Queridos irmãos carmelitas.
Queremos
avisar os horários das Missas de Sétimo Dia de Francisleide, filha de
nossa irmã Marleide (postulante da otcarm) falecida na terça-feira, dia 6
de novembro, vítima de um acidente vascular cerebral, aos 41 anos de
idade.
Domingo: 19 horas, paróquia Nossa Senhora do Carmo, bairro Suíssa.
Segunda-feira: 7 horas, paróquia Sagrado Coração de Jesus, bairro Grageru.
Trecho da Homilia de Dom Frei Wilmar Santin, O.Carm., na Igreja dos Carmelitas (Karmelitenkirche) em Bamberg, Alemanha. 15 de julho de 2012.
O jesuíta
Pe. Antonio Vieira foi o maior orador de Portugal e Brasil durante o período do
Barroco. No dia 16 de Julho de 1659 ele fez um famoso sermão na Igreja do Carmo
de São Luís do Maranhão, norte do Brasil.
Sua
argumentação começou com uma afirmação do Papa Xisto Quarto: “A formosíssima Virgem Maria,
que por virtude admirável do Espírito Santo gerou a Nosso Senhor Jesus Cristo,
essa mesma Virgem produziu a Ordem de Nossa Senhora do Monte do Carmo.”
O Pontífice usa a palavra genuit (gerou) para Cristo e produxit (produziu) para
a Ordem e família carmelitana.
Filho
gerado e natural, não tem nem pode ter a Virgem Maria mais que um, aquele que
juntamente é Filho unigênito do Pai; filhos, porém, produzidos e adotivos, pode
a mesma soberana Mãe ter muitos, e estes são, por especial prerrogativa e
filiação, os religiosos carmelitas, aos quais produziu ad extra, dando-lhes o
nome e adoção de filhos, e ad intra, que assim se pode dizer, comunicando-lhes
e produzindo neles seu próprio espírito.
O pregador
português afirma: “A maior excelência que se pode dizer desta sagrada religião é que os
carmelitas e Cristo sejam filhos da mesma Mãe. Nem Deus podia fazer mais a
Maria, que dar-lhe a seu Filho por Filho, nem Maria podia fazer mais aos
carmelitas, que dar-lhes a seu Filho por irmão.”
Dirigindo-se
diretamente aos carmelitas disse: “Sois filhos da Virgem Maria, mas que
Filhos? Filho do seu entendimento, da sua vontade, do seu juízo e do seu amor.
O seu juízo vos preferiu, e o seu amor vos elegeu”. Portanto, para o pregador jesuíta nós,
carmelitas, somos filhos de Maria porque o seu amor nos elegeu como tal.
Aqui surge
uma dificuldade: Se todos os cristãos e todos os dedicados ao serviço da Virgem
são e se chamam verdadeiramente seus filhos, que prerrogativa é esta da Ordem
Carmelitana? Se há tantas congregações e comunidades que debaixo do mesmo nome
servem e veneram a Mãe de Deus, e os devotos como é que ficam? Se na cruz Jesus deu sua mãe como mãe de toda
a humanidade (Jo 19,25-27), como os carmelitas podem ser filhos especiais?
É certo
que todos os cristãos, todos os devotos da Virgem, todos os que por instituto
se dedicam a seu serviço, debaixo do nome e patrocínio de Maria Santíssima, são
e se chamam verdadeiramente filhos de Nossa Senhora. Por isso que prerrogativa
é esta da Ordem carmelitana de ser especial?
Pe.
Antonio Vieira busca uma explicação nas Escrituras. Aponta que entre os
discípulos de Jesus havia um discípulo amado; que Jacó tinha 12 filhos, mas o
seu filho especial e amado era José. Assim porque entre os filhos da Mãe de
Deus não pode haver filhos especiais?
Por isso
ele afirma que os carmelitas são “Filhos COM os demais, mas não são filhos
COMO os demais; são com especial eleição, com especial amor, com especial nome,
com especial prerrogativa, enfim, com especial filiação.”
Pe. Vieira
apresenta uma hierarquia de 3 graus entre os filhos Nossa Senhora. No primeiro
grau entram todos os cristãos – todos são filhos; no segundo entram todos os
devotos da Virgem; fazem parte do terceiro e supremo grau todos os dedicados a
seu serviço numa Congregação ou Ordem. “Mas sobre todas estas hierarquias
verdadeiramente angélicas, a especialmente escolhida, e, como escolhida, amada
da Rainha dos Anjos, é a sua família carmelitana.”
Pe.
Antonio explicita melhor: “De todos os povos, e gentes do mundo
escolheu o povo cristão, que são os seus filhos por fé; de todos os cristãos
escolheu os seus devotos, que são os seus filhos por afeto; de todos os seus
devotos escolheu as congregações que a servem debaixo de seu nome e patrocínio,
que são os seus filhos por instituto; e, finalmente, de todos os institutos
passados, presentes e futuros, escolheu a Ordem do Monte Carmelo, para que ela
fosse a única e escolhida entre todos os outros filhos, e, sobre todos eles,
sua; Matri suae, electa genitrici suae. Todos os outros com mais ou menos
prerrogativa, e sempre com grande dignidade, são filhos da Virgem Maria; mas os
carmelitas são os seus filhos, os seus: Matri suae, genitrici suae.”
Qual o
motivo para esta predileção e escolha? Afirma o pregador jesuíta: “Digo
que foram preferidos os carmelitas pela grande semelhança que esta sagrada
religião, desde seus antiquíssimos princípios, teve com Cristo. E era razão que
aqueles fossem preferidos na eleição de filhos adotivos, que mais semelhantes e
mais conformes eram ao Filho natural. Governou-se a Mãe de Deus neste decreto
da sua eleição pelas mesmas idéias das eleições e decretos divinos.”
Assim, de
acordo com o pensamento do grande pregador Pe. Antonio Vieira, os carmelitas
são filhos especiais de Maria, e foram escolhidos por causa da grande
semelhança que a Ordem do Carmo teve com Cristo.
Olhando a
história do Carmelo vamos encontrar um grande número de santos e místicos. A
nossa Ordem pode se orgulhar de seus santos e autores espirituais, como Teresa
de Ávila, João da Cruz, Teresinha do Menino de Jesus, Edith Stein, Tito
Brandsma, Alois Erhlich, etc.
Em sua
carta II por ocasião dos 750 anos do Escapulário, o Papa João Paulo II
reconhece este aspecto do Carmelo: “Desta espiritualidade mariana, que molda
interiormente as pessoas, configurando-as com Cristo, o Primogênito entre
muitos irmãos, são exemplo preclaro os testemunhos de santidade e de sabedoria
de tantos Santos e Santas carmelitas, os quais cresceram, todos eles, à sombra
e sob a tutela da Mãe (n. 6)”.
Mas se no
momento atual não houver carmelitas que tenham “grande semelhança com Cristo”,
de nada adiantará um passado glorioso. Em outras palavras, o Carmelo deve ter
seus santos também nos tempos atuais e não só os do passado...
LEIA, ABAIXO A LECTIO DIVINA PARA A SEGUNDA-FEIRA DA 32ª SEMANA DO TEMPO COMUM
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