Entre os dias 13 e 23 de setembro, estarei no Congresso Internacional do Laicato Carmelita em Sassone (Roma).
Mas, para que vocês não deixem de fazer a Lectio Divina durante este período de grandes festas para nossa Ordem, especialmente para o nosso Sodalício, adiantarei os textos para a oração.
Quarta-feira (dia12) e Quinta-feira (dia 13) da 23ª semana do Tempo Comum.
14 de setembro – Festa da Santa Cruz – Senhor Bom Jesus dos Passos (Patrono do nosso Sodalício).
15 de setembro – Memória de Nossa Senhora das Dores.
16 de setembro – XXIV Domingo do Tempo Comum.
17 de setembro – Festa de Santo Alberto Patriarca de Jerusalém e Legislador da nossa Ordem.
23 de setembro – XXV Domingo do Tempo Comum.
A partir do dia 24, retomaremos as meditações cotidianas.
Rezem por todos nós que estaremos no Congresso.
Marco Antônio, otcarm.
XXV
Domingo do Tempo Comum
«O
Filho do homem vai ser entregue... Quem quiser ser o primeiro será o servo de
todos»
Ir. Alzira Sousa, fma
O caminho de Jerusalém estava inundado de
dificuldades, incertezas e ambiguidades. Para onde os conduzia o Senhor? Que
quereriam dizer aquelas palavras de “morte e ressurreição”? Ninguém está de
acordo com Jesus: mas ele está a realizar a vontade do Pai. Se o Senhor
desaparecer, quem será o primeiro? Não ficam “bem na pintura” estes discípulos
do Messias que se dá a conhecer. Melhor seria que se conscientizassem que
primeiro é aquele que serve. Que a melhor atitude é a daquele que acolhe, mesmo
a mais simples das crianças. Que a salvação chega através da humildade e da
simplicidade de quem se deixa conduzir pelos caminhos da boa nova da salvação.
Evangelho segundo São Marcos (Mc 9, 30-37) - Naquele
tempo, Jesus e os seus discípulos caminhavam através da Galileia. Jesus não
queria que ninguém o soubesse, porque ensinava os discípulos, dizendo-lhes: «O
Filho do Homem vai ser entregue às mãos dos homens, que vão matá-lo; mas Ele,
três dias depois de morto, ressuscitará». Os discípulos não compreendiam
aquelas palavras e tinham medo de interrogá-lo. Quando chegaram a Cafarnaum e
já estavam em casa, Jesus perguntou-lhes: «Que discutíeis no caminho?». Eles
ficaram calados, porque tinham discutido uns com os outros sobre qual deles era
o maior. Então, Jesus sentou-Se, chamou os Doze e disse-lhes: «Quem quiser ser
o primeiro será o último de todos e o servo de todos». E, tomando uma criança,
colocou-a no meio deles, abraçou-a e disse-lhes: «Quem receber uma destas
crianças em meu nome é a mim que recebe; e quem Me receber não Me recebe a mim,
mas Àquele que me enviou».
SEGUNDA-FEIRA
PALAVRA
- “Jesus e os seus discípulos caminhavam
através da Galileia. Jesus não queria que ninguém o soubesse, porque ensinava
os discípulos, dizendo-lhes: «O Filho do homem vai ser entregue às mãos dos
homens, que vão matá-lo; mas Ele, três dias depois de morto, ressuscitará»
Este episódio surge logo a seguir a Jesus
ter curado um epiléptico e ter salientado aos discípulos o poder da oração.
Tendo-se retirado, Jesus parte com os seus discípulos pela Galileia sem desejar
dar-se a conhecer pelas curas ou milagres que realizava. Ao longo deste caminho
através da Galileia Jesus prepara os seus discípulos para um novo anúncio da
sua Paixão.
MEDITAÇÃO
O “retirar-se” de Jesus não é um gesto de
receio ou de vergonha, mas de saber eleger as prioridades na sua missão. A
prudência de Jesus era a fim de evitar mal-entendidos sobre a missão do
Messias. Como tal, Jesus repete o anúncio da sua entrega às mãos dos homens.
Jesus foi um mestre itinerante, acompanhava os discípulos ao longo de um
caminho! No nosso caminho esta é também a nossa primeira vocação como
discípulos do Senhor que se fez Servo por amor.
ORAÇÃO
Rezo parte do salmo 54 (53)
Senhor, salvai-me pelo vosso nome,
pelo
vosso poder fazei-me justiça.
Senhor, ouvi a minha oração,
atendei às palavras da minha boca.
Deus vem em meu auxílio,
o
Senhor sustenta a minha vida.
De
bom grado oferecerei sacrifícios,
cantarei
a glória do vosso nome, Senhor.
AÇÃO
Procurarei viver hoje em cada dimensão da
minha vida esta esperança certa que Jesus me transmite. Mesmo nos desafios e
nas dúvidas, dou espaço à experiência de «paixão, morte e ressurreição» que
caracteriza o quotidiano do cristão.
TERÇA-FEIRA
PALAVRA
- «Os discípulos não compreendiam aquelas
palavras e tinham medo de interrogá-lo».
Os discípulos não compreendiam o alcance
das palavras do Mestre. São várias as passagens do Evangelho em que isso vem
referido, até mesmo ao longo de outro caminho, aquele para Emaús. Como era
possível que o Messias voltasse a afirmar-se, não como o vitorioso e forte, mas
como o Servo de Yhaweh anunciado por Isaías? O “não compreenderem” significa
aqui, o mesmo que discordar. Os discípulos discordam do caminho da cruz. Como
tal, até tinham medo de Lhe perguntar algo mais.
MEDITAÇÃO
Jesus quer fazer compreender aos seus que o
sentido da sua Paixão e o sentido da vida cristã em geral, não é a procura de
grandezas e popularidade, mas o serviço de Deus e dos homens segundo os
caminhos de Deus: os da humildade, da simplicidade e do amor até ao fim.
ORAÇÃO
Medito no texto da carta de Paulo aos
Filipenses que ilustra os sentimentos de Jesus aos quais devemos todos aspirar.
“Tende entre vós os mesmos sentimentos, que
estão em Cristo Jesus: Ele, que é de condição divina, não considerou como uma
usurpação ser igual a Deus; no entanto, esvaziou-se a si mesmo, tomando a
condição de servo. Tornando-se semelhante aos homens e sendo, ao manifestar-se,
identificado como homem, rebaixou-se a si mesmo, tornando-se obediente até à
morte e morte de cruz.” (Fl 2,5-8)
AÇÃO
Ao longo do dia procuro converter as minhas
atitudes e gestos de vaidade, de auto-suficiência e de orgulho, tendo sempre
presente a atitude amorosa Jesus, o Servo.
QUARTA-FEIRA
PALAVRA
- «Quando chegaram a Cafarnaum e já
estavam em casa, Jesus perguntou-lhes: «Que discutíeis no caminho?». Eles
ficaram calados, porque tinham discutido uns com os outros sobre qual deles era
o maior.»
Esta procura dos primeiros lugares era
muito comum na época em que os fariseus discutiam sobre os graus hierárquicos
na Sinagoga, à mesa, etc. Os apóstolos estavam, por isso, bem inculturados. Mas
parece que nada do que Jesus disse fez eco nos seus corações. Diante do anúncio
da Paixão tinham-se posto a discutir quem era o maior, o mais importante, o que
teria mais poder! Marcos sugere que
Jesus sabia claramente o tema da discussão ao longo do caminho. Contudo,
esperou chegarem a casa, provavelmente de Pedro, para intervir e catequizar os
discípulos. Era ali, num ambiente mais familiar e mais íntimo, que os assuntos
particulares eram tratados, perguntas mais pessoais surgiam e respostas mais profundas
eram dadas.
MEDITAÇÃO
O tema de “quem é o maior” era frequente na
época de Jesus e no contexto cultural em que vivia. Contudo, poderíamos tomá-lo
como extremamente atual: com que critérios medimos a grandeza das pessoas?
Mesmo no nosso círculo de amigos, de trabalho, de animadores não seria
pertinente esta pergunta de Jesus?
ORAÇÃO
«SENHOR, o meu coração não é orgulhoso,
nem os meus olhos são altivos;
não corro atrás de grandezas
ou de coisas superiores a mim.
Pelo
contrário, estou sossegado e tranquilo,
como criança saciada ao colo da mãe;
a minha alma é como uma criança saciada!
Israel, espera no Senhor,
desde agora e para sempre!» (Sl 131)
AÇÃO
Interrogo-me sobre os preconceitos que
posso ter face às pessoas com quem me relaciono e ouso falar ou realizar algo
com alguém com quem normalmente tenho dificuldade de diálogo. Deixo-me espantar
pela simplicidade que a vida me oferece.
QUINTA-FEIRA
PALAVRA
- «Jesus sentou-Se, chamou os Doze e
disse-lhes: «Quem quiser ser o primeiro será o último de todos e o servo de
todos».
A lógica do Reino de Deus é totalmente
outra. O Mestre afirma a necessidade de agir de modo diferente! O “primeiro” é
aquele que serve e se coloca em último lugar. Ele mesmo afirma que veio para
servir e não para ser servido (Mc 10,42-45) e convida os seus a agir como Ele!
Na última ceia lava os pés dos comensais (Jo 13, 14-15) e ordena que aprendam a
lavar os pés uns dos outros, isto é, a servir. São as palavras e as atitudes do
próprio Jesus que constituem a grande motivação para o discípulo se colocar na
atitude de serviço. Ele foi o exemplo.
MEDITAÇÃO
Será que na nossa vida procuramos de fato
seguir a lógica de Deus ou preferimos trilhar pelos caminhos do materialismo? Se procurarmos viver os valores da nossa fé
cristã, com certeza seremos alvo de perseguição; estamos conscientes disto ou
temos medo? Muitas vezes a simples
presença de um cristão autêntico incomoda muitos: seria bom perguntarmo-nos
diante de que pessoas nos sentimos incomodados?
ORAÇÃO
Ao longo do dia acompanha-me o salmo 99:
Aclamai o SENHOR, terra inteira,
servi ao SENHOR com alegria,
vinde à sua presença com cânticos de
júbilo!
Sabei que o SENHOR é Deus;
foi Ele quem nos criou e nós
pertencemos-lhe,
somos o seu povo e as ovelhas do seu
rebanho.
Entrai pelas suas portas em ação de graças;
entrai nos seus átrios com hinos de louvor;
glorificai-o e bendizei o seu nome.
O
SENHOR é bom! O seu amor é eterno!
É eterna a sua fidelidade!
AÇÃO
SERVIR. Identifico uma situação e arrisco
vivê-la nesta atitude de servo. Descubro a alegria de servir por amor, de ser
fiel ao Senhor nas coisas pequenas... inspiro-me no Mestre.
SEXTA-FEIRA
PALAVRA
- «E, tomando uma criança, colocou-a no
meio deles, abraçou-a e disse-lhes: «Quem receber uma destas crianças em meu
nome é a Mim que recebe.»
O convite de Jesus é colocar-se a serviço
de todos sem excluir ninguém. O Mestre toma uma criança como exemplo, abraça-a
e pede que ela seja acolhida. Para entendermos este gesto tenhamos presente que
para os judeus a criança não tinha direitos e até era considerada impura porque
não podia cumprir os preceitos da Lei.
MEDITAÇÃO
Quem acredita em Jesus, quem o aceita, é
convidado a acolhê-lo e a servi-lo em todas as “crianças”, isto é, nas pessoas
pequenas, fracas, dependentes, pecadoras e sofredoras. Por quatro vezes se
repete a palavra “receber” ou seja, acolher, num só versículo deste texto (Mc
9, 37). Será que esta insistência de Jesus não nos diz nada? O que significa
acolher? Não significa infantilizar ninguém mas sim ajudar, compreender,
educar, tratar com amor as pessoas para que possam crescer e serem felizes. É o
oposto da lógica da competição e do domínio dos mais fracos.
ORAÇÃO
Medito hoje no mandamento do amor segundo S.
João (Jo 13, 12-15)
“Depois de lhes ter lavado os pés e de ter
posto o manto, voltou a sentar-se à mesa e disse-lhes: «Compreendeis o que vos
fiz? Vós chamais-me 'o Mestre' e 'o Senhor', e dizeis bem, porque o sou. Ora,
se Eu, o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés
uns aos outros. Na verdade, dei-vos exemplo para que, assim como Eu fiz, vós
façais também.”
AÇÃO
Na
minha turma, no meu local de trabalho ou de estudo procuro perceber as
“crianças” de que o Evangelho de hoje me fala. Os mais tristes ou desanimados,
os que só conseguem dar agressividade, os que não sabem sorrir, os que têm
errado muito na vida... Faço-me próximo num “abraço” de compreensão, de
diálogo, de primeiro passo...
SÁBADO
PALAVRA
- «E quem Me receber não Me recebe a Mim,
mas Àquele que Me enviou.»
Deus entrega seu Filho à humanidade. O
Filho continua esta entrega e essa entrega é também acolhimento. É por isso que
Jesus chama os discípulos a acolherem os pequenos. Deste modo acolhem-no a Ele
e, por Ele, o Pai. Ele é a “criança”, aquele que depende totalmente do Pai e da
Sua vontade ao ponto de se entregar nas mãos dos homens. Receber os pequenos é
servir e é essa entrega de serviço que faz o discípulo grande. O discípulo
participa do serviço do Mestre. E quem acolhe Jesus, acolhe o Pai. Temos um caminho
ascendente: “criança” - Jesus - Pai. O acesso a Jesus dá-se através do amor ao
próximo, em especial, ao marginalizado da sociedade. O acesso ao Pai dá-se por
Jesus. Ele é o único caminho.
MEDITAÇÃO
O grande anúncio que nós, cristãos, podemos
fazer à humanidade é o serviço (o amor), dando vida e dando a vida, com o preço
que esse gesto significa. Somos o ícone de Jesus na comunidade,
identificamo-nos com Ele, abraçando-o nas pessoas dos “menores”. O caminho do
discípulo há de passar, também ele, pelo serviço até o fim, até à cruz, pois a
diaconia do Mestre prolonga-se nas ações da comunidade cristã.
ORAÇÃO
Rezo e contemplo em cada encontro esta
última frase do Evangelho:
«Quem receber uma destas crianças em meu
nome é a Mim que recebe; e quem Me receber não Me recebe a Mim, mas Àquele que
Me enviou». (Mc 9,37)
AÇÃO
Nesta semana é-nos dada a ocasião para
fazer o ponto e situação sobre os nossos valores, sobre o que é importante para
nós na vida: o que conta verdadeiramente para mim? A segunda leitura e o
Evangelho podem ajudar-nos a refletir nisso. Tomar o tempo para se questionar
simplesmente, em verdade, diante do Senhor: no fundo, o que é que eu procuro, o
que espero da vida? Como estou a reconhecer-Te nas “crianças” a quem é difícil
amar?
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