica em
intensidade tal que melhor lhe permita desempenhar a contento a sua missão na
obra salvífica daquelas almas que lhe são confiadas por força do seu ministério
sacerdotal o que sem dúvida exige muita dedicação, espírito de sa-crifício e
desapego. Ingressando na OTC, o sacerdote secular filia-se também na Ordem do
Carmo onde ele vai encontrar aquele carisma próprio do Carmelo - a intimidade
com Deus pela oração contínua - que há de fortalece-lo na sua vida espiritual e
ajudá-lo no fiel desempenho de sua missão sacerdotal no mundo e na Igreja.
Dai se
compreende porque tempos atrás havia sodalícios da OTC até mesmo em seminários
maiores diocesanos. Os candidatos nessa época de formação embebiam-se da nossa
es-piritualidade carmelita, nela encontravam um ideal de vida evangélica
voltada para a busca daquela intimidade com Deus e uma vez, atuando em seus
campos de apostolado se tornavam elementos muito aptos a manter e fazer crescer
o Amor à Ordem do Carmo e à sua espiritualidade entre os leigos carmelitas. Há
ainda hoje bispos e sacerdotes que, como terceiros carmelitas, estão unidos a
nós por este vínculo muito forte e até mesmo providencial, pois muitas vezes
são os instrumentos de Deus na criação de novos sodalícios. É sumamente
recomendável que sacerdotes seculares. diretores dos nossos sodalícios
ingressem também na OTC para que melhor se consagrem à vida e ao crescimento
dos mesmos sodalícios.
E concluindo,
ao rodapé da página 3 da Regra, está a citação 1 P03 que é uma menção do nº 3
do decreto Conciliar do Vat.II, "Presbiterorum Ordinis"; este número
3 do decreto numa sequência de Citações das cartas de S. Paulo aos Hebreus-. 1ª
aos Coríntios, aos Romanos, Atos dos Apóstolos, Comentários de São Policarpo da
Epístola aos Filipenses, situa o presbítero no contexto do mundo pela sua
vocação e ordenação, até certo modo segregado do meio do povo, mas ao mesmo tempo
nele inserido para consagrar-se a ele, como testemunha ao serviço dos homens,
distribuindo os bens espirituais. Está no mundo sem ser do mundo.
É patente, no
comentário de S. Policarpo à Carta aos Filipenses, a necessidade do presbítero
colocar-se ao lado dos que erram, do enfermo, da viúva, do órfão e do pobre.
Neste prólogo da Regra, o Legislador coloca o Carisma do Carmelo como meio para
fortalecê-lo na vida.
Do roteiro formativo da OTC de Setúbal - Portugal
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