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segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

1º de Janeiro: Oitava do Natal



A liturgia deste dia celebra três festas. A primeira é que os antigos sacramentários designavam sob o título de Oitava do Senhor. É realmente, na sua maior parte uma missa de oitava a missa celebrada hoje.

Celebrava-se também na basílica de Santa Maria Maior uma segunda missa em honra da Mãe de Deus. Resta dela um vestígio nas orações da missa, retiradas da missa votiva de Nossa Senhora. São particularmente belas as antífonas de vésperas e a preferência por elas dadas a Santíssima Virgem revela a delicada atenção da Igreja em reconhecer quanto deve a mãe do Senhor. Esta é a origem da solenidade de Maria Mãe de Deus que hoje celebramos.

Finalmente a terceira festa é a da Circuncisão celebrada desde o século VI. Moisés impunha este rito de purificação a todos os varões israelitas no oitavo dia depois do nascimento. Era uma figura do batismo pelo qual o homem havia de ser espiritualmente circuncidado "pela extirpação dos vícios, e julgado digno do olhar do Senhor” (Santo Ambrósio).

Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus.

Evangelho (Lc 2,16-21): Os pastores foram, pois, às pressas a Belém e encontraram Maria e José, e o recém-nascido deitado na manjedoura. Quando o viram, contaram as palavras que lhes tinham sido ditas a respeito do menino.Todos os que ouviram os pastores ficavam admirados com aquilo que contavam. Maria, porém, guardava todas estas coisas, meditando-as no seu coração. Os pastores retiraram-se, louvando e glorificando a Deus por tudo o que tinham visto e ouvido, de acordo com o que lhes tinha sido dito. No oitavo dia, quando o menino devia ser circuncidado, deram-lhe o nome de Jesus, como fora chamado pelo anjo antes de ser concebido no ventre da mãe.

Comentário: Rev. D. Manel VALLS i Serra (Barcelona, Espanha)

Foram, pois, às pressas a Belém e encontraram Maria e José, e o recém-nascido deitado na manjedoura

Hoje, a Igreja contempla agradecida a maternidade da Mãe de Deus, modelo de sua própria maternidade para com todos nós. Lucas nos apresenta o “encontro” dos pastores “com o Menino”, o qual está acompanhado de Maria, sua Mãe, e de José. A discreta presença de José sugere a importante missão de ser custódio do grande mistério do Filho de Deus. Todos juntos, pastores, Maria e José, «Foram com grande pressa e acharam Maria e José, e o menino deitado na manjedoura» (Lc 2,16) é como uma imagem preciosa da Igreja em adoração.

“A Manjedoura”: Jesus já está na manjedoura, numa noite alusiva à Eucaristia. Foi Maria quem o colocou lá! Lucas fala de um “encontro”, de um encontro dos pastores com Jesus. Em efeito, sem a experiência de um “encontro” pessoal com o Senhor, a fé não acontece. Somente este “encontro”, o qual se entende um “ver com os próprios olhos”, e em certa maneira um “tocar”, faz com que os pastores sejam capazes de chegar a ser testemunhas da Boa Nova, verdadeiros evangelizadores que podem dar a conhecer o que lhes haviam dito sobre aquela Criança. «Vendo-o, contaram o que se lhes havia dito a respeito deste menino» (Lc 2,17).

Aqui vemos o primeiro fruto do “encontro” com Cristo: «Todos os que os ouviam admiravam-se das coisas que lhes contavam os pastores» (Lc 2,18). Devemos pedir a graça de saber suscitar este “maravilhamento”, esta admiração naqueles a quem anunciamos o Evangelho.

Ainda há um segundo fruto deste encontro: «Voltaram os pastores, glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto, e que estava de acordo com o que lhes fora dito» (Lc 2,20). A adoração do Menino lhes enche o coração de entusiasmo por comunicar o que viram e ouviram, e a comunicação do que viram e ouviram os conduz até a pregaria de louvor e de ação de graças, à glorificação do Senhor.

Maria, mestra de contemplação —«Maria conservava todas estas palavras, meditando-as no seu coração» (Lc 2,19)— nos dá Jesus, cujo nome significa “Deus salva”. Seu nome é também nossa Paz. Acolhamos coração este sagrado e doce Nome e tenhamo-lo frequentemente nos nossos lábios!

Reflexão:

Dos hinos de Santo Efrém (cerca de 306 - 373),
diácono na Síria, doutor da Igreja

"Os pastores... glorificavam e louvavam a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto" Vem, Moisés, mostra-nos essa sarça no cimo da montanha cujas chamas dançavam no teu rosto (Ex 3,2): é o filho do Altíssimo que apareceu no seio da Virgem Maria e iluminou o mundo com a sua vinda. Glória a Ele da parte de toda a criatura e feliz aquela que O gerou!

Vem, Gedeão, mostra-nos esse velo e esse suave orvalho (Jz 6,37), explica-nos o mistério das tuas palavras: é Maria o velo que recebeu o orvalho, o Verbo de Deus; nela Se manifestou na criação e resgatou o mundo do pecado.

Vem, David, mostra-nos a cidade que viste e a planta que dela brotou: a cidade é Maria, a
planta que dela saiu é o nosso Salvador, cujo nome é Aurora (Jr 23,5; Za 3,8 LXX).

A árvore da vida que era guardada por um querubim com espada de fogo (Gn 3,24), eis que habita em Maria, a Virgem pura; José a guarda. O querubim depôs a espada porque o fruto que guardava foi enviado do alto dos céus até aos que estavam exilados no abismo. Comei dele todos, homens mortais, e vivereis. Bendito seja o fruto que a Virgem gerou.

Bendito seja Aquele que desceu e habitou em Maria e dela saiu para nos salvar. Bem aventurada Maria, tu que foste julgada digna de ser a mãe do Filho do Altíssimo, tu que geraste o Ancião que tinha criado Adão e Eva. Ele saiu de ti, suave fruto cheio de vida, e por Ele os exilados têm de novo acesso ao paraíso.


Festa da Circuncisão do Senhor

Evangelho (Lc 2, 21): No oitavo dia, quando o menino devia ser circuncidado, deram-lhe o nome de Jesus, como fora chamado pelo anjo antes de ser concebido no ventre da mãe.

No oitavo dia após Seu nascimento, Nosso Senhor Jesus Cristo - em conformidade com a Lei do Antigo Testamento, aceitou a circuncisão, que foi decretada para todas as crianças do sexo masculino como um sinal da Aliança de Deus com o Patriarca Abraão e seus descendentes (Gênesis 17: 10-14, Lev. 12: 3).

Após a realização deste ritual foi dado ao Menino Divino o nome Jesus, que havia sido anunciado pelo Arcanjo Gabriel, no dia da Anunciação à Toda Pura e Santa Sempre Virgem Maria (Lc 1: 31-33, 2: 21).

Segundo a explicação dos Santos Padres da Igreja, o criador da lei, aceitou a circuncisão, dando assim um exemplo para as pessoas como deveriam ser fielmente cumpridas as divinas ordenações da lei.

O Senhor aceitou a circuncisão, por essa razão - para que, mais tarde, ninguém pudesse ficar em dúvida de que Ele é verdadeiramente homem, ao contrário de ser o portador da ilusão de uma carne meramente aparente, como certos hereges (docetismo) ensinaram.

No Novo Testamento (Nova Aliança), o ritual da circuncisão abriu caminho para o sacramento do Batismo, que é pré-figurado (Col. 2: 11-12).

Reflexão:
A Circuncisão de Nosso Senhor e Deus e Salvador Jesus Cristo.
São Basílio o Grande, Arcebispo de Cesaréia.

No oitavo dia após Seu nascimento, o Divino Infante foi apresentado no Templo e circuncidado de acordo com a lei existente em Israel desde o tempo de Abraão. Nesta ocasião, Lhe foi dado o nome de Jesus, que o Arcanjo Gabriel anunciou a toda Santa Virgem Maria. A circuncisão do Antigo Testamento era o protótipo do batismo do Novo Testamento.

A circuncisão de nosso Senhor mostra que Ele recebeu para Si um verdadeiro corpo de homem e não apenas semelhança, como mais tarde foi dito a Seu respeito por hereges.

Nosso Senhor também foi circuncidado porque Ele queria cumprir a Lei que Ele mesmo deu através dos profetas e patriarcas. Ao dar plenitude a Lei escrita, Ele a substituiu com o Batismo em Sua Santa Igreja como foi proclamado pelo Apóstolo Paulo: “Porque nem a circuncisão significa alguma coisa, nem a incircuncisão, mas apenas o ser uma nova criação (Gálatas 6,15).

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