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terça-feira, 31 de janeiro de 2012


Preparação para a festa da Apresentação do Senhor (6)

Orígenes (cerca de 185-253), presbítero e teólogo.
Homilia 15 sobre S. Lucas
"Ir em paz"
     "Simeão sabia que mais ninguém nos pode fazer sair da prisão do corpo, com esperança numa vida futura, senão aquele que ele tinha nos braços. Por isso lhe diz: “Agora, Senhor, podes deixar o teu servo partir em paz, porque, até ao momento em que peguei em Cristo e o apertei nos meus braços, eu estava como que prisioneiro e não podia libertar-me dos laços que me prendiam.”.
     Note-se que isto não vale apenas para Simeão, mas para todos os homens. Se alguém deixa este mundo e quer ganhar o Reino, que tome Jesus em suas mãos, que o envolva com os seus braços, que o aperte ao seu peito, e então poderá dirigir-se radioso ao lugar que deseja...
     “Todos aqueles que o Espírito anima são filhos de Deus” (Rom 8,14). Foi, pois, o Espírito Santo quem conduziu Simeão ao Templo. Se também tu queres pegar em Jesus, apertá-lo nos teus braços e tornar-te digno de sair da prisão, esforça-te por te deixares conduzir pelo Espírito, para chegares ao templo de Deus.
     Desde já te encontras no templo do Senhor Jesus, isto é, na sua Igreja, no seu templo construído com pedras vivas (1Pe 2,5)... Se, trazido pelo Espírito, vieres até ao Templo, encontrarás o Menino Jesus, tomá-lo-ás nos braços e dir-lhe-ás: “Agora, Senhor, podes deixar o teu servo partir em paz.” Esta libertação e esta partida fazem-se na paz... Quem é que morre em paz, senão quem tem a paz de Deus que ultrapassa toda a inteligência e guarda o coração dos que a possuem? (Fl 4,7) Quem é que se retira em paz deste mundo, senão aquele que compreende que Deus veio em Cristo reconciliar o mundo consigo?"
Oração a Nossa Senhora das Candeias

     Ó Maria, por quem nos é dado Jesus Cristo, a Luz do mundo: abri-nos os olhos da fé para não cairmos na escuridão do pecado e do erro; aconselhai-nos nos momentos difíceis, para não nos desviarmos do caminho que nos leva à Luz eterna; iluminai-nos nas dúvidas e incertezas com a luz da Verdade, para que possamos ser sempre fiéis ao Evangelho; inflamai o nosso coração com o fogo do vosso amor, para sempre amarmos Jesus e torná-lo amado por todos.
     Nós vos pedimos também por aqueles que perderam a luz da fé e pelos que ainda não foram iluminados pela luz do vosso Filho, a quem buscam sinceramente em meio às trevas da ignorância.
     Mãe de Deus das Candeiaslivrai-nos de toda cegueira espiritual e corporal, para que nos tornemos, e de fato sejamos, luz para o mundo, conforme o desejo de vosso Filho Jesus.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Convite enviado para toda a Família Carmelitana de Sergipe:

Petrovsck é filho do nosso confrade Pedro Paulo.
Desde já, desejamos ao novo Engenheiro, muito sucesso na sua vida profissional, invocando sobre ele e seus familiares as melhores bênçãos de Deus e de Nossa Senhora do Carmo.
Programação da Formatura:
Missa: 01 de fevereiro às 19h30min, na Igreja de Santo Antonio.
Colação de Grau: 04 de fevereiro (sábado) no Espaço Emes (Av Tancredo Neves, 225)

Leia, abaixo, a quinta meditação em preparação à festa da Apresentação do Senhor.
Preparação para a Festa da Apresentação do Senhor (5)

Dos Sermões de São Sofrônio, bispo (século VII)

  Recebamos a luz clara e eterna Todos nós que celebramos e veneramos com tanta piedade o mistério do Encontro do Senhor, corramos para Ele com todo o fervor do nosso espírito. Ninguém deixe de participar neste Encontro, ninguém se recuse a levar a sua luz.
     Levemos em nossas mãos o brilho das velas, para significar o esplendor divino d’Aquele que Se aproxima e ilumina todas as coisas, dissipando as trevas do mal com a sua luz eterna, e também para manifestar o esplendor da alma, com o qual devemos correr ao encontro de Cristo.
     Assim como a Virgem Mãe de Deus levou ao colo a luz verdadeira e a comunicou àqueles que jaziam nas trevas, assim também nós, iluminados pelo seu fulgor e trazendo na mão uma luz que brilha diante de todos, devemos acorrer pressurosos ao encontro d’Aquele que é a verdadeira luz.
     Na verdade a luz veio ao mundo (cf Jo 1,9) e, dispersando as trevas que o envolviam, encheu-o de esplendor; visitou-nos do alto o Sol nascente (cf Lc 1,78) e derramou a sua luz sobre os que se encontravam nas trevas: este é o significado do mistério que hoje celebramos. Caminhemos empunhando as lâmpadas, acorramos trazendo as luzes, não só para indicar que a luz refulge já em nós, mas também para anunciar o esplendor maior que dela nos há-de vir. Por isso, vamos todos juntos, corramos ao encontro de Deus. Eis que veio a luz verdadeira, que ilumina todo o homem que vem a este mundo (Jo 1,9). Todos nós, portanto, irmãos, deixemo-nos iluminar, para que brilhe em nós esta luz verdadeira.
     Nenhum fique excluído deste esplendor, nenhum persista em continuar imerso na noite, mas avancemos todos resplandecentes; iluminados por este fulgor, vamos todos juntos ao seu encontro e com o velho Simeão recebamos a luz clara é eterna; associemo-nos à sua alegria e cantemos com ele um hino de acção de graças ao Pai da luz, que enviou a luz verdadeira e, afastando todas as trevas, nos fez participantes do seu esplendor.
     A salvação de Deus, com efeito, preparada diante de todos os povos, manifestou a glória que nos pertence a nós, que somos o novo Israel; e nós próprios, graças a Ele, vimos essa salvação e fomos absolvidos da antiga e tenebrosa culpa, tal como Simeão, depois de ver a Cristo, foi libertado dos laços da vida presente.
     Também nós, abraçando pela fé a Cristo Jesus que vem de Belém, nos convertemos de pagãos em povo de Deus (Jesus é com efeito a Salvação de Deus Pai) e vemos com os nossos próprios olhos Deus feito carne; e porque vimos a presença de Deus e a recebemos, por assim dizer, nos braços do nosso espírito, nos chamamos novo Israel. Com esta festa celebramos cada ano de novo essa presença, que nunca esquecemos.

Oração a Nossa Senhora das Candeias

Ó Maria, por quem nos é dado Jesus Cristo, a Luz do mundo: abri-nos os olhos da fé para não cairmos na escuridão do pecado e do erro; aconselhai-nos nos momentos difíceis, para não nos desviarmos do caminho que nos leva à Luz eterna; iluminai-nos nas dúvidas e incertezas com a luz da Verdade, para que possamos ser sempre fiéis ao Evangelho; inflamai o nosso coração com o fogo do vosso amor, para sempre amarmos Jesus e torná-lo amado por todos.
Nós vos pedimos também por aqueles que perderam a luz da fé e pelos que ainda não foram iluminados pela luz do vosso Filho, a quem buscam sinceramente em meio às trevas da ignorância.
Mãe de Deus das Candeiaslivrai-nos de toda cegueira espiritual e corporal, para que nos tornemos, e de fato sejamos, luz para o mundo, conforme o desejo de vosso Filho Jesus.

domingo, 29 de janeiro de 2012

Preparação para a Festa da Apresentação do Senhor (4)


Cardeal John Henry Newman (1801-1890), presbítero, fundador de comunidade religiosa, teólogo.
"Os meus olhos viram a tua salvação"

     "De repente, entrará no seu Templo o Senhor que vós procurais" (Ml 3,1). Hoje é-nos recordada a ação silenciosa da Providência de Deus. Acontecimentos que tinham sido previstos há muito inserem-se tranquilamente no curso do tempo; as visitas do Senhor permanecem simultaneamente repentinas e misteriosas... Nesta cena, não há verdadeiramente nada de extraordinário nem de impressionante; no mundo, pessoas como os pais desta criança, tão pobres, e dois velhos como estes são olhados sem grande interesse e passa-se à frente. Contudo, o que temos aqui é a realização solene de uma profecia antiga e prodigiosa... A criança que se toma nos braços é o Salvador do mundo, o autêntico herdeiro que vem, sob a aparência de um desconhecido, visitar a sua própria casa.
      O profeta tinha dito: "Quem poderá suportar o dia da sua vinda?" (Ml 3,2); ei-lo que vem para tomar posse dela. Além disso, o velho Simeão está repleto dos dons do Espírito: alegria, açãode graças, esperança, misteriosamente misturadas com o temor, o susto e a dor. Também Ana se torna profetisa e as testemunhas a quem se dirige são o autêntico Israel que espera com fé a redenção do mundo de acordo com as promessas. "A glória que virá desse Templo ultrapassará a do antigo", tinha anunciado um outro profeta (Ag 2,9). Ei-la agora! , essa glória: um menino com seus pais, dois velhos e uma assembleia sem nome e sem futuro. "A vinda do Reino não se deixa ver" (Lc 17,20).
      Tal foi sempre a maneira de Deus fazer as suas visitas...: o silêncio, o inesperado, a surpresa aos olhos do mundo, apesar das predições conhecidas de todos, cujo sentido a Igreja verdadeira apreende e espera o cumprimento... Não pode ser de outra forma. Os avisos de Deus são claros mas o mundo continua o seu curso; envolvidos pelas suas atividades, os homens não sabem discernir o sentido da história. Tomam grandes acontecimentos por fatos sem importância e medem o valor das realidades segundo uma perspectiva apenas humana... O mundo permanece cego, mas a Providência oculta de Deus realiza-se dia após dia.

Oração a Nossa Senhora das Candeias
Ó Maria, por quem nos é dado Jesus Cristo, a Luz do mundo: abri-nos os olhos da fé para não cairmos na escuridão do pecado e do erro; aconselhai-nos nos momentos difíceis, para não nos desviarmos do caminho que nos leva à Luz eterna; iluminai-nos nas dúvidas e incertezas com a luz da Verdade, para que possamos ser sempre fiéis ao Evangelho; inflamai o nosso coração com o fogo do vosso amor, para sempre amarmos Jesus e torná-lo amado por todos.
Nós vos pedimos também por aqueles que perderam a luz da fé e pelos que ainda não foram iluminados pela luz do vosso Filho, a quem buscam sinceramente em meio às trevas da ignorância.
Mãe de Deus das Candeiaslivrai-nos de toda cegueira espiritual e corporal, para que nos tornemos, e de fato sejamos, luz para o mundo, conforme o desejo de vosso Filho Jesus.

Leia abaixo a Lectio Divina da IV Semana do Tempo Comum

Lectio Divina para a IV semana do Tempo Comum

«Ensinava-os como quem tem autoridade»

O Evangelho que escutaremos esta semana é certamente um texto construído com arte. As pessoas dão-se conta que Jesus ensina com autoridade e que a sua mensagem, a sua doutrina é nova, é viva, é Ele. A sua autoridade vem confirmada por um milagre, que no entanto se transforma num simples sinal. O sinal não é realidade, mas convida a perceber tantas outras coisas. Neste episódio descobrimos em Jesus o Salvador que não aceita o testemunho do mal: Cala-te!
 Evangelho segundo São Marcos (Mc 1, 21-28)
«Jesus chegou a Cafarnaum e quando, no sábado seguinte, entrou na sinagoga e começou a ensinar, todos se maravilhavam com a sua doutrina, porque os ensinava com autoridade e não como os escribas. Encontrava-se na sinagoga um homem com um espírito impuro, que começou a gritar: «Que tens Tu a ver conosco, Jesus Nazareno? Vieste para nos perder? Sei quem Tu és: o Santo de Deus». Jesus repreendeu-o, dizendo: «Cala-te e sai desse homem». O espírito impuro, agitando-o violentamente, soltou um forte grito e saiu dele. Ficaram todos tão admirados, que perguntavam uns aos outros: «Que vem a ser isto? Uma nova doutrina, com tal autoridade, que até manda nos espíritos impuros e eles obedecem-lhe!» E logo a fama de Jesus se divulgou por toda a parte, em toda a região da Galileia».
 SEGUNDA-FEIRA
Palavra - «Jesus chegou a Cafarnaum e quando, no sábado seguinte, entrou na sinagoga e começou a ensinar».
Jesus inicia assim, no Evangelho de Marcos, a sua atividade pública. Num sábado, o dia sagrado dos judeus, Jesus apresenta-se no templo para ensinar. Um Jesus que nunca está só. Sempre acompanhado dos seus discípulos.
Meditação
A missão de Jesus é convocar, reunir para salvar. Jesus vem ao nosso encontro, tal como veio ao encontro dos apóstolos, ele aproxima-se também das pessoas e não está à espera que elas venham a Ele. Dá o primeiro passo e vai ao encontro. É o Deus-conosco, que se faz sempre próximo.
Oração
Obrigado Senhor porque hoje também te aproximas de mim, tu que estás presente na Palavra, nos irmãos, nos Sacramentos. Obrigado pela tua vida, pela tua presença viva, fecunda e silenciosa. Obrigado pelo conforto que nos dás ao recordar-nos de novo que não estou só, mas que posso contar contigo.
Ação
Também eu posso dar um primeiro passo. Aproximar-me de alguém de qual tenho dificuldade em aproximar-me.
 TERÇA-FEIRA
Palavra - «Todos se maravilhavam com a sua doutrina, porque os ensinava com autoridade e não como os escribas».
O seu ensinamento é diferente. «Todos se maravilhavam», pois «ensinava com autoridade». O Evangelista não menciona o conteúdo da mensagem, pois nem isso é importante, Jesus é a boa noticia. 
Meditação
Todos se maravilhavam com Jesus. Jesus encanta, seduz e eu deixo-me encantar, maravilhar. Com que olhos vejo Jesus? É para mim já rotina, sem novidade sem encanto, sem entusiasmo? A sua vida e o seu proceder nos interpelam sempre mais, a sua “autoridade” nos surpreende pois esta advém da sua verdade, da sua simplicidade, do seu ser verdadeiro Homem e verdadeiro Deus.
Oração
Ajuda-me Senhor a deixar-me maravilhar por ti. Vivo na pressa da rotina, da minha agenda, dos meus compromissos, e não sou capaz de olhar tantos sinais que me passam ao lado. Ajuda-me Senhor a deixar-me maravilhar, dá-me paz, dá-me força para travar a pressa que tritura o meu dia a dia turbulento. Deixa-me maravilhar de novo por ti!
Ação
Deixa-te também maravilhar por Jesus. Encontra cinco minutos hoje, e em silêncio procura descobrir as maravilhas da criação, da tua vida, da humanidade. Pára e deixa-te tocar pelas maravilhas que quotidianamente nos passam ao lado redescobrindo assim que Ele nos acompanha.
 QUARTA-FEIRA
Palavra - «Encontrava-se na sinagoga um homem com um espírito impuro, que começou a gritar: Que tens Tu a ver conosco, Jesus Nazareno? Vieste para nos perder?»
O endemoniado representa todas as objeções que nos impedem de seguir Jesus. Este homem estava na sinagoga, participa na oração, professa a sua fé (!), mas as suas palavras querem afastar Jesus da nossa vida.
Meditação 
«Que tens tu a ver conosco?» São tantas as desculpas que encontramos para nos separarmos de Deus, desculpas esfarrapadas, que manifestam a nossa fraqueza a nossa debilidade. Custa-nos aceitar o evidente e deixamo-nos invadir por ingênuas interrogações. Diante de tão grande evidência como será que encontramos tantas dúvidas. Este espírito acredita, professa quem é Jesus! Mas não quer nada com Ele.
Oração
Converte, Senhor, os corações e começa comigo.
Dá-nos mais fé e amor e começa comigo.
Envia Senhor tua Palavra e tudo será recriado.
E começa, começa, começa comigo.
Ilumina, Senhor, os ignorantes e começa comigo.
Endireita os passos desviados e começa comigo.
Envia tua luz tua verdade, que nos levarás tua presença.
E começa, começa, começa comigo.
Desperta, Senhor, a tua Igreja e começa comigo.
Dispõe-na sempre a servir e começa comigo.
Envia, Senhor a tua paz para todos os recantos do mundo.
E começa, começa, começa comigo.
Ação
Eu também digo destas desculpas: não dá tempo, agora não, etc. Os nossos dinamismos encontram tantos modos originais para desculpar-nos. A Palavra de Deus poderá hoje iluminar este aspecto da nossa vida. Como os discípulos de Emaús tantas vezes estamos à frente da mais evidente verdade, mas não acreditamos. Talvez fosse tempo de abrir os olhos… E professar de novo em silêncio: “Senhor eu creio. Ajuda a minha pouca fé! (Mc 9, 24)”
 QUINTA-FEIRA
Palavra - «Sei quem Tu és: o Santo de Deus».
O demônio também acredita. Mas a nossa fé não pode ser indiferente da nossa vida. O diabo – aquele que separa – quer que nos distanciemos de Jesus. Ele sabe que Jesus é «o Santo de Deus»… mas procura sempre separar-nos da sua presença, do seu amor.
Meditação
Não basta acreditar. É preciso aderir com todas as nossas forças e contar com a força dele, com a sua graça, com a sua vida. A nossa sociedade, o nosso mundo, a nossa cultura sofre desta mentalidade: Sabe! Sabemos tantas coisas, conhecimentos, informações, dados e notícias, mas a fé é adesão a Jesus, é vida, é experiência acolhida por cada cristão. Não basta “saber o catecismo de cor”, a doutrina social da Igreja, as encíclicas e a Bíblia, etc. Jesus pede-nos a vida, uma vida a partilhar.
Oração
Estás escondido no verde das florestas,
Nas aves em festa e no sol a brilhar.
Na sombra que abriga, na brisa amiga.
Na fonte que corre ligeira a cantar.
Obrigado, Senhor, porque és meu amigo.
Porque estás sempre comigo e falas para que te escute.
No perfume das flores, na harmonia das cores
E no mar que murmura o teu nome a rezar.
Te agradeço ainda porque na alegria,
Ou na dor de cada dia eu te posso encontrar.
Quando a dor me consome, murmuro o teu nome.
E mesmo sofrendo, eu posso cantar.
Ação
Talvez à luz da palavra de hoje possamos em silêncio dizer a Jesus a nossa profissão de fé. Quem é Jesus para mim. Como dois enamorados que deixam o coração falar. Jesus tu és…
SEXTA-FEIRA
Palavra - “Jesus repreendeu-o, dizendo: «Cala-te e sai desse homem».
É o primeiro milagre de Jesus. Jesus luta contra o mal e não lhe deixa o mínimo espaço. Expulsa-o definitivamente: «Cala-te e sai desse homem».
Meditação
A nossa fé em Jesus não pode ser movida exclusivamente por milagres, porque Jesus é alguém especial. Este tipo de fé é ameaçado pelo medo, pelo terror de um Jesus que pode tudo. Por isso Jesus nos convida a fazer experiência, a experimentar o seu amor, a sua vida, vida que é testemunhada. É neste contexto que podemos perceber como os milagres de Jesus são ligados à experiência de fé das pessoas. Jesus não se diverte a fazer milagres para que acreditem nele.
Oração
Mesmo que eu não queira, converte-me Senhor.
Mesmo que eu não peça, converte-me Senhor.
Mesmo se a consciência me disser que eu não pequei.
Mesmo assim tem piedade de mim pelas vezes que eu errei.
Se alguém saiu ferido, quando por minha vida passou.
Se alguém perdeu a paz, quando meu egoísmo mais forte falou.
Se eu não souber ser irmão, se eu não souber ser cristão.
Perdoa-me Senhor, converte o meu coração.
Ação
Hoje talvez seja uma nova oportunidade como o foi para aquele homem de restabelecer a comunhão com Jesus. Talvez seja esta palavra um convite também a reconciliar-me com Jesus, a reconhecer que nele está a vida, nele está o perdão, nele está a salvação.
SÁBADO
Palavra - «O espírito impuro, agitando-o violentamente, soltou um forte grito e saiu dele. Ficaram todos tão admirados, que perguntavam uns aos outros: “Que vem a ser isto? Uma nova doutrina, com tal autoridade, que até manda nos espíritos impuros e eles obedecem-lhe!” E logo a fama de Jesus se divulgou por toda a parte, em toda a região da Galileia».
Jesus dá assim de novo vida nova àquela pessoa. O primeiro milagre em Marcos é esta libertação do mal e uma adesão plena a Jesus.
Meditação
O texto que temos vindo a meditar ao longo destes dias nos recorda a evidência do mal, do demônio. É importante estarmos conscientes que temos de ser fortes, que como dizemos dia após dia no Pai-nosso, precisamos da sua ajuda para “livrar-nos do mal”. Que o testemunho deste episódio evangélico nos estimule sempre mais a confiar na força de Jesus, na sua graça. Ele é potente, Ele é amor, ele de novo espera-nos de braços abertos.
Oração
Nada nos separará do amor de Deus
Porque, estou convencido de que
nem a morte nem a vida,
nem os anjos nem os principados,
nem o presente nem o futuro,
nem as potestades,
nem a altura, nem o abismo,
nem qualquer outra criatura
poderá separar-nos do amor de Deus
que está em Cristo Jesus, Senhor nosso (cf. Rom 8, 38-39).
Ação
“Se hoje ouvirdes a voz do Senhor, não fecheis os vossos corações”, este será o refrão do salmo de domingo, uma bela frase a repetir ao longo do nosso dia. Pois ele nos convida sempre a viver em comunhão com Ele, a restabelecer esta amizade de vida, esperança e salvação.

sábado, 28 de janeiro de 2012

PARA A LECTIO DIVINA
DO 4º DOMINGO DO TEMPO COMUM
UM PROFETA QUE INCOMODA!
Sabemos ouvir a Palavra dos nossos profetas que nos falam, certamente, de outra maneira, mas que nos trazem a novidade do nosso Deus?
A reflexão é de Raymond Gravel, sacerdote de Quebec, Canadá, publicada no sítio Culture et Foi, comentando as leituras do 4º Domingo do Tempo Comum (29 de janeiro de 2012). A tradução é de Susana Rocca.
A primeira leitura e o Evangelho de hoje nos falam de profetismo. Um profeta com nome misterioso para aquele ou aquela que é profeta e que tem bonita missão para a pessoa que a exerce. E, no entanto, todos e todas nós deveríamos ser profetas. O Concílio Vaticano II afirmou que todos os batizados participam na função profética de Cristo. Mas o que é exatamente? O que é um profeta?
1. O profeta: Segundo o dicionário, profeta é aquele ou aquela que prediz o futuro. É completamente falso, porque a pessoa que prediz o futuro, é um astrólogo ou um cartomante ou um vidente. Isso não tem nada a ver com o profetismo. Basicamente, o profeta não é a pessoa que adivinha o futuro, mas aquele ou aquela que fala em nome de alguém… como cristão em nome de Cristo, em nome de Deus. O profeta não prediz o futuro; lê o presente. E, se acontece de ele ter que falar do futuro é porque ele utilizou o tempo para analisar o presente, ler os sinais dos tempos e poder alertar sobre o futuro. Um profeta deve ter discernimento e muito bom senso.
Na primeira leitura, hoje, o livro do Deuteronômio recorda ao povo de Israel que, doravante, Deus não falará mais diretamente; ele utilizará um intermediário, um profeta para falar ao povo: “Javé seu Deus fará surgir, dentre seus irmãos, um profeta como eu em seu meio, e vocês o ouvirão. Foi o que você pediu a Javé seu Deus, no Horeb, no dia da assembléia: ‘Não quero continuar ouvindo a voz de Javé meu Deus, nem quero ver mais este fogo terrível, para não morrer’.” (Dt 18,15-16). Além disso, foi difícil reconhecer Moisés como profeta, assim como foi difícil reconhecer Cristo como profeta.
No Evangelho de hoje, o evangelista Marcos faz uma bonita declaração: “As pessoas ficavam admiradas com o seu ensinamento, porque Jesus ensinava como quem tem autoridade e não como os doutores da Lei” (Mc 1,22), isso não impediu que alguém contestasse às suas palavras: “Que queres de nós, Jesus Nazareno? Vieste para nos destruir? Eu sei quem tu és: tu és o Santo de Deus!”(Mc 1,24). É curioso, porque mesmo sabendo quem é igualmente o homem contesta e recusa a novidade da Palavra que ele traz. Mas quem é, por conseguinte, este homem apresentado por Marcos como um possuído, que reconhece a identidade do Cristo do Evangelho e que se opõe ao seu ensinamento? É necessário que seja alguém com autoridade: um líder da comunidade, um padre, um escriba, o pároco da época… que recusa a novidade do Evangelho, como acontece tantas vezes ainda hoje. E lá, Jesus o manda calar (Mc 1,25). E o evangelista acrescenta: “Todos ficaram muito espantados e perguntavam uns aos outros: “O que é isso? Um ensinamento novo, dado com autoridade... Ele manda até nos espíritos maus e eles obedecem!” (Mc 1,27).
Sem querer fazer um paralelo com a atualidade, parece-me que se Marcos precisa tratar de um ensinamento novo, diferente daquele dos padres e dos escribas do tempo, esse ensinamento deve ter chocado, mobilizado, agitado mesmo aos responsáveis religiosos da época. Mas o Cristo do Evangelho não aponta ao homem mesmo, mas ao seu encerramento, à sua recusa de acolher a novidade de Deus que se manifesta através dele, das suas leis, dos seus preceitos e dos seus regulamentos que asfixiam e que trancam as pessoas numa culpabilidade que é contrária ao Espírito de Liberdade do Cristo do Evangelho. Um exegeta francês anônimo escreve: “E exatamente o sentido da ordem de Jesus ao espírito do mau: Silêncio! Sai deste homem! Jesus veio para que os seres humanos tenham vida e a tenham em abundância. A sua autoridade é unicamente um poder de vida e não de morte. Os escribas acabavam esterilizando a Lei. Jesus a libera de qualquer constrangimento para oferecer uma Palavra criadora de vida. E nós, em Igreja, que fazemos desta Palavra? Bastante freqüentemente transformamos as palavras do Evangelho em demasiados preceitos morais, jurídicos, que encerram na consciência na culpa, em vez de fazer chamadas do Espírito de Liberdade que quer nos colocar de pé, fazer de nós pessoas acordadas, vivas”.
2. O profeta hoje: Quem são os profetas de hoje? O cardeal belga Godfried Danneels escreve: “O nome de Deus é Jesus de Nazareth. Porque é pelo Filho que eu conheço o Pai. É a via de acesso. Posso, evidentemente, falar do Pai mas sempre está escondido, por trás, o nome do seu Filho. É um homem concreto que viveu conosco e entre nós, que deixa vestígios na história. É um Deus histórico”. Se eu acompanho a reflexão do Cardeal Danneels, devo dizer que esse Deus histórico encarnado em Jesus de Nazaré continua sempre vivo, hoje, através de nós, a sua Igreja. O que significa que o nome de Deus, hoje, é Cristo Ressuscitado e o Cristo Ressuscitado somos nós. É por isso que, todas e todos nós somos profetas pelo nosso batismo e pelo nosso compromisso como discípulos do Ressuscitado, visto que somos o seu Corpo. Então a pergunta que nos fazemos é a seguinte: Que rostos de Deus, de Cristo, nós damos a conhecer ao mundo no qual vivemos? O rosto de um Deus vingativo? Guerreiro? Juiz? Mesquinho? Hipócrita? Ou um rosto de um Deus de Amor? De tolerância? De perdão? De divisão? De paz? De esperança?
            Diz-se, com freqüência, que atualmente os homens e as mulheres não querem mais ouvir falar de Deus. Será que é realmente de Deus que as pessoas não querem mais ouvir falar? Não será exatamente de determinados rostos de Deus que são apresentados a elas? Ouvir certos líderes de hoje, que encarnam um Deus perverso: que julga, que condena e que exclui, posso compreender que há crentes que não querem mais ouvir falar. Mas, se lhes apresentam um Deus de Amor que acolhe o outro, qualquer outro, no respeito e na dignidade, parece-me que os cristãos de hoje como os de ontem, seriam menos reticentes a esse Deus da história, que é um Deus de Liberdade e de Amor.
Concluindo, podemos pedir a Deus, nas nossas orações, que nos envie profetas para falar em seu nome. Ousaria dizer: Parem de lhe pedir e comecem a reconhecer aqueles que já estão aqui e que nos falam dele, porque como bem fala um exegeta do Quebec, Jean-Pierre Prévost: “O problema não está do lado de Deus que nos envia sempre os profetas que necessitamos, mas sim da nossa parte e da acolhida que lhes damos”. Sabemos ouvir a Palavra dos nossos profetas que nos falam de outra maneira, certamente, mas que nos trazem a novidade do nosso Deus?

Leia abaixo o terceiro texto de preparação para a Festa da Apresentação.

Preparação para a Festa da Apresentação do Senhor (3)
 
 
São Sofrónio de Jerusalém (?-639), monge, bispo
Homilia para a festa das luzes

“Eu vim como a luz ao mundo, para que todo aquele que crê em Mim não permaneça nas trevas” (Jo 12, 46)

      "Vamos ao encontro de Cristo, todos nós que veneramos o Seu mistério com fervor, avancemos para Ele de todo o coração. Quando todos, sem exceção, participarem neste encontro, que todos levem as suas luzes. Se os nossos círios dão semelhante luz, é antes de mais para mostrar o esplendor divino Daquele que vem, Daquele que faz resplandecer o universo e o mundo com uma luz eterna, que afasta as trevas do mal. É também, e sobretudo, para manifestar com que esplendor da nossa alma devemos ir ao encontro de Cristo. Com efeito, tal como a Mãe de Deus, a Virgem puríssima, trouxe nos seus braços a luz verdadeira, para ir ao encontro “daqueles que se encontravam nas trevas” (Is 9, 1; Lc 1, 79), assim também nós, iluminados pelos seus raios, e tendo na mão uma luz visível para todos, apressemo-nos a ir ao encontro de Cristo.
       É evidente que, dado que a luz veio a este mundo (Jo 1, 9), iluminando os que estavam nas trevas, porque nos visitou a “luz do alto” (Lc 1, 78), esse mistério é o nosso mistério. […] Corramos, pois, todos juntos, vamos todos ao encontro de Deus. […] Deixemo-nos iluminar a todos por Ele, meus irmãos, tornemo-nos todos resplandecentes. Que nenhum de nós permaneça afastado desta luz, como se fosse um estrangeiro; que nenhum se obstine em permanecer mergulhado na noite. Pelo contrário, avancemos para a claridade; caminhemos, iluminados, ao seu encontro, e recebamos, com o velho Simeão, esta luz gloriosa e eterna.
      Com ele exultemos de todo o coração e cantemos um hino de ação de graças a Deus, Pai da luz (Tg 1,17), que nos enviou a claridade verdadeira, para nos tirar das trevas e nos tornar resplandecentes.
      Graças a Cristo, também nós vimos salvação de Deus, que Ele preparou “em favor de todos os povos”, e que manifestou para “glória de Israel” (Lc 2, 30-32). E também nós fomos libertados da noite do nosso pecado, como Simeão o foi dos laços da vida presente, ao ver Cristo."


Oração a Nossa Senhora das Candeias
   Ó Maria, por quem nos é dado Jesus Cristo, a Luz do mundo: abri-nos os olhos da fé para não cairmos na escuridão do pecado e do erro; aconselhai-nos nos momentos difíceis, para não nos desviarmos do caminho que nos leva à Luz eterna; iluminai-nos nas dúvidas e incertezas com a luz da Verdade, para que possamos ser sempre fiéis ao Evangelho; inflamai o nosso coração com o fogo do vosso amor, para sempre amarmos Jesus e torná-lo amado por todos.
Nós vos pedimos também por aqueles que perderam a luz da fé e pelos que ainda não foram iluminados pela luz do vosso Filho, a quem buscam sinceramente em meio às trevas da ignorância.
Mãe de Deus das Candeias, livrai-nos de toda cegueira espiritual e corporal, para que nos tornemos, e de fato sejamos, luz para o mundo, conforme o desejo de vosso Filho Jesus.


sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Preparação para a festa da Apresentação do Senhor (2)

Evangelho de São Lucas:
"Quando se cumpriu o tempo da sua purificação, segundo a Lei de Moisés, levaram-no a Jerusalém para o apresentarem ao Senhor, conforme está escrito na Lei do Senhor: «Todo o primogénito varão será consagrado ao Senhor» e para oferecerem em sacrifício, como se diz na Lei do Senhor, duas rolas ou duas pombas. Ora, vivia em Jerusalém um homem chamado Simeão; era justo e piedoso e esperava a consolação de Israel. O Espírito Santo estava nele. Tinha-lhe sido revelado pelo Espírito Santo que não morreria antes de ter visto o Messias do Senhor. Impelido pelo Espírito, veio ao templo, quando os pais trouxeram o menino Jesus, a fim de cumprirem o que ordenava a Lei a seu respeito. Simeão tomou-o nos braços e bendisse a Deus, dizendo: «Agora, Senhor, segundo a tua palavra, deixarás ir em paz o teu servo, porque meus olhos viram a Salvação que ofereceste a todos os povos, Luz para se revelar às nações e glória de Israel, teu povo.»

De Aelred de Rielvaux (1110-1167), monge cisterciense inglês
No "Encontro do Senhor"
«Simeão tomou o menino nos braços»
     "Simeão veio ao templo, conduzido pelo Espírito". E tu, se procuraste bem Jesus, por toda a parte, quer dizer, se - como a Esposa do Cântico dos Cânticos (Ct 3,1-3) – o procuraste escondido no teu repouso, quer lendo, quer meditando, se também o procuraste na cidade, interrogando os teus irmãos, falando dele, partilhando acerca dele, se o procuraste nas ruas e nas praças aproveitando as palavras e os exemplos dos outros, se o procuraste junto das sentinelas, isto é, escutando os que atingiram a perfeição, então também tu virás ao templo, “conduzido pelo Espírito”. Certamente que esse é o melhor lugar para o encontro entre o Verbo e a alma: procuramo-lo por toda a parte, encontramo-lo no templo… “Encontrei aquele que a minha alma ama” (Ct 3,4). Procura, pois, por toda a parte, procura em tudo, procura junto de todos, passa e ultrapassa tudo para finalmente entrares na tenda, na morada de Deus, e então encontrá-lo-ás.
     “Simeão veio ao templo, conduzido pelo Espírito”. Portanto, quando os seus pais levaram o Menino Jesus, também ele o recebeu nas suas mãos: eis o amor que prova pelo consentimento, que se prende pelo abraço, que saboreia pelo afeto. Oh, irmãos, que aqui se cale a língua… Aqui nada é mais desejável do que o silêncio: são os segredos do Esposo e da Esposa…, o estrangeiro não poderia tomar parte neles. “O meu segredo é meu, o meu segredo é meu!” (Is 24,16 Vlg). Onde está, para ti, o teu segredo, Esposa que foste a única a experimentar qual é a doçura que se saboreia quando, num beijo espiritual, o espírito criado e o Espírito incriado vão ao encontro um do outro e se unem um ao outro, a tal ponto que são dois em um, melhor, diria eu, um só, justificante e justificado, santificado e santificante, divinizante e divinizado?...
     Pudéssemos nós merecer dizer também o que se segue : "Agarrei-te e não mais te largarei" (Ct 3,4). Isso, S. Simeão mereceu-o, ele que disse : "Agora, Senhor, podes deixar o teu servo partir em paz". Quis que o deixassem partir, liberto dos laços da carne, para apertar mais intimamente com o abraço do seu coração Jesus Cristo nosso Senhor, a quem pertence a glória e a honra pelos séculos sem fim.

Oração a Nossa Senhora das Candeias
Ó Maria, por quem nos é dado Jesus Cristo, a Luz do mundo: abri-nos os olhos da fé para não cairmos na escuridão do pecado e do erro; aconselhai-nos nos momentos difíceis, para não nos desviarmos do caminho que nos leva à Luz eterna; iluminai-nos nas dúvidas e incertezas com a luz da Verdade, para que possamos ser sempre fiéis ao Evangelho; inflamai o nosso coração com o fogo do vosso amor, para sempre amarmos Jesus e torná-lo amado por todos.
Nós vos pedimos também por aqueles que perderam a luz da fé e pelos que ainda não foram iluminados pela luz do vosso Filho, a quem buscam sinceramente em meio às trevas da ignorância.
Mãe de Deus das Candeias, livrai-nos de toda cegueira espiritual e corporal, para que nos tornemos, e de fato sejamos, luz para o mundo, conforme o desejo de vosso Filho Jesus.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Preparação para a festa da Apresentação do Senhor.
     Queridos irmãos carmelitas:
     No próximo dia 2 de fevereiro, celebraremos a festa da Apresentação do Senhor, dia dedicado aos consagrados.  Para que possamos nos preparar para esta festa tão grande, iniciamos hoje uma semana de meditação com os Santos Padres e outros doutores e santos da Igreja.

Evangelho segundo S. Lucas 2,22-40.
"Quando se cumpriu o tempo da sua purificação, segundo a Lei de Moisés, levaram-no a Jerusalém para o apresentarem ao Senhor, conforme está escrito na Lei do Senhor: «Todo o primogénito varão será consagrado ao Senhor» e para oferecerem em sacrifício, como se diz na Lei do Senhor, duas rolas ou duas pombas. Ora, vivia em Jerusalém um homem chamado Simeão; era justo e piedoso e esperava a consolação de Israel. O Espírito Santo estava nele. Tinha-lhe sido revelado pelo Espírito Santo que não morreria antes de ter visto o Messias do Senhor. Impelido pelo Espírito, veio ao templo, quando os pais trouxeram o menino Jesus, a fim de cumprirem o que ordenava a Lei a seu respeito. Simeão tomou-o nos braços e bendisse a Deus, dizendo: «Agora, Senhor, segundo a tua palavra, deixarás ir em paz o teu servo, porque meus olhos viram a Salvação que ofereceste a todos os povos, Luz para se revelar às nações e glória de Israel, teu povo.» Seu pai e sua mãe estavam admirados com o que se dizia dele. Simeão abençoou os e disse a Maria, sua mãe: «Este menino está aqui para queda e ressurgimento de muitos em Israel e para ser sinal de contradição; uma espada trespassará a tua alma. Assim hão-de revelar-se os pensamentos de muitos corações.» Havia também uma profetisa, Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser, a qual era de idade muito avançada. Depois de ter vivido casada sete anos, após o seu tempo de donzela, ficou viúva até aos oitenta e quatro anos. Não se afastava do templo, participando no culto noite e dia, com jejuns e orações. Aparecendo nessa mesma ocasião, pôs-se a louvar a Deus e a falar do menino a todos os que esperavam a redenção de Jerusalém. Depois de terem cumprido tudo o que a Lei do Senhor determinava, regressaram à Galileia, à sua cidade de Nazaré. Entretanto, o menino crescia e robustecia-se, enchendo-se de sabedoria, e a graça de Deus estava com Ele."

DEIXA O TEU SERVO IR EM PAZ; MEUS OLHOS TE VIRAM!
Das homilias de Orígenes (185-253), presbítero e teólogo:
           Simeão sabia que o único que pode libertar-nos da prisão do corpo, com a esperança da vida futura, é Aquele que ele tinha nos braços. Foi por isso que disse: «Agora, Senhor, segundo a tua palavra, deixarás ir em paz o teu servo, porque enquanto não tive Cristo nos meus braços era como que prisioneiro, estava incapaz de me libertar das cadeias.» E note-se que isto não se aplica somente a Simeão, mas a todos os homens. Se alguém abandona este mundo e quer alcançar o Reino, tome Jesus nos braços, aperte-O ao peito, e poderá chegar com grande alegria aonde deseja ir.
           «Todos aqueles que são movidos pelo Espírito de Deus são filhos de Deus» (Rm 8,14). Assim, pois, foi o Espírito Santo que levou Simeão ao Templo. E tu, se desejas ter Jesus nos braços e tornar-te digno de sair dessa prisão, esforça-te por te deixares conduzir pelo Espírito, para chegares ao templo de Deus. Desde já te encontras no templo do Senhor Jesus, ou seja, na Sua Igreja, neste templo de pedras vivas (1Pd 2,5).
           Assim ,pois, se vieres ao Templo conduzido pelo Espírito, encontrarás o Menino Jesus, toma-Lo-ás nos teus braços e dirás: «Agora, Senhor, segundo a Tua palavra, deixarás ir em paz o Teu servo». Esta libertação e esta partida têm lugar na paz. Quem morre em paz, senão aquele que tem a paz de Deus, que sobrepuja todo o entendimento e guarda os corações e os pensamentos em Cristo (Fl 4,7)? Quem se retira em paz deste mundo, senão aquele que compreende que Deus veio, em Cristo, reconciliar-Se com o mundo?

                                                                              Oração
     Ó Maria, por quem nos é dado Jesus Cristo, a Luz do mundo: abri-nos os olhos da fé para não cairmos na escuridão do pecado e do erro; aconselhai-nos nos momentos difíceis, para não nos desviarmos do caminho que nos leva à Luz eterna; iluminai-nos nas dúvidas e incertezas com a luz da Verdade, para que possamos ser sempre fiéis ao Evangelho; inflamai o nosso coração com o fogo do vosso amor, para sempre amarmos Jesus e torná-lo amado por todos.
     Nós vos pedimos também por aqueles que perderam a luz da fé e pelos que ainda não foram iluminados pela luz do vosso Filho, a quem buscam sinceramente em meio às trevas da ignorância.
     Mãe de Deus das Candeias, livrai-nos de toda cegueira espiritual e corporal, para que nos tornemos, e de fato sejamos, luz para o mundo, conforme o desejo de vosso Filho Jesus.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

EM QUE CONSISTE A VOCAÇÃO PARA O CARMELO?
     Na Igreja há muitas vocações, muitos carismas, muitas tarefas, muitas necessidades, muitos serviços. Ao longo dos séculos, diante das necessidades do povo de Deus, sempre apareceram pessoas que procuravam ler a situação do povo à luz da Palavra de Deus e se sentiam impelidas para responder ao chamado que vinha da realidade. Assim foram surgindo as várias congregações, as ordens, os institutos, os movimentos leigos e tantos outros movimentos e formas de ajuda para melhorar a vida das pessoas e transformar a convivência humana mais de acordo com a vontade de Deus. Assim surgiu a Ordem do Carmo, a Família Carmelitana. Foi na Idade Média, mais de oitocentos anos atrás.


A grande necessidade do povo de Deus na Idade Média
     No Século X e XI, apareceu uma grande necessidade no povo da Europa. O sistema social, econômico e político do feudalismo começou a desintegrar-se. Muita gente que vivia nos feudos, saía para ir morar nas periferias das cidades que estavam crescendo com muita força e poder. Assim, ao redor das cidades surgiam as massas de pobres, chamados “menores”. Na Igreja, o clero não estava preparado para esta mudança repentina e os grandes mosteiros dos monges, que viviam longe do povo, por ora não tinham resposta adequada.
     Diante deste grande clamor, diante desta vocação de Deus vinda da realidade, muitas pessoas começaram a procurar uma resposta. Uma destas pessoas foi Francisco de Assis. Para ajudar o povo a reencontrar Deus na vida, ele criou pequenas comunidades itinerantes de leigos que viviam entregues à oração e andavam pelos povoados para anunciar e irradiar a Boa Nova de Jesus. Era chamado o Movimento Mendicante.
     Os franciscanos (o nome vem de Francisco) se chamavam “Frades Menores”, porque procuravam viver com os “menores” e como os “menores”, os pobres. Como os “Frades Menores” surgiram vários outros grupos mendicantes: Dominicanos, Servitas, Mercedários e outros. Um deles somos nós: a Ordem dos Irmãos da Bem Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo, a Família Carmelitana.


A Família Carmelitana: sua vocação, seu carisma
     Os mendicantes nasceram para ajudar os “menores”, o povo pobre que vinha dos feudos e enchia as periferias das cidades. Cada grupo mendicante procurava responder a uma necessidade bem concreta do povo.
          • Os Franciscanos identificavam-se, sobretudo, com a pobreza e viviam pobres com os pobres, testemunhando e anunciando a Boa Nova de Jesus.
          • Os Dominicanos procuravam atender às necessidades do conhecimento deficiente que o povo tinha das coisas da fé, pois havia muita gente que semeava confusão entre os pobres.
          • Os Mercedários se uniam para ajudar na libertação dos muitos prisioneiros e escravos.
          • Os frades Carmelitas procuravam atender à grande necessidade que o povo sentia de saber como rezar, como viver com Deus na oração; como viver na presença de Deus, como irradiar esta presença de Deus no meio do povo, no meio dos “menores”.
     Os primeiros carmelitas, na sua maioria, eram leigos. Eles abandonaram a Europa, sua terra natal, para poderem viver, como peregrinos, na Terra de Jesus. Eles se estabeleceram no Monte Carmelo, onde era muito viva a memória do profeta Elias e do seu discípulo o profeta Eliseu. Lá no Monte Carmelo, começaram a organizar-se em comunidade ao redor da fonte do Profeta Elias e ao redor de uma capelinha dedicada a Santa Maria do Monte Carmelo. Eles foram morar lá, como eles mesmos diziam, para poder iniciar uma vida nova “em obséquio de Jesus Cristo”. Isto foi em torno do ano 1192.
     Eles viviam de maneira muito simples e pobre, cada um numa gruta na montanha, que eles chamavam de Cela.
           De manhã cedo, reuniam na capela para celebrar a Eucaristia.
           Durante o dia, rezavam os salmos, meditavam a vida de Jesus
           Trabalhavam para poder sobreviver.
           Em determinados dias desciam do Monte para os povoados a fim de anunciar a Boa Nova de Jesus ao povo do lugar.
     Depois de uns anos, eles quiseram ter a aprovação da Igreja para esta sua maneira de viver o Evangelho lá no Monte Carmelo. Resolveram conversar com o bispo de Jerusalém, o Patriarca Alberto.
           Mas antes de falarem com ele, fizeram uma reunião e elaboraram um rascunho, no qual expunham para Alberto o seu jeito próprio de “viver em obséquio de Jesus Cristo”.
           O patriarca Alberto acolheu o pedido e transformou o rascunho num programa de vida que é a Regra do Carmo. Isso foi em 1207.
     Uns 30 anos depois, eles decidiram que um grupo deles devia voltar para Europa, pois, diante das ameaças dos muçulmanos, a situação no Monte Carmelo estava cada vez mais insegura, com menos perspectivas. Assim, alguns deles voltaram para a Europa: uns foram para a ilha de Chipre, outros para Sicília e para o Sul da França. Isto foi em 1238.
     Nas cidades da Europa, a situação do povo era bem diferente do que nos povoados ao redor do Monte Carmelo. Por isso, para que pudessem servir melhor aos “menores” da Europa, pediram ao Papa Inocêncio IV para adaptar a Regra às novas circunstâncias. O Papa atendeu ao pedido, atualizando e aprovando a Regra. Isto foi no dia 1 de outubro de 1247.
     Um pouco mais de 50 anos depois, em 1300, já havia mais de 150 Comunidades Carmelitas ou Pequenos Carmelos em quase todos os países da Europa. Sinal de que o testemunho de vida deles era um apelo forte para a juventude da época.
     A Regra do Carmo, rascunhada pelos frades, escrita por Alberto em 1207 e adaptada e aprovada pelo Papa Inocêncio IV, está em vigor até hoje, 800 anos depois, animando e orientando toda a Família Carmelitana, a beber da mesma fonte e a produzir os mesmos frutos de vida, de santidade e de justiça.
     O Monte Carmelo: um ideal de vida “ao redor da fonte”
     O Monte Carmelo marcou para sempre a vida daqueles primeiros frades! Marcou-a de tal maneira, que o Monte deixou de ser uma simples montanha, uma referência geográfica, para tornar-se um ideal de vida. Por isso, em vez de Albertinos (o nome viria de Alberto), eles quiseram ser chamados de Carmelitas, Moradores do Carmelo. Cada pequena comunidade de carmelitas, seja de leigos, leigas, frades, freiras ou monjas, devia ser um Pequeno Carmelo, isto é,
           um lugar onde as pessoas deviam poder reencontrar o mesmo ideal de vida,
           a mesma Boa Nova de Deus,
           o mesmo ambiente acolhedor,
           a mesma hospitalidade
           a mesma fraternidade, que os tinha marcado para sempre desde aquele primeiro início lá no Monte Carmelo.
     Até hoje, tentamos recriar em nós o mesmo ideal de vida. Como os nossos Santos e Santas, iniciamos também nós a “Subida do Monte Carmelo”, junto com os filhos e filhas dos Profetas, junto com Alberto, Ângelo, Maria Madalena dei Pazzi, João Soreth, Nuno, João da Cruz, Tereza de Ávila, Teresinha de Lisieux, Tito Brandsma, Isidoro Bakanja, Gabriel Couto, Ângelo Paoli. Tantos e tantas! Homens e mulheres, sacerdotes e religiosas, monjas e leigos, casados e solteiros, pais e mães de família, jovens e velhos.
     A fonte em torno da qual os carmelitas se reúnem é a intuição mística que brota dentro de cada um de nós e sobe do fundo da nossa consciência dizendo: “Deus existe, ele está conosco, ele nos ouve; dele dependemos, nele vivemos, nos movemos e existimos. Somos da raça do próprio Deus” (cf. At 17,28). E o coração humano responde murmurando: “Sim, Tu nos fizeste para ti, e o nosso coração estará irrequieto até que não descanse em Ti!”
     E hoje, mais do que nunca, em cada nova geração que nasce, este murmúrio da alma levanta a cabeça em busca de uma resposta urgente e atualizada: Por que existimos? Quem nos fez? Quem é Deus? Qual o sentido da nossa vida? Deus, onde estás? As imagens de Deus mudam, devem mudar, para que os costumes e as imagens envelhecidas e antiquadas não nos impeçam de descobrir a novidade da vocação de Deus na vida de hoje.
           A água que Elias bebeu na fonte do Carmelo ajudou-o a redescobrir a presença de Deus quando ele, perdido e desanimado, deitou debaixo de uma árvore e pediu para morrer (1Rs 19,4).
           Ele imaginava Deus de um jeito: poderoso, forte, ameaçador, como terremoto, tempestade e fogo. Mas Deus já não estava no terremoto, nem na tempestade, nem no fogo (1Rs 19,11-12).
           A água que Elias tinha bebido na fonte do Monte Carmelo ajudou-o a superar as imagens antigas de Deus e o levou a discernir a presença divina, para além das imagens, na brisa leve (1Rs 19,12), no silêncio sonoro, na noite escura, mais clara que o sol do meio dia (Sl 139,12). Esta fonte brota sempre, até hoje, mesmo de noite! Venha Beber desta fonte!
     Quem tiver sede, venha beber, disse Jesus à Samaritana (Jo 4,14; 7,37-39). No Monte Carmelo existe a fonte que, ao longo dos séculos, matou a sede do profeta Elias, do profeta Eliseu, dos filhos dos profetas, dos Santos e Santas do Carmelo. Venha conosco beber desta fonte!

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

LECTIO DIVINA DA III SEMANA DO TEMPO COMUM
 
     Nesta III semana do tempo comum, com a ocorrência da festa da conversão de S. Paulo, propomos a reflexão da sua conversão no caminho de Damasco. É uma experiência de mudança, de transformação, de encontro com Cristo, fonte de renovação. Além do mais, somos convidados por nossa Santa Regra em seu capítulo 20, a vermos o Apóstolo como modelo a ser imitado por todo carmelita: “tendes o ensinamento e exemplo do apóstolo S. Paulo, pela boca do qual falava Cristo, e que Deus constituiu e deu como pregador e mestre dos gentios na fé e na verdade: seguindo-o não vos podereis enganar”.
 
LEITURA – At 22, 3-16
"Naqueles dias, Paulo disse ao povo: «Eu sou judeu e nasci em Tarso da Cilícia. Fui, porém, educado nesta cidade de Jerusalém e recebi na escola de Gamaliel uma formação estritamente fiel à Lei dos nossos pais. Era tão zeloso no serviço de Deus, como vós todos sois hoje. Persegui até á morte esta nova religião, algemando e metendo na prisão homens e mulheres, Como podem testemunhar o Sumo Sacerdote e todo o Sinédrio. Recebi até, da parte deles, cartas para os irmãos de Damasco e para lá me dirigi, com a missão de trazer algemados os que lá estivessem, a fim de serem castigados em Jerusalém. Sucedeu, porém, que, no caminho, ao aproximar-me de Damasco, por volta do meio-dia, de repente brilhou ao redor de mim uma intensa luz vinda do Céu. Caí por terra e ouvi uma voz que me dizia: ‘Saulo, Saulo, porque Me persegues?’ Eu perguntei: ‘Quem és Tu, Senhor?’. E Ele respondeu-me: ‘Eu sou Jesus Nazareno, a quem tu persegues’. Os meus companheiros viram a luz, mas não ouviram a voz que me falava. Então perguntei: ‘Que hei-de fazer, Senhor?’. E o Senhor disse-me: ‘Levanta-te e vai a Damasco; lá te dirão tudo o que deves fazer’. Como eu deixei de ver, por causa do esplendor daquela luz, cheguei a Damasco guiado pelas mãos dos meus companheiros.Entretanto, veio procurar-me um certo Ananias, homem piedoso segundo a Lei e de boa fama entre os judeus que ali viviam. Ele veio ao meu encontro e, ao chegar junto de mim, disse-me: ‘Saulo, meu irmão, recupera a vista’. E, no mesmo instante, pude vê-lo. Ele acrescentou: ‘O Deus dos nossos pais destinou-te para conheceres a sua vontade, para veres o Justo e ouvires a voz da sua boca. Tu serás sua testemunha diante de todos os homens, acerca do que viste e ouviste.Agora, porque esperas? Levanta-te, recebe o batismo e purifica-te dos teus pecados, invocando o seu nome’».

SEGUNDA-FEIRA
Palavra“Naqueles dias, Paulo disse ao povo: «Eu sou judeu e nasci em Tarso da Cilícia. Fui, porém, educado nesta cidade de Jerusalém e recebi na escola de Gamaliel uma formação estritamente fiel à Lei dos nossos pais. Era tão zeloso no serviço de Deus, como vós todos sois hoje. Persegui até à morte esta nova religião, algemando e metendo na prisão homens e mulheres, como podem testemunhar o Sumo Sacerdote e todo o Sinédrio. Recebi até, da parte deles, cartas para os irmãos de Damasco e para lá me dirigi, com a missão de trazer algemados os que lá estivessem, a fim de serem castigados em Jerusalém.”
Paulo testemunha a sua conversão a Cristo procurando mostrar que ela não representa uma ruptura total com o seu passado religioso, nem uma ruptura com o Deus dos seus antepassados, nem um aniquilamento da sua pessoa. Era um jovem culto e profundamente religioso, de formação superior na escola de Gamaliel, conhecedor da Lei de Deus e da Tradição das Escrituras, versado na interpretação da Bíblia, líder nato e membro activo da comunidade judaica. Pertenceu ao partido que mais se esforçava por levar a sério o cumprimento da Lei de Moisés: os fariseus. O seu zelo pela Lei levou-o a entregar-se com vigor e entusiasmo à perseguição dos cristãos, até ao dia em que Jesus Cristo se manifestou, de forma decisiva, na sua vida.
Meditação
Paulo, interpelado por Deus e chamado a ser seu Apóstolo, assume profundamente a sua história e a sua nova identidade! Testemunha com clareza e simplicidade a conversão que o Senhor operou na sua vida! Na missão de anunciar o Evangelho, com frequência faz referência ao seu passado e à experiência do encontro determinante com Jesus Cristo. É importante assumir a nossa pessoa e a nossa história, com fracassos, erros, quedas, desafios...com verdade e humildade. É fundamental reler os nossos encontros com Cristo nas estradas da vida e as pequenas grandes transformações que Ele vai operando pela Sua Graça. Como é belo narrar, a partir da experiência pessoal, a surpresa e a gratuidade do Amor de Deus!
Oração
Senhor, Tu examinas-me e conheces-me, sabes quando me sento e quando me levanto;
à distância conheces os meus pensamentos.
Vês-me quando caminho e quando descanso; estás atento a todos os meus passos.
Ainda a palavra me não chegou à boca, já Tu, Senhor, a conheces perfeitamente.
Tu me envolves por todo o lado e sobre mim colocas a Tua mão.
É uma sabedoria profunda, que não posso compreender;tão sublime, que a não posso atingir!
Examina-me, Senhor, e vê o meu coração; põe-me à prova para saber os meus pensamentos.
Vê se é errado o meu caminho e guia-me pelo caminho eterno. (Sl 138, 1-6. 23-24)
Ação
Com coragem e verdade, vou reler a história da minha vida e ver, como tenho gasto o tempo, em que tenho investido as minhas energias e capacidades, como tenho posto a render os meus talentos?...


TERÇA-FEIRA
Palavra“Sucedeu, porém, que, no caminho, ao aproximar-me de Damasco, por volta do meio-dia, de repente brilhou ao redor de mim uma intensa luz vinda do Céu. Caí por terra e ouvi uma voz que me dizia: ‘Saulo, Saulo, porque Me persegues?’ Eu perguntei: ‘Quem és Tu, Senhor?’. E Ele respondeu-me: ‘Eu sou Jesus Nazareno, a quem tu persegues”.
Não se sabe ao certo o que aconteceu. O que nos é descrito (cf. Act 9,1-22) é a forma de dizer uma profunda experiência mística de encontro com o Senhor Ressuscitado, certamente colhida a partir do testemunho do próprio Paulo que encontramos neste e noutros textos.
É curioso que o chamamento de Saulo (assim era chamado antes) nos seja narrado precisamente nesta situação, a caminho de Damasco para perseguir, e não num momento de oração na Sinagoga, ou no estudo da Palavra! O Senhor chama-o a partir da sua realidade, da sua condição, da sua identidade! Deus manifestou-lhe o Seu amor, quando ele estava a ser blasfemo e insolente. A interpelação que o Senhor lhe dirige proferindo o seu nome fere-o profundamente: “Saulo, porque me persegues?”. Jovem habituado a enfrentar grandes desafios, deixa-se tocar pela luz e pela voz. Entre em diálogo para discernir o que está a acontecer: “Quem és tu, Senhor?”. E na resposta está a Revelação: “Eu sou Jesus, a quem tu persegues…”
Meditação
O exemplo de Paulo garante-nos que uma verdadeira experiência de encontro com Cristo é uma experiência transformadora e revitalizante; abre-nos perspectivas novas de vida plena, de realização e de salvação e nos faz ver com olhos novos os projectos que Deus tem para nós! Atenção! Os encontros com Cristo na estrada da vida não são raros, nem estão reservados a pessoas especiais… Cristo passa continuamente ao nosso lado, interpela-nos, questiona-nos, desafia-nos, faz-nos cair das nossas certezas e instalações, convida-nos a olhar para além dos horizontes que nos limitam. Resta-nos estar atentos e disponíveis para O reconhecer, escutar e acolher as Suas novas propostas de vida.
Oração
Fala, Senhor! Revela-me o Teu Amor, mostra-me a Tua proximidade, comunica-me a Tua Vida. Vem surpreender-me na monotonia dos meus dias, no vazio da minha vida, no acomodamento das minhas capacidades, na futilidade dos meus empreendimentos!... Fala-me, Senhor! Diz-me quem sou eu e quem és Tu! Diz-me o que queres de mim!
Ação
Vou contemplar e reviver os encontros com Jesus Cristo nas ‘estradas’ da minha vida: um momento de oração, uma celebração, uma conversa, uma experiência de sofrimento, uma alegria... O Senhor vem ter comigo de tantas maneiras para me surpreender!


QUARTA-FEIRA
Palavra “Os meus companheiros viram a luz, mas não ouviram a voz que me falava. Então perguntei: ‘Que hei-de fazer, Senhor?’. E o Senhor disse-me: ‘Levanta-te e vai a Damasco; lá te dirão tudo o que deves fazer’. Como eu deixei de ver, por causa do esplendor daquela luz, cheguei a Damasco guiado pelas mãos dos meus companheiros.”
Paulo bem sabia o que ia fazer a Damasco: perseguir era a sua missão. No entanto, agora cego, estonteado, desorientado, lá vai, sem perceber nada! É espectacular a sua humildade: deixa-se conduzir pela mão. Invertem-se os papéis. O líder teve de ser conduzido pelos seus companheiros. Passa 3 dias sem ver, privado de comida e bebida ( cf. Act 9, 1-22). São os 3 dias da escuridão e da morte que antecedem a ressurreição que tudo muda; os 3 dias que preparam a Vida Nova.
A luz e a voz indicam o teor de revelação com que o Senhor agracia Paulo. É uma experiência tão intensa e até violenta ao ponto de o ‘derrubar por terra’ (cf 9, 1-22). Como Jeremias, Paulo poderia dizer: “Vós me seduzistes, Senhor! Dominaste-me e derrubaste-me” (Jr 20, 7).
Meditação
Deus chama de forma gratuita; aposta naqueles que escolhe, sem olhar à sua condição. Um mistério de amor que nos ultrapassa. Porquê, Saulo, se era um acérrimo perseguidor ‘sempre no contra’…? Ou, porquê eu, se estava tão bem…, se sou assim…!? Se não tenho qualidades, se não sou capaz, se tenho este feitio…Só Deus sabe o porquê. Ele sabe que pode contar com aqueles que chama, ainda que tenha de lhes virar a vida do avesso! E chama-nos sempre e a todos! Para cada um tem um projecto de amor! O que importa é escutá-lo; deixar que Ele nos vire a vida do avesso! Ele próprio concede a graça da abertura e colaboração para que o Seu projecto se torne uma realidade. Discernimento, abertura, disponibilidade… são condições necessárias. Coloquemo-nos assim, diante de nós e diante de Deus!
Oração
Em silêncio, coloco-me diante do Senhor, agora mais consciente da minha vida e da presença de Deus no meu viver; procuro escutar a resposta de Jesus à minha pergunta: que hei-de fazer, Senhor?
Ação
Vou ler calmamente e com atenção a narrativa da conversão e chamamento de S. Paulo em Act 9, 1-22 e deixar que esta experiência ilumine a minha vida.


QUINTA-FEIRA
Palavra “Entretanto, veio procurar-me um certo Ananias, homem piedoso segundo a Lei e de boa fama entre os judeus que ali viviam. Ele veio ao meu encontro e, ao chegar junto de mim, disse-me: ‘Saulo, meu irmão, recupera a vista’. E, no mesmo instante, pude vê-lo”.
Ajudado por Ananias, Paulo “recupera a vista” – quer dizer, reconhece Jesus como o seu Senhor, descobre a sua paixão por Cristo e percebe que a sua missão será, doravante, anunciar a Boa Nova de Jesus. Eis o momento de viragem da sua existência. ‘Ressuscitou’ para uma vida nova exactamente no momento em que foi acolhido na comunidade como irmão: “Saulo, meu irmão!” Morreu o perseguidor, ressuscitou o apóstolo!
Meditação
A figura de Ananias confirma a importância da comunidade cristã no caminho de descoberta de Jesus Cristo e crescimento na fé. Ninguém é cristão sozinho; ninguém vive de uma fé isolada, sem referências, não questionada ou não confrontada. Não esqueçamos: a nossa fé vive-se em Igreja, e é no enquadramento comunitário que ela encontra o campo favorável para crescer. Deus pode tudo, mas serve-se de mediadores para nos revelar o Seu projecto e nos orientar numa resposta de compromisso. Importa procurá-los, reconhecê-los e acolhê-los.
Oração
Eu Te agradeço, Senhor, porque tantas vezes me falas, interpelas e iluminas, através de pessoas que colocas ao meu lado ou que surgem no meu caminho: um amigo, um professor, um sacerdote, os pais, um colega, um irmão da comunidade...! Obrigado, Senhor, porque me envias mensageiros do Teu amor, quais ‘Ananias’ que me ajudam a reconhecer-Te tão perto de mim!
Ação
Vou ter uma palavra ou gesto de gratidão para com alguma pessoas que tem sido ‘Ananias’ na minha vida, ou seja, mediador o amor e da vontade de Deus para comigo.


SEXTA-FEIRA
Palavra“Ele acrescentou: ‘O Deus dos nossos pais destinou-te para conheceres a sua vontade, para veres o Justo e ouvires a voz da sua boca. Tu serás sua testemunha diante de todos os homens, acerca do que viste e ouviste”.
Ananias é a voz que manifesta a Paulo a vontade de Deus: ser testemunha do Ressuscitado a partir da própria experiência! É chamado a uma nova missão. Da ruptura com o seu passado, ou seja, da sua conversão, brilhou para Paulo a certeza da gratuidade do amor de Deus. Reconhece em Jesus o Messias, vivo e próximo do homem. Deixa-se possuir plenamente por Ele: “Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim”(Gl 2, 20). Doravante, nada o separará deste Amor(cf. Rm 8,35); jamais calará o que viu e ouviu!
Meditação
O encontro com Cristo é uma experiência verdadeiramente transformadora; leva-nos a questionar e a reequacionar toda a existência, a “abrir os olhos” para ver, com uma luz completamente nova, o projecto que Deus tem para nós. A experiência de encontro com Cristo lança-nos para os outros, para o mundo! É aí que descobrimos e acolhemos a nossa vocação e a nossa missão. Porquê adiar a riqueza de um encontro profundo com Aquele que nos espera na estrada da vida?
Oração
Senhor, é este encontro que eu quero marcar! Tu sabes quando será oportuno. Conto com a Tuas graça! Eu apenas quero estar disponível, atento, aberto! O resto ultrapassa-me! Só Tu me podes transformar profundamente, ainda que aos poucos e devagar, ao ponto de conhecer a Tua vontade e me tornar Tua testemunha! Senhor, está combinado. O encontro fica marcado para o dia e horas que só Tu sabes. Vou ficar atento! Não quero perder nenhuma oportunidade.
Ação
É o Senhor quem converte, mas precisa da minha liberdade e do meu empenho. Vou dar um passo de conversão, aquele que o Espírito me indicar: celebrar o sacramento da Confissão, fazer as pazes com alguém, acolher as orientações dos pais, ou outras pessoas, ser mais responsável...


SÁBADO
Palavra “Agora, porque esperas? Levanta-te, recebe o batismo e purifica-te dos teus pecados, invocando o seu nome’».
Estes imperativos são o reforço do chamamento de Paulo. Levantar, receber o batismo, purificar-se, invocar o nome de Deus… expressões fortes que apelam à transformação! Com a revelação do Senhor veio ao de cima o nada de Paulo, para realçar o tudo de Deus! “Tudo posso naquele que me dá força” (Fl 4,13). Esta transformação terá sido um processo que levou o seu tempo, teve o seu percurso. Uma experiência de abertura, docilidade, entrega humilde e confiante ao querer de Deus. Isto não acontece automaticamente. Deus antecede-se sempre, concedendo luz e graça.
Meditação - Ser escolhido e chamado, como cristão, implica percorrer um caminho novo, numa nova direcção. Levantarmo-nos para uma vida nova, deixando cair por terra os antigos projectos que nos fecham e esvaziam. Deixemos que Cristo nos surpreenda nos nossos caminhos e nos fale, ilumine, cegue, atire por terra… deixemo-nos encandear pela sua luz e transformar pelo seu Amor! Ser encontrado por Cristo e acolhe-Lo na Sua novidade implica não encerrar num cofre fechado o tesouro da Graça que recebemos, mas comunicá-lo com a vida de modo que a verdade libertadora de Cristo atinja e transforme outros. Todo o cristão tem de ser missionário, todo o cristão tem de ser testemunha de Cristo e do seu projecto no meio dos seus irmãos.
Oração
Bendito sejas, ó Pai, que nos concedes todas as bênçãos espirituais.
Bendito sejas, porque nos escolhes para sermos dos teus, santos e irrepreensíveis no amor; porque nos chamas, em Jesus Cristo, a ser teus filhos adoptivos, segundo a riqueza da graça que Ele nos concede em abundância!
Com plena sabedoria e inteligência dá-nos a conhecer o mistério da Sua vontade!
Bendito sejas, Senhor, porque nos amas, chamas e implicas no Teu projecto de salvação! (cf. Ef 1, 3-10)
Ação
Vou ser testemunha da surpresa e proximidade de Jesus Cristo junto de alguém com quem me encontre hoje, através de uma partilha, uma palavra, um gesto, um olhar...!