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sábado, 15 de junho de 2013

XI Domingo do Tempo Comum

As orações do Mês do Coração de Jesus estão na pasta de Informações e Orações.

«Os teus pecados estão perdoados»

Uma mulher atreve-se a apresentar-se diante de Jesus. Não só quebra as regras da “boa educação”, intrometendo-se onde não é desejada, como ainda se atreve a invadir a tranquilidade da casa de um fariseu, tornando-a impura. Por um momento, Jesus perde a sua dignidade de profeta aos olhos do anfitrião: “Se este fosse na verdade um profeta saberia que mulher é esta: uma pecadora”. Como bom sábio, Jesus usa o “método socrático” para induzir à conclusão correcta, a partir dos melhores argumentos. Em vez de corrigir o anfitrião, convida-o a sair da sua ignorância e a reconhecer que afinal, maior pecador é quem se julga incólume, seguro de si, tão puro que não vê para lá do seu egoísmo impuro. Para se descobrir uma nova realidade: “a tua fé te salvou”.

Pe. David Teixeira, sdb

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas (7, 36-50) - Naquele tempo, um fariseu convidou Jesus para comer com ele. Jesus entrou em casa do fariseu e tomou lugar à mesa. Então, uma mulher – uma pecadora que vivia na cidade – ao saber que Ele estava à mesa em casa do fariseu, trouxe um vaso de alabastro com perfume; pôs-se atrás de Jesus e, chorando muito, banhava-lhe os pés com as lágrimas e enxugava-lhos com os cabelos, beijava-os e ungia-os com o perfume. Ao ver isto, o fariseu que tinha convidado Jesus pensou consigo: «Se este homem fosse profeta, saberia que a mulher que o toca é uma pecadora». Jesus tomou a palavra e disse-lhe: «Simão, tenho uma coisa a dizer-te». Ele respondeu: «Fala, Mestre». Jesus continuou: «Certo credor tinha dois devedores: um devia-lhe quinhentos denários e o outro cinquenta. Como não tinham com que pagar, perdoou a ambos. Qual deles ficará mais seu amigo?». Respondeu Simão: «Aquele – suponho eu – a quem mais perdoou». Disse-lhe Jesus: «Julgaste bem». E voltando-se para a mulher, disse a Simão: «Vês esta mulher? Entrei em tua casa e não me deste água para os pés; mas ela banhou-me os pés com as lágrimas e enxugou-os com os cabelos. Não me deste o ósculo; mas ela, desde que entrei, não cessou de beijar-me os pés. Não me derramaste óleo na cabeça; mas ela ungiu-me os pés com perfume. Por isso te digo: São-lhe perdoados os seus muitos pecados, porque muito amou; mas aquele a quem pouco se perdoa, pouco ama». Depois disse à mulher: «Os teus pecados estão perdoados». Então os convivas começaram a dizer entre si: «Quem é este homem, que até perdoa os pecados?». Mas Jesus disse à mulher: «A tua fé te salvou. Vai em paz».

Reflexão:

Naquele tempo, um fariseu convidou Jesus para comer com ele. Jesus entrou em casa do fariseu e tomou lugar à mesa.

Havia um fariseu, Simão, que viu em Jesus alguém que despertava, sem dúvida, a sua curiosidade e, portanto, resolve convidá-lo a sua casa para partilhar com ele a sua mesa e comida. Os fariseus eram os que se dedicavam totalmente ao estudo da Lei do Senhor. Seriam, passe o exemplo, os sacerdotes ou religiosos de hoje.
Será que me lembro, todos os dias, de convidar Jesus a entrar na minha vida e a partilhá-la com ele? Se isso não acontecer, será somente porque sou esquecido/a, não tenho tempo ou será porque não encontro motivos para o convidar, não vejo nele alguém que me desperte a curiosidade, não me sinto digno/a de o convidar, não valorizo a minha vida… 

Então, uma mulher – uma pecadora que vivia na cidade – ao saber que Ele estava à mesa em casa do fariseu, trouxe um vaso de alabastro com perfume; pôs-se atrás de Jesus e, chorando muito, banhava-lhe os pés com as lágrimas e enxugava-lhos com os cabelos, beijava-os e ungia-os com o perfume.

Uma mulher entra em casa de Simão para debruçar-se aos pés de Jesus. Como é que uma mulher pecadora consegue entrar em casa de um fariseu? Que coragem, que atrevimento! Teria que ter bons motivos. O único que é apresentado é o de realizar este gesto de arrependimento e de ternura sem igual.
Muitos afastam-se de Jesus porque têm vergonha de lhe darem a conhecer os seus pecados. Isto também acontece comigo? Ou, pelo contrário, é precisamente por causa deles que, corajoso, vou ao seu encontro? Diante dele, apresento-lhe o meu rol de pecados e desculpas ou, para variar, fico em silêncio e, com confiança e humildade, confesso-lhe o meu arrependimento com gestos? 

Ao ver isto, o fariseu que tinha convidado Jesus pensou consigo: «Se este homem fosse profeta, saberia que a mulher que o toca é uma pecadora».

Se a mulher pecadora foi corajosa, não menos o foi Jesus porque, sem resistência e palavras, se deixou tocar por ela, quando naquele tempo tal não era permitido, visto acreditar-se que o pecado era contagioso. E mais do que julgar a pecadora, Simão julga a Jesus e não entende que ele, como verdadeiro profeta, vê na mulher não uma pecadora mas alguém necessitado de perdão.
Será que, como Simão, também eu sou assim tão precipitado/a em julgar a Deus e aos outros? Porque é que os julgo? Quem sou eu para não permitir que Deus seja Deus? Quem sou eu para me considerar melhor do que os outros?

Entrei em tua casa e não me deste água para os pés; mas ela banhou-me os pés com as lágrimas e enxugou-os com os cabelos. Não me deste o ósculo; mas ela, desde que entrei, não cessou de beijar-me os pés. Não me derramaste óleo na cabeça; mas ela ungiu-me os pés com perfume.

A hospitalidade era um valor bastante prezado na sociedade judaica de então (e talvez agora também) e, portanto, chama demasiado a atenção que Simão não tenha proporcionado o habitual no acolhimento de um convidado. Talvez tenha sido uma questão de timming. A verdade é que Jesus critica aqui o bem que não é feito e, em contrapartida, louva o bem que é feito.
Deus importa-se mais com o bem que faço do que com o mal. Será que sou daqueles que estou tão preocupado/a com o mal que não me ocupo com o bem que devo fazer? Como está a minha prática das obras de misericórdia?   

São-lhe perdoados os seus muitos pecados, porque muito amou; mas aquele a quem pouco se perdoa, pouco ama. (…) Os teus pecados estão perdoados. (…) A tua fé te salvou. Vai em paz.

Depois de ter mostrado o seu arrependimento e amor com gestos tão ternos, Jesus perdoa os muitos pecados da mulher pecadora e envia-a em paz para continuar a fazer o bem que agora recomeçou a fazer, graças à sua fé, ou seja, à confiança em Jesus e à sua coragem.
Segundo Jesus, o pecado ‘resolve-se’ assim: primeiro fé e arrependimento; depois, perdão; de seguida, paz e, finalmente, amar. Ou seja, quanto mais confio e me arrependo, mais sou perdoado/a e me sinto em paz. Quanto mais perdoado/a e em paz, mais sou capaz e devo amar, evitando, assim, o pecado. Em qual destas etapas acho que devo apostar mais?

Então os convivas começaram a dizer entre si: «Quem é este homem, que até perdoa os pecados?».

Jesus, ao conceder o perdão à mulher pecadora, provoca nos que estavam à mesa em casa de Simão a pergunta pela sua identidade, que é sobretudo uma pergunta pela sua autoridade em perdoar pecados, uma vez que só Deus é que podia fazê-lo. 
Não é fácil sentir-se perdoado. Há pessoas que por mais que queiram sentir-se perdoadas, não o conseguem, porque dão um peso excessivo ao pecado e à culpa. Será que sou dessas? Afinal, tudo se resume à fé: de não duvidar e de acreditar que Deus quer a minha vida e é muito mais compreensivo e misericordioso do que eu sou comigo mesmo/a.

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