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sábado, 17 de dezembro de 2011

2º DIA DA NOVENA DO NATAL
E QUARTO DOMINGO DO ADVENTO
O TESTEMUNHO - 17 de dezembro
ORAÇÃO (para todos os dias):
Ó Jesus vivendo em Maria
vinde viver em vosso servo
com o espírito de vossa santidade
com a plenitude de vossas forças
na retidão de vossos caminhos
na verdade de vossas virtudes
na comunhão de vossos mistérios
para dominar as forças adversas
com o vosso Espírito, para a glória do Pai. Amém

MEDITANDO COM BENTO XVI – «Se não reconhecermos que Deus se fez homem, que sentido tem festejar o Natal? A celebração torna-se vazia. Antes de tudo, nós cristãos devemos reafirmar com profunda e sentida convicção a verdade do Natal de Cristo, para testemunhar diante de todos a consciência de um dom inaudito que é riqueza não só para nós, mas para todos. Disto brota o dever da evangelização» (19.12.2007).

ANTÍFONA - Ó Sabedoria
que saístes da boca do altíssimo
atingindo de uma a outra extremidade
e tudo dispondo com força e suavidade:
Vinde ensinar-nos o caminho da prudência

ORAÇÃO - Infundi, Senhor, a vossa graça em nossas almas, para que nós, que pela anunciação do Anjo conhecemos a encarnação de Cristo vosso Filho, pela sua paixão e morte na cruz alcancemos a glória da ressurreição. Por Nosso Senhor.

4º DOMINGO DO ADVENTO:
MARIA DE NAZARÉ: A MULHER DO SERVIÇO AOS IRMÃOS
Joaquim Manuel Garrido Mendes, scj
     Para além de ser a mulher do sim a Deus, Maria é também a mulher do sim aos irmãos.
     O quadro que melhor descreve essa atitude de Maria é-nos apresentado também no Evangelho segundo Lucas (cf.Lc.1,39-45). Conta como Maria – logo depois de se ter comprometido com Deus e com os seus projetos – partiu apressadamente para o sul do país, a fim de ajudar Isabel, a prima que se preparava para ser a mãe de João Batista. Maria ficou – diz Lucas – “cerca de três meses” (Lc 1,56), ajudando e servindo Isabel.
     Ela é assim, também, a mulher do serviço simples e humilde aos irmãos. É a mulher que, depois de “olhar para o céu” e de se aperceber dos planos de Deus, é capaz de olhar para o mundo, de partir ao encontro das necessidades dos irmãos, de ser solidária com quem sofre ou passa necessidade.
     Ela é a mulher que, quando se trata de estender a mão a quem precisa, não olha para trás, não faz cálculos, não privilegia os seus interesses e esquemas pessoais. A sua viagem, incômoda, difícil e perigosa, desde a Galileia até à Judeia, testemunha a coragem de sair do seu pequeno mundo tranqüilo para pôr a vida ao serviço dos outros.

A INTERPELAÇÃO DE MARIA
     Vivemos num mundo que tem uma consciência muito viva da pessoa humana, dos seus direitos, da sua dignidade; que grita nas ruas, nos parlamentos, nas manifestações, que todos os homens nascem livres e iguais e que todos têm direito à vida, à alimentação, à instrução, ao trabalho, à segurança…
     Mas, paradoxalmente, é um mundo que cultiva, em doses industriais, o individualismo, a indiferença e que faz aumentar, todos os dias, a imensa multidão dos excluídos e marginalizados.
     As ruas da nossa cidade são cruzadas, todos os dias, por pessoas que vivem à margem da vida… Dormem debaixo de um papelão, num banco de jardim, e freqüentam a sopa dos pobres; contemplam o vaivém da cidade com indiferença, porque já perderam a vontade de construir; raramente recebem de presente um gesto amigo ou um sorriso…
     No entanto, a cidade passa ao lado deles, apressada, ocupada, ativa, cheia de vida e, quase sempre, indiferente. As pessoas têm a sua vida, os seus problemas, porque hão de ocupar-se ainda das misérias dos outros?
     E quantas vezes passamos ao lado de terríveis dramas humanos, sem uma denúncia, sem uma revolta, sem inquietação?
     Nas recepções das igrejas, aparecem pessoas de coração ferido e amargurado, a mendigar um pouco do nosso tempo, uma palavra de compreensão, um gesto de amizade, o calor de um sorriso…
     E o padre, passa a correr, sem tempo e sem disponibilidade, preocupado apenas com os papéis que tem de assinar ou com os processos de casamento que tem de mandar para a conservatória de registro civil…
     A própria comunidade familiar (que devia ser um espaço de acolhimento e de fraternidade onde todos se ajudam e se amam), não é, tantas vezes, um hotel barato, onde se encontra cama, mesa e roupa lavada sem grandes obrigações?
     Entretanto, os problemas e os dramas do outro, as dúvidas e as crises de crescimento das crianças, a carga de trabalhos que pesa sobre a mãe, deixam os outros membros da família indiferentes e insensíveis…
     Quantas vezes, os mais idosos são tratados como algo que já não serve para nada e só atrapalha, ou são arrumados nesse velho depósito que é o “lar”, onde a sua saúde débil e as suas histórias do passado já não chateiam o filho executivo ou a nora que tem uma vida social muito ativa…
     O testemunho de Maria é o testemunho de uma mulher que se recusa a ficar de braços cruzados, indiferente, insensível, diante das necessidades dos irmãos.
     Arranca-nos à indiferença e superficialidade que nos impedem de compreender a dor e o sofrimento dos outros, de sintonizar com os problemas dos irmãos.
     Maria diz-nos que as dores, as necessidades, os problemas dos nossos irmãos são algo que tem a ver conosco, que nos toca de perto, que nos diz diretamente respeito.
     Ela “obriga-nos” – com o seu testemunho – a ser solidários com os que estão doentes, com os que sofrem solidão, com os marginalizados, com os que nunca se sentiram compreendidos nem amados…
     Ela convida-nos a ser “bons samaritanos” dos irmãos, amando sem medida, sem cálculos e sem fronteiras.
     Foi o coração disponível e aberto de Maria que tornou possível a presença de Jesus no mundo.
     Agora, é preciso que, através da nossa disponibilidade, da nossa atenção aos outros, da nossa partilha, do nosso amor, Jesus continue a nascer na vida dos nossos irmãos e a oferecer-lhes uma proposta de vida e de salvação. Só assim, Jesus virá ao encontro dos homens e aquecerá o mundo com o seu amor.

PARA UM QUESTIONAMENTO PESSOAL OU EM GRUPO:
A Maria do serviço aos irmãos, interpela-me…
• Sou capaz de sair do meu espaço protegido para ir ao encontro das necessidades dos irmãos, ou vivo na indiferença aos problemas dos outros?
• Sei ser solidário e partilhar com os outros a minha vida, a minha alegria, a minha esperança?
• Procuro amar sem distinção, sem fronteiras e sem medida?

CONCLUSÃO
     João Batista e Maria são, verdadeiramente, figuras do Advento e modelos para o crente que espera a chegada do Senhor.
     João Batista é o “profeta” que convida à conversão.
     Ele chama a nossa atenção, em primeiro lugar, para esse compromisso profético que assumimos no dia do nosso batismo: aceitamos, então, ser “sinais” vivos de Deus e seus colaboradores na construção de um mundo novo. Se cumprirmos essa missão, Jesus poderá, outra vez, tornar-se presente no mundo e na vida dos homens.
     João, por outro lado, recorda-nos que na nossa caminhada de crentes nunca está terminada: em cada dia, é imperioso refazer a vida, reformular os valores, mudar a mentalidade, corrigir os comportamentos, de forma a que Deus esteja sempre em primeiro lugar. Jesus nasce, se no nosso coração houver espaço para Ele, para os seus valores, para essa proposta de vida nova que Ele nos veio fazer.
     Maria é a mulher do “sim” a Deus e aos “irmãos”. Ela fez da sua vida um dom, um serviço, uma entrega total. A sua existência não foi fechada num egoísmo estéril, surda aos apelos de Deus e às necessidades do mundo; pelo contrário, foi uma vida de permanente escuta de Deus e de atenção constante aos irmãos. E da disponibilidade de Maria nasceu o Salvador.
     Um e outro – João Batista e Maria – mostram-nos como se deve esperar o Senhor: com um coração aberto, disponível, generoso, capaz de acolher, de amar, de partilhar, de ir ao encontro dos dons de Deus e das necessidades dos outros.
     Um e outro convidam-nos a pôr Deus no centro da nossa vida, a fazer d’Ele a nossa referência fundamental, a encontrar nele o sentido verdadeiro da nossa existência, a escutar as suas propostas, a dizer-Lhe um “sim” total, a viver uma vida de comunhão e uma relação profunda com Ele.
     Um e outro convidam-nos a cumprir com fidelidade a nossa missão no mundo. Eles dizem-nos – com palavras e com gestos – que a vida que Deus nos ofereceu não é para ser vivida em circuito fechado, mas é para ser gasta ao serviço dos irmãos, numa atenção constante às suas dores e necessidades, solidários com os apelos dos homens, comprometidos na construção de um mundo novo…
     Jesus continua, hoje, a querer encarnar-se na nossa vida e a fazer-se um de nós – a “levantar a sua tenda no meio de nós” – como diz João no prólogo do Quarto Evangelho.
     O problema essencial não é se Deus vem ou não vem, mas se O acolhemos ou não acolhemos, se Ele encontra lugar no nosso coração ou se o nosso coração está tão cheio que não há lugar para Ele…
     João Batista e Maria mostram-nos como preparar o coração para acolher o Senhor: é preciso um coração aberto a Deus e disponível para os irmãos.
     Só dessa forma – com um coração aberto e disponível, capaz de aceitar a relação com Deus e capaz de amar os outros – será possível acolher Jesus.
     Só dessa forma será possível levar Jesus ao mundo e fazer com que o seu nascimento – a sua presença na nossa história – se concretize no coração e na vida dos homens.
     Só dessa forma será possível celebrar, de forma coerente e sincera, sem mentiras nem fingimentos, o Natal do Senhor.

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