Orações do Mês de São José estão
na pasta de Orações e Informações.
A Santa Sé está vacante. Rezemos
pela Igreja e pelo Conclave, para que o Espírito Santo conduza os cardeais na
eleição do novo Papa.
Suplicamos, ó Deus, com humildade: que vossa imensa piedade conceda à Santa
Igreja um Pontífice que, por seu zelo por nós, possa ser agradável a Vós e que
seja assíduo no Governo da Igreja para a glória e reverência do Vosso Nome. Por
nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que convosco vive e reina na unidade do
Espírito Santo, Deus, por todos os séculos dos séculos. Amém.
Evangelho (Lc 18,9-14): Para
alguns que confiavam na sua própria justiça e desprezavam os outros, Jesus
contou esta parábola: «Dois homens subiram ao templo para orar. Um era fariseu,
o outro publicano. O fariseu, de pé, orava assim em seu íntimo: ‘Deus, eu te
agradeço porque não sou como os outros, ladrões, desonestos, adúlteros, nem como
este publicano. Jejuo duas vezes por semana e pago o dízimo de toda a minha
renda’. O publicano, porém, ficou a distância e nem se atrevia a levantar os
olhos para o céu; mas batia no peito, dizendo: ‘Meu Deus, tem compaixão de mim,
que sou pecador! ’ Eu vos digo: este último voltou para casa justificado, mas o
outro não. Pois quem se exalta será humilhado, e quem se humilha será
exaltado».
Comentário: Fr.
Gavan JENNINGS (Dublin, Irlanda)
Eu vos digo: este último voltou para casa justificado
Hoje, Cristo apresenta-nos dois
homens que, a um observador casual, podiam parecer quase idênticos, já que se
encontram no mesmo lugar, realizando a mesma atividade: ambos «subiram ao
templo para orar» (Lc 18,10). Porém, para além das aparências, no mais profundo
das suas consciências, os dois homens são radicalmente diferentes: um, o
fariseu, tem a consciência tranquila, enquanto que o outro, o
publicano—cobrador de impostos — está inquieto devido a sentimentos de culpa.
Hoje em dia tendemos a considerar
os sentimentos de culpa – os remorsos — como algo próximo de uma aberração
psicológica. Contudo, o sentimento de culpa permite ao publicano sair
reconfortado do Templo, uma vez que «este voltou para casa justificado, mas o
outro não» (Lc 18,14). «O sentimento de culpa», escreveu Bento XVI, quando
ainda era Cardeal Ratzinger (“Consciência e verdade”), afasta a falsa
tranquilidade de consciência e podemos chamar-lhe “protesto da consciência”
contra a minha existência auto-satisfeita. É tão necessário para o homem como a
dor física, que significa uma alteração corporal do funcionamento normal».
Jesus não nos induz a pensar que o
fariseu não esteja a dizer a verdade quando afirma que não é ladrão, nem
desonesto, nem adúltero e paga o dízimo no Templo (cf. Lc 18,11); nem que o
cobrador de impostos esteja a delirar ao considerar-se a si próprio como um
pecador. A questão não é essa. O que realmente acontece é que «o fariseu não
sabe que também tem culpas. Ele tem uma consciência plenamente clara. Mas o
“silêncio da consciência” fá-lo impenetrável perante Deus e perante os homens,
enquanto que o “grito de consciência”, que inquieta o publicano, o torna capaz
da verdade e do amor. Jesus pode remover os pecadores!» (Bento XVI).
Comentário:
Rev. D. David COMPTE i Verdaguer (Manlleu, Barcelona, Espanha)
Quem se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado
Hoje, imersos na cultura da imagem, o
Evangelho proposto tem uma profunda carga de conteúdo. Mas vamos por partes.
Na passagem que contemplamos vemos
que na pessoa há um nó com três cordas, de maneira que é impossível desfazê-lo
se não temos presentes as três cordas mencionadas. A primeira nos relaciona com
Deus; a segunda, com os outros; e a terceira com nós mesmos. Reparemos nisto:
aqueles a quem dirige-se Jesus «que confiavam na sua própria justiça e
desprezavam os outros» (Lc 18,9) e, desta maneira, rezavam mal. As três cordas
estão sempre relacionadas!
Como fundamentar bem essas
relações? Qual é o segredo para desfazer o nó? Nos o diz a conclusão dessa
incisiva parábola: a humildade. Assim mesmo expressou Santa Teresa de Ávila «A
humildade é a verdade».
É certo: a humildade nos permite
reconhecer a verdade sobre nós mesmos. Nem envaidecer-nos, nem menosprezar-nos.
A humildade nos faz reconhecer como tal os dons recebidos, e permite-nos
apresentar ante Deus o trabalho da jornada. A humildade reconhece também os
dons dos outros. E mais ainda, alegra-se deles.
Finalmente, a humildade é também a
base da relação com Deus. Pensemos que, na parábola de Jesus, o fariseu leva
uma vida irrepreensível, com as práticas religiosas semanais e, inclusive,
exerce a esmola! Mas não é humilde e isto carcome todos os seus atos.
Temos perto a Semana Santa.
Prontamente contemplaremos –uma vez mais!- a Cristo na Cruz. «O Senhor
crucificado é um testemunho insuperável de amor paciente e de humilde mansidão»
(João Paulo II). Ali veremos como, ante a súplica de Dimas –«Jesus, lembra-te
de mim, quando começares a reinar» (Lc 23,42)— o Senhor responde com uma
“canonização fulminante”, sem precedentes: «Em verdade te digo: hoje estarás
comigo no Paraíso» (Lc 23,43). Esta personagem era um assassino que fica,
finalmente, canonizado pelo próprio Cristo antes de morrer.
É um caso inédito e, para nós, um
consolo...: nós não “fabricamos” a santidade, mas antes é entregada por Deus,
se Ele encontra em nós um coração humilde e convertido.
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
Reflexão
* No Evangelho de hoje, Jesus
conta a parábola do fariseu e do publicano para ensinar como rezar. Jesus tinha
outra maneira de ver as coisas da vida. Ele via algo de positivo no publicano,
de quem todo mundo dizia: “Ele nem sabe rezar!” Jesus vivia tão unido ao Pai
pela oração, que tudo se tornava expressão de oração para ele.
* A maneira de apresentar a
parábola é muito didática. Lucas dá uma breve introdução que serve como chave
de leitura. Em seguida, Jesus conta a parábola e, no fim, o próprio Jesus faz a
aplicação da parábola na vida.
* Lucas 18,9: A introdução. A parábola é apresentada com a seguinte
frase: "Jesus contou ainda esta parábola para alguns que, convencidos de
serem justos, desprezavam os outros!" A frase é de Lucas. Ela se refere,
ao tempo de Jesus. Mas ela também se refere ao tempo do próprio Lucas e ao
nosso tempo. Sempre há pessoas e grupos de pessoas que se consideram justos e
fiéis e que desprezam os outros como ignorantes e infiéis.
* Lucas 18,10-13: A parábola. Dois homens sobem ao templo para rezar:
um fariseu e um publicano. Na opinião do povo daquela época, os publicanos não
prestavam para nada e não podiam dirigir-se a Deus, pois eram pessoas impuras.
Na parábola, o fariseu agradece a Deus por ser melhor do que os outros. A sua
oração nada mais é do que um elogio de si mesmo, uma auto-exaltação das suas
boas qualidades e um desprezo pelos outros e pelo próprio publicano. O
publicano nem sequer levanta os olhos, bate no peito e apenas diz: "Meu
Deus, tem dó de mim que sou um pecador!" Ele se coloca no seu lugar diante
de Deus.
* Lucas 18,14: A aplicação. Se Jesus tivesse deixado ao povo opinar
para dizer quem dos dois voltou justificado para casa, todos teriam respondido:
"É o fariseu!" Pois esta era a opinião comum naquela época. Jesus
pensa diferente. Para ele, quem voltou justificado para casa, isto é, em boas
relações com Deus, não é o fariseu, mas sim o publicano. Jesus virou tudo pelo
avesso. As autoridades religiosas da época não devem ter gostado da aplicação
que ele fez desta parábola.
* Jesus Orante. É sobretudo Lucas que nos informa sobre a vida de
oração de Jesus. Ele apresenta Jesus em constante oração. Eis uma lista de
textos do evangelho de Lucas, nos quais Jesus aparece em oração: Lc 2,46-50;
3,21: 4,1-12; 4,16; 5,16; 6,12; 9,16.18.28; 10,21; 11,1; 22,32; 22,7-14;
22,40-46; 23,34; 23,46; 24,30. Lendo o evangelho de Lucas você poderá encontrar
outros textos que falam da oração de Jesus. Jesus vivia em contato permanente
com o Pai. A respiração da vida dele era fazer a vontade do Pai (Jo 5,19).
Jesus rezava muito e insistia, para que o povo e seus discípulos fizessem o
mesmo, pois é no contato com Deus que a verdade aparece e que a pessoa se
encontra consigo mesma em toda a sua realidade e humildade. Em Jesus, a oração
estava intimamente ligada aos fatos concretos da vida e às decisões que ele
devia tomar. Para poder ser fiel ao projeto do Pai, ele buscava estar a sós com
Ele para escutá-lo. Jesus rezava os Salmos. Como todo judeu piedoso,
conhecia-os de memória. Jesus chegou a fazer o seu próprio salmo. É o Pai
Nosso. Sua vida era uma oração permanente: "Eu a cada momento faço o que o
Pai me mostra para fazer!" (Jo 5,19.30). A ele se aplica o que diz o
Salmo: "Eu sou oração!" (Sl 109,4).
Para um confronto pessoal
1. Olhando no espelho desta
parábola, eu sou como o fariseu ou como o
publicano?
2. Tem pessoas que dizem que não
sabem rezar, mas elas conversam com Deus o tempo todo. Você conhece pessoas
assim?
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