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sábado, 6 de abril de 2013

II Domingo do Tempo Pascal


«Vimos o Senhor!»

«Vimos o Senhor!»: a presença de Jesus Ressuscitado transforma a vida dos seus discípulos: oferece a paz, alegria, confiança, missão, misericórdia, e, a vida em seu nome. O desafio de cada cristão, também hoje, é descobrir-se nos caminhos de Jesus, identificar-se com a sua voz, a sua profecia, a sua Palavra e fazer-se voz, profecia e Palavra de Deus. E, como Tomé, descobrir a Cristo como Messias, Filho de Deus. “Meu Senhor e meu Deus!”.

Estamos no chamado "livro da ressurreição" onde são narrados, sem uma continuidade lógica, vários episódios que interessam o Cristo ressuscitado e os fatos que comprovam isso. Estes fatos são inseridos, no IV evangelho, na manhã (20,1-18) e na tarde do primeiro dia após o sábado e oito dias depois, no mesmo lugar e dia da semana. Estamos diante do evento mais importante da história da humanidade, um evento que nos questiona pessoalmente. "Se Cristo não ressuscitou é inútil a nossa pregação e vazia também a nossa fé... e vós estais ainda em vossos pecados" (1Cor 15,14.17) afirma o apóstolo Paulo que não tinha conhecido Jesus antes de sua Ressurreição, mas que o anunciava com toda sua vida, e com todo seu ardor. Jesus é o enviado do Pai. Ele manda também nós. A disponibilidade de "ir" nasce da profundidade da fé que temos no Ressuscitado. Estamos prontos a aceitar sua "ordem" e a dar a vida pelo seu Reino? Este texto não interessa só a fé daqueles que o viram (testemunho de Tomé), mas também a missão confiada por Cristo à Igreja.

EVANGELHO – Jo 20,19-31 - Na tarde daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas da casa onde os discípulos se encontravam, com medo dos judeus, veio Jesus, colocou-Se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco». Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos ficaram cheios de alegria ao verem o Senhor. Jesus disse-lhes de novo: «A paz esteja convosco. Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós». Dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: «Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhe-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes serão retidos». Tomé, um dos Doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus. Disseram-lhe os outros discípulos: «Vimos o Senhor». Mas ele respondeu-lhes: «Se não vir nas suas mãos o sinal dos cravos, se não meter o dedo no lugar dos cravos e a mão no seu lado, não acreditarei». Oito dias depois, estavam os discípulos outra vez em casa e Tomé com eles. Veio Jesus, estando as portas fechadas, apresentou-Se no meio deles e disse: «A paz esteja convosco». Depois disse a Tomé: «Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos; aproxima a tua mão e mete-a no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente». Tomé respondeu-Lhe: «Meu Senhor e meu Deus!» Disse-lhe Jesus: «Porque Me viste acreditaste: felizes os que acreditam sem terem visto». Muitos outros milagres fez Jesus na presença dos seus discípulos, que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram escritos para acreditardes que Jesus é o Messias, o Filho de Deus, e para que, acreditando, tenhais a vida em seu nome.

MEDITAÇÃO
1. Na tarde daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas da casa onde os discípulos se encontravam, com medo dos judeus, veio Jesus, colocou-Se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco». Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado.

A referência ao ‘primeiro dia da semana’ evoca o tempo novo que brota da ressurreição de Jesus; o tempo e a comunidade da Nova Aliança nascidos da Páscoa de Cristo. Esta introdução ao Evangelho manifesta a força da Ressurreição que irrompe e vence o declinar do dia, as portas fechadas e o medo dos discípulos, desamparados e fragilizados com a morte de Jesus. Ele revela-Se ressuscitado, vivo, centro de unidade, doador de paz e de Vida Nova. O Crucificado vive!
Jesus, Aquele que pagou o preço da condenação e da morte, por ter comunicado, com a própria Vida o Amor do Pai, ressuscitou! E nós ainda não nos convencemos disto! Andamos titubeantes no escuro da vida, de coração e mãos fechadas, com medo e vergonha de procurá-lo e acreditar. Ele quer irromper nas nossas vidas a fim de transformá-las em vidas renovadas pelo Seu amor. Continua a vir aos nossos corações, à nossa existência, às nossas famílias, grupos e ambientes! Quer mostrar-nos as Suas marcas de amor e entrega. Quer dizer-nos quanto nos ama e, por isso, vive conosco e para nós.

2. Os discípulos ficaram cheios de alegria ao verem o Senhor. Jesus disse-lhes de novo: «A paz esteja convosco. Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós». Dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: «Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhe-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes serão retidos».

A presença de Jesus transforma. Os discípulos, antes temerosos e fechados, manifestam a alegria de verem o Senhor, acolhendo a Sua saudação portadora de serenidade, confiança e abertura. Jesus assegura aos seus amigos a vitória sobre a morte revelando a sua identidade de enviado do Pai, Messias Crucificado e trespassado por amor. Concedendo-lhes a força do Espírito, reveste-os da vida nova de Deus! Transforma-os em ‘homens novos’ e envia-os em missão. Agora são os discípulos que devem manifestar ao mundo o Amor de Jesus, o Seu perdão e a Sua Salvação!

A alegria é uma característica da Páscoa. ‘Ver’ o Senhor com os olhos da fé, acreditar e tocar a Sua presença e o Seu amor, na fragilidade da nossa existência, é fonte de confiança e de alegria. Deixemo-nos transformar pela presença do Ressuscitado! Só Ele converte medos, sombras e tristezas em coragem, luz e alegria! O Senhor renova-nos pelo Seu Espírito, reveste-nos do Seu Amor, habita-nos com a Sua Vida e envia-nos a proclamar que só Ele é o Senhor! Só Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida!

Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana: os discípulos estavam vivendo um dia extraordinário. O dia após o sábado, na época em que estava sendo escrito o IV evangelho, é para a comunidade "o dia do Senhor" (Ap 1,10), Dies Domini (domingo) e tem mais importância que a tradição do sábado para os Judeus.

Estando fechadas as portas: um particular para indicar que o de Jesus ressuscitado, também se deixa-se reconhecer, não está sujeito às leis normais da vida humana.

A paz esteja convosco: não é um desejo, mas a paz que tinha prometido quando estavam tristes pela sua partida (Jo14,27; 2Ts3,16; Rm5,3), a paz messiânica, a realização das promessas de Deus, a libertação de todo medo, a vitória sobre o pecado e sobre a morte, a reconciliação com Deus, fruto de sua paixão, dom gratuito de Deus. Repete-se três vezes neste texto, como também na introdução (20,19) é repetida mais adiante (20,26) do mesmo modo.

Mostrou-lhes as mãos e o lado: Jesus apresenta as provas evidentes e concretas que é aquele que foi crucificado. Só João lembra o particular da ferida ao lado causada com a lança do soldado romano, enquanto Lucas destaca a ferida aos pés (Lc 24,39). Fazendo ver as feridas, Jesus quer também destacar que a paz que ele dá vem da cruz (2Tm 2,1-13). Fazem parte de sua identidade de ressuscitado (Ap 5,6).

Os discípulos se alegraram por verem o Senhor: É a mesma alegria que expressa o profeta Isaías em descrever o banquete divino (Is 25,8-9), a alegria escatológica, que tinha preanunciado nos discursos da despedida, que ninguém jamais poderá tirar (Jo 16,22; 20,27). Cfr. também Lc 24,39-40; Mt 28,8; Lc 24,41).

Como o Pai me enviou, também eu vos envio: Jesus é o primeiro missionário, "o apóstolo e sumo sacerdote da fé que nós professamos" (Ap 3,1). Após a experiência da cruz e da ressurreição se atualiza a oração de Jesus ao Pai (Jo 13,20; 17,18; 21,15,17). Não se trata de uma nova missão, mas da mesma missão de Jesus que amplia aos que são seus discípulos, unidos a ele como o ramo à videira (15,9), assim também à sua igreja (Mt 28,18-20; Mc 16,15-18; Lc 24,47-49). O Filho eterno de Deus foi mandado para que "o mundo seja salvo por meio dele" (Jo 3,17) e toda sua existência terrena, de plena identificação com a vontade salvífica do Pai, é uma constante manifestação daquela vontade divina que todos sejam salvos. Este projeto histórico o deixa como tarefa e herança a toda a Igreja e, de modo particular, dentro dela, aos ministros ordenados.

Soprou sobre eles: o gesto lembra o sopro de Deus que dá a vida ao homem (Gn 2,7), não se encontra em outra passagem do Novo Testamento. Assinala o início de uma nova criação.

Recebei o Espírito Santo: após Jesus ter sido glorificado é doado o Espírito Santo (Jo 7,39). Aqui se trata da transmissão do Espírito para uma missa particular, enquanto em Pentecostes (At 2) é a descida do Espírito sobre todo o povo de Deus.

 • A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem não os perdoardes, eles lhes serão retidos: o poder de perdoar ou não perdoar (reter) os pecados encontra-se também em Mateus de uma forma mais jurídica (Mt 16,19; 18,18). É Deus que tem o poder de remeter os pecados, de acordo com os Escribas e os Fariseus (Mc 2,7), como afirma a tradição (Is 43,25). Jesus dá este poder (Lc 5,24) e o transmite à sua Igreja. Convem não projetar sobre este texto, na meditação, o desenvolvimento teológico da tradição eclesial e as controvérsias teológicas que vieram depois. No IV Evangelho a expressão pode ser considerada de modo amplo. Aponta-se o poder de remeter os pecados na Igreja, como comunidade de salvação, que foi entregue àqueles que participam por sucessão e missão ao carisma apostólico. Neste poder amplo está também incluído o poder de perdoar os pecados após o batismo, aquele que nós chamamos "sacramento da reconciliação" expressado de várias modalidades ao longo da história da Igreja.

3. Tomé, um dos Doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus. Disseram-lhe os outros discípulos: «Vimos o Senhor». Mas ele respondeu-lhes: «Se não vir nas suas mãos o sinal dos cravos, se não meter o dedo no lugar dos cravos e a mão no seu lado, não acreditarei».

Tomé representa todos os que vivem fechados em si próprios, os que estão à margem da comunidade, da Igreja, os que não dão crédito ao testemunho dos outros, nem percebem os sinais da Vida Nova. Em vez de dar passos de comunhão e humildade, participando da mesma experiência dos outros discípulos, reclama uma demonstração particular de Deus; quer evidências. Num primeiro momento não consegue acolher o anúncio da Ressurreição.
Todos somos um pouco como Tomé! Quantas vezes, auto-suficientes, convencidos, até por medo ou cobardia, não permanecemos ‘do lado de fora’ da experiência de fé, à margem da Igreja, cépticos e indiferentes ao anúncio e ao testemunho de vidas cheias de Deus e, por isso, cheias de significado e de respostas! Quantas vezes reclamamos uma demonstração positiva de Deus?! A nossa razão grita por evidências, precisa ver, compreender, tocar! Mas, Deus está para além de tudo isto. Deus reconhece-se e toca-se com a fé e com o coração!

Tomé, um dos doze, chamado Dídimo: Tomé é um dos protagonistas do IV evangelho, focaliza-se seu caráter duvidoso e inclinado ao desânimo (11,16; 14,5). "um dos doze" é já uma frase estereotipada (6,71), porque na realidade eram onze. "Dídimo" quer dizer "gêmeo", nós poderíamos ser "gêmeos" dele pela dificuldade em acreditar em Jesus, Filho de Deus, morto e ressuscitado.

Vimos o Senhor! Quando André, João e Filipe, encontrado o Messias, correram a anunciá-lo aos outros (Jo 1,41-45). Agora é o anúncio oficial por parte das testemunhas oculares (Jo 20.18).

Se eu não vir a marca dos pregos em suas mãos, se eu não puser o dedo nas marcas dos pregos e não puser a mão no seu lado, não acreditarei: Tomé não consegue acreditar através das testemunhas oculares. Quer ele fazer a experiência. O IV evangelho está consciente da dificuldade de qualquer um acreditar na Ressurreição (Lc 24, 34-40; Mc16,11; 1Cor15,5-8), especialmente, depois, para aqueles que não viram o Ressuscitado. Tomé é para eles (e nosso) intérprete. Ele está disposto a acreditar, mas quer solucionar pessoalmente toda dúvida, para não se enganar. Jesus não vê em Tomé alguém cético, indiferente, mas uma pessoa que busca a verdade e o satisfaz plenamente. É pois a ocasião para não ter medo dos crentes futuros (versículo 29).

4. Oito dias depois, estavam os discípulos outra vez em casa e Tomé com eles. Veio Jesus, estando as portas fechadas, apresentou-Se no meio deles e disse: «A paz esteja convosco». Depois disse a Tomé: «Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos; aproxima a tua mão e mete-a no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente».

‘Oito dias depois’ do ‘primeiro dia da semana’; referência ao Domingo, dia da Ressurreição. Celebração da Páscoa de Jesus. Desta vez a comunidade dos discípulos conta com a presença de Tomé. O passo de comunhão está dado! Tomé já não está de fora! Pela terceira vez, a saudação da paz! Agora, talvez mais direcionada a Tomé, a quem Jesus se vai dirigir. Concede-lhe a prova que ele reclamara: ver, tocar! Impressionante a solicitude de Jesus de ir ao encontro deste seu discípulo! Importa recuperá-lo na fé e no amor; proporcionar-lhe a experiência que o transformará! É assim o Amor de Deus! Vem sempre ao encontro do homem.

A experiência de Tomé é a nossa experiência. Um processo, uma caminhada! Uma dialética constante entre fugir e aproximar, sair e entrar, recusar e procurar, reclamar e aceitar, duvidar e acreditar!

As dificuldades e os momentos de escuridão do crer por parte da comunidade cristã são descritas neste célebre encontro do Ressuscitado com o discípulo Tomé, que representa todos aqueles que progridem lentamente em meios a crises rumo à fé autêntica. Jesus, também se reserva uma bem-aventurança particular aos que acreditam sem apoios externos, aceita apresentar uma ulterior prova ao discípulo em dificuldade

Somos assim. Deus conhece-nos. Sabe a medida da nossa descrença e a capacidade da nossa fé. Por isso, continua a vir ter conosco: na comunhão com os irmãos, no serviço fraterno, na escuta da Palavra, na partilha do pão da Eucaristia…! Sempre que acolhemos as condições da Sua presença dirige-nos a Sua Palavra: não sejas incrédulo, mas crente! Proporciona-nos a experiência da Sua presença à medida das nossas dúvidas, mas, sobretudo, à medida na nossa abertura ao Seu amor.

Põe o teu dedo aqui e olha as minhas mãos. Estende a tua mão e coloca-a no meu lado. E não sejas incrédulo, mas fiel! Jesus repete as palavras de Tomé, entra em diálogo com ele, entende as dúvidas ele e quer ajudá-lo. Jesus sabe que Tomé o ama e tem compaixão dele porque ainda não goza da paz que nasce da fé. Ajuda-o a progredir na fé. Para o aprofundamento podemos confrontar com os textos paralelos: 1Jo 1-2; Sl 78,38; 103,13-14; Rm 5,20; 1Tim 1,14-16.

5. Tomé respondeu-Lhe: «Meu Senhor e meu Deus!» Disse-lhe Jesus: «Porque Me viste acreditaste: felizes os que acreditam sem terem visto».

Poucas palavras. Muita profundidade. Num ato de fé e adoração, Tomé responde à benevolência do Senhor ressuscitado. É o culminar de um processo que contou com a antecipação e solicitude do Mestre, mas também, com o caminho de abertura de Tomé. Ele proclama o primeiro ato de fé da Igreja. Por fim, o elogio de Jesus não é dirigido a Tomé, mas àqueles que acreditarem sem terem visto!

Para a Bíblia é «difícil acreditar», a fé é um conquista trabalhosa e muitas vezes dolorida. A Igreja anuncia o anúncio pascal: «Vimos o Senhor!», mas com paciência e humildade deve esperar que o mistério da liberdade humana possa lentamente chegar a declarar seu ato de fé: «Meu Senhor e meu Deus!». É esta a profissão de fé cristológica mais alta de todo o Evangelho e corresponde à solene proclamação do primeiro versículo do Evangelho: o fiel chegou à luminosidade total da fé.

Se muitas vezes duvidamos e reclamamos evidências como Tomé, também como ele, fazemos caminho na Fé. O mérito não é nosso. Cada passo de abertura e crescimento é dom de Deus! Ele chama-nos em Cristo, ensina-nos com o Seu Evangelho, toca-nos com a Sua graça, conquista-nos com o Seu amor. No processo de crescimento e resposta, num caminho tortuoso e nunca terminado, a nossa confissão de fé e de amor: Meu Senhor e Meu Deus! O Seu Espírito é a nossa luz e a nossa força.

Meu Senhor e meu Deus! É a profissão de fé no Ressuscitado e em sua divindade como é proclamado ainda no começo do evangelho de João (1,1). No Antigo Testamento "Senhor" e "Deus" correspondem respectivamente a "Javé" e a "Eloim" (Sl 35,23-24; Ap 4,11). É a profissão de fé pascal na divindade de Jesus mais explícita e direta. Em ambiente judaico adquiria ainda mais valor porque se aplicavam a Jesus os textos que se relacionavam a Deus. Jesus não corrige as palavras de Tomé como corrigiu as palavras dos Judeus que o acusavam de querer se tornar "igual da Deus" (Jo 5,18ss) aprovando assim o reconhecimento de sua divindade.

Acreditaste porque me viste? Bem-aventurados os que creram sem terem visto! Jesus não gosta muito daqueles que estão buscando sinais e milagres para acreditar (Jo 4,48) e parece recriminar Tomé. Percebemos aqui também uma passagem para uma fé mais autêntica, um "caminho de perfeição" rumo a uma fé à qual se deve chegar também sem as exigências de Tomé, a fé aceita como dom e ato de confiança. Como aquela exemplar dos antepassados (Ap 11) e como aquela de Maria (Lc 1,45). A nós que vivemos a mais de dois mil anos de distância da vida de Jesus, também se não o vimos, podemos amá-lO e, acreditando nele, podemos exultar "de alegria indizível e gloriosa" (1Pd 1,8).

6. Muitos outros milagres fez Jesus na presença dos seus discípulos, que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram escritos para acreditardes que Jesus é o Messias, o Filho de Deus, e para que, acreditando, tenhais a vida em seu nome.

Trata-se de uma palavra de conclusão do Evangelho. Refere-se a outras aparições do Ressuscitado que são narradas noutros livros. Tudo por causa da fé no Filho de Deus que morreu e ressuscitou. Toda a Palavra tem como meta conduzir a Deus para que, acreditando Nele, tenhamos a vida.

Acreditar no Senhor Ressuscitado é ter a Vida em Seu nome. Sem Ele somos incapazes de encontrar vida em plenitude. Páscoa é passagem do vazio e escuro da existência para o mais da fé Naquele que Se entregou para nos dar a Vida: Jesus Cristo. Só Ele, pela Sua morte e ressurreição, nos restitui a dignidade de filhos de Deus. Só Ele faz de nós pessoas renovadas continuamente pelo Seu Amor, na força do Seu Espírito.

Estes (sinais) foram escritos para que acrediteis que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em seu nome. O IV evangelho, como os outros, não tem o objetivo de descrever a vida completa de Jesus, mas o de demonstrar que Jesus é o Cristo, o Messias esperado, o Libertador e que é Filho de Deus. Crendo nEle temos a vida eterna. Se Jesus não é Deus inútil é a nossa fé!

Algumas perguntas para ajudar a meditação:
1. Que significado tem para mim o dom o Espírito para a missão?
2. Como continua, após a Ressurreição, a missão de Jesus no mundo?
3. Qual é o conteúdo do anúncio missionário?
4. Quais são, se as tenho, as dúvidas da minha fé?
5. Sei expressar as razões da minha fé? 

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