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sexta-feira, 30 de setembro de 2022

XXVII Domingo do Tempo Comum

Santos Anjos da Guarda

1ª Leitura (Hab. 1,2-3; 2,2-4): «Até quando, Senhor, chamarei por Vós e não me ouvis? Até quando clamarei contra a violência e não me enviais a salvação? Por que me deixais ver a iniquidade e contemplar a injustiça? Diante de mim está a opressão e a violência, levantam-se contendas e reina a discórdia?» O Senhor respondeu-me: «Põe por escrito esta visão e grava-a em tábuas com toda a clareza, de modo que a possam ler facilmente. Embora esta visão só se realize na devida altura, ela há de cumprir-se com certeza e não falhará. Se parece demorar, deves esperá-la, porque ela há de vir e não tardará. Vede como sucumbe aquele que não tem alma reta; mas o justo viverá pela sua fidelidade».

Salmo Responsorial: 94
R. Se hoje ouvirdes a voz do Senhor, não fecheis os vossos corações.

Vinde, exultemos de alegria no Senhor, aclamemos a Deus, nosso Salvador. Vamos à sua presença e dêmos graças, ao som de cânticos aclamemos o Senhor.

Vinde, prostremo-nos em terra, adoremos o Senhor que nos criou. O Senhor é o nosso Deus e nós o seu povo, as ovelhas do seu rebanho.

Quem dera ouvísseis hoje a sua voz: «Não endureçais os vossos corações, como em Meriba, como no dia de Massa no deserto, onde vossos pais Me tentaram e provocaram, apesar de terem visto as minhas obras».

2ª Leitura (2Tim 1,6-8.13-14): Caríssimo: Exorto-te a que reanimes o dom de Deus que recebeste pela imposição das minhas mãos. Deus não nos deu um espírito de timidez, mas de fortaleza, de caridade e moderação. Não te envergonhes de dar testemunho de Nosso Senhor, nem te envergonhes de mim, seu prisioneiro. Mas sofre comigo pelo Evangelho, confiando no poder de Deus. Toma como norma as sãs palavras que me ouviste, segundo a fé e a caridade que temos em Jesus Cristo. Guarda a boa doutrina que nos foi confiada, com o auxílio do Espírito Santo, que habita em nós.

Aleluia. A palavra do Senhor permanece eternamente. Esta é a palavra que vos foi anunciada. Aleluia.

Evangelho (Lc 17,5-10): Os apóstolos disseram ao Senhor: «Aumenta a nossa fé!». O Senhor respondeu: «Se tivésseis fé, mesmo pequena como um grão de mostarda, poderíeis dizer a esta amoreira: ‘Arranca-te daqui e planta-te no mar’, e ela vos obedeceria. Se alguém de vós tem um servo que trabalha a terra ou cuida dos animais, quando ele volta da roça, lhe dirá: ‘Vem depressa para a mesa?’ Não dirá antes: ‘Prepara-me o jantar, arruma-te e serve-me, enquanto eu como e bebo. Depois disso, tu poderás comer e beber?’ Será que o senhor vai agradecer o servo porque fez o que lhe havia mandado? Assim também vós: quando tiverdes feito tudo o que vos mandaram, dizei: ‘Somos simples servos; fizemos o que devíamos fazer’».

«Somos simples servos; fizemos o que devíamos fazer»

+ Rev. D. Josep VALL i Mundó (Barcelona, Espanha)

Hoje, Cristo fala-nos mais uma vez de serviço. O Evangelho insiste sempre no espírito de serviço. Para isso, ajuda-nos a contemplação do Verbo de Deus encarnado - o servo de Javé, de Isaías - que «se despojou, assumindo a forma de escravo» (Fl 2,2-7). Cristo afirma também: «Eu, porém, estou no meio de vós como aquele que serve» (Lc 22,27), pois «o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por muitos» (Mt 20,28). Em certa ocasião, o exemplo de Jesus concretizou-se realizando o trabalho dos escravos ao lavar os pés aos discípulos. Queria deixar assim bem claro, com este gesto, que os seus seguidores deviam servir, ajudar e amar-se uns aos outros, como irmãos e servidores de todos, como propõe a parábola do bom samaritano.
Devemos viver toda a vida cristã com sentido de serviço, sem pensar que estamos a fazer algo extraordinário. Toda a vida familiar, profissional e social - no mundo político, econômico etc. - deve estar impregnada desse espírito. «Para servir, servir», afirmava São Josemaria Escrivá; queria dar a entender que, para “ser útil”, é necessário viver uma vida de serviço generoso sem procurar honras, glórias humanas ou aplausos.

Os antigos afirmavam o “nolentes quaerimus” - «procuramos para os cargos de governo pessoas que não os ambicionam; aqueles que não desejam aparecer» - quando tinham de fazer nomeações hierárquicas. Esta é a disposição própria dos bons pastores, prontos a servir a Igreja como ela quer ser servida: assumir a condição de servos como Cristo. Recordemos, segundo as palavras de Santo Agostinho, como deve exercer-se qualquer função eclesial: «Non tam praeesse quam prodesse»; não com autoridade ou presidência, mas com a utilidade e o serviço.

Pensamentos para o Evangelho de hoje
«O Senhor compara a fé perfeita a um grão de mostarda porque é humilde na aparência, mas ardente no interior» (São Beda, o Venerável)

«Aquele que está solidamente enraizado na fé, que tem plena confiança em Deus e vive na Igreja, é capaz de levar a força extraordinária do Evangelho» (Bento XVI)

«A salvação vem só de Deus. Mas porque é através da Igreja que recebemos a vida da fé, a Igreja é nossa Mãe. «Cremos que a Igreja é como que a mãe do nosso novo nascimento (...) (Fausto de Riez). E porque é nossa Mãe, é também a educadora da nossa fé» (Catecismo da Igreja Católica, nº 169)
 
O CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA – ANO C DOMINGO XXVII DO TEMPO COMUM CIC 153-165, 2087-2089: A FÉ
 
153 Quando Pedro confessa que Jesus é o Cristo, o Filho do Deus vivo, Jesus declara-lhe que esta revelação não lhe veio da carne nem do sangue, mas do seu Pai «que está nos Céus» (Mt 16, 17)1. A fé é um dom de Deus, uma virtude sobrenatural infundida por Ele. «Para prestar esta adesão da fé, são necessários a prévia e concomitante ajuda da graça divina e os interiores auxílios do Espírito Santo, o qual move e converte o coração para Deus, abre os olhos do entendimento, e dá “a todos a suavidade em aceitar e crer a verdade”»2.
 
154 O ato de fé só é possível pela graça e pelos auxílios interiores do Espírito Santo. Mas não é menos verdade que crer é um ato autenticamente humano. Não é contrário nem à liberdade nem à inteligência do homem confiar em Deus e aderir às verdades por Ele reveladas. Mesmo nas relações humanas, não é contrário à nossa própria dignidade acreditar no que outras pessoas nos dizem acerca de si próprias e das suas intenções, e confiar nas suas promessas (como, por exemplo, quando um homem e uma mulher se casam), para assim entrarem em mútua comunhão. Por isso, é ainda menos contrário à nossa dignidade «prestar, pela fé, submissão plena da nossa inteligência e da nossa vontade a Deus revelador»3 e entrar assim em comunhão íntima com Ele.
 
155 Na fé, a inteligência e a vontade humanas cooperam com a graça divina: «Credere est actus intellectus assentientis veritati divinae ex imperio voluntatis, a Deo motae per gratiam» – «Crer é o ato da inteligência que presta o seu assentimento à verdade divina, por determinação da vontade, movida pela graça de Deus»4.
 
156 O motivo de crer não é o fato de as verdades reveladas aparecerem como verdadeiras e inteligíveis à luz da nossa razão natural. Nós cremos «por causa da autoridade do próprio Deus revelador, que não pode enganar-se nem nos enganar»5. «Contudo, para que a homenagem da nossa fé fosse conforme à razão, Deus quis que os auxílios interiores do Espírito Santo fossem acompanhados de provas exteriores da sua Revelação»6. Assim, os milagres de Cristo e dos santos 7 , as profecias, a propagação e a santidade da Igreja, a sua fecundidade e estabilidade «são sinais certos da Revelação, adaptados à inteligência de todos»8 , «motivos de credibilidade», mostrando que o assentimento da fé não é, «de modo algum, um movimento cego do espírito»9.
 
157 A fé é certa, mais certa que qualquer conhecimento humano, porque se funda na própria Palavra de Deus, que não pode mentir. Sem dúvida, as verdades reveladas podem parecer obscuras à razão e à experiência humanas; mas «a certeza dada pela luz divina é maior do que a dada pela luz da razão natural»10. «Dez mil dificuldades não fazem uma só dúvida»11.
 
158 «A fé procura compreender»12: é inerente à fé o desejo do crente de conhecer melhor Aquele em quem acreditou, e de compreender melhor o que Ele revelou; um conhecimento mais profundo exigirá, por sua vez, uma fé maior e cada vez mais abrasada em amor. A graça da fé abre «os olhos do coração» (Ef 1,18) para uma inteligência viva dos conteúdos da Revelação, isto é, do conjunto do desígnio de Deus e dos mistérios da fé, da íntima conexão que os liga entre si e com Cristo, centro do mistério revelado. Ora, para «que a compreensão da Revelação seja cada vez mais profunda, o mesmo Espírito Santo aperfeiçoa sem cessar a fé, mediante os seus dons»13. Assim, conforme o dito de Santo Agostinho, «eu creio para compreender e compreendo para crer melhor»14.
 
159 Fé e ciência. «Muito embora a fé esteja acima da razão, nunca pode haver verdadeiro desacordo entre ambas: o mesmo Deus, que revela os mistérios e comunica a fé, também acendeu no espírito humano a luz da razão. E Deus não pode negar-Se a Si próprio, nem a verdade pode jamais contradizer a verdade»15. «É por isso que a busca metódica, em todos os domínios do saber, se for conduzida de modo verdadeiramente científico e segundo as normas da moral, jamais estará em oposição à fé: as realidades profanas e as da fé encontram a sua origem num só e mesmo Deus. Mais ainda: aquele que se esforça, com perseverança e humildade, por penetrar no segredo das coisas, é como que conduzido pela mão de Deus, que sustenta todos os seres e faz que eles sejam o que são, mesmo que não tenham consciência disso»16.
 
160 Para ser humana, «a resposta da fé, dada pelo homem a Deus, deve ser voluntária. Por conseguinte, ninguém deve ser constrangido a abraçar a fé contra vontade. Efetivamente, o ato de fé é voluntário por sua própria natureza»17. «É certo que Deus chama o homem a servi-Lo em espírito e verdade; mas, se é verdade que este apelo obriga o homem em consciência, isso não quer dizer que o constranja […]. Isto foi evidente, no mais alto grau, em Jesus Cristo»18. De facto, Cristo convidou à fé e à conversão, mas de modo nenhum constrangeu alguém. «Deu testemunho da verdade, mas não a impôs pela força aos seus contraditores. O seu Reino […] dilata-se graças ao amor, pelo qual, levantado na cruz, Cristo atrai a Si todos os homens»19

161 Para obter a salvação é necessário acreditar em Jesus Cristo e n’Aquele que O enviou para nos salvar 20. «Porque “sem a fé não é possível agradar a Deus” (Heb 11, 6) e chegar a partilhar a condição de filhos seus; ninguém jamais pode justificar-se sem ela e ninguém que não “persevere nela até ao fim” (Mt 10, 22; 24,13) poderá alcançar a vida eterna»21

162 A fé é um dom gratuito de Deus ao homem. Mas nós podemos perder este dom inestimável. Paulo adverte Timóteo a respeito dessa possibilidade: «Combate o bom combate, guardando a fé e a boa consciência; por se afastarem desse princípio é que muitos naufragaram na fé» (1Tm 1, 18-19). Para viver, crescer e perseverar até ao fim na fé, temos de a alimentar com a Palavra de Deus; temos de pedir ao Senhor que no-la aumente22 ; ela deve «agir pela caridade» (Gl 5,6)23, ser sustentada pela esperança 24 e permanecer enraizada na fé da Igreja.
 
163 A fé faz que saboreemos, como que de antemão, a alegria e a luz da visão beatífica, termo da nossa caminhada nesta Terra. Então veremos Deus «face a face» (1 Cor 13,12), «tal como Ele é» (1 Jo 3,2). A fé, portanto, é já o princípio da vida eterna: «Enquanto, desde já, contemplamos os benefícios da fé, como reflexo num espelho, é como se possuíssemos já as maravilhas que a nossa fé nos garante havermos de gozar um dia»25.
 
164 Por enquanto, porém, «caminhamos pela fé e não vemos claramente» (2Cor 5,7), e conhecemos Deus «como num espelho, de maneira confusa, […] imperfeita» (1Cor, 13,12). Luminosa por parte d’Aquele em quem ela crê, a fé é muitas vezes vivida na obscuridade, e pode ser posta à prova. O mundo em que vivemos parece muitas vezes bem afastado daquilo que a fé nos diz: as experiências do mal e do sofrimento, das injustiças e da morte parecem contradizer a Boa-Nova, podem abalar a fé e tornarem-se, em relação a ela, uma tentação.
 
165 É então que nos devemos voltar para as testemunhas da fé: Abraão, que acreditou, «esperando contra toda a esperança» (Rm 4, 18); a Virgem Maria que, na «peregrinação da fé»26, foi até à «noite da fé»27, comungando no sofrimento do seu Filho e na noite do seu sepulcro28; e tantas outras testemunhas da fé: «envoltos em tamanha nuvem de testemunhas, devemos desembaraçar-nos de todo o fardo e do pecado que nos cerca, e correr com constância o risco que nos é proposto, fixando os olhos no guia da nossa fé, o qual a leva à perfeição» (Heb 12, 1-2).
 
2087 A nossa vida moral tem a sua fonte na fé em Deus, que nos revela o seu amor. São Paulo fala da «obediência da fé»29 como a primeira obrigação. E faz ver, no «desconhecimento de Deus», o princípio e a explicação de todos os desvios morais30. O nosso dever para com Deus é crer n’Ele e dar testemunho d’Ele.
 
2088 O primeiro mandamento ordena-nos que alimentemos e guardemos com prudência e vigilância a nossa fé, rejeitando tudo quanto a ela se opõe. Pode-se pecar contra a fé de vários modos: A dúvida voluntária em relação à fé negligencia ou recusa ter por verdadeiro o que Deus revelou e a Igreja nos propõe para crer. A dúvida involuntária é a hesitação em crer, a dificuldade em superar as objecções relacionadas com a fé, ou ainda a angústia suscitada pela sua obscuridade. Quando deliberadamente cultivada, a dúvida pode levar à cegueira do espírito.
 
2089 A incredulidade é o desprezo da verdade revelada ou a recusa voluntária de lhe prestar assentimento. A «heresia é a negação pertinaz, depois de recebido o Batismo, de alguma verdade que se deve crer com fé divina e católica, ou ainda a dúvida pertinaz acerca da mesma; apostasia é o repúdio total da fé cristã; cisma é a recusa da sujeição ao Sumo Pontífice ou da comunhão com os membros da Igreja que lhe estão sujeitos»31
 
CIC 84: o depósito da fé confiado à Igreja
 
84 O depósito da fé («depositum fidei»), contido na Tradição sagrada e na Sagrada Escritura, foi confiado pelos Apóstolos ao conjunto da Igreja. «Apoiando-se nele, todo o povo santo persevera unido aos seus pastores na doutrina dos Apóstolos e na comunhão, na fração do pão e na oração, de tal modo que, na conservação, atuação e profissão da fé transmitida, haja uma especial concordância dos pastores e dos fiéis»33.
 
CIC 91-93: o sentido sobrenatural da fé
 
91 Todos os fiéis participam na compreensão e na transmissão da verdade revelada. Todos receberam a unção do Espírito Santo que os instrui34 e os conduz «à verdade total » (J o 16, 13).
 
92 «A totalidade dos fiéis […] não pode enganar-se na fé e manifesta esta sua propriedade peculiar por meio do sentir sobrenatural da fé do povo todo, quando, “desde os bispos até ao último dos fiéis leigos”, exprime consenso universal em matéria de fé e costumes»35.
 
93 «Com este sentido da fé, que se desperta e sustenta pela ação do Espírito de verdade, o povo de Deus, sob a direção do sagrado Magistério […] adere indefectivelmente à fé, uma vez por todas confiada aos santos; penetra-a mais profundamente com juízo acertado e aplica-a mais totalmente na vida»36.
 
1 Cf. Gl 1, 15; Mt 11, 25.
2 II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Dei Verbum, 5: AAS 58 (1966) 819.
3 I Concílio do Vaticano, Const. dogm. Dei Filius, c. 3: DS 3008.
4 São Tomás de Aquino., Summa theologiae II-II, q. 2, a. 9, c: Ed. Leon. 8, 37; cf. I Concílio do Vaticano, Const. dogm. Dei Filius, c. 3: DS 3010.
5 I Concílio do Vaticano, Const. dogm. Dei Filius, c. 3: DS 3008.
6 I Concílio do Vaticano, Const. dogm. Dei Filius, c. 3: DS 3009.
7 Cf. Mc 16, 20; Heb 2, 4.
8 I Concílio do Vaticano, Const. dogm. Dei Filius, c. 3: DS 3009.
9 I Concílio do Vaticano, Const. dogm. Dei Filius, c. 3: DS 3010.
10 São Tomás de Aquino, Summa theologiae II-II, q. 171, 5, 3um: Ed. Leon. 10, 373.
11 J. H. Newman, Apologia pro vita sua, c. 5, ed. M. J. Svaglic, Oxford 1967, p. 210.
12 Santo Anselmo de Cantuária, Proslogion, Prooemium: Opera omnia, ed. F. S. Schmitt, v. 1, Edinburgo 1946, p. 94.
13 II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Dei Verbum, 5: AAS 58 (1966) 819.
14 Santo Agostinho, Sermo 43, 7, 9: CCL 41, 512 (PL 38, 258).
15 I Concílio do Vaticano, Const. dogm. Dei Filius, c. 4: DS 3017.
16 II Concílio do Vaticano, Const. past. Gaudium et spes, 36: AAS 58 (1966) 1054.
17 II Concílio do Vaticano, Decl. Dignitatis humanae, 10: AAS 58 (1966) 936; cf. CIC cân. 748 § 2.
18 II Concílio do Vaticano, Decl. Dignitatis humanae, 11: AAS 58 (1966) 936
19 II Concílio do Vaticano, Decl. Dignitatis humanae, 11: AAS 58 (1966) 937.
20 Cf. Mc 16, 16; Jo 3, 36; 6, 40; etc.
21 I Concílio do Vaticano, Const. dogm. Dei Filius, c. 3: DS 3012; cf. Concílio de Trento, Sess. 6ª, Decretum de iustificatione, c. 8: DS 1532.
22 Cf. Mc 9, 24; Lc 17, 5; 22, 32.
23 Cf. Tg 2, 14-26.
24 Cf. Rm 15, 13.
25 São Basílio Magno, Liber de Spiritu Sancto, 15, 36: SC 17bis, 370 (PG 32, 132); cf. São Tomás de Aquino, Summa Theologiae II-II, q. 4, a. 1, c: Ed. Leon. 8, 44.
26 Cf. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 58: AAS 57 (1965) 61.
27 João Paulo II, Enc. Redemptoris Mater, 17: AAS 79 (1987) 381.
28 João Paulo II, Enc. Redemptoris Mater, 18: AAS 79 (1987) 382-383.
29 Cf. Rm 1, 5; 16, 26.
30 Cf. Rm 1, 18-32.
31 CIC can. 751.
32 Cf. 1 Tm 6, 20; 2 Tm 1, 12-14.
33 II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Dei Verbum, 10: AAS 58 (1966) 822.
34
Cf. 1 Jo 2, 20. 27

quinta-feira, 29 de setembro de 2022

Sábado XXVI do Tempo Comum

S. Teresa do Menino Jesus, virgem, doutora da Igreja

1ª Leitura (Jó 42,1-3.5-6.12-16): Job respondeu ao Senhor, dizendo: «Eu sei que tudo podeis e que todos os vossos projetos se realizam. Quem ousa denegrir a providência com palavras sem sentido? Na verdade, falei indiscretamente das maravilhas que ultrapassam a minha compreensão. Só Vos conhecia por ouvir falar de Vós, mas agora já Vos viram os meus olhos. Por isso retiro as minhas palavras e faço penitência sobre o pó e a cinza». O Senhor abençoou os últimos anos de Job, mais ainda do que os primeiros. Possuiu catorze mil ovelhas, seis mil camelos, mil juntas de bois e mil jumentas. Teve ainda sete filhos e três filhas. À primeira deu o nome de Pomba, à segunda o de Cássia e à terceira Azeviche. Não havia em toda a região mulheres mais belas do que as filhas de Job; e o pai deu-lhes uma parte da herança entre os irmãos. Depois disto, Job viveu cento e quarenta anos e viu os filhos dos seus filhos até à quarta geração. Finalmente, Job morreu velho, depois de uma longa vida.

Salmo Responsorial: 118

R. Fazei brilhar sobre mim, Senhor, a luz do vosso rosto.

Ensinai-me o bem, o discernimento e a ciência, porque tenho fé nos vossos mandamentos. Foi bom para mim ter sido humilhado, para aprender os vossos decretos.

Eu sei que os vossos juízos são justos e que a vossa fidelidade me põe à prova. Pela vossa vontade perduram as coisas até este dia, porque todas elas Vos estão sujeitas.

Eu sou vosso servo, Senhor: dai-me inteligência, para conhecer as vossas ordens. A manifestação das vossas palavras ilumina e dá inteligência aos simples.

Aleluia. Bendito sejais, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque revelastes aos pequeninos os mistérios do reino. Aleluia.

Evangelho (Lc 10,17-24): Naquele tempo, os setenta e dois voltaram alegres, dizendo: «Senhor, até os demônios nos obedecem por causa do teu nome». Jesus respondeu: «Eu vi Satanás cair do céu, como um relâmpago. Eu vos dei o poder de pisar em cobras e escorpiões, e sobre toda a força do inimigo. Nada vos poderá fazer mal. Contudo, não vos alegreis porque os espíritos se submetem a vós. Antes, ficai alegres porque vossos nomes estão escritos nos céus». Naquela mesma hora, Ele exultou no Espírito Santo e disse: «Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste essas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, assim foi do teu agrado. Tudo me foi entregue por meu Pai, e ninguém conhece o Filho, a não ser o Pai; e ninguém conhece o Pai, a não ser o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar». E voltando—se para os discípulos em particular, disse-lhes: «Felizes os olhos que veem o que vós estais vendo! Pois eu vos digo: muitos profetas e reis quiseram ver o que vós estais vendo, e não viram; quiseram ouvir o que estais ouvindo, e não ouviram».

«Ele exultou no Espírito Santo e disse: Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra»

+ Rev. D. Josep VALL i Mundó (Barcelona, Espanha)

Hoje, o evangelista Lucas nos narra o fato que dá lugar ao agradecimento de Jesus para com seu Pai pelos benefícios que tem outorgado à Humanidade. Agradece a revelação concedida aos humildes de coração, aos pequenos no Reino. Jesus mostra sua alegria ao ver que estes admitem, entendem e praticam o que Deus dá a conhecer por meio Dele. Em outras ocasiões, no seu diálogo íntimo com o Pai, também lhe agradecerá porque sempre o escuta. Elogia ao samaritano leproso que, uma vez curado de sua doença -junto com outros nove- retorna ele só, onde está Jesus para lhe agradecer o benefício recebido.

Escreve Santo Agostinho: «Podemos levar algo melhor no coração, pronunciá-lo com a boca, escrevê-lo com uma pena, que estas palavras: Graças a Deus. Não há nada que se possa dizer com maior brevidade, nem escutar com maior alegria, nem se sentir com maior elevação, nem fazer com maior utilidade». Assim devemos agir sempre com Deus e com o próximo, inclusive pelos dons que desconhecemos, como escreveu São Josemaria Escrivá. Gratidão para com os pais, os amigos, os professores, os companheiros. Para com todos os que nos ajudem, nos estimulem, nos sirvam. Gratidão também, como é lógico, com nossa Mãe, a Igreja.

A gratidão não é uma virtude muito usada ou frequente, no entanto, é uma das que se experimentam com maior beneplácito. Devemos reconhecer que, às vezes, não é fácil vive-la. Santa Teresa afirmava: «Tenho uma condição tão agradecida que me subornariam com uma sardinha». Os santos têm agido sempre assim. E o têm feito de três maneiras diferentes, como indicava Santo Tomás de Aquino: primeiro, com o reconhecimento interior dos benefícios recebidos; segundo, louvando externamente a Deus com a palavra; e, terceiro, procurando recompensar ao bem-feitor com obras, segundo as próprias possibilidades.

Pensamentos para o Evangelho de hoje
«Não são as riquezas nem a glória o que o coração do menino reclama; o que pede é amor. Só há uma coisa que posso fazer: amar-te, ó Jesus!» (Santa Teresa de Lisieux)

«A quem é que o Filho o quer revelar? A vontade do Filho não é arbitrária. O Filho quer envolver no seu conhecimento do Filho todos aqueles que o Pai quer participar d´Ele. Mas a quem é que o Pai recorre? Não aos sábios e aos eruditos, mas o povo simples» (Bento XVI)

«(...) Toda a oração de Jesus está nesta adesão amorosa do seu coração de homem ao `mistério da vontade´ do Pai» (Catecismo da Igreja Católica, nº 2.603)

Reflexão

Contexto. Anteriormente Jesus tinha enviado os 72 discípulos, agora eles voltam e contam como foi a experiência. Pode-se observar que o sucesso da missão é devido à superioridade ou supremacia do nome de Jesus, em vez de os poderes do mal. A derrota de Satanás coincide com a chegada do Reino: os discípulos tinham visto isso em sua missão. As forças demoníacas tinham sido enfraquecidas: os demônios tinham se submetidos ao poder do nome de Jesus.

Essa convicção não pode basear a alegria e o entusiasmo do seu testemunho missionário; a alegria tem a sua raiz última em ser conhecidos e amados por Deus. Isto não significa dizer que o ser protegido por Deus e o relacionamento com Ele sempre nos coloca em uma posição de vantagem diante das forças demoníacas. Aqui entra a mediação de Jesus entre Deus e nós: "Eis que eu vos dei o poder" (v. 19). O poder de Jesus é um poder que nos permite experimentar o sucesso contra o poder demoníaco e nos protege. Um poder que só pode ser transmitido quando Satanás é derrotado. Jesus assistiu a queda de Satanás, mesmo se ainda não está definitivamente derrotado; para frustrar esse poder de Satanás na terra são chamados os cristãos. Esses estão confiantes da vitória, apesar do fato de que eles vivem em uma situação crítica: participam da vitória na comunhão de amor com Cristo mesmo sendo provados pelo sofrimento e morte. No entanto, o motivo da alegria, não está na certeza de escapar ilesos, mas ser amados por Deus. A expressão de Jesus "seus nomes estão escritos nos céus" testemunha que o estar presente no coração de Deus (a memória) garante a continuidade de nossas vidas na dimensão da eternidade. O sucesso da missão dos discípulos é uma consequência da derrota de Satanás, agora, mostra a benevolência do Pai (vv. 21-22): o sucesso da Palavra de Graça na missão dos setenta e dois, vivida como plano do Pai e na comunhão da ressurreição do Filho, a partir de agora, é a demonstração da benevolência do Pai; a missão torna-se um espaço para a revelação da vontade de Deus no tempo humano. Esta experiência é transmitida por Lucas num contexto de oração: mostra de uma parte a reação no céu ("Eu vou dar graças", v. 21) e de outra aquela sobre a terra (vv. 23-24).

A oração de alegria. Na oração que Jesus dirigiu ao Pai, sob a ação do Espírito, diz-se, que "exulta," exprime a abertura da alegria messiânica e proclama a benevolência do Pai. Torna-se evidente nos pequenos, nos pobres e naqueles que não contam para nada, porque acolheram a palavra transmitida pelos enviados e por isso entram na relação entre as pessoas divinas da Trindade. Em vez disso, os sábios e os doutos, por causa da sua segurança se alegram devido à sua competência intelectual e teológica. Mas esta atitude impede-os de entrar na dinâmica da salvação dada por Jesus. O ensinando que Lucas pretende transmitir aos crentes individualmente, mas também às comunidades eclesiais, podem ser da seguinte forma sintetizado: a humildade abre para a fé; a suficiência das próprias seguranças fecha ao perdão, à luz, à benevolência de Deus. A oração de Jesus tem seus efeitos sobre todos aqueles que se deixam ser envolvidos pela benevolência do Pai.

Para um confronto pessoal
1. A missão de levar a vida de Deus para o outro envolve um estilo de vida pobre e humilde. A sua vida é perpassada pela vida de Deus, pela Palavra da graça que vem de Jesus?
2. Tenho confiança no chamado de Deus e no seu poder, que precisa ser expressa através da simplicidade, da pobreza e da humildade?

quarta-feira, 28 de setembro de 2022

1º de outubro

 Santa Teresa do Menino Jesus
Virgem de nossa Ordem e Doutora da Igreja
 
Nasceu em Alençon (França) no dia 2 de janeiro de 1873. Entrou para o Carmelo de Lisieux no dia 9 de abril de 1888. Exercitou-se de modo singular na humildade, simplicidade evangélica e confiança em Deus, virtudes que também procurou inculcar nas suas irmãs, especialmente nas noviças. Oferecendo a sua vida pela salvação das almas e pela edificação da Igreja, morreu num êxtase de amor no dia 30 de setembro de 1897.
 
INVITATÓRIO

R. Vinde, adoremos o Senhor, que se revela aos pequeninos.
 
LAUDES

Hino
A infinita caridade do Senhor
tua glória quis, no Céu, fosse igualada,
dos apóstolos e dos mártires à palma,
Virgem que és, de dons imensos coroada.
 
Desejando, como vítima de amor,
por um fogo virginal, ser abrasada,
pede ao Esposo consumi-la sem demora,
nos ardores de sua chama abençoada.
 
Ao anúncio da partida suspirada,
vê Teresa a eternidade gloriosa.
Num gemido – “Eu te amo” – alegremente,
para o Cristo alça voo, vitoriosa.
 
Lá do alto, das estrelas cintilantes,
se já sorves da alegria nos caudais,
não te esqueças que a esta terra prometeste
uma chuva derramar dos teus rosais.
 
Vós, ó Rei, que sempre às almas pequeninas
um espaço reservais de dileção,
a nós todos que a Teresa nos unimos,
dai que entremos na celestial mansão.
 
Força, honra e louvor eternamente
a Deus Pai e ao Unigênito também;
e ao Espírito Paráclito igualmente
pelos séculos dos séculos.  Amém.
 
Ant.1 Minha alma se agarra a Vós; com poder vossa mão me sustenta.
 
Salmos e Cântico do Domingo da I Semana
 
Ant.2 Vós, santos e humildes de coração, bendizei o Senhor.
 
Ant. 3 O Senhor ama o seu povo, coroa os humildes com a vitória.
 
 
Leitura breve - Rm 8,14-17
Os que são conduzidos pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. Não recebestes um espírito de escravos para recairdes no medo, mas recebestes um Espírito de filhos adotivos, no qual todos nós clamamos: "Abbá! Ó Pai!" O próprio Espírito Santo se une ao nosso espírito, para atestar que somos filhos. E, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e coerdeiros de Cristo; se realmente sofremos com Ele, é para sermos também glorificados com Ele.
 
Responsório breve
R. Farei correr sobre ela a paz * como um rio. R. Farei correr.
V. E a riqueza das nações como uma torrente a transbordar.
* Como um rio. Glória ao Pai. R. Farei correr.
 
Cântico Evangélico
Ant. Em verdade eu vos digo: Se não vos converterdes e não vos tornardes iguais a crianças, no Reino dos Céus não haveis de entrar.
 
Preces
Louvemos o Senhor, que nos dá em Santa Teresa do Menino Jesus um modelo exemplar de vida evangélica. E roguemos:
 
R. Ouvi-nos, Senhor!
 
Senhor, que dissestes: "Se alguém tem sede venha até mim e beba quem tem fé em mim",
- fazei-nos sedentos do vosso Amor. R
 
Senhor, que dissestes: "Se não vos transformardes em crianças, não entrareis no Reino do Céu",
- concedei-nos a simplicidade de coração e a confiança no vosso amor. R.
 
Senhor, que dissestes: "Só entrará no Reino do Céu quem faz a vontade do meu Pai, que está no Céu",
- ensinai-nos guardar os vossos mandamentos com espírito de fé e obediência. R
 
Senhor, que dissestes: "Tudo o que fizestes a um dos meus irmãos mais pequeninos foi a mim que o fizestes",
- fazei que hoje vos reconheçamos e amemos em cada um dos nossos irmãos. R.
 
Senhor, que dissestes: "A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos",
- criai em nós o espírito missionário tão vigoroso do coração de Santa Teresa do Menino Jesus, que a levou a oferecer-se pela salvação das almas. R.
 
(intenções livres)
 
Pai Nosso
 
Oração
Deus de infinita bondade, que abris as portas do vosso reino aos pequeninos e humildes, fazei que sigamos confiadamente o caminho espiritual de Santa Teresa do Menino Jesus, para que, por sua intercessão, cheguemos à revelação da vossa glória. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
 
VÉSPERAS

Hino
Do teu trono de glória fulgente,
já, ó virgem, na Pátria gozando,
tua chuva de rosas envia
aos fiéis que te estão suplicando.
 
Sejam símbolo, prá nós, tuas rosas,
de que podes prestar-nos auxílio!
Junto a Deus, firma a nossa esperança
na alegria e na dor, neste exílio.
 
Que teus rogos inspirem mais fé.
Tuas rosas maior esperança
possam dar, aos que lutam na terra,
a Deus Pai, teu amor de criança.
 
Dai-nos isto Deus Pai e Deus Filho
e o Espírito Santo também,
cuja glória, na altura dos céus,
sem cessar cantaremos.  Amém.
 
Ant.1 Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos.
 
Salmos e Cântico das II Vésperas do Comum das Virgens.
 
Ant. 2 Por eles, a mim mesmo me consagro para que sejam consagrados na verdade.
 
Ant. 3 Deus escolheu os fracos para confundir os fortes.
 
Leitura breve - 1 Tm 2, 1.3
Caríssimo, antes de tudo recomendo que se façam preces e orações, súplicas e ações de graças por todos os homens. Isto é bom e agradável a Deus, nosso Salvador. Ele quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade, pois há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, o homem Cristo Jesus, que se entregou em resgate por todos.
 
Responsório breve
R. Anunciarei o vosso nome aos meus irmãos * e no meio
da assembleia hei de louvar-vos! R. Anunciarei.
V. Porque não desprezastes o pobre na sua angústia. * E no meio.
Glória ao Pai. R. Anunciarei.
 
Cântico Evangélico
Ant. Alegrai-vos e exultai, diz o Senhor, pois no Céu estão escritos vossos nomes.
 
Preces
Oremos a Deus Pai Onipotente pela Igreja estendida por toda a terra. E digamos:
 
R. Lembrai-vos, Senhor, da vossa Aliança.
 
Para que a Igreja se entregue ao vosso amor
_ e descubra aos contemplativos a sua vocação ao amor. R.
 
Para que o mundo acredite em vós,
_ fazei que as almas consagradas sejam testemunhas fiéis da vossa bondade. R.
 
Para que os fiéis sejam um reflexo da vossa face e imitem o vosso Filho,
- ajudai-os a levar mutuamente a sua cruz, apoiados na caridade fraterna. R.
 
Para que, segundo a vossa vontade, todos os homens conheçam a Cristo, que é a Verdade,
- infundi em todos nós um ardente espírito missionário. R.
 
(intenções livres)
 
Para que onde Cristo reina se encontrem aqueles que lhe destes,
- concedei aos fiéis defuntos a alegria de contemplarem a vossa face. R.
 
Pai Nosso ...
 
Oração
Deus de infinita bondade, que abris as portas do vosso reino aos pequeninos e humildes, fazei que sigamos confiadamente o caminho espiritual de Santa Teresa do Menino Jesus, para que, por sua intercessão, cheguemos à revelação da vossa glória. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

30 de setembro - Trânsito de Santa Teresa do Menino Jesus

 CELEBRAÇÃO DO TRÂNSITO DE
SANTA TERESA DO MENINO JESUS,
VIRGEM DE NOSSA ORDEM E DOUTORA DA IGREJA
 

No dia 30 de setembro, por volta das 19h20min, hora que Santa Teresa do Menino Jesus “entra na vida”, a comunidade, tendo nas mãos velas acesas no Círio Pascal, se reúna para celebrar o início da missão da "pequena Teresa": “passar o Céu fazendo o bem sobre a Terra”.
Antes do início das primeiras vésperas do Ofício Divino, lê-se o relato do piedoso trânsito de Sta Teresa do Menino Jesus da Sagrada Face, feito por sua irmã, Madre Inês de Jesus.
 
Leitura
Leitura relato do último dia de Sta Teresa do Menino Jesus na terra, numa quinta-feira do dia 30 de setembro de 1897, feito pela madre Inês de Jesus:
 
  “Durante a manhã eu (irmã Inês) a (Santa Teresinha) vigiava durante a Missa. Ela não me dizia nada. Ela estava esgotada, ofegante; seus sofrimentos, eu presumia, eram inexprimíveis. Num determinado momento, ela juntou as mãos e olhando à estátua da Virgem Maria disse:
  - Oh! Eu rezei a ela com grande fervor! Mas é uma agonia pura, sem mistura alguma de consolação.
  Eu lhe disse algumas palavras de compaixão e de afeição e acrescentava que ela tinha bem me edificado durante sua convalescença.
  - E você, as consolações que tinha me dado! Ah! Como elas são enormes!
  Durante todo o dia, sem um instante de trégua, ela permaneceu, podemos dizer sem exageros, sob verdadeiros tormentos. Ela parecia estar no fim de suas forças e, todavia, para nosso espanto, ela podia se mexer, se sentar no seu leito.
 - Veja, nos dizia ela, como tenho forças hoje! Não, eu não vou morrer! Eu ainda tenho forças por vários meses, talvez até mesmo vários anos!
 E se o bom Deus o quisesse, diz a Nossa Madre, você o aceitaria?
 Ela começou a responder, na sua agonia:
 - Seria bem necessário…
 Mas se corrigindo na mesma hora, ela diz com um tom de resignação sublime e caindo novamente sobre seu travesseiro:
 - Eu quero com certeza!
 Eu pude recolher essas exclamações, mas é bem difícil de transmitir o seu tom:
 - Eu não creio mais na morte para mim… Eu creio apenas no sofrimento… melhor assim! Ó meu Deus!… Eu amo o bom Deus! O minha boa Virgem Maria, venha em meu socorro! Se isso é a agonia, o que é então a morte?!… Ah! Meu bom Deus!… Sim, ele é muito bom, eu o vejo muito bom…
 E olhando para a Virgem Maria:
 - Oh! A senhora sabe que estou me sufocando!
 Para mim:
 - Se você soubesse o que é se sufocar!
 O bom Deus vai ajudá-la, minha pobrezinha, e terminará logo mais.
 - Sim, mas quando? …Meu Deus, tenha piedade de vossa pobre menina! Tenha piedade!
 Para Nossa Madre:
 - Ó minha Madre, eu vos garanto que o cálice está cheio até a boca!… Mas o bom Deus não vai me abandonar, certamente …Ele nunca me abandonou…Sim, meu Deus, tudo o que quiser, mas tenha piedade de mim! …Minhas irmãzinhas! Minhas irmãzinhas rezem por mim! …Meu Deus! Meu Deus! Vós que sois tão bom!!! …Oh! Sim, vós sois bom! Eu o sei…
 Depois do ofício de Vésperas, Nossa Madre colocou sobre seus joelhos uma imagem de Nossa Senhora do Monte Carmelo. Ela olhou por um instante e disse o quanto Nossa Madre lhe tinha garantido que ela logo mais iria acariciar Nossa Senhora como também o Menino Jesus nessa imagem:
 - Ó minha Madre, apresentai-me logo à Virgem Maria, eu sou um bebê que não aguenta mais! … Prepare-me para bem morrer.
 Nossa Madre lhe respondeu que tendo sempre compreendido e praticado a humildade, sua preparação já estava feita. Ela refletiu por um instante e pronunciou humildemente essas palavras:
 - Sim, me parece que nunca busquei outra coisa senão a verdade; sim, eu compreendi a humildade de coração… parece-me que sou humilde.
 Ela repetiu ainda:
 - Tudo o que escrevi sobre meus desejos de sofrimento. Oh! É bem verdadeiro! Eu não me arrependo de me ter entregado ao Amor.
 Com insistência:
 - Oh! Não, eu não me arrependo, muito pelo contrário!
 Um pouco depois:
 - Eu nunca teria crido que era possível sofrer tanto [nota: nunca aplicamos nela injeção alguma de morfina]! Nunca! Nunca! Eu não posso compreender tal coisa senão pelos desejos ardentes que tive de salvar as almas.
 Por volta das 5 horas, eu estava sozinha perto dela. Seu rosto mudou de repente, compreendi que era a última agonia. Quando a Comunidade entrou na enfermaria, ela acolheu todas as irmãs com um doce sorriso. Ela segurava seu Crucifixo e o olhava constantemente. Durante mais de duas horas, a respiração rouca arranhava seu peito. Seu rosto estava congestionado, suas mãos roxas, ela tinha os pés congelados e tremia todos seus membros. Um suor abundante caia em gotas enormes sobre seu rosto e inundava suas bochechas. Ela estava sob uma opressão cada vez maior e lançava às vezes pequenos gritos involuntários para respirar.
 Durante esse tempo tão cheio de agonia para nós, escutávamos pela janela – e eu sofria bastante – o canto de vários pássaros, mas tão fortemente, de tão perto e durante tanto tempo! Eu rezava para o bom Deus de fazê-los calar, esse concerto me perfurava o coração e tinha medo que ele cansasse nossa Terezinha.
 Durante outro momento, ela parecia ter a boca tão ressecada que a irmã Genoveva, achando que a aliviaria, lhe colocava nos lábios um pequeno pedaço de gelo. Ela o aceitou lhe fazendo um sorriso que nunca me esquecerei. Era como um supremo adeus.
 Às 6 horas o Angelus soou, ela olhou longamente para a estátua da Virgem Maria.
 Enfim, às 7 horas e pouco, Nossa Madre tendo despedido a Comunidade, ela suspirou:
 - Minha Madre! Não é isso a agonia?… Não irei morrer?…
 Sim, minha pobrezinha, é a agonia, mas o bom Deus quer talvez prolongá-la por algumas horas. Ela retoma com coragem:
 - Ora bem!… Vamos!… Vamos!… Oh! Eu não quereria sofrer menos tempo…
 E olha seu Crucifixo:
 - Oh! Eu o amo!.... Meu Deus… Eu vos amo….
 De uma hora para outra, após ter pronunciado essas palavras, ela caiu suavemente para trás, com a cabeça inclinada para a direita. Nossa Madre fez soar imediatamente o sino da enfermaria para chamar a Comunidade. “Abram-se todas as portas” dizia a Madre no mesmo instante. Essas palavras tinham algo de solene, e me fizeram pensar que no Céu o bom Deus o dizia também a seus anjos.
 As irmãs tiveram o tempo de se ajoelhar em torno do leito e foram testemunhas do êxtase da pequena Santa que morria. Seu rosto tinha tomado a cor de uma flor-de-lis que tinha quando em plena saúde, seus olhos estavam fixados no alto, brilhantes de paz e de alegria. Ela fazia alguns movimentos de cabeça, como se Alguém a tivesse divinamente ferido com uma flecha de amor, depois retirado a flecha para a ferir novamente… A irmã Maria da Eucaristia se aproximou com uma vela para ver de mais perto seu olhar sublime. Diante da luz dessa vela, não houve movimento algum de suas pálpebras. Esse êxtase durou o tempo de um “Credo”, e ela deu seu último suspiro.
 Após sua morte, ela conservou um sorriso celeste. Ela estava com uma beleza encantadora. Ela segurava tão forte seu Crucifixo que foi necessário arrancá-lo de suas mãos para enterrá-la. A irmã Maria do Sagrado-Coração e eu fizemos tal serviço, com a irmã Amada de Jesus, e notamos que ela não parecia ter mais do que 12 ou 13 anos. Os membros do seu corpo permaneceram flexíveis até o dia do seu enterro, numa segunda-feira, no dia 4 de outubro de 1897.”
 
Apagam-se as velas
 

I Vésperas 
 
V. Vinde, ó Deus em meu auxílio.
R. Socorrei-me sem demora.
V. Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
R. Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
 
Hino
Um atalho de luz, eis a Pequena Via:
O ascensor é Jesus, sob o olhar de Maria!
 
Teresinha e seu sonho, bem maior que a vida:
Escalar a montanha, ao encontro do Amor!
Decidiu que vai fazer esta subida,
Sem medir sacrifícios, buscando o Senhor.
 
Contemplando o mistério santo da humildade,
Ela toma nos braços a Criança-Jesus.
Em momento de paz, na simplicidade,
Faz nascer, para nós, o atalho de luz!
 
Tempestades a fazem crescer na esperança.
"Oh! Não vou despertar-te!" diz ela ao Senhor.
Puro nada sou, mas Deus é segurança.
Só por Ele é que vive a santa do Amor!
 
Por caminhos de paz, na doce descoberta,
O Senhor, generoso, Teresinha conduz.
é segredo de Deus que, enfim, a liberta.
Vai ser vítima santa do Amor que a seduz.
 
Instruindo os pequenos na segura via,
A santinha nos lega a divina lição:
O ascensor é Jesus, à luz de Maria.
Aprovada no Céu, de Teresa a invenção.
 
Salmodia
 
Ant. 1: Vinde, filhas, contemplai o Senhor e ficareis radiantes.
 
Salmo 112 (113)
1 Louvai, servos do Senhor, *
louvai o nome do Senhor.
2 Bendito seja o nome do Senhor, *
agora e para sempre.
3 Desde o nascer ao pôr do sol, *
seja louvado o nome do Senhor.
 
4 O Senhor domina sobre todos os povos, *
a sua glória está acima dos céus.
5 Quem se compara ao Senhor nosso Deus, *
que tem o seu trono nas alturas,
6 e se inclina lá do alto *
a olhar o céu e a terra?
 
7 Levanta do pó o indigente *
e tira o pobre da miséria,
8 para o fazer sentar com os grandes, *
com os grandes do seu povo,
9 e, no lar, transforma a estéril *
em ditosa mãe de família.
 
Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
 
Ant. Vinde, filhas, contemplai o Senhor e ficareis radiantes.
 
Ant.2: Nós Vos seguimos de todo o coração, nós Vos adoramos e procuramos a vossa face; não nos abandoneis, Senhor.
 
Salmo 147 (147 B)
12 Glorifica, Jerusalém, o Senhor, *
louva, Sião, o teu Deus.
 
13 Ele reforçou as tuas portas *
e abençoou os teus filhos.
14 Estabeleceu a paz nas tuas fronteiras *
e saciou-te com a flor da farinha.
 
15 Envia à terra a sua palavra, *
corre veloz a sua mensagem.
16 Faz cair a neve como lã, *
espalha a geada como cinza.
 
17 Faz cair o granizo como migalhas de pão *
e com o seu frio gelam as águas.
18 Envia a sua palavra e derrete-as, *
faz soprar o vento e correm as águas.
 
19 Revelou a sua palavra a Jacó, *
suas leis e preceitos a Israel.
20 Não fez assim com nenhum outro povo, *
a nenhum outro manifestou os seus juízos.
 
Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
 
Ant: Nós Vos seguimos de todo o coração, nós Vos adoramos e procuramos o vosso rosto; não nos abandoneis, Senhor.
 
Ant.3: Alegrai-vos, ó Virgens de Cristo, exultai, esposas do Cordeiro.
 
Cântico Ef 1,3-10
3 Bendito seja Deus, *
Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo,
que do alto do Céu nos abençoou, *
com todas as bênçãos espirituais em Cristo.
 
4 Ele nos escolheu, antes da criação do mundo, *
para sermos santos e irrepreensíveis,
em caridade, na sua presença.
5 Ele nos predestinou, de sua livre vontade, *
para sermos seus filhos adotivos, por Jesus Cristo,
 
6 para que fosse enaltecida a glória da sua graça, *
com a qual nos favoreceu em seu amado Filho;
7 n’Ele temos a redenção, pelo seu Sangue, *
a remissão dos nossos pecados;
segundo a riqueza da sua graça *
 
8 que Ele nos concedeu em abundância,
com plena sabedoria e inteligência, *
9 deu-nos a conhecer o mistério da sua vontade,
segundo o beneplácito que n’Ele de antemão estabelecera, *
 
10 para se realizar na plenitude dos tempos:
instaurar todas as coisas em Cristo, *
tudo o que há nos céus e na terra.
 
Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
 
Ant. Alegrai-vos, ó Virgens de Cristo, exultai, esposas do Cordeiro.
 
Leitura breve (1 Cor 7, 32.34)
Quem não é casado preocupa-se com os interesses do Se­nhor, procura agradar ao Senhor. A mulher solteira e a virgem preocupam-se com os interesses do Senhor, para serem santas de corpo e de espírito.
 
Responsório breve
V. Diz-me o coração: o Senhor é a minha herança.
R. Diz-me o coração: o Senhor é a minha herança.
V. O Senhor é bom para a alma que O procura.
R. O Senhor é a minha herança.
V. Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
R. Diz-me o coração: o Senhor é a minha herança.
 
Cântico evangélico
Ant. Quando chegou o Esposo, a Virgem prudente entrou com a lâmpada acesa para o banquete nupcial do seu Senhor.
 
A minha alma engrandece ao Senhor *
e se alegrou o meu espírito em Deus, meu Salvador;
pois ele viu a pequenez de sua serva, *
desde agora as gerações hão de chamar-me de bendita.
 
O Poderoso fez por mim maravilhas *
e Santo é o seu nome!
Seu amor, de geração em geração, *
chega a todos que o respeitam;
 
demonstrou o poder de seu braço, *
dispersou os orgulhosos;
derrubou os poderosos de seus tronos *
e os humildes exaltou;
 
saciou de bens os famintos, *
e despediu, sem nada, os ricos.
Acolheu Israel, seu servidor, *
fiel ao seu amor,
 
como havia prometido aos nossos pais, *
em favor de Abraão e de seus filhos, para sempre.
 
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. *
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
 
Ant. Quando chegou o Esposo, a Virgem prudente entrou com a lâmpada acesa para o banquete nupcial do seu Senhor.
 
Preces
"Ó meu Jesus! amo-te, amo a Igreja, minha Mãe. Não me esqueço que para ela o mínimo impulso de puro amor é mais proveitoso do que todas as demais obras em sua totalidade". A oração de Santa Teresinha é uma oração fundamentalmente eclesial, oração aberta, que abrange todas as necessidades da Igreja. Invoquemos a misericórdia de Deus, inspirados na insistência de Santa Teresinha em implorar ao Pai por todos os seus irmãos.
 
R: Por intercessão de Santa Teresinha, ouvi-nos Senhor.
 
1. Senhor, que dais ao vosso povo a graça de celebrar hoje a festa da virgem Santa Teresa do Menino Jesus,
— concedei-lhe que se alegre sempre com a sua intercessão. R.
 
2. Senhor concedei à vossa Igreja, por intercessão de Santa Teresinha, crescer na necessidade de encontrar em vossa Palavra a fonte de sua ação evangelizadora,
— para se tornar uma comunidade sempre mais orante e participativa. R.
 
3. Senhor, como Santa Teresinha, queremos vos pedir de modo especial pelos sacerdotes,
— a fim de que sejam dignos ministros de Cristo, pastores fiéis, acolhedores e misericordiosos. R.
 
4. Senhor, como Santa Teresinha, queremos interceder por todos aqueles que sofrem longe de vós,
— por aqueles que se esqueceram que podem encontrar em vosso Coração refúgio e alívio para suas dores. R.
 
5. Senhor, unidos a Santa Teresinha, queremos interceder por aqueles que padecem de secura espiritual,
— que não encontram consolo na oração e por aqueles que não têm sede de vós. R.
 
6. Senhor, que o ardor missionário de nossa comunidade seja sempre revigorado por uma autêntica vivência da fé,
— e sustentado na escuta amorosa de vossa Palavra. R.
 
7. Senhor, vos pedimos por toda a grande Família Carmelita,
— para que todos mantenham acesa a chama de sua vocação contemplativa e, a exemplo de Maria Santíssima sejam conduzidos pela oração a uma atitude de pronto serviço, de modo especial aos irmãos necessitados. R.
 
8. Senhor, que recebestes santa Teresa do Menino Jesus no banquete das núpcias eternas,
— admiti benignamente os defuntos ao convívio do vosso reino. R.
 
(Intenções Particulares)
PAI NOSSO
 
Oração
Deus de infinita bondade, que abris as portas do vosso reino aos pequeninos e humildes, fazei que sigamos confiadamente o caminho espiritual de Santa Teresa do Menino Jesus, para que, por sua intercessão, cheguemos à revelação da vossa glória. Por Nosso Senhor.
 
Encerra-se a Liturgia das Horas como de costume.
 
Ao final da Liturgia das Horas, a comunidade, em dois coros, e com as velas acesas, rezará com as palavras de Sta Teresa do Menino Jesus o

 
ATO DE OFERECIMENTO AO AMOR MISERICORDIOSO
 
T. Oferecimento de mim mesma como Vítima de Holocausto ao Amor Misericordioso do Bom Deus:
 
1. Meu Deus! Trindade Bem-aventurada, desejo AMAR-VOS e vos fazer AMAR, trabalhar para a glorificação da Santa Igreja, salvando as almas que estão sobre a terra e libertando as que sofrem no purgatório.
 
2. Desejo cumprir, perfeitamente, vossa vontade e chegar ao grau de glória que me preparastes, em vosso reino, numa palavra, desejo ser Santa, mas sinto minha impotência e vos peço, ó meu Deus! Sejais vós mesmo minha SANTIDADE.
 
1. Pois que me amastes, a ponto de dar-me vosso Filho único para ser meu Salvador e meu Esposo, os tesouros infinitos de seus méritos são meus, eu vo-los ofereço, com alegria, suplicando-vos que me olheis através da Face de Jesus e em seu Coração ardente de AMOR.
 
2. Ofereço-vos, ainda, todos os méritos dos Santos (que estão no Céu e sobre a terra), seus atos de AMOR e os dos Santos Anjos; enfim, ofereço-vos, ó BEM-AVENTURADA TRINDADE! o Amor e os méritos da SANTÍSSIMA VIRGEM, MINHA MÃE QUERIDA, é a ela que abandono minha oferta, suplicando-lhe vo-la apresentar.
 
1. Seu Divino Filho, meu Esposo Bem-Amado, disse-nos durante sua vida mortal: "Tudo o que pedirdes a meu Pai em meu nome, ele vo-lo dará!" Portanto, estou certa de que atendereis a meus desejos; eu o sei, ó meu Deus! Quanto mais quereis dar, tanto mais fazeis desejar. Sinto em meu coração desejos imensos e é, com confiança, que vos peço vir tomar posse de minha alma.
 
2. Ah! não posso receber a santa comunhão tantas vezes quanto desejo, mas, Senhor, não sois ONIPOTENTE?... Ficai em mim, como no tabernáculo, não vos afasteis jamais de vossa hostiazinha...
 
1. Quisera consolar-vos da ingratidão dos maus e suplico-vos tirar-me a liberdade de vos desagradar; se por fraqueza, cair alguma vez, que, logo vosso Divino Olhar purifique minha alma, consumindo todas as minhas imperfeições, como o fogo que transforma em si todas as coisas...
 
2. Agradeço-vos, ó meu Deus, todas as graças que me concedestes, em particular, de me ter feito passar pelo cadinho do sofrimento. É com júbilo que vos contemplarei, no último dia, empunhando o cetro da Cruz; pois que vos dignastes fazer-me partilhar desta Cruz tão preciosa, espero, no Céu, assemelhar-vos a Vós e ver brilhar em meu corpo glorificado os sagrados estigmas de vossa Paixão...
 
1. Após o exílio da terra, espero ir gozar de vós na Pátria, mas não quero acumular méritos para o Céu, quero trabalhar só por vosso AMOR, com o único fim de vos agradar, consolar vosso Coração Sagrado e salvar almas que vos amem eternamente.
 
2. Na tarde desta vida, comparecerei perante vós com as mãos vazias, pois não vos peço, Senhor, contar minhas obras. Toda nossa justiça é manchada a vossos olhos. Quero, pois, revestir-me de vossa própria justiça, e receber de vosso Amor a posse eterna de Vós mesmo. Não quero outro Trono e outra Coroa senão Vós, ó meu Bem-Amado.
 
1. Para vós, o tempo não é nada. Um único dia é como se fossem mil anos. Podeis, então, preparar-me num instante para comparecer diante de vós...
 
2. A fim de viver num ato de perfeito amor, OFEREÇO-ME COMO VÍTIMA DE HOLOCAUSTO A VOSSO AMOR MISERICORDIOSO suplicando-vos me consumir, sem cessar, deixando transbordar em minha alma as ondas de Ternura Infinita que estão encerradas em vós, e que assim eu me torne Mártir de vosso Amor, ó meu Deus!...
 
1. Que este Martírio após me ter preparado para comparecer perante vós, faça-me, enfim, morrer e que minha alma precipite-se, sem tardar, no eterno abraço de vosso Amor Misericordioso...
 
T. Quero, ó meu Bem-amado, em cada palpitar de meu coração, renovar-vos este oferecimento um número infinito de vezes, até que, dissipadas as sombras, possa repetir-vos meu Amor, num Face a Face Eterno!..
 
Após o ato de oferecimento a comunidade renova seus votos com as mesmas palavras da nossa Santa em seu
 

BILHETE DE PROFISSÃO
 
T. Oh, Jesus, meu divino Esposo!
Que eu jamais perca a segunda veste de meu Batismo!
Tira-me deste mundo, antes que cometa a mais leve falta voluntária.
Que eu não procure e não encontre senão a ti.
Que as criaturas nada sejam para mim, e eu nada seja para elas,
 mas que tu, Jesus, sejas tudo!...
Que as coisas da terra jamais possam perturbar a minha alma;
que nada perturbe minha paz!
Jesus, não te peço senão a paz e também o amor,
o amor infinito, sem outro limite senão tu mesmo...
Amor que jã não seja eu, mas sejas tu, meu Jesus.
Por ti, Jesus, morra eu mártir,
o martírio do coração ou do corpo, antes, os dois...
Dá-me cumprir meus votos em toda a sua perfeição,
e leva-me a compreender o que uma esposa tua deve ser.
Faze que nunca eu seja um peso para a comunidade,
e que ninguém se ocupe de mim;
que eu seja vista, espezinhada, esquecida,
qual um grãozinho de areia que te pertence, Jesus.
Faça-se em mim tua vontade de maneira perfeita.
Que eu possa chegar à morada que antecipadamente me foste preparar...
Deixa-me, Jesus, salvar muitas almas;
que no dia de hoje, nenhuma seja condenada,
e que todas as almas do Purgatório sejam salvas...
Perdoa-me, Jesus, se digo coisas que não devo dizer.
Só quero alegrar-te e consolar-te.
 
Se houver padre, este dará a benção solene, conforme o Missal. Caso contrário, encerra-se como no ofício de Vésperas.