As orações do Mês do Coração de
Jesus estão na pasta de Informações e Orações.
«Os
teus pecados estão perdoados»
Uma
mulher atreve-se a apresentar-se diante de Jesus. Não só quebra as regras da
“boa educação”, intrometendo-se onde não é desejada, como ainda se atreve a
invadir a tranquilidade da casa de um fariseu, tornando-a impura. Por um
momento, Jesus perde a sua dignidade de profeta aos olhos do anfitrião: “Se
este fosse na verdade um profeta saberia que mulher é esta: uma pecadora”. Como
bom sábio, Jesus usa o “método socrático” para induzir à conclusão correcta, a
partir dos melhores argumentos. Em vez de corrigir o anfitrião, convida-o a
sair da sua ignorância e a reconhecer que afinal, maior pecador é quem se julga
incólume, seguro de si, tão puro que não vê para lá do seu egoísmo impuro. Para
se descobrir uma nova realidade: “a tua fé te salvou”.
Pe. David Teixeira, sdb
Evangelho
de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas (7, 36-50) - Naquele
tempo, um fariseu convidou Jesus para comer com ele. Jesus entrou em casa do
fariseu e tomou lugar à mesa. Então, uma mulher – uma pecadora que vivia na
cidade – ao saber que Ele estava à mesa em casa do fariseu, trouxe um vaso de
alabastro com perfume; pôs-se atrás de Jesus e, chorando muito, banhava-lhe os
pés com as lágrimas e enxugava-lhos com os cabelos, beijava-os e ungia-os com o
perfume. Ao ver isto, o fariseu que tinha convidado Jesus pensou consigo: «Se
este homem fosse profeta, saberia que a mulher que o toca é uma pecadora».
Jesus tomou a palavra e disse-lhe: «Simão, tenho uma coisa a dizer-te». Ele
respondeu: «Fala, Mestre». Jesus continuou: «Certo credor tinha dois devedores:
um devia-lhe quinhentos denários e o outro cinquenta. Como não tinham com que
pagar, perdoou a ambos. Qual deles ficará mais seu amigo?». Respondeu Simão:
«Aquele – suponho eu – a quem mais perdoou». Disse-lhe Jesus: «Julgaste bem». E
voltando-se para a mulher, disse a Simão: «Vês esta mulher? Entrei em tua casa
e não me deste água para os pés; mas ela banhou-me os pés com as lágrimas e
enxugou-os com os cabelos. Não me deste o ósculo; mas ela, desde que entrei,
não cessou de beijar-me os pés. Não me derramaste óleo na cabeça; mas ela
ungiu-me os pés com perfume. Por isso te digo: São-lhe perdoados os seus muitos
pecados, porque muito amou; mas aquele a quem pouco se perdoa, pouco ama».
Depois disse à mulher: «Os teus pecados estão perdoados». Então os convivas
começaram a dizer entre si: «Quem é este homem, que até perdoa os pecados?».
Mas Jesus disse à mulher: «A tua fé te salvou. Vai em paz».
Reflexão:
Naquele
tempo, um fariseu convidou Jesus para comer com ele. Jesus entrou em casa do
fariseu e tomou lugar à mesa.
Havia
um fariseu, Simão, que viu em Jesus alguém que despertava, sem dúvida, a sua
curiosidade e, portanto, resolve convidá-lo a sua casa para partilhar com ele a
sua mesa e comida. Os fariseus eram os que se dedicavam totalmente ao estudo da
Lei do Senhor. Seriam, passe o exemplo, os sacerdotes ou religiosos de hoje.
Será
que me lembro, todos os dias, de convidar Jesus a entrar na minha vida e a
partilhá-la com ele? Se isso não acontecer, será somente porque sou
esquecido/a, não tenho tempo ou será porque não encontro motivos para o
convidar, não vejo nele alguém que me desperte a curiosidade, não me sinto
digno/a de o convidar, não valorizo a minha vida…
Então,
uma mulher – uma pecadora que vivia na cidade – ao saber que Ele estava à mesa
em casa do fariseu, trouxe um vaso de alabastro com perfume; pôs-se atrás de
Jesus e, chorando muito, banhava-lhe os pés com as lágrimas e enxugava-lhos com
os cabelos, beijava-os e ungia-os com o perfume.
Uma
mulher entra em casa de Simão para debruçar-se aos pés de Jesus. Como é que uma
mulher pecadora consegue entrar em casa de um fariseu? Que coragem, que
atrevimento! Teria que ter bons motivos. O único que é apresentado é o de
realizar este gesto de arrependimento e de ternura sem igual.
Muitos
afastam-se de Jesus porque têm vergonha de lhe darem a conhecer os seus
pecados. Isto também acontece comigo? Ou, pelo contrário, é precisamente por
causa deles que, corajoso, vou ao seu encontro? Diante dele, apresento-lhe o
meu rol de pecados e desculpas ou, para variar, fico em silêncio e, com
confiança e humildade, confesso-lhe o meu arrependimento com gestos?
Ao
ver isto, o fariseu que tinha convidado Jesus pensou consigo: «Se este homem
fosse profeta, saberia que a mulher que o toca é uma pecadora».
Se
a mulher pecadora foi corajosa, não menos o foi Jesus porque, sem resistência e
palavras, se deixou tocar por ela, quando naquele tempo tal não era permitido,
visto acreditar-se que o pecado era contagioso. E mais do que julgar a
pecadora, Simão julga a Jesus e não entende que ele, como verdadeiro profeta,
vê na mulher não uma pecadora mas alguém necessitado de perdão.
Será
que, como Simão, também eu sou assim tão precipitado/a em julgar a Deus e aos
outros? Porque é que os julgo? Quem sou eu para não permitir que Deus seja
Deus? Quem sou eu para me considerar melhor do que os outros?
Entrei
em tua casa e não me deste água para os pés; mas ela banhou-me os pés com as
lágrimas e enxugou-os com os cabelos. Não me deste o ósculo; mas ela, desde que
entrei, não cessou de beijar-me os pés. Não me derramaste óleo na cabeça; mas
ela ungiu-me os pés com perfume.
A
hospitalidade era um valor bastante prezado na sociedade judaica de então (e
talvez agora também) e, portanto, chama demasiado a atenção que Simão não tenha
proporcionado o habitual no acolhimento de um convidado. Talvez tenha sido uma
questão de timming. A verdade é que Jesus critica aqui o bem que não é feito e,
em contrapartida, louva o bem que é feito.
Deus
importa-se mais com o bem que faço do que com o mal. Será que sou daqueles que
estou tão preocupado/a com o mal que não me ocupo com o bem que devo fazer?
Como está a minha prática das obras de misericórdia?
São-lhe
perdoados os seus muitos pecados, porque muito amou; mas aquele a quem pouco se
perdoa, pouco ama. (…) Os teus pecados estão perdoados. (…) A tua fé te salvou.
Vai em paz.
Depois
de ter mostrado o seu arrependimento e amor com gestos tão ternos, Jesus perdoa
os muitos pecados da mulher pecadora e envia-a em paz para continuar a fazer o
bem que agora recomeçou a fazer, graças à sua fé, ou seja, à confiança em Jesus
e à sua coragem.
Segundo
Jesus, o pecado ‘resolve-se’ assim: primeiro fé e arrependimento; depois,
perdão; de seguida, paz e, finalmente, amar. Ou seja, quanto mais confio e me
arrependo, mais sou perdoado/a e me sinto em paz. Quanto mais perdoado/a e em
paz, mais sou capaz e devo amar, evitando, assim, o pecado. Em qual destas
etapas acho que devo apostar mais?
Então
os convivas começaram a dizer entre si: «Quem é este homem, que até perdoa os
pecados?».
Jesus,
ao conceder o perdão à mulher pecadora, provoca nos que estavam à mesa em casa
de Simão a pergunta pela sua identidade, que é sobretudo uma pergunta pela sua
autoridade em perdoar pecados, uma vez que só Deus é que podia fazê-lo.
Não
é fácil sentir-se perdoado. Há pessoas que por mais que queiram sentir-se
perdoadas, não o conseguem, porque dão um peso excessivo ao pecado e à culpa.
Será que sou dessas? Afinal, tudo se resume à fé: de não duvidar e de acreditar
que Deus quer a minha vida e é muito mais compreensivo e misericordioso do que
eu sou comigo mesmo/a.
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