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quinta-feira, 23 de agosto de 2012

NOITE, VAZIO, NADA...
"Estar cheio com Deus é estar vazio de todas as coisas. Estar cheio de todas as coisas é estar vazio de Deus" (Eckhart)

Estar plenamente vazio é estar plenamente cheio. Os místicos tem nomes diferentes para este "vazio". Chamam-no de nudez, pobreza, silêncio, desapego, nada ou noite. Outros referem-se a isso como liberdade, indiferença ou apatia.

O termo "silêncio" para indicar este vazio é muito significativo. Pois as coisas só nos amarram na medida em que elas ocupam lugar em nossa mente. Se nossa mente está vazia e silenciosa, ela está nua, desapegada, pobre e livre. Portanto o silêncio da mente é o próprio estado apto para estar cheio com Deus. Deus só habita na mente vazia.

S. João da Cruz fala assim:
"Se queres ter tudo, não queiras ter nada.
Se queres saber tudo, não queiras saber nada.
Se queres gozar tudo, não queiras gozar nada".

Na mística Budista isso é expresso nesses termos:
"Vazio é cheio. Cheio é vazio".

Jesus refere-se a mesma coisa quando fala no ódio ao pai, mãe, esposa e filhos, para poder seguí-lo.

S. João da Cruz ensina que este vazio ou noite, deve ser mais afetivo que efetivo. Quer dizer, é mais importante estar livre interiormente das coisas, do que livre exteriormente delas. Ou seja, não é necessário não possuir as coisas; basta não amá-las.

Para as místicas Orientais, como para S. João da Cruz, esse vazio se dá a nível da mente, do silêncio e nudez da mente. E isso é correto, pois as coisas só nos prendem quando pensamos nelas. As coisas só existem quando existem em nossa mente. Jesus ensinou isso mesmo quando disse: "Onde está o teu tesouro, aí está teu coração".
Existe um desapego a nível do afeto e do amor, que consiste em "odiar" (como ensina Jesus) as coisas criadas; e existe um desapego a nível da mente e do intelecto, que consiste em não pensar nas coisas criadas e não representá-las na mente. Amar as coisas é pensar nelas. Odiar as coisas é não pensar nelas.

Podemos falar no vazio da mente e no vazio do coração como dois caminhos para a "plenitude".

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