Evangelho: João 13, 21-33
21 Tendo dito isto, Jesus perturbou-se interiormente e declarou: «Em verdade, em verdade vos digo que um de vós me há-de entregar/» 22 0S discípulos olhavam uns para os outros, sem saberem a quem se referia. 23 Um dos discípulos, aquele que Jesus amava, estava à mesa reclinado no seu peito. 24 Simão Pedro fez-lhe sinal para que lhe perguntasse a quem se referia. 25 Então ele, apoiando-se naturalmente sobre o peito de Jesus, perguntou: «Senhor, quem é?» 26 Jesus respondeu: «É aquele a quem Eu der o bocado de pão ensopado.» E molhando o bocado de pão, deu-o a Judas, filho de Simão Iscariotes. 27 E, logo após o bocado, entrou nele Satanás. Jesus disse-lhe, então: «O que tens a fazer fá-lo depressa.» 28Nenhum dos que estavam com Ele à mesa entendeu, porém, com que fim lho dissera. 29 Alguns pensavam que, como Judas tinha a bolsa, Jesus lhe tinha dito: 'Compra o que precisamos para a Festa; ou que desse alguma coisa aos pobres. 30Tendo tomado o bocado de pão, saiu logo. Fazia-se noite. 31 Depois de Judas ter saído, Jesus disse: «Agora é que se revela a glória do Filho do Homem e assim se revela nele a glória de Deus. 32 E, se Deus revela nele a sua glória, também o próprio Deus revelará a glória do Filho do Homem, e há-de revelá-Ia muito em breve.»
21 Tendo dito isto, Jesus perturbou-se interiormente e declarou: «Em verdade, em verdade vos digo que um de vós me há-de entregar/» 22 0S discípulos olhavam uns para os outros, sem saberem a quem se referia. 23 Um dos discípulos, aquele que Jesus amava, estava à mesa reclinado no seu peito. 24 Simão Pedro fez-lhe sinal para que lhe perguntasse a quem se referia. 25 Então ele, apoiando-se naturalmente sobre o peito de Jesus, perguntou: «Senhor, quem é?» 26 Jesus respondeu: «É aquele a quem Eu der o bocado de pão ensopado.» E molhando o bocado de pão, deu-o a Judas, filho de Simão Iscariotes. 27 E, logo após o bocado, entrou nele Satanás. Jesus disse-lhe, então: «O que tens a fazer fá-lo depressa.» 28Nenhum dos que estavam com Ele à mesa entendeu, porém, com que fim lho dissera. 29 Alguns pensavam que, como Judas tinha a bolsa, Jesus lhe tinha dito: 'Compra o que precisamos para a Festa; ou que desse alguma coisa aos pobres. 30Tendo tomado o bocado de pão, saiu logo. Fazia-se noite. 31 Depois de Judas ter saído, Jesus disse: «Agora é que se revela a glória do Filho do Homem e assim se revela nele a glória de Deus. 32 E, se Deus revela nele a sua glória, também o próprio Deus revelará a glória do Filho do Homem, e há-de revelá-Ia muito em breve.»
33 «Filhinhos, já pouco tempo vou estar convosco. Haveis de me procurar, e, assim como Eu disse aos judeus: 'Para onde Eu for vós não podereis ir; também agora o digo a vós. 36 Disse-lhe Simão Pedro: «Senhor, para onde vais?» Jesus respondeulhe: «Para onde Eu vou, tu não me podes seguir por agora; hás-de seguir-me mais tarde.» 37Disse-Ihe Pedro: «Senhor, porque não posso seguir-te agora? Eu daria a vida por til» 38Replicou Jesus: «Darias a vida por mim? Em verdade, em verdade te digo: não cantará o galo, antes de me teres negado três vezes!»
Terminado o lava-pés, Jesus alude à traição de que está para ser vítima: «um de vós me há-de entregar!» (v. 21). Estas palavras de Jesus, com a perturbação que lhe vêem estampada no rosto, deixam os apóstolos espantados. Tentam identificar o traidor. Pedro reage por primeiro, manifestando a autoridade que lhe era reconhecida e o bom entendimento que havia entre ele e João. Jesus revela a infinita delicadeza que o distingue: enquanto indica o traidor, oferece-lhe um bocado de pão envolvido em molho, sinal de honra e distinção entre comensais. Uma última e amorosa provocação! Judas nega-se a corresponder a esse gesto, mostrando que a sorte de Jesus estava traçada. Recebendo o bocado, mas recusando o Amigo que lho oferecia, Judas saiu. "Fazia-se noite". (v. 30b), anota o evangelista. Judas já não podia ficar no grupo dos amigos de Jesus. Deixara-se envolver pela noite da mentira, do ódio, pelo reino de Satanás.
«Nenhum dos que estavam com Ele à mesa entendeu» (v. 28). Mas, no exato momento em que Judas saía para atraiçoar o Mestre, era glorificado o Filho do homem. Com Ele, era glorificado o Pai que, ao entregar o Filho, revela o seu imenso amor. A hora da morte e a hora da ressurreição são, juntas, a hora da glorificação, da manifestação de Deus-Amor.
Depois, Jesus inicia o discurso de adeus (v. 33). O vazio que deixa, e que nada nem ninguém pode preencher, não é definitivo. Pedro, sempre impetuoso, não quer nem tem paciência para esperar e quer partir imediatamente com o Mestre: «Senhor, porque não posso seguir-te agora? Eu daria a vida por ti! (v. 36). Mas, nem Pedro nem mais ninguém pode seguir Jesus só com a sua boa vontade, ou com as suas forças. É preciso Espírito Santo, o grande dom pascal, que é preciso aguardar.
Meditatio
Num mundo que nos enche de angústias e nos pode tornar pessimistas, porque nos parece que "tudo ... jaz sob o poder do maligno' (1Jo 5,19), Cristo, "Homem novo' (Ef 4,24) dá-nos coragem, ilumina-nos, pacifica-nos e dá-nos alegria (Cf. Jo 20, 20-21), porque nos mostra o poder do Pai em transformar, para sua glória e nosso bem, todas as situações, mesmo as mais difíceis. Contemplando a Cristo, e unidos a Ele, verificamos que "apesar do pecado, dos fracassos e da injustiça, a redenção é possível, oferecida e já está presente" (Cst. 12). As leituras de hoje mostram-nos esta verdade.
O Servo de Javé, de que nos fala Isaías, vive um momento dramático. Está profundamente desanimado. A sua missão tornara-se um retundo fracasso. Por isso, exclama: «Em vão me cansei, em vento e em nada gastei as minhas forças». Mas não se deixa cair no desespero. Continua a confiar no Senhor, que o escolheu desde o ventre materno e o chamou: «Porém, o meu direito está nas mãos do Senhor, e no meu Deus a minha recompensa». Mantendo-se fielmente atento à Palavra do Senhor, acaba por verificar que as presentes dificuldades, no meio do seu povo, são caminho para um horizonte de missão muito mais alargado e radioso: «Vou fazer de ti luz das nações, para que a minha salvação chegue até aos confins da terra» (v. 6).
Terminado o lava-pés, Jesus alude à traição de que está para ser vítima: «um de vós me há-de entregar!» (v. 21). Estas palavras de Jesus, com a perturbação que lhe vêem estampada no rosto, deixam os apóstolos espantados. Tentam identificar o traidor. Pedro reage por primeiro, manifestando a autoridade que lhe era reconhecida e o bom entendimento que havia entre ele e João. Jesus revela a infinita delicadeza que o distingue: enquanto indica o traidor, oferece-lhe um bocado de pão envolvido em molho, sinal de honra e distinção entre comensais. Uma última e amorosa provocação! Judas nega-se a corresponder a esse gesto, mostrando que a sorte de Jesus estava traçada. Recebendo o bocado, mas recusando o Amigo que lho oferecia, Judas saiu. "Fazia-se noite". (v. 30b), anota o evangelista. Judas já não podia ficar no grupo dos amigos de Jesus. Deixara-se envolver pela noite da mentira, do ódio, pelo reino de Satanás.
«Nenhum dos que estavam com Ele à mesa entendeu» (v. 28). Mas, no exato momento em que Judas saía para atraiçoar o Mestre, era glorificado o Filho do homem. Com Ele, era glorificado o Pai que, ao entregar o Filho, revela o seu imenso amor. A hora da morte e a hora da ressurreição são, juntas, a hora da glorificação, da manifestação de Deus-Amor.
Depois, Jesus inicia o discurso de adeus (v. 33). O vazio que deixa, e que nada nem ninguém pode preencher, não é definitivo. Pedro, sempre impetuoso, não quer nem tem paciência para esperar e quer partir imediatamente com o Mestre: «Senhor, porque não posso seguir-te agora? Eu daria a vida por ti! (v. 36). Mas, nem Pedro nem mais ninguém pode seguir Jesus só com a sua boa vontade, ou com as suas forças. É preciso Espírito Santo, o grande dom pascal, que é preciso aguardar.
Meditatio
Num mundo que nos enche de angústias e nos pode tornar pessimistas, porque nos parece que "tudo ... jaz sob o poder do maligno' (1Jo 5,19), Cristo, "Homem novo' (Ef 4,24) dá-nos coragem, ilumina-nos, pacifica-nos e dá-nos alegria (Cf. Jo 20, 20-21), porque nos mostra o poder do Pai em transformar, para sua glória e nosso bem, todas as situações, mesmo as mais difíceis. Contemplando a Cristo, e unidos a Ele, verificamos que "apesar do pecado, dos fracassos e da injustiça, a redenção é possível, oferecida e já está presente" (Cst. 12). As leituras de hoje mostram-nos esta verdade.
O Servo de Javé, de que nos fala Isaías, vive um momento dramático. Está profundamente desanimado. A sua missão tornara-se um retundo fracasso. Por isso, exclama: «Em vão me cansei, em vento e em nada gastei as minhas forças». Mas não se deixa cair no desespero. Continua a confiar no Senhor, que o escolheu desde o ventre materno e o chamou: «Porém, o meu direito está nas mãos do Senhor, e no meu Deus a minha recompensa». Mantendo-se fielmente atento à Palavra do Senhor, acaba por verificar que as presentes dificuldades, no meio do seu povo, são caminho para um horizonte de missão muito mais alargado e radioso: «Vou fazer de ti luz das nações, para que a minha salvação chegue até aos confins da terra» (v. 6).
Esta profecia realiza-se plenamente em Jesus. Também Ele passa por um momento dramático e é atraiçoado por um dos seus. Está profundamente perturbado e declara: «um de vós me há-de entregar.!» (v.21). A sua missão parece redundar num completo fracasso, numa tremenda derrota. Mas Jesus também se deixa iluminar pela Palavra do Pai e exclama: "Agora é que se revela a glória do Filho do Homem e assim se revela nele a glória de Deus" (v. 31).
Tanto o Servo de que fala Isaías, como Jesus, o verdadeiro Servo, conseguem ver para além das aparências. Mesmo nas situações mais dramáticas, descobrem a poderosa ação de Deus que tudo transforma. Os maiores sofrimentos, aceitos na fidelidade a Deus, para realizar os seus projetos, transformam-se em glória. Ao aceitar a Paixão, para redenção do mundo, Jesus realiza a profecia de Isaías, para glória do Pai.
Situações semelhantes podem surgir na nossa vida de cristãos, de consagrados, de sacerdotes. A Paixão de Jesus irradia uma luz poderosa para lermos essas situações e reagirmos à maneira do Senhor, acolhendo-as como ocasiões para glorificar a Deus. Este acolhimento confiante não depende unicamente da nossa boa vontade, da nossa generosidade. É o que Jesus declara a Pedro: «tu não me podes seguir agora» (v.36). É preciso ser chamado por ele, e receber a força do seu Espírito. Pela vocação e pelo carisma, somos unidos a Cristo e tornados capazes de participar na sua missão, mesmo no meio das maiores hostilidades e sofrimentos. Unidos a Cristo, podemos participar no seu mistério pascal, para nos transformarmos a nós mesmos e transformarmos o mundo.
Oratio
Senhor Jesus, Tu conheces todas as possibilidades das nossas traições, das nossas repentinas reviravoltas, das dissimuladas e insinuantes afirmações, que ferem o coração da comunidade e ferem o teu coração, sempre em agonia, até ao fim do mundo. Judas, traidor, continuou a ser, para ti, um amigo, a quem ofereceste um último gesto de delicada predileção. O Amor, que és tu, não retira o que ofereceu, não renega o que é. Prefere consumir-se no sofrimento e na morte! Todos levamos em nós as trevas de Judas, a impulsividade de Pedro, o amor de João. E por todos te ofereces, porque nos amaste até à morte. É a tua glória. É a glória do Pai! O seu amor eternamente fiel, revela-se no teu rosto desfigurado pelo sofrimento. A ele a vitória! A ele a glória para sempre! Amem.
Contemplatio
Satanás tinha tomado posse de Judas, um apóstolo! E foi-se encontrar com os príncipes dos sacerdotes para conspirar a sua traição com eles. Disse-lhes: «Que quereis dar-me, se vo-to entreçer?».
É introduzido no Sinédrio, escutam-no com alegria, uma alegria digna do inferno. Discutem o preço. Oferecem-lhe trinta moedas de prata. Aceita, o pacto é concluído. Trinta moedas, era o preço habitual de um escravo.
Tanto o Servo de que fala Isaías, como Jesus, o verdadeiro Servo, conseguem ver para além das aparências. Mesmo nas situações mais dramáticas, descobrem a poderosa ação de Deus que tudo transforma. Os maiores sofrimentos, aceitos na fidelidade a Deus, para realizar os seus projetos, transformam-se em glória. Ao aceitar a Paixão, para redenção do mundo, Jesus realiza a profecia de Isaías, para glória do Pai.
Situações semelhantes podem surgir na nossa vida de cristãos, de consagrados, de sacerdotes. A Paixão de Jesus irradia uma luz poderosa para lermos essas situações e reagirmos à maneira do Senhor, acolhendo-as como ocasiões para glorificar a Deus. Este acolhimento confiante não depende unicamente da nossa boa vontade, da nossa generosidade. É o que Jesus declara a Pedro: «tu não me podes seguir agora» (v.36). É preciso ser chamado por ele, e receber a força do seu Espírito. Pela vocação e pelo carisma, somos unidos a Cristo e tornados capazes de participar na sua missão, mesmo no meio das maiores hostilidades e sofrimentos. Unidos a Cristo, podemos participar no seu mistério pascal, para nos transformarmos a nós mesmos e transformarmos o mundo.
Oratio
Senhor Jesus, Tu conheces todas as possibilidades das nossas traições, das nossas repentinas reviravoltas, das dissimuladas e insinuantes afirmações, que ferem o coração da comunidade e ferem o teu coração, sempre em agonia, até ao fim do mundo. Judas, traidor, continuou a ser, para ti, um amigo, a quem ofereceste um último gesto de delicada predileção. O Amor, que és tu, não retira o que ofereceu, não renega o que é. Prefere consumir-se no sofrimento e na morte! Todos levamos em nós as trevas de Judas, a impulsividade de Pedro, o amor de João. E por todos te ofereces, porque nos amaste até à morte. É a tua glória. É a glória do Pai! O seu amor eternamente fiel, revela-se no teu rosto desfigurado pelo sofrimento. A ele a vitória! A ele a glória para sempre! Amem.
Contemplatio
Satanás tinha tomado posse de Judas, um apóstolo! E foi-se encontrar com os príncipes dos sacerdotes para conspirar a sua traição com eles. Disse-lhes: «Que quereis dar-me, se vo-to entreçer?».
É introduzido no Sinédrio, escutam-no com alegria, uma alegria digna do inferno. Discutem o preço. Oferecem-lhe trinta moedas de prata. Aceita, o pacto é concluído. Trinta moedas, era o preço habitual de um escravo.
Eis até onde Jesus quis descer para nos resgatar.
Judas empenhou a sua palavra, e desde aquele momento procurava a ocasião para lhes entregar Jesus fazendo com que Ele ficasse fora dos encontros populares: spopondit et quaerebat opportunitatem ut traderet eum sine turbis (Lc 22,6).
Como é que Judas chegou àquele ponto? Tinha sido pouco a pouco e cedendo, primeiro, a alguns movimentos de avareza.
Oh! Como a inclinação para o pecado é escorregadia! Não estou eu em perigo, pela minha tibieza atual, de cair bem baixo?
Depois do seu pacto criminoso, Judas e os Fariseus tiveram ainda vários dias para se arrependerem, mas em vão. O endurecimento é o castigo do sacrilégio. Como devo temer chegar até lá! Trato muitas vezes Nosso Senhor com tão pouco respeito nas minhas comunhões impregnadas de tibieza e de rotina! - Nosso Senhor dizia ao bispo de Éfeso: «Decaíste do teu fervor, toma cuidado! Se não fizeres penitência, voltarei, derrubarei o teu candelabro e darei a outro o teu lugar» (Ap 2,5).
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a palavra: «E agora que se revela a glória do Filho do Homem; e assim se revela nele a glória de Deus» (Jo 13, 31).
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