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domingo, 9 de dezembro de 2012

Segunda-feira da 2ª semana do Advento



Sta Joana de Chantal
Evangelho (Lc 5,17-26): Num desses dias, ele estava ensinando na presença de fariseus e mestres da Lei, que tinham vindo de todos os povoados da Galileia, da Judeia e de Jerusalém. O poder do Senhor estava nele para fazer curas. Vieram alguns homens carregando um paralítico sobre uma maca. Eles tentavam introduzi-lo e colocá-lo diante dele. Como não encontrassem um modo de introduzi-lo, por causa da multidão, subiram ao telhado e, pelas telhas, desceram o paralítico, com a maca, no meio, diante de Jesus. Vendo a fé que tinham, ele disse: «Homem, teus pecados são perdoados». Os escribas e os fariseus começaram a pensar: «Quem é este que fala blasfêmias? Quem pode perdoar pecados, a não ser Deus?». Jesus, penetrando-lhes os pensamentos, perguntou: «Que estais pensando no vosso íntimo? Que é mais fácil, dizer: ‘Teus pecados são perdoados’, ou: ‘Levanta-te e anda?’ Ora, para que saibais que o Filho do Homem tem poder de perdoar pecados na terra, — e dirigiu-se ao paralítico — eu te digo: levanta-te, pega tua maca e vai para casa». No mesmo instante, levantando-se diante de todos, pegou a maca e foi para casa, glorificando a Deus. Todos ficaram admirados e glorificavam Deus, cheios de temor, dizendo: «Vimos hoje coisas maravilhosas».

Comentário: Rev. D. Joan Carles MONTSERRAT i Pulido (Sabadell, Barcelona, Espanha)

Teus pecados são perdoados

 Hoje, o Senhor ensina e, ao mesmo tempo, cura. Hoje, vemos o Senhor que ensinava os que se consideravam sábios naqueles tempos: os fariseus e os mestres da lei. Às vezes, podemos pensar que neste século em que vivemos, ou pelos estudos que temos feito, pouco temos para aprender. Esta lógica não sobrenatural nos leva frequentemente a querer fazer que os caminhos de Deus sejam os nossos e não ao contrário.

Na atitude dos que querem a cura de seu amigo vemos os esforços humanos para conseguir aquilo que verdadeiramente desejam. O que queriam era algo muito bom: que o doente pudesse levantar-se. Mas isso não é suficiente. Nosso Senhor deseja fazer conosco uma cura completa. E por isso começa com o que Ele tinha vindo fazer neste mundo, o que significa o Seu santo nome: Salvar o homem de seus pecados.

A fonte mais profunda de meus males são sempre os meus pecados: «Homem, teus pecados são perdoados» (Lc 5,20). Frequentemente, nossa oração ou nosso interesse é só material, mas o Senhor sabe o que mais nos convem. Como naqueles tempos os consultórios dos médicos estão lotados de doentes. Mas, como aqueles homens, corremos o risco de não ir com tanta diligência ao lugar onde de verdade nos restabelecemos inteiramente: ao encontro com o Senhor no sacramento da Penitência.

É fundamental em todo o tempo para o crente, o encontro sincero com Jesus Cristo misericordioso. Ele, rico em misericórdia, recorda-nos especialmente hoje que neste Advento não podemos desatender o perdão que Ele nos dá de mãos cheias. E, se for preciso, joguemos fora os impedimentos — o telhado — que nos impedem de O ver. —Eu também preciso de retirar as telhas de meus preconceitos, das minhas comodidades, das minhas ocupações, das desconfianças, que são um impedimento para "olhar acima das telhas".

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm

Reflexão

O Evangelho de hoje é um espelho. Ele evoca em nós as palavras que dizemos durante a Missa na hora da comunhão: “Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma só palavra e serei salvo”. Olhando no espelho deste texto, ele sugere o seguinte:

* Sentado, Jesus ensinava. O povo gostava de ouvi-lo. Qual era o assunto do ensino de Jesus? Ele sempre falava de Deus, seu Pai, mas dele falava de um jeito novo e atraente, diferente dos escribas e fariseus (Mc 1,22.27). Jesus apresentava Deus como a grande Boa Notícia para a vida humana; um Deus Pai/Mãe que ama e acolhe as pessoas, e não um Deus que nos ameaça e condena.

*Um paralítico é carregado por quatro pessoas. Jesus é a única esperança deles. Vendo a fé, ele diz ao paralítico: Teus pecados estão perdoados! Naquele tempo, o povo achava que defeitos físicos (paralisia, etc.) fossem castigo de Deus por algum pecado. Por isso, os paralíticos e tantos outros deficientes físicos sentiam-se rejeitados e excluídos por Deus! Jesus ensinava o contrário. A fé tão grande do paralítico era um sinal evidente de que ele e seus carregadores estavam sendo acolhidos por Deus. Por isso, Jesus declara: Teus pecados estão perdoados! Ou seja: “Você não está afastado de Deus!”

*A afirmação de Jesus não combinava com a ideia que os doutores da lei tinham de Deus. Por isso, eles reagem: Ele blasfema! Conforme o ensinamento deles, só Deus podia perdoar os pecados. E só o sacerdote podia declarar uma pessoa perdoada e purificada. Como é que Jesus, homem sem estudo, um leigo, podia declarar o paralítico como perdoado e purificado dos pecados? Pois, se um simples leigo podia perdoar os pecados, os doutores e os sacerdotes perderiam o seu poder e também a sua fonte de renda! Por isso reagem e se defendem.

*Jesus justifica a sua ação: O que é mais fácil dizer: ‘Teus pecados estão perdoados!’ ou dizer: ‘Levanta-te e anda!’? Evidentemente, é muito mais fácil dizer: “Teus pecados estão perdoados”. Pois ninguém pode verificar se, de fato, o pecado foi ou não foi perdoado. Mas se eu digo: “Levanta-te e anda!”, aí todos poderão verificar se tenho ou não esse poder de curar. Por isso, para mostrar que, em nome de Deus, tinha o poder de perdoar os pecados, Jesus disse ao paralítico: ”Levanta-te, toma teu leito e vá para casa!” Curou o homem! Provou que a paralisia não é um castigo de Deus pelo pecado, e mostrou que a fé dos pobres é uma prova de que Deus os acolhe no seu amor.

Para um confronto pessoal
1. Colocando-me na posição dos carregadores: será que eu seria capaz de carregar o doente, subir no telhado e fazer o que os quatro fizeram? Será que eu tenho tanta fé?
2. Qual a imagem de Deus que está em mim e que se irradia nos outros? A dos doutores ou a de Jesus? Deus compassivo ou ameaçador?

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