Padre Wagner Augusto
Portugal
Nesta
Semana das Dores, iremos meditar acerca das Dores de Nossa Senhora. As Dores de Maria nos comovam o coração, impulsionando-nos para a prática do bem.
1ª. Dor - Apresentação de meu Filho
no templo
Nesta
primeira dor veremos como o coração de Maria Santíssima foi transpassado por
uma espada, quando Simeão profetizou que o Filho dela seria a salvação de
muitos, mas também serviria para ruína de outros. A virtude que aprendemos
nesta dor é a da santa obediência. Sejamos obedientes aos superiores, porque
são eles instrumentos de Deus.
Quando
soube que uma espada lhe atravessaria a alma, desde aquele instante Maria
experimentou sempre uma grande dor, mas sempre olhava para o Céu e dizia: 'Em
vós confio'. Quem confia em Deus jamais será confundido. Em nossas penas,
angústias, confiemos em Deus e jamais nos arrependeremos dessa confiança.
Quando a
obediência nos trouxer qualquer sacrifício, confiando em Deus, a Ele
entreguemos nossas dores e apreensões, sofrendo de bom grado por amor.
Obedeçamos não por motivos humanos, mas pelo amor Daquele que por nosso amor se
fez obediente até a morte de Cruz.
2ª. Dor - A fuga para o Egito
Irmãos,
quando Jesus, Maria e José fugiram para o Egito, foi grande dor saber que
desejavam matar o seu filho, aquele que trazia a salvação! Maria não se aflige
pelas dificuldades em terras longínquas; mas por ver seu filho inocente
perseguido, por ser o Redentor. Maria suportou o exílio por amor e por alegria
por Deus fazer dela cooperadora do mistério da salvação. No exílio Maria sofreu
provocações, mas as portas do Céu futuramente abriam para Maria. Esta dor nos
ensina a aceitar as provocações do dia-a-dia com alegria de quem sofre para
agradar a Deus. Esse agir e esse procedimento chamam-se santidade. No meio da
dor sofrem os infelizes, entregam-se ao desespero, porque não têm a amizade
divina, que traz paz e confiança em Deus. Por isso, somos convidados a aceitar
os sofrimentos por amor a Deus. Exultemos de alegria, porque grande é o nosso
merecimento, assemelhando-nos a Jesus Crucificado, que tanto sofreu por amor a
vossas almas!
3ª. Dor - Perda do Menino Jesus
Maria
procurou Jesus por três dias. Maria tinha consciência de que Ele era o Messias
prometido. Quando o encontrou no Templo, no meio dos doutores, ao dizer-lhe que
havia deixado sua mãe três dias em aflição, ele respondeu-lhe: “Eu vim ao mundo
para cuidar dos interesses de meu Pai, que está no Céu”. À esta resposta do meigo
Jesus, Maria emudeceu e compreendeu que sendo o seu Filho, Homem e Deus, aquele
que salva assim deveria proceder, submetendo a sua vida à vontade de Deus, que
muitas vezes nos fere em proveito de nossos irmãos.
Jesus
deixou Maria por três dias angustiada para proveito da salvação. Aqui devemos
contemplar as mães que choram, ao verem os seus filhos generosos ouvirem o
chamamento divino, aprendendo com Maria a sacrificar o seu amor natural. Se
seus filhos forem chamados para trabalhar na vinha do Senhor, não abafem tão
nobre aspiração, como é a vocação religiosa. Mães e pais dedicados, ainda que o
seu coração sangre de dor, deixem seus filhos partirem, deixem corresponder aos
desígnios de Deus, que usa com eles de tanta predileção. Pais que sofrem, ofertem
a Deus a dor da separação, para que seus filhos, que foram chamados, possam ser
na realidade bons filhos Daquele que os chamou. Lembrem-se que seus filhos a
Deus pertencem e não a vocês. Devem criá-los para servir e amar a Deus neste
mundo, e um dia no Céu O louvarem por toda a eternidade.
Pobres
aqueles que querem prender seus filhos, abafando-lhes a vocação! Os pais que
assim procedem podem levar seus filhos à perdição eterna e ainda terão que dar
contas a Deus no último dia. Porém, protegendo suas vocações, encaminhando-os
para tão nobre fim, que bela recompensa receberão estes pais afortunados! Ainda
que aqui chorem de saudades e a separação lhes custe muitas lágrimas, eles
serão abençoados! E vocês, filhos prediletos chamados por Deus, procedam como Jesus
procedeu comigo: primeiramente obedeça à vontade de Deus, que os chamou para
habitar na sua casa, quando diz: 'Quem ama seu pai e sua mãe mais do que a mim
não é digno de Mim'. Vigiem se, por causa de um amor natural, deixam de
corresponder ao chamado divino!
Almas
eleitas chamadas e que sacrificam as afeições mais caras e a sua própria
vontade para servir a Deus! Grande é sua recompensa. Avante! Sejam generosas em
tudo e louvem a Deus por terem sido escolhidas para tão nobre fim.
Vocês que
choram, pais, irmãos, regozijam-se, porque suas lágrimas um dia converter-se-ão
em pérolas, como as de Maria Santíssima se converteram em favor da humanidade.
4ª. Dor - Doloroso encontro no
caminho do Calvário
Contemplemos
e vejamos se há dor semelhante à dor de Maria Santíssima, quando encontrou-se
com seu divino Filho a caminho do Calvário, carregando uma pesada cruz e
insultado como se fosse um criminoso.
'É preciso
que o Filho de Deus seja esmagado para abrir as portas da mansão da paz!'
Lembremo-nos de suas palavras e aceitemos a vontade do Altíssimo, nossa força
em horas tão cruéis de nossa vida.
Ao
encontrá-lo, Jesus fitou os olhos de Maria e a fez compreender a dor de sua
alma. Não pôde dizer-lhe palavra, porém a fez compreender que era necessário
que se unisse à Sua grande dor. Amados irmãos, a união da grande dor de Maria e
Jesus nesse encontro tem sido a força de tantos mártires e de tantas mães
aflitas!
Almas que
temem o sacrifício aprendam nesta meditação a se submeterem à vontade de Deus,
como Maria e Jesus se submeteram! Aprendam a calar nos seus sofrimentos.
No nosso
silêncio, nesta dor imensa, armazenamos riquezas imensuráveis! Nossas almas hão
de sentir a eficácia desta riqueza na hora em que, abatidos pela dor,
recorrermos a Maria, fazendo a meditação deste encontro dolorosíssimo. O valor
do nosso silêncio se converte em força, quando nas horas difíceis soubermos
recorrer à meditação desta dor!
Como é
precioso o silêncio nas horas de sofrimentos! Há almas que não sabem sofrer uma
dor física, uma tortura de alma em silêncio; desejam logo contá-la para que
todos o lastimem! Jesus e Maria tudo suportaram em silêncio por amor a Deus!
A dor
humilha e é na santa humildade que Deus edifica! Sem a humildade, trabalhamos
em vão; vejam pois como a dor é necessária para a nossa santificação.
Aprendamos
a sofrer em silêncio, como Maria e Jesus sofreram neste doloroso encontro no
caminho do Calvário.
5ª. Dor - Aos pés da Cruz
Na
meditação desta dor encontraremos consolo e força para nossas almas contra mil
tentações e dificuldades e aprenderemos a ser fortes em todos os combates de
nossa vida.
Contemplemos
Maria aos pés da Cruz, assistindo à morte de Jesus, com a alma e o coração
transpassados com as mais cruéis dores!
Não nos
escandalizemos com o que fizeram os judeus! Eles diziam: 'Se Ele é Deus, por
que não desce da cruz e se livra a si próprio?!' Infelizes aqueles que não
crêem que Jesus é o Messias. Não podem compreender que um Deus se humilhasse
tanto e que a sua divina doutrina pregava a humildade. Jesus precisava dar o
exemplo, para que seus filhos tivessem a força de praticar uma virtude, que
tanto custa aos filhos deste mundo, que têm nas veias a herança do orgulho.
Infelizes os que, à imitação dos que crucificaram a Jesus, ainda hoje não sabem
se humilhar!
Depois de
três horas de tormentosa agonia, Jesus morre, deixando Maria na mais negra
escuridão! Sem duvidar um só instante, ela, contido, aceitou a vontade de Deus
e, no seu doloroso silêncio, entregou ao Pai sua imensa dor, pedindo, como
Jesus, perdão para os criminosos.
Entretanto,
quem a confortou nessa hora angustiosa? Fazer a vontade de Deus foi o seu
conforto; saber que o Céu foi aberto para todos os filhos foi seu consolo!
Porque Maria também no Calvário foi provada com o abandono de toda consolação!
Sofrer em
união com os sofrimentos de Jesus encontra consolo; sofrer por ter feito o bem
neste mundo, recebendo desprezos e humilhações encontra força.
Que glória
para nossas almas se um dia, por amarmos a Deus com todo o nosso coração,
formos também perseguidos!
Aprendamos
a meditar muitas vezes esta dor, que ela nos dará força para sermos humildes:
virtude amada de Deus e dos homens de boa vontade.
6ª. Dor - Uma lança atravessa o
Coração de Jesus
Com a alma
imersa na mais profunda dor, Maria viu Longinus transpassar o coração de seu
Filho, sem poder dizer uma palavra! Derramou muitas lágrimas... Só Deus pode
compreender o martírio desta hora, na alma e no coração!
Depois
depositaram Jesus em seus braços, não cândido e belo como em Belém... Morto e
chagado, parecendo mais um leproso do que aquele adorável e encantador menino,
que tantas vezes apertara ao seu coração!
Se Maria
tanto sofreu, não será ela capaz de compreender os nossos sofrimentos? Por que,
então, não recorramos a Maria com mais confiança, ela que tem tanto valor
diante do Altíssimo?
Por muito
ter sofrido aos pés da cruz, muito lhe foi dado! Se não tivesse sofrido tanto,
não teria recebido os tesouros do Paraíso em suas mãos.
A dor de
ver transpassar o Coração de Jesus com a lança, conferiu a Maria o poder de
introduzir, em seu amável Coração, a todos aqueles que a ele recorrerem.
Corramos todos a Maria, porque ela pode nos colocar dentro do Coração
Santíssimo de Jesus Crucificado, morada de amor e de eterna felicidade!
O
sofrimento é sempre um bem para a alma. Regozijemo-nos, pois, com Maria, que
foi a segunda mártir do Calvário! Sua alma e seu coração participaram dos
suplícios do Salvador, conforme a vontade do Altíssimo, para reparar o pecado
da primeira mulher! Jesus foi o novo Adão e Maria a nova Eva, livrando assim a
humanidade do cativeiro no qual se achava presa.
Para
correspondemos, porém, a tanto amor, sejamos muito confiantes em Maria, não nos
afligindo nas contrariedades da vida; ao contrário, confiemos todos os nossos
receios e dores a Ela, que saberá dar em abundância os tesouros do Coração de
Jesus!
Não nos
esqueçamos de meditar esta imensa dor, quando nossa cruz estiver pesada. Nela
encontraremos força para sofrer por amor a Jesus que sofreu na Cruz a mais
infame das mortes.
7ª. Dor - Jesus é sepultado
Quanta dor
padeceu Maria quando teve que ver sepultado seu Filho. A quanta humilhação seu
Filho se sujeitou, deixando-se sepultar, sendo Ele o mesmo Deus! Por humildade,
Jesus submeteu-se à própria sepultura, para depois, glorioso, ressuscitar
dentre os mortos!
Bem sabia
Jesus o quanto Maria sofreria vendo-o sepultado; não a poupando, quis que Maria
também fosse participante na sua infinita humilhação!
Vejamos
como Deus amou a humilhação! Tanto que deixou-se sepultar nos santos Sacrários,
a esconder sua majestade e esplendor, até o fim do mundo! Na verdade, o que se
vê no Sacrário? Apenas uma Hóstia Branca e nada mais! Ele esconde sua
magnificência debaixo da massa branca das espécies de pão! E não o admiramos
tanto quanto Ele merece, por Jesus assim Se humilhar até o fim dos séculos!
A humildade
não rebaixa o homem, pois Deus Se humilhou até à sepultura e não deixou de ser
Deus.
Se queremos
corresponder ao amor de Jesus, devemos mostrar que O amamos, aceitando as
humilhações. A aceitação da humilhação nos purifica de toda e qualquer
imperfeição e, desprendendo-nos deste mundo, passamos desejar mais intensamente
o Paraíso.
Apresentamos
estas sete Dores de Maria, não para queixar somente, mas para mostrar as
virtudes que devemos praticar, para um dia estar ao seu lado e ao lado de
Jesus! Receberemos a glória imortal, que é a recompensa das almas que, neste
mundo, souberam morrer para si, vivendo só para Deus!
Nossa Mãe
nos abençoa e nos convida a meditar muitas vezes nestas palavras ditadas,
porque muito nos amo.
LADAINHA DE NOSSA
SENHORA DAS DORES
Senhor
tende piedade de nós.
Jesus
Cristo tende piedade de nós.
Senhor
tende piedade de nós.
Jesus
Cristo ouvi-nos.
Jesus
Cristo atendei-nos.
Deus Pai,
que estais nos Céus, tende piedade de
nós.
Deus Filho,
Redentor do Mundo, tende piedade de nós.
Espírito
Santo Paráclito, tende piedade de nós.
Trindade
Santa, Deus uno e Trino, tende piedade
de nós.
Santa
Mãe de Deus, rogai por nós
Colaboradora
na nossa salvação
Mãe
de Jesus crucificado,
Mãe
do Cristo Redentor,
Mãe
dos discípulos de Jesus,
Mãe
dos redimidos,
Mãe
dos viventes,
Mãe
dolorosa,
Mãe
aflitíssima,
Mãe
desamparada,
Mãe
desconsolada,
Mãe
despojada do Filho,
Mãe
traspassada das mais penetrantes dores,
Mãe
atribuladíssima,
Mãe
angustiadíssima,
Mãe
com o coração crucificado,
Mãe
tristíssima,
Mãe
fonte de lágrimas,
Virgem
obediente,
Virgem
do silêncio
Virgem
fiel,
Virgem
oferente,
Virgem
da espera,
Virgem
da Páscoa,
Virgem
da Ressurreição,
Mulher
que sofreu o exílio,
Mulher
forte,
Mulher
corajosa,
Mulher
do sofrimento,
Mulher
da Nova Aliança,
Mulher
da Esperança,
Nova
Eva,
Colaboradora
na salvação,
Serva
da reconciliação,
Espelho
de paciência,
Rocha
de constância,
Ancora
de confiança,
Refúgio
dos desamparados,
Escudo
dos oprimidos,
Defesa
dos inocentes,
Coragem
dos perseguidos,
Vencedora
dos incrédulos,
Consolação
dos aflitos,
Saúde
dos enfermos,
Fortaleza
dos fracos,
Porto
dos náufragos,
Calmaria
nas tempestades,
Recurso
dos que sofrem,
Terror
dos traidores,
Refúgio
dos marginalizados,
Conforto
dos exilados,
Tesouro
dos fiéis,
Esperança
dos pecadores,
Vista
dos profetas,
Báculo
dos apóstolos,
Coroa
dos mártires,
Luz
dos confessores,
Pérola
das virgens,
Consolação
das viúvas,
Alegria
de todos os santos e santas,
Cordeiro
de Deus, que tirais o pecado do mundo, perdoai-nos,
Senhor.
Cordeiro
de Deus, que tirais o pecado do mundo, ouvi-nos,
Senhor.
Cordeiro
de Deus, que tirais o pecado do mundo, tende
piedade de nós.
D- Rogai
por nós, Santa Mãe de Deus,
R- Para que sejamos dignos das
promessas de Cristo. Amém.
Oração: Ó Deus, por vosso admirável
desígnio, dispusestes prolongar a Paixão do vosso Filho, também nas infinitas
cruzes da humanidade. Nós Vos pedimos:
assim com o quisestes que ao pé da Cruz do Vosso Filho, estivesse Sua Mãe, da
mesma forma, à imitação da Virgem Maria, possamos estar sempre ao lado dos nossos
irmãos que sofrem, levando amor e consolo. Por Cristo, nosso Senhor. Amém.
Leia, abaixo, a Lectio Divina da segunda-feira da V semana da Quaresma
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