MÊS DO SAGRADO
CORAÇÃO DE JESUS
Vigésimo sétimo dia
Segundo meio de
obter a devoção ao Sagrado Coração de Jesus
A COMUNHÃO FREQUENTE
A devoção ao Sagrado Coração de Jesus é
exatamente um exercício de amor. Basta saber o que é comungar para compreender
que não há meio mais seguro para de súbito incendiar-se alguém nas chamas do
amor de Jesus Cristo do que aproximar-se com frequência deste divino
Sacramento. Diz o Sábio: "Não é
possível trazer fogo dentro de si sem queimar-se". Este fogo sagrado é
a adorável Eucaristia, que, no dizer de São Bernardo, é o amor dos amores.
Vamos, pois, com frequência a esta fonte de
todos os bens; aí unidos e incorporados a Jesus Cristo, autor da graça,
vê-la-emos fluir todos os dias sobre nós com profusão sempre nova; aí, nossas
paixões, insensivelmente amortecidas, desaparecerão afinal; o pendor de todo o
mal que nos é inato, converter-se-á em doce atrativo para todas as virtudes,
cujo santuário é o Coração de Jesus, que delas exemplo nos dá neste Sacramento.
Aí, possuindo, se bem que oculto a nossos olhos, o tesouro do Céu, receberemos
o penhor da eterna bem-aventurança, prometida aos que dignamente se aproximam
deste Sacramento de amor; porque de nada carece para a sua salvação e
perfeição, quem possui a Jesus Cristo no Santíssimo Sacramento; de forma que,
em acabando de comungar, pode a alma fiel dizer, como Santa Madalena de Pazzi: "Tudo está consumado".
Este celeste alimento contém todos os bens
e depõe na alma todas as graças, dons, virtudes, de sorte que o fiel que dele
goza nada mais tem a desejar.
Quantas graças perdemos, não comungando com
mais frequência! Os fiéis da Igreja primitiva comungavam todos os dias, mas
também qual não era a fé e o fervor deles!
Oxalá soubéssemos que pena causamos ao
Coração de Jesus pela nossa indiferença para com a Santa Eucaristia! Disse um
dia o Divino Salvador a Santa Margarida Maria: «Tenho ardente sede de ser
adorado pelos homens do Santíssimo Sacramento; e não encontro quase ninguém que
se esmere por saciar-me o desejo».
Não sejamos do número destas almas
ingratas; cheguemo-nos à Sagrada Comunhão com a disposição de desagravo, é este
o meio de compensar Jesus Cristo, e ganhar seu Coração.
Mas se já temos a felicidade de comungar
frequentemente, por que não faremos melhor uso de tão precioso meio de
perfeição e salvação?
Sempre os mesmos depois de tantas
comunhões! Qual o motivo por que, animados de fé e confiança não nos lançamos
aos pés de Jesus Cristo, realmente presente em nós, e não lhe dizemos do íntimo
do coração: "Não, Senhor, não Vos
deixarei ir, antes que me abençoeis; não me levantarei, senão depois que me
tiverdes dado a força para dominar as inclinações que tantas vezes de vós me
afastam; se não, depois que me houverdes infundido desejo eficaz e insaciável
de tudo fazer e tudo sofrer por vosso amor, e cumprir a toda hora e em todas
as ocasiões a vossa santa vontade". Digamos, enfim, que a sua glória está
empenhada em tornar digno dele um coração que transformou em santuário Seu.
O que pode Jesus recusar-nos, depois de se
nos haver dado todo inteiro?
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