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terça-feira, 31 de julho de 2018

1º de agosto: Santo Afonso Mª de Ligório, bispo e doutor da Igreja


1ª Leitura (Jer 15,10.16-21): Como sou infeliz, minha mãe! Porque me trouxestes ao mundo? Sou um homem contestado e perseguido em toda a terra! Ninguém me deve e eu não devo nada a ninguém; e no entanto sou amaldiçoado por todos. Quando apareciam as vossas palavras, Senhor, eu tomava-as como alimento. A vossa palavra era o encanto e a alegria do meu coração, porque sobre mim foi invocado o vosso nome, Senhor, Deus do Universo. Nunca me sentei com os folgazões para me divertir; sob o peso da vossa mão sentei-me solitário, porque a vossa indignação enchia a minha alma. Porque não tem fim a minha dor, porque não tem cura a minha ferida? Vós sois para mim como o ribeiro enganador, em cujas águas não se pode confiar. Então o Senhor falou-me, dizendo: «Se quiseres voltar, Eu farei que voltes, para estares na minha presença. Se separares o metal das impurezas, tu serás como a minha boca. São eles que virão ter contigo e não tu a ir ao seu encontro. Farei de ti para este povo uma forte muralha de bronze: lutarão contra ti, mas não poderão vencer-te, porque Eu estou contigo para te proteger e salvar. Eu te livrarei das mãos dos malvados, Eu te salvarei do poder dos violentos».

Salmo Responsorial: 58
R. Sois o meu refúgio, Senhor, no dia da minha tribulação.

Meu Deus, livrai-me dos inimigos, protegei-me contra os meus agressores. Defendei-me dos que praticam a iniquidade, salvai-me dos homens sanguinários.

Armam ciladas para me tirar a vida, conspiram contra mim homens poderosos. Senhor, em mim não há crime nem pecado, sem culpa minha correm a atacar-me.

Senhor, minha força, é para Vós que eu me volto, sois Vós, ó Deus, o meu refúgio. A bondade do meu Deus venha em meu auxílio e me faça ver a derrota dos meus inimigos.

Eu cantarei, Senhor, a força do vosso poder, de manhã louvarei a vossa bondade, porque sois a minha fortaleza, o meu refúgio no dia da tribulação.

Aleluia. Eu chamo-vos amigos, diz o Senhor, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi de meu Pai. Aleluia.

Evangelho (Mt 13,44-46): Naquele tempo, Jesus disse às pessoas: «O Reino dos Céus é como um tesouro escondido num campo. Alguém o encontra, deixa-o lá bem escondido e, cheio de alegria, vai vender todos os seus bens e compra aquele campo. O Reino dos Céus é também como um negociante que procura pérolas preciosas. Ao encontrar uma de grande valor, ele vai, vende todos os bens e compra aquela pérola».

«Vai vender todos os seus bens e compra aquele campo»

Rev. D. Enric CASES i Martín (Barcelona, Espanha)

Hoje, Mateus põe à nossa consideração duas parábolas sobre o Reino dos Céus. O anúncio do Reino é essencial na prédica de Jesus e na esperança do povo eleito. Mas é notório que a natureza desse Reino não era entendida pela maioria. Não a entendia o sinédrio que o condenaram à morte, não a entendiam Pilatos, nem Herodes, também não a entenderam de início os próprios discípulos. Só se encontra uma compreensão como a que Jesus pede ao bom ladrão, cravado junto dele na Cruz, quando lhe diz: «Jesus, Lembra-te de mim quando estiveres no teu Reino» (Lc 23,42). Ambos tinham sido acusados como malfeitores e estavam quase a morrer; mas, por um motivo que desconhecemos, o bom ladrão reconhece Jesus como Rei de um Reino que virá depois daquela terrível morte. Só podia ser um Reino espiritual.

Jesus, na sua primeira prédica, fala do Reino como um tesouro escondido cuja descoberta causa alegria e estimula à compra do campo para poder gozar dele para sempre: «cheio de alegria, vai vender todos os seus bens e compra aquele campo» (Mt 13,44). Mas, ao mesmo tempo, alcançar o Reino requer procurá-lo com interesse e esforço, ao ponto de vender tudo o que se possui: «Ao encontrar uma de grande valor, ele vai vende todos os bens e compra aquela pérola» (Mt 13,46). «A propósito de que se diz buscai e quem busca. Encontra? Arrisco a ideia de que se trata das perolas e a pérola, pérola que adquire o que deu tudo e aceitou perder tudo» (Orígenes).

O Reino é de paz, amor justiça e liberdade. Alcançá-lo é, por um lado, dom de Deus e por outro lado, responsabilidade humana. Diante da grandeza do dom divino constatamos a imperfeição e instabilidade dos nossos esforços, que às vezes ficam destruídos pelo pecado, as guerras e a malicia que parecem insuperáveis. Não obstante, devemos ter confiança, pois o que parece impossível para o homem é possível para Deus.

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

* O evangelho de hoje traz mais duas pequenas parábolas do Sermão das Parábolas. As duas são semelhantes entre si, mas com diferenças significativas para esclarecer melhor determinados aspectos do Mistério do Reino que está sendo revelado através destas parábolas.

* Mateus 13,44: A parábola do tesouro escondido no campo
Jesus conta uma história bem simples e bem curta que poderia acontecer na vida de qualquer um de nós. Ele diz: “O Reino do Céu é como um tesouro escondido no campo. Um homem o encontra, e o mantém escondido. Cheio de alegria, ele vai, vende todos os seus bens, e compra esse campo”. Jesus não explica. Ele só diz: O Reino do Céu é como um tesouro escondido no campo”. Assim, ele provoca os ouvintes a partilhar com os outros o que esta história nele suscitou. Partilho alguns pontos que descobri:
(1) O tesouro, o Reino, já está no campo, já está na vida. Está escondida. Passamos e pisamos por cima sem nos dar conta.
(2) O homem encontrou o tesouro. Foi puro acaso. Ele não esperava encontrá-lo, pois não estava procurando.
(3) Ao descobrir que se trata de um tesouro muito importante, o que ele faz? Faz o que todo mundo faria para ter o direito de poder apropriar-se do tesouro. Ele vai, vende tudo que tem e compra o campo. Assim, junto com o campo adquiriu o tesouro, o Reino. A condição é vender tudo!
(4) Se o tesouro, o Reino, já estava na vida, então é um aspecto importante da vida que começa a ter um novo valor.
(5) Nesta história, o que predomina é a gratuidade. O tesouro é encontrado por acaso, para além das programações nossas. O Reino acontece! E se acontece, você ou eu temos que tirar as consequências e não permitir que este momento de graça passe sem dar fruto.

* Mateus 13,45-46: A parábola do comprador de pedras preciosas
A segunda parábola é semelhante à primeira mas tem uma diferença importante. Tente descobri-la. A história é a seguinte: “O Reino do Céu é também como um comprador que procura pérolas preciosas. Quando encontra uma pérola de grande valor, ele vai, vende todos os seus bens, e compra essa pérola”.  Partilho alguns pontos que descobri:
(1) Trata-se de um comerciante de pérolas. A profissão dele é buscar pérolas. Ele só faz isso na vida: buscar e encontrar pérolas. Buscando, ele encontra uma pérola de grande valor. Aqui a descoberta do Reino não é puro acaso, mas fruto de longa busca.
(2) Comerciante de pérola entende do valor das pérolas, pois muitas pessoas querem vender para ele as pérolas que encontraram. Mas o comerciante não se deixa enganar. Ele conhece o valor da sua mercadoria. (3) Quando ele encontra uma pérola de grande valor, ele vai e vende tudo que tem e compra essa pérola. O Reino é o valor maior.

* Resumindo o ensinamento das duas parábolas. As duas tem o mesmo objetivo: revelar a presença do Reino, mas cada uma revela uma maneira diferente de o Reino mostrar a sua presença: através de descoberta da gratuidade da ação de Deus em nós, e através do esforço e da busca que todo ser humano faz para ir descobrindo cada vez melhor o sentido da sua vida.

Para um confronto pessoal
1) Tesouro escondido: já encontrou alguma vez? Já vendeu tudo para poder adquiri-la?
2) Buscar pérolas: qual a pérola que você busca e ainda não encontrou?

segunda-feira, 30 de julho de 2018

31 de julho: Santo Inácio de Loyola, presbítero


Evangelho (Lc 14,25-33): Naquele tempo, muito povo acompanhava Jesus. Voltando-se, disse-lhes: «Se alguém vem a mim e não odeia seu pai, sua mãe, sua mulher, seus filhos, seus irmãos, suas irmãs e até a sua própria vida, não pode ser meu discípulo. E quem não carrega a sua cruz e me segue, não pode ser meu discípulo. Quem de vós, querendo fazer uma construção, antes não se senta para calcular os gastos que são necessários, a fim de ver se tem com que acabá-la? Para que, depois que tiver lançado os alicerces e não puder acabá-la, todos os que o virem não comecem a zombar dele, dizendo: ‘Este homem principiou a edificar, mas não pode terminar’. Ou qual é o rei que, estando para guerrear com outro rei, não se senta primeiro para considerar se com dez mil homens poderá enfrentar o que vem contra ele com vinte mil? De outra maneira, quando o outro ainda está longe, envia-lhe embaixadores para tratar da paz. Assim, pois, qualquer um de vós que não renuncia a tudo o que possui não pode ser meu discípulo».

«Quem não carrega a sua cruz e me segue, não pode ser meu discípulo»

Rev. D. Antoni CAROL i Hostench  (Sant Cugat del Vallès, Barcelona, Espanha)

Hoje, celebrando a memória de Sto. Inácio de Loyola (1492-1556), tomamos consciência de que todos os tempos são sempre “tempos de Deus”. A época de Sto. Inácio - como tantas outras - não foi fácil nem para a Europa nem para a Igreja: décadas em que os papas residiram em Avignon (submetidos à França); o cisma do Ocidente (com três papas ao mesmo tempo, cada um deles pretendendo ser o autêntico)… até terminar na reforma protestante.

Paradoxos da vida, Inácio de Loyola e o reformador Martinho Lutero (+1546) foram plenamente coetâneos e coincidentes no tempo. Porém, que distinta foi a reacção - a “reforma” - de cada um. Na verdade, não há melhor reforma do que a identificação com Jesus Cristo: «Quem não carrega a sua cruz e me segue, não pode ser meu discípulo» (Lc 14,27). Jesus humilde, pobre, obediente, misericordioso… Durante a paixão, o silêncio e a discrição foram o seu “protesto”.

Inácio de Loyola viveu muitos anos na corte, sonhando com grandezas - poderíamos dizer - “de cavalaria”. Mas a convalescença necessária, como consequência de um ferimento de guerra, foi a ocasião providencial para ler calmamente a vida de Jesus Cristo e a de alguns santos: eis aí os autênticos reformadores! Isto “despertou-lhe” o espírito: «E se eu fizesse o mesmo que São Francisco ou que São Domingos?», começou a perguntar-se.

Os nossos também são tempos necessitados de “reforma”: «Como gostaria de uma Igreja pobre e para os pobres!» (Papa Francisco). Não há alternativa: «Qualquer um de vós que não renuncia a tudo o que possui não pode ser meu discípulo» (Lc 14,33). Perante os poderes fácticos - não o esqueçamos – a nossa força vem de Deus. Foi assim que Sto. Inácio – despojando-se de coisas e de sonhos - começou a entregar-se à vida de oração e à atenção aos outros. Nesse caminho juntaram-se-lhe alguns companheiros com que fundou a Companhia de Jesus, uma fundação que tem orientado inumeráveis frutos dentro da Igreja!

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

*  O evangelho de hoje traz a explicação que Jesus, a pedido dos discípulos, deu da parábola do joio e do trigo. Alguns estudiosos acham que esta explicação, dada por Jesus aos discípulos, não seja de Jesus, mas sim da comunidade. É possível e provável, pois uma parábola, por sua própria natureza, pede o envolvimento e a participação das pessoas na descoberta do sentido. Assim como a planta já está dentro da sua semente, assim, de certo modo, a explicação da comunidade já está dentro da parábola. É exatamente este o objetivo que Jesus queria e ainda quer alcançar com a parábola. O sentido que nós hoje vamos descobrindo na parábola que Jesus contou dois mil anos atrás já estava implicado na história que Jesus contou, como a flor já está dentro da sua semente.

*  Mateus 13,36: O pedido dos discípulos para explicar a parábola do joio e do trigo
Os discípulos, em casa conversam com Jesus e pedem uma explicação da parábola do joio e do trigo (Mt 13,24-30). Várias vezes se informa que Jesus, em casa, continuava o seu ensinamento aos discípulos (Mc 7,17; 9,28.33; 10,10). Naquele tempo não havia televisão e nas longas horas das noites do inverno o povo reunia para conversar e tratar dos assuntos doa vida. Jesus fazia o mesmo. Era nestas ocasiões que ele completava o ensinamento e a formação dos discípulos.

*  Mateus 13,38-39: O significado de cada um dos elementos da parábola
Jesus responde retomando cada um dos seis elementos da parábola e lhes dá um sentido: o campo é o mundo; a boa semente são os membros do Reino; o joio são os membros do adversário (maligno); o inimigo é o diabo; a colheita é o fim dos tempos; os ceifadores são os anjos. Experimente você agora ler de novo a parábola (Mt 13,24-30) colocando o sentido certo em cada um dos seis elementos: campo, boa semente, joio, inimigo, colheita e ceifadores. Aí, a história toma um sentido totalmente diferente e você alcança o objetivo que Jesus tinha em mente ao contar esta história do joio e do trigo ao povo. Alguns acham que esta parábola que deve ser entendida como uma alegoria e não como uma parábola propriamente dita.

*  Mateus 13,40-43: A aplicação da parábola ou da alegoria
Com estas informações dadas por Jesus você entenderá a aplicação que ele dá: Assim como o joio é recolhido e queimado no fogo, o mesmo também acontecerá no fim dos tempos: o Filho do Homem enviará os seus anjos, e eles recolherão todos os que levam os outros a pecar e os que praticam o mal, e depois os lançarão na fornalha de fogo. Aí eles vão chorar e ranger os dentes. Então os justos brilharão como o sol no Reino de seu Pai”. O destino do joio é a fornalha, o destino do trigo bom é o brilho do sol no Reino do Pai. Por de trás destas duas imagens está a experiência das pessoas. Depois que elas escutaram Jesus e o aceitaram em suas vidas, tudo mudou para elas. O fim chegou. Ou seja, em Jesus chegou aquilo que, no fundo, todos esperavam: a realização das promessas. A vida agora se divide em antes e depois que escutaram e aceitaram Jesus em suas vidas. A nova vida começou como o brilho do sol. Se tivessem continuado a viver como antes, seriam como o joio jogado na fornalha, vida sem sentido e sem serventia para nada.

*  Parábola e Alegoria.
Existe a parábola. Existe a alegoria. Existe a mistura das duas que é a forma mais comum. Geralmente tudo é chamado de parábola. No evangelho de hoje temos o exemplo de uma alegoria. Uma alegoria é uma história que a pessoa conta, mas enquanto conta, ela não pensa nos elementos da história, mas sim no assunto que deve ser esclarecido. Ao ler uma alegoria não é necessário olhar primeiro a história como um todo, pois numa alegoria a história não se constrói em torno de um ponto central que depois serve como meio de comparação, mas cada elementos tem a sua função independente a partir do sentido que recebe. Trata-se de descobrir o que cada elemento das duas histórias nos tem a dizer sobre o Reino como fez a explicação que Jesus deu da parábola: campo, boa semente, joio, inimigo, colheita e ceifadores. Geralmente, as parábolas são alegorizantes. Mistura das duas.

Para um confronto pessoal
1) No campo existe tudo misturado: joio e trigo. No campo da minha vida, o que prevalece: o joio ou o trigo?
2) Você já tentou conversar com outras pessoas para descobrir o sentido de alguma parábola?

domingo, 29 de julho de 2018

Segunda-feira da 17ª semana do Tempo Comum


1ª Leitura (Jer 13,1-11): O Senhor disse-me: «Vai comprar uma faixa de linho e põe-na à cintura, mas sem a molhares na água». Eu comprei a faixa e pu-la à cintura, como o Senhor me tinha ordenado. Pela segunda vez me foi dirigida a palavra do Senhor: «Toma a faixa que compraste e que trazes à cintura, põe-te a caminho até ao rio Eufrates e esconde-a lá na fenda dum rochedo». Eu fui esconder a faixa na margem do Eufrates, como o Senhor me tinha ordenado. Muitos dias depois, disse-me o Senhor: «Põe-te a caminho e vai ao rio Eufrates buscar a faixa que lá te mandei esconder». Eu fui ao Eufrates procurar a faixa e tirá-la do lugar onde a escondera. Mas a faixa tinha-se estragado e já não servia para nada. Então o Senhor dirigiu-me a palavra, dizendo: «Assim fala o Senhor: Deste modo destruirei o orgulho de Judá, a grande soberba de Jerusalém. Este povo perverso, que recusa ouvir as minhas palavras, que segue as tendências do seu coração obstinado e segue outros deuses para os servir e adorar, ficará como essa faixa, que já não serve para nada. Porque assim como a faixa se prende à cintura do homem, também Eu tinha prendido a Mim toda a casa de Israel e toda a casa de Judá, – diz o Senhor – para que fossem o meu povo, proclamando o meu nome, o meu louvor e a minha glória. Mas eles não Me obedeceram».

Salmo Responsorial: Dt 32
R. Abandonaste a Deus que te criou.

Desprezaste o Rochedo que te gerou, esqueceste a Deus que te deu a vida. O Senhor viu e ficou indignado e rejeitou teus filhos e tuas filhas.

O Senhor disse: «Vou ocultar-lhes o meu rosto e ver qual será o seu futuro, porque são uma geração perversa de filhos que não conhecem a fidelidade».

«Provocaram-Me com um deus falso, irritaram-Me com inúteis ídolos; e Eu vou provocá-los com um povo falso, vou irritá-los com uma nação insensata».

Aleluia. Deus Pai nos gerou pela palavra da verdade, para sermos as primícias das suas criaturas. Aleluia.

Evangelho (Mt 13,31-35): Naquele tempo Jesus apresentou-lhes outra parábola ainda: «O Reino dos Céus é como um grão de mostarda que alguém pegou e semeou no seu campo. Embora seja a menor de todas as sementes, quando cresce, fica maior que as outras hortaliças e torna-se um arbusto, a tal ponto que os pássaros do céu vêm fazer ninhos em seus ramos».  E contou-lhes mais uma parábola: «O Reino dos Céus é como o fermento que uma mulher pegou e escondeu em três porções de farinha, até que tudo ficasse fermentado». Jesus falava tudo isso em parábolas às multidões. Nada lhes falava sem usar de parábolas, para se cumprir o que foi dito pelo profeta: «Abrirei a boca para falar em parábolas; vou proclamar coisas escondidas desde a criação do mundo».

«Nada lhes falava sem usar de parábolas»

Rev. D. Josep Mª MANRESA Lamarca (Valldoreix, Barcelona, Espanha)

Hoje, o Evangelho apresenta-nos Jesus predicando aos seus discípulos. E o faz do jeito que nele é habitual, através das parábolas, quer dizer, empregando imagens simples e comuns para explicar os grandes mistérios escondidos do Reino. Assim todo mundo podia entender, desde as pessoas com maior formação até as menos formadas.

«O Reino dos Céus é como um grão de mostarda...» (Mt 13,31). Os grãos de mostarda não se veem, são muito pequenos, mas se temos cuidado deles e os regamos... acabam se tornando em grandes árvores. «O Reino dos Céus é como o fermento que uma mulher pegou e escondeu em três porções de farinha...» (Mt 13,33). O fermento não se vê, mas se não estivesse aí, a massa não subiria. Assim também é a vida cristã, a vida da graça: não se percebe no exterior, não faz barulho, mas... se você deixa que se introduza no seu coração, a graça divina vai fazendo frutificar a semente e transformando assim às pessoas pecadoras em santas.

Esta graça divina dá-se nos pela fé, pela oração, pelos sacramentos, pela caridade. Mas a vida da graça é, sobretudo, um dom que devemos esperar e desejar com humildade. Um dom que sábios e eruditos deste mundo não sabem valorar, mas que Deus Nosso Senhor quer fazer chegar aos humildes e simples.

Tomara que quando nos procure, encontre-nos não no grupo dos orgulhosos, mas naquele dos humildes, que se reconhecem fracos e pecadores, mas muito agradecidos e confiando na bondade do Senhor. Assim, o grão de mostarda chegará a ser uma grande árvore; assim o fermento da Palavra de Deus dará em nós frutos de vida eterna. Porque, «quanto mais se abaixa o coração pela humildade, mais se levanta até a perfeição» (São Agostinho).

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

* Estamos meditando o Sermão das Parábolas, cujo objetivo é revelar, por meio de comparações, o mistério do Reino de Deus presente na vida do povo. O evangelho de hoje traz duas pequenas parábolas, da semente de mostarda e do fermento. Nelas Jesus conta duas histórias tiradas da vida de cada dia que vão servir como meio de comparação para ajudar o povo a descobrir o mistério do Reino. Ao meditar estas duas histórias não se deve logo querer descobrir o que cada elemento das histórias nos tem a dizer sobre o Reino. Antes disso, se deve olhar, primeiro, a história em si mesma como um todo e procurar descobrir qual o ponto central em torno do qual a história foi construída, pois é este ponto central que servirá como meio de comparação para revelar o Reino de Deus. Vamos ver qual o ponto central das duas parábolas.

* Mateus 13,31-32: A parábola da semente de mostarda
Jesus diz: "O Reino do Céu é como uma semente de mostarda“ e, em seguida, ele conta a história: uma semente bem pequena é lançada no campo; mesmo sendo pequena, ela cresce, fica maior que as outras plantas e chega a atrair os passarinhos para fazer nela seus ninhos. Jesus não explica a história. Aqui vale o que ele disse em outra ocasião: “Quem tem ouvidos para ouvir ouça!” Ou seja: “É isso. Vocês ouviram e agora tratem de entender!” Compete a nós descobrir o que esta história nos revela sobre o Reino de Deus presente em nossas vidas. Assim, por meio desta história da semente de mostarda Jesus provoca nossa fantasia, pois cada um de nós entende algo de semente. Jesus espera que as pessoas, nós todos, comecemos a partilhar o que cada um descobriu. Partilho aqui três pontos que descobri sobre o Reino a partir desta parábola:
(1) Jesus diz: "O Reino do Céu é como uma semente de mostarda“. O Reino não é algo abstrato, não é uma ideia. É uma presença no meio de nós (Lc 17,21). Como é esta presença? Ela é como a semente de mostarda: presença bem pequena, humilde, que quase não se vê. Trata-se do próprio Jesus, um pobre camponês carpinteiro, andando pela Galileia, falando do Reino ao povo das aldeias. O Reino de Deus não segue os critérios dos grandes do mundo. Tem outro modo de pensar e de proceder.
(2) A parábola evoca uma profecia de Ezequiel, onde se diz que Deus vai pegar um pequeno broto de cedro e plantá-lo nas alturas da montanha de Israel. Este pequeno broto de cedro ”vai soltar ramos e produzir frutos, e se transformará num cedro gigante. Os passarinhos farão nele seus ninhos, e os pássaros se abrigarão à sombra de seus ramos E todas as árvores do campo saberão que sou eu, Javé, que rebaixo a árvore alta e elevo a árvore baixa, seco a árvore verde e faço brotar a árvore seca. Eu, Javé, falo e faço". (Ez 17,22-23).
(3) A semente de mostarda, mesmo sendo pequena, cresce e suscita esperança. Como a semente de mostarda, assim o Reino tem uma força interior e cresce. Cresce como? Cresce através da pregação de Jesus e dos discípulos e discípulas nos povoados da Galileia. Cresce, até hoje, através do testemunho das comunidades e se torna uma boa notícia de Deus que irradia e atrai o povo. A pessoa que chega perto da comunidade, se sente acolhida, em casa, e faz nela seu ninho, a sua morada.
No fim, a parábola deixa uma pergunta no ar: quem são os passarinhos? A pergunta vai ter resposta mais adiante no evangelho. O texto sugere que se trata dos pagãos que vão poder entrar no Reino (Mt 15,21-28).

* Mateus 13,33: A parábola do fermento
A história da segunda parábola é esta: uma mulher pega um pouco de fermento e o mistura com três porções de farinha, até que tudo fique fermentado. Novamente, Jesus não explica. Só diz: "O Reino do Céu é como o fermento...”. Como na primeira parábola, fica por nossa conta de descobrir o significado para nós hoje. Partilho alguns pontos que descobri e me fizeram pensar:
(1) O que cresce não é o fermento, mas sim a massa.
(2) Trata-se de uma coisa bem caseira, do trabalho da mulher em casa.
(3) Fermento tem algo de podre que é misturado na massa pura da farinha.
(4) O objetivo é fazer levedar a massa toda e não apenas uma parte.
(5) Fermento não tem finalidade em si mesma, mas serve apenas para fazer crescer a massa.

* Mateus 13,34-35: Por que Jesus fala em parábolas
Aqui, no fim do Sermão das Parábolas, Mateus traz um esclarecimento sobre o motivo que levava Jesus a ensinar o povo em forma de parábolas. Ele diz que era para se cumprir a profecia que dizia: "Abrirei a boca para usar parábolas; vou proclamar coisas escondidas desde a criação do mundo". Na realidade, o texto citado não é de um profeta, mas de um salmo (Sl 78,2). É que para os primeiros cristãos todo o Antigo Testamento era uma grande profecia a anunciar veladamente a vinda do Messias e a realização das promessas de Deus. Em Marcos 4,34-34, o motivo que levava Jesus a ensinar o povo por meio de parábolas era para adaptar a mensagem à capacidade do povo. Por serem exemplos tirados da vida do povo, Jesus ajudava as pessoas a descobrir as coisas de Deus no quotidiano. Tornava a vida transparente. Fazia perceber que o extraordinário de Deus se esconde nas coisas ordinárias e comuns da vida de cada dia. O povo entendia da vida. Nas parábolas recebia a chave para abri-la e encontrar dentro dela os sinais de Deus. No fim do Sermão das Parábolas, em Mateus 13,52, como ainda veremos, vai ser dado outro motivo que levava Jesus a ensinar por meio de parábolas.

Para um confronto pessoal
1. Qual o ponto destas duas parábolas de que você mais gostou ou que mais chamou a sua atenção? Por que?
2. Qual a semente que, sem você se dar conta, cresceu em você e na sua comunidade?

sábado, 28 de julho de 2018

XVII Domingo do Tempo Comum


1ª Leitura (2Re 4,42-44): Naqueles dias, veio um homem da povoação de Baal-Salisa e trouxe a Eliseu, o homem de Deus, pão feito com os primeiros frutos da colheita. Eram vinte pães de cevada e trigo novo no seu alforje. Eliseu disse: «Dá-os a comer a essa gente». O servo respondeu: «Como posso com isto dar de comer a cem pessoas?»  Eliseu insistiu: «Dá-os a comer a essa gente, porque assim fala o Senhor: ‘Comerão e ainda há de sobrar’». Deu-lhos e eles comeram, e ainda sobrou, segundo a palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 144
R. Abris, Senhor, as vossas mãos e saciais a nossa fome.

Graças Vos deem, Senhor, todas as criaturas e bendigam-Vos os vossos fiéis. Proclamem a glória do vosso reino e anunciem os vossos feitos gloriosos.

Todos têm os olhos postos em Vós, e a seu tempo lhes dais o alimento. Abris as vossas mãos
e todos saciais generosamente.

O Senhor é justo em todos os seus caminhos e perfeito em todas as suas obras. O Senhor está perto de quantos O invocam, de quantos O invocam em verdade.

2ª Leitura (Ef 4,1-6): Irmãos: Eu, prisioneiro pela causa do Senhor, recomendo-vos que vos comporteis segundo a maneira de viver a que fostes chamados: procedei com toda a humildade, mansidão e paciência; suportai-vos uns aos outros com caridade; empenhai-vos em manter a unidade de espírito pelo vínculo da paz. Há um só Corpo e um só Espírito, como há uma só esperança na vida a que fostes chamados. Há um só Senhor, uma só fé, um só Batismo. Há um só Deus e Pai de todos, que está acima de todos, atua em todos e em todos Se encontra.

Aleluia. Apareceu entre nós um grande profeta: Deus visitou o seu povo. Aleluia.

Evangelho (Jo 6,1-15): Naquele tempo Jesus foi para o outro lado do mar da Galileia, ou seja, de Tiberíades. Uma grande multidão o seguia, vendo os sinais que ele fazia a favor dos doentes. Jesus subiu a montanha e sentou-se lá com os seus discípulos. Estava próxima a Páscoa, a festa dos judeus. Levantando os olhos e vendo uma grande multidão que vinha a ele, Jesus disse a Filipe: «Onde vamos comprar pão para que estes possam comer?»  Disse isso para testar Filipe, pois ele sabia muito bem o que ia fazer. Filipe respondeu: «Nem duzentos denários de pão bastariam para dar um pouquinho a cada um». Um dos discípulos, André, irmão de Simão Pedro, disse: «Está aqui um menino com cinco pães de cevada e dois peixes. Mas, que é isso para tanta gente?» Jesus disse: «Fazei as pessoas sentar-se». Naquele lugar havia muita relva, e lá se sentaram os homens em número de aproximadamente cinco mil. Jesus tomou os pães, deu graças e distribuiu aos que estavam sentados, tanto quanto queriam. E fez o mesmo com os peixes. Depois que se fartaram, disse aos discípulos: «Juntai os pedaços que sobraram, para que nada se perca!» Eles juntaram e encheram doze cestos, com os pedaços que sobraram dos cinco pães de cevada que comeram.  À vista do sinal que Jesus tinha realizado, as pessoas exclamavam: «Este é verdadeiramente o profeta, aquele que deve vir ao mundo». Quando Jesus percebeu que queriam levá-lo para proclamá-lo rei, novamente se retirou sozinho para a montanha.

«Uma grande multidão o seguia»

Rev. D. Pere CALMELL i Turet (Barcelona, Espanha)

Hoje, podemos contemplar como se forja no nosso interior tanto o amor humano como o amor sobrenatural, já que temos um mesmo coração para amar a Deus e aos outros.

Geralmente, o amor vai abrindo passo no coração humano quando se descobre o atrativo do outro: sua simpatia, sua bondade. É o caso do «rapaz que tem cinco pães de cevada e dois peixes» (Jo 6,9). Dá a Jesus tudo o que leva, os pães e os peixes, porque se deixou conquistar pelo atrativo de Jesus. —Descobri o atrativo do Senhor?

A continuação, o enamoramento, fruto de sentir-se correspondido. Disse que «muita gente o seguia porque viam os sinais que ele realizava nos enfermos» (Jo 6,2). Jesus os escutava, os obedecia, porque sabia o que eles necessitavam.

Jesus Cristo sente um poderoso atrativo por mim e quer minha realização humana y sobrenatural. Ama-me tal como sou, com minhas misérias, porque peço perdão e, com sua ajuda, continuo esforçando-me.

«Jesus percebendo que tentavam vir tomá-lo pela força para proclamá-lo rei, fugiu novamente ao monte Ele só» (Jo 6,15). E lhes dirá no dia seguinte: «Em verdade, em verdade vos digo: vós me buscais, não porque hás visto sinais, e sim porque hás comido dos pães e vos hás saciado» (Jo 6,26). Santo Agostinho escreve: «Quantos há que procuram Jesus, guiados somente por interesses temporais! (...) apenas se procura a Jesus por Jesus».

A plenitude do amor é o amor de doação; quando se quer o bem do ser amado, sem esperar nada em troca, mesmo que seja ao preço do sacrifício pessoal.

Hoje, eu posso lhe dizer: «Senhor, que nos fazes participar do milagre da Eucaristia: pedimos que não te escondas, que vivas conosco, que te vejamos, que te toquemos, que te sintamos, que queiramos estar sempre ao teu lado, que sejas o Rei de nossas vidas e de nossos trabalhos» (São Josémaria).

“Dai-lhes vós mesmos de comer”.

Pe. Antonio Rivero, L.C.

Sta Marta de Betânia
Discípula do Senhor
Durante cinco domingos seguidos lemos no capítulo seis de São João, onde se narra o discurso-catequese de Jesus sobre o Pão da vida. João é o teólogo da Eucaristia. Poderíamos resumir assim as ideias destes domingos: milagre dos pães (domingo 17), diálogo sobre o maná do deserto (domingo 18); o que significa crer em Jesus (domingo 19); o que significa comer Jesus (domingo 20) e finalmente as reações dos ouvintes e discípulos diante do discurso do Pão da vida (domingo 21). A vida cristã tem o seu centro na Eucaristia. Sem a Eucaristia não podemos viver. A Eucaristia exige e nos compromete a compartilhar também os nossos diversos pães com os irmãos: “Dai-lhes vós mesmos de comer”. Sim, dar o nosso pão para o povo (1ª leitura). E dá-lo com humildade, amabilidade, compreensão (2ª leitura).

Em primeiro lugar, Jesus hoje dá um exemplo maravilhoso para todos nós, cristãos e não cristãos: vê a multidão que o segue, sente compaixão por ela porque a vê faminta e soluciona esta necessidade básica- a fome-, símbolo de outra necessidade profunda, a necessidade de Deus, da sua Palavra e do seu amor. Agora bem, Cristo quer também a nossa colaboração e por isso diz: “Dai-lhes vós mesmos de comer”. É um grande desafio que requer fé, confiança e generosidade da nossa parte para compartilhar o muito ou o pouco que tivermos. Graças à colaboração de todos Deus operou o grande milagre da multiplicação dos pães e dos peixes. Assim foi também no caso de Eliseu na primeira leitura de hoje.

Em segundo lugar, a Igreja seguiu o exemplo de Jesus durante estes 21 séculos de história, obedecendo ao imperativo “Dai-lhes vós mesmos de comer”. A Igreja repartiu generosamente o pão da compaixão e da ternura com os doentes, anciãos, órfãos. Soube conjugar a evangelização com a beneficência e o cuidado material dos mais pobres, colaborando e completando o que num princípio pertenceria aos deveres de cada Estado. Testemunho desta ação caritativa e de promoção humana e cristã são as diversas ordens e congregações religiosas: As Missionárias da Caridade da beata Madre Teresa de Calcutá; as irmãzinhas dos Anciãos desamparados de Santa Teresa de Jesus Jornet e Ibars; os Irmãos Hospitaleiros de São João de Deus; os servidores dos enfermos de São Camilo de Lélis; as servas de Maria ministras dos enfermos de Santa Soledad Torres Acosta; os Oratorianos de São Felipe Neri… E uma coroa de cristãos comprometidos, missionários, voluntários, religiosos e religiosas que trabalham desinteressadamente no campo sanitário e educativo, e “compartilham o seu pão” com os que não o têm. Esta colaboração é às vezes econômica e outras, a doação de si mesmos, do seu tempo, do seu trabalho. E fazem isso não só com os países do Terceiro Mundo, mas bem próximo, no seu próprio ambiente, no qual os anciãos e os enfermos ou os pobres necessitam o “pão” da nossa acolhida, ternura e proximidade.      

Finalmente, esse “Dai-lhes vós mesmos de comer” implica, pois, compartilhar o pão material. Mas, sobretudo, é um símbolo muito expressivo de outros “pães” dos que também tem fome a humanidade: a cultura, pois muitos não têm escola; trabalho digno e estável; moradia para os que estão na rua dormindo debaixo das pontes ou jogados em qualquer praça; possibilidades de vida especialmente para emigrantes que abandonam o seu país em busca de um futuro melhor. Cristo não só da de comer ou cura os doentes e ressuscita os mortos; também prega o Reino, perdoa os pecados, conduz a Deus. Não quer que fiquem somente no mero fato do milagre material, mas que deem o salto à fé e ao compromisso da doação. Este discurso de São João no capítulo seis levará pouco a pouco os leitores à compreensão mais profunda do sacramento da Eucaristia.   

Para refletir: Quantos pães e peixes eu tenho dentro da minha mochila? Compartilho com os demais ou gosto de comer sozinho num cantinho? O que aconteceria se todos compartilhássemos o pouco ou o muito que temos? O que aconteceria se Cristo não compartilhasse conosco a sua Eucaristia, a sua Santa Mãe, a sua Palavra, a sua Cruz, os seus sonhos, as suas alegrias e as suas tristezas?

Para rezar: Senhor, perdoai o meu egoísmo por não querer repartir o meu pão com os meus irmãos. Limpai os meus olhos para ver as necessidades do meu próximo. Alarga o meu coração para sentir compaixão por ele. E especialmente, dai-me mãos para saber compartilhar e repartir o meu pão com os necessitados, consciente de que assim sigo o vosso exemplo e o exemplo de tantos santos.

Qualquer sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail:  arivero@legionaries.org

sexta-feira, 27 de julho de 2018

28 de julho


São Pedro Poveda Castroverde
Presbítero e mártir - Fundador da Instituição Teresiana


Pedro Poveda Castroverde nasceu em Linhares (Jaén) em 3 de dezembro de 1874. Desde criança sentiu atração pelo sacerdócio. Ingressou no seminário de Jaén e concluiu os estudos no de Guadix, diocese na qual recebeu a ordenação em 1897. Começou seu ministério no Seminário e no atendimento pastoral aos que viviam nas margens da população, criando uma escola para eles. Nomeado canônico de Covadonga ocupou-se da formação cristã dos peregrinos e começou a escrever livros sobre educação e a relação entre a fé e a ciência. A partir de 1911, com algumas jovens colaboradoras, começou a fundação de Academias e Centros pedagógicos que dariam início à Instituição Teresiana. Transferiu-se para Jaén para consolidar a mesma Instituição que receberia ali aprovação diocesana e depois, estando ele já em Madri como capelão real, a aprovação pontifícia. Sacerdote prudente e audaz, pacífico e aberto ao diálogo, entregou sua vida por causa da fé na madrugada de 28 de julho de 1936, identificando-se: "Sou sacerdote de Cristo" perante aqueles que o conduziriam ao martírio.

Salmodia, leitura, responsório breve e preces do dia corrente.

Oração
Senhor nosso Deus, que concedestes a são Pedro Poveda, fundador da Instituição Teresiana, impulsionar a ação evangelizadora dos cristãos mediante a educação e a cultura, e entregar a sua vida no martírio como «sacerdote de Jesus Cristo»; concedei-nos que saibamos, como ele, participar fielmente da missão da Igreja com o testemunho de nossa vida cristã e a entrega generosa ao anúncio de vosso Reino. Por Jesus Cristo, nosso Senhor. Amém.


Sábado XVI do Tempo Comum


São Pedro Poveda Castroverde
Presbítero e mártir
Fundador da Instituição Teresiana
1ª Leitura (Jer 7,1-11): Palavra que o Senhor dirigiu ao profeta Jeremias: «Vai à entrada do templo do Senhor e proclama ali a seguinte mensagem: Escutai a palavra do Senhor, vós todos, homens de Judá, que entrais por estas portas para adorar o Senhor. Assim fala o Senhor do Universo, o Deus de Israel: Emendai os vossos caminhos e as vossas ações e Eu vos deixarei habitar neste lugar. Não vos fieis em palavras enganadoras, dizendo: ‘É o templo do Senhor, o templo do Senhor, o templo do Senhor!’ Mas se endireitardes os vossos caminhos e corrigirdes as vossas obras, se praticardes a justiça uns para com os outros, se não oprimirdes o estrangeiro, o órfão e a viúva, se não derramardes neste lugar sangue inocente, se não seguirdes outros deuses para vossa desgraça, então vos deixarei habitar neste lugar, na terra que dei a vossos pais desde há muito e para sempre. Mas vós fiais-vos em palavras enganadoras que para nada servem. Assim podeis roubar, matar, cometer adultério, jurar falso, queimar incenso a Baal, seguir deuses estrangeiros que não conheceis. Depois vindes aqui apresentar-vos diante de Mim, nesta casa em que é invocado o meu nome, e dizeis: ‘Estamos salvos’, para voltar a cometer todas essas abominações. Será porventura um covil de salteadores esta casa onde é invocado o meu nome? Eu também vi tudo isto».

Salmo Responsorial: 83
R. Como é agradável a vossa morada, Senhor do Universo!

A minha alma suspira ansiosamente pelos átrios do Senhor. O meu ser e a minha carne exultam no Deus vivo.

Até as aves do céu encontram abrigo e as andorinhas um ninho para os seus filhos, junto dos vossos altares, Senhor dos Exércitos, meu Rei e meu Deus.

Felizes os que moram em vossa casa: podem louvar-Vos continuamente. Felizes os que em Vós encontram a sua força, os que caminham para ver a Deus em Sião.

Um dia em vossos átrios vale por mais de mil longe de Vós. Antes quero ficar no vestíbulo da casa do meu Deus, do que habitar nas tendas dos pecadores.

Aleluia. Acolhei docilmente a palavra em vós plantada, que pode salvar as vossas almas. Aleluia.

Evangelho (Mt 13,24-30): Jesus apresentou-lhes outra parábola: «O Reino dos Céus é como alguém que semeou boa semente no seu campo. Enquanto todos dormiam, veio seu inimigo, semeou joio no meio do trigo e foi embora. Quando o trigo cresceu e as espigas começaram a se formar, apareceu também o joio. Os servos foram procurar o dono e lhe disseram: ‘Senhor, não semeaste boa semente no teu campo? Donde veio então o joio? ’ O dono respondeu: ‘Foi algum inimigo que fez isso’. Os servos perguntaram ao dono: ‘Queres que vamos retirar o joio?’ ‘Não!’, disse ele. ‘Pode acontecer que, ao retirar o joio, arranqueis também o trigo. Deixai crescer um e outro até a colheita. No momento da colheita, direi aos que cortam o trigo: retirai primeiro o joio e amarrai-o em feixes para ser queimado! O trigo, porém, guardai-o no meu celeiro!»

«Deixai crescer um e outro»

Rev. D. Manuel SÁNCHEZ Sánchez (Sevilla, Espanha)

Hoje consideramos uma parábola como uma ocasião para referir-nos à vida da comunidade onde se misturam, continuamente, o bem e o mal, o Evangelho e o pecado. A atitude lógica seria acabar com esta situação, tal como o pretendem os servos: «O dono respondeu: ‘Foi algum inimigo que fez isso’. Os servos perguntaram ao dono: ‘Queres que vamos retirar o joio?» (Mt 13,28). Mas a paciência de Deus é infinita, espera até o último momento — como um pai bom— a possibilidade de mudança: «Deixai crescer um e outro até a colheita» (Mt 13,30).

Uma realidade ambígua e medíocre, mas nela cresce o Reino. Trata-se de sentir-nos chamados a descobrir os sinais do Reino de Deus para potencializá-lo. E, por outro lado, não favorecer nada que ajude a contentar-nos na mediocridade. No entanto, o fato de viver em uma mescla de bem e de mal não deve impedir o progresso em nossa vida espiritual; o contrário seria converter nosso trigo em intriga. «Senhor, não semeaste boa semente no teu campo? Donde veio então o joio?» (Mt 13,27). É impossível crescer de outro modo, nem podemos procurar o Reino em nenhum outro lugar, senão nesta sociedade em que vivemos. Nossa tarefa será fazer com que nasça o Reino de Deus.

O Evangelho nos chama a não acreditar nos “puros”, a superar os aspectos de puritanismo e de intolerância que possam existir na comunidade cristã. Facilmente ocorrem atitudes deste tipo em todas as coletividades, por mais sadias que tentem ser. Em frente a um ideal, temos todos a tentação de pensar que alguns já o alcançamos e que outros estão longe. Jesus constata que todos estamos no caminho, absolutamente todos.

Vigiemos para que o maligno não se introduza em nossas vidas, coisa que ocorre quando nos acomodamos ao mundo. Dizia Santa Ângela da Cruz que «não devemos dar ouvidos às vozes do mundo, de que em todos os lugares se faz isto ou aquilo; nós sempre fazemos o mesmo, sem inventar variações, e seguindo a maneira de fazer as coisas, que são um tesouro escondido; são as que nos abrirão as portas do céu». Que a Santíssima Virgem Maria nos conceda acomodar-nos somente ao amor.

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

* O evangelho de hoje traz a parábola do joio e do trigo. Tanto na sociedade como nas comunidades e na nossa vida familiar e pessoal, existe tudo misturado: qualidades boas e incoerências, limites e falhas. Nas nossas comunidades se reúnem pessoas de várias origens, cada uma com a sua história, com a sua vivência, a sua opinião, os seus anseios, as suas diferenças. Há pessoas que não sabem conviver com as diferenças. Querem ser juiz dos outros. Acham que só elas estão certas, e as outras erradas. A parábola do joio e do trigo ajuda a não cair na tentação de querer excluir da comunidade os que não pensam como nós.

* O pano de fundo da parábola do joio e do trigo. Durante séculos, por causa da observância das leis de pureza, os judeus tinham vivido separados das outras nações. Este isolamento marcou a vida deles. Mesmo depois de convertidos, alguns continuavam nesta mesma observância que os separava dos outros. Eles queriam a pureza total. Qualquer sinal de impureza devia ser extirpado em nome de Deus. “Não pode haver tolerância com o pecado”, assim diziam. Mas outros como Paulo ensinavam que a Nova Lei de Deus trazida por Jesus estava pedindo o contrário! Eles diziam: "Não pode haver tolerância com o pecado, sim, mas deve haver tolerância com o pecador!"

* Mateus 13,24-26: A situação: joio e trigo crescem juntos
A palavra de Deus que faz nascer a comunidade é semente boa, mas dentro das comunidades sempre aparecem coisas que são contrárias à palavra de Deus. De onde vem? Esta era a discussão, o mistério, que levou a conservar e lembrar a parábola do joio e do trigo.

* Mateus 13,27-28a: A origem da mistura que existe na vida
Os empregados perguntam ao patrão: “Senhor, não semeaste boa semente no teu campo? Donde veio então o joio?” O dono respondeu: Um inimigo fez isso. Quem é este inimigo? O inimigo, o adversário, satanás ou diabo (Mt 13,39), é aquele que divide, que desvia. A tendência de divisão existe dentro da comunidade e existe dentro de cada um de nós. O desejo de dominar, de se aproveitar da comunidade para subir e tantos outros desejos interesseiros são divisionistas, são do inimigo que dorme dentro de cada um de nós.

* Mateus 13,28b-30: A reação diferente diante da ambiguidade
Diante desta mistura do bem e do mal, os empregados queriam arrancar o joio. Pensavam: "Se deixarmos todo mundo dentro da comunidade, perdemos nossa razão de ser! Perdemos a identidade!" Queriam expulsar os que pensavam diferente. Mas esta não é a decisão do Dono da terra. Ele diz: "Deixa crescer juntos até a colheita!" O que vai decidir não é o que cada um fala e diz, mas sim o que cada um vive e faz. É pelo fruto produzido que Deus nos julgará (Mt 12,33). A força e o dinamismo do Reino se manifestam na comunidade. Mesmo sendo pequena e cheia de contradições, ela é um sinal do Reino. Mas ela não é dona nem proprietária do Reino, nem pode considerar-se totalmente justa. A parábola do joio e do trigo explica a maneira como a força do Reino age na história. É preciso ter uma opção clara pela justiça do Reino e, ao mesmo tempo, junto com a luta pela justiça, ter paciência e aprender a conviver e dialogar com as contradições e as diferenças. Na hora da colheita se fará a separação.

* O ensino em parábolas
A parábola é um instrumento pedagógico que usa o quotidiano para mostrar como a vida nos fala de Deus. Torna a realidade transparente e faz o olhar da gente ficar contemplativo. Uma parábola aponta para as coisas da vida e, por isso mesmo, é um ensinamento aberto, pois das coisas da vida todo mundo tem alguma experiência. O ensinamento em parábolas faz a pessoa partir da experiência que tem: semente, sal, luz, ovelha, flor, passarinho, mulher, criança, pai, rede, peixe, etc. Assim, ele torna a vida quotidiana transparente, reveladora da presença e da ação de Deus. Jesus não costumava explicar as parábolas. Ele deixava o sentido da parábola em aberto e não o determinava. Sinal de que acreditava na capacidade do povo de descobrir o sentido da parábola a partir da sua experiência de vida. De vez em quando, a pedido dos discípulos, ele explicava o sentido (Mt 13,10.36). Por exemplo, como fez com a parábola do joio e do trigo (Mt 13,36-43).

Para um confronto pessoal
1) Como a mistura do joio e do trigo se manifesta na nossa comunidade? Que consequências traz para a nossa vida?
2) Olhando no espelho da parábola, com quem sou mais parecido: com os empregados que querem arrancar o joio antes do tempo, ou com o dono que manda esperar até à hora da colheita?

quinta-feira, 26 de julho de 2018

27 de julho


Beato Tito Brandsma
Presbítero e Mártir Nossa Ordem


Nasceu na cidade de Bolsward, na Frísia (Holanda), no ano de 1881.  Ainda muito jovem, entrou para a Ordem do Carmo e foi ordenado sacerdote em 1905. Estudou em Roma, onde conseguiu o grau de Doutor em Filosofia na Universidade Gregoriana. Retomando para a Holanda, ensinou em diversas escolas e foi nomeado professor de Filosofia, Teologia Mística e sua história, na Universidade Católica de Nimega, da qual também foi eleito "Reitor Magnífico". Salientou-se pela sua afabilidade para com todos. Foi jornalista profissional e, em 1935, foi designado Assistente Eclesiástico dos jornalistas católicos. Opôs-se à ocupação nazista da Holanda e, baseando-se no Evangelho, combateu tenazmente a ideologia do Nacional Socialismo (Nazismo), defendeu a liberdade da Educação e da Imprensa católicas e protestou contra a perseguição às crianças de origem judaica. Por estas razões foi preso: começa desta forma o seu Calvário de campo em campo, de prisão em prisão e, depois de tantos sofrimentos e humilhações, foi assassinado em Dachau, no ano de 1942. Até o seu último suspiro, não se cansou de levar a paz e o conforto espiritual a todos os seus colegas de prisão. No meio de inúmeros e atrozes sofrimentos soube comunicar o bem, o amor e a paz. No dia 3 de novembro de 1985 foi proclamado beato da Igreja de Cristo pelo Papa João Paulo II.

INVITATÓRIO
Ant. Vinde, adoremos o Senhor, Rei dos Mártires.

LAUDES
Hino
Ó Jesus, quando te contemplo,
eu redescubro, a sós contigo,
que te amo e que teu coração
me ama como a um dileto amigo.

Ainda que a descoberta exija
coragem, faz-me bem a dor:
por ela me assemelho a ti,
que ela é o caminho redentor.

Na minha dor me rejubilo;
já não a julgo sofrimento,
mas sim predestinada escolha,
que me une a ti neste momento.

Deixa-me, pois, nesta quietude,
malgrado o frio que me alcança.
Presença humana não permitas,
que a solidão já não me cansa,

pois de ti sinto-me tão próximo
como jamais antes senti.
Doce Jesus, fica comigo,
que tudo é bom junto de ti.

Salmos, cântico, leitura, responsório e preces do comum de um mártir

Cântico evangélico
Ant. Combati o bom combate, terminei a minha carreira, conservei a minha fé!

Oração
Senhor Deus, fonte e origem da vida, infundistes no Beato Tito a força do vosso Espírito e a coragem, para, mesmo durante a crueldade da perseguição e do martírio, proclamar a liberdade da Igreja e a dignidade da pessoa humana. Concedei-nos, por sua intercessão, empenharmo-nos na construção do Reino da justiça e da paz, sem nos envergonharmos do Evangelho, e que, em cada momento da vida, reconheçamos a vossa presença misericordiosa. Por N.S. J.C.

VÉSPERAS
Hino
Seguir os passos de Cristo,
imitando a Virgem Maria,
tendo de Elias o espírito,
é lema do Carmo, nossa alegria.

Maria, ó Mãe da nossa alma
acende em nós o fulgor
da luz ardente e calma,
que a Tito deu força, coragem e amor.

Viver no Carmo é contemplar
o Deus a Elias revelado.
Vi ver no Carmo é habitar
no Tabor com Cristo Transfigurado.

Viver no Carmelo é aceitar
ser holocausto, que se deixa consumir,
sem temer, mas antes desejar
os raios divinos atrair.

Viver no Carmelo é fitar
a Cruz, que se ama e se deseja,
para nela e por ela alcançar
que Cristo viva nos membros da Igreja.

Salmos, cântico, leitura, responsório e preces do comum de um mártir

Cântico evangélico
Ant. Na dureza do combate o Senhor lhe deu a vitória, pois mais forte do que tudo é a força do amor.

Oração
Senhor Deus, fonte e origem da vida, infundistes no Beato Tito a força do vosso Espírito e a coragem, para, mesmo durante a crueldade da perseguição e do martírio, proclamar a liberdade da Igreja e a dignidade da pessoa humana. Concedei-nos, por sua intercessão, empenharmo-nos na construção do Reino da justiça e da paz, sem nos envergonharmos do Evangelho, e que, em cada momento da vida, reconheçamos a vossa presença misericordiosa. Por N.S.J.C.