Páginas

sexta-feira, 30 de março de 2018

Domingo de Páscoa


Textos: Atos 10, 34.37-43; Col 3, 1-4; Jo 20, 1-9

1ª Leitura (At 10,34a.37-43): Naqueles dias, Pedro tomou a palavra e disse: «Vós sabeis o que aconteceu em toda a Judeia, a começar pela Galileia, depois do baptismo que João pregou: Deus ungiu com a força do Espírito Santo a Jesus de Nazaré, que passou fazendo o bem e curando a todos os que eram oprimidos pelo Demónio, porque Deus estava com Ele. Nós somos testemunhas de tudo o que Ele fez no país dos judeus e em Jerusalém; e eles mataram-no, suspendendo-O na cruz. Deus ressuscitou-O ao terceiro dia e permitiu-Lhe manifestar-Se¬, não a todo o povo, mas às testemunhas de antemão designadas por Deus, a nós que comemos e bebemos com Ele, depois de ter ressuscitado dos mortos. Jesus mandou-nos pregar ao povo e testemunhar que Ele foi constituído por Deus juiz dos vivos e dos mortos. É d'Ele que todos os profetas dão o seguinte testemunho: quem acredita n’Ele recebe pelo seu nome a remissão dos pecados».

Salmo Responsorial: 117
R. Este é o dia que o Senhor fez: exultemos e cantemos de alegria.
Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom, porque é eterna a sua misericórdia. Diga a casa de Israel: é eterna a sua misericórdia.

A mão do Senhor fez prodígios, a mão do Senhor foi magnífica. Não morrerei, mas hei de viver, para anunciar as obras do Senhor.

A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se pedra angular. Tudo isto veio do Senhor: e é admirável aos nossos olhos.

2ª Leitura (Col 3,1-4): Irmãos: Se ressuscitastes com Cristo, aspirai às coisas do alto, onde Cristo Se encontra, sentado à direita de Deus. Afeiçoai-vos às coisas do alto e não às da terra. Porque vós morrestes e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus. Quando Cristo, que é a vossa vida, Se manifestar, então também vós vos haveis de manifestar com Ele na glória.

Cristo, nosso Cordeiro Pascal, foi imolado: celebremos a festa do Senhor.

Evangelho (Jo 20,1-9): No primeiro dia da semana, bem de madrugada, quando ainda estava escuro, Maria Madalena foi ao túmulo e viu que a pedra tinha sido retirada do túmulo. Ela saiu correndo e foi se encontrar com Simão Pedro e com o outro discípulo, aquele que Jesus mais amava. Disse-lhes: «Tiraram o Senhor do túmulo e não sabemos onde o colocaram».  Pedro e o outro discípulo saíram e foram ao túmulo. Os dois corriam juntos, e o outro discípulo correu mais depressa, chegando primeiro ao túmulo. Inclinando-se, viu as faixas de linho no chão, mas não entrou. Simão Pedro, que vinha seguindo, chegou também e entrou no túmulo. Ele observou as faixas de linho no chão, e o pano que tinha coberto a cabeça de Jesus: este pano não estava com as faixas, mas enrolado num lugar à parte. O outro discípulo, que tinha chegado primeiro ao túmulo, entrou também, viu e creu. De fato, eles ainda não tinham compreendido a Escritura segundo a qual ele devia ressuscitar dos mortos.

«O outro discípulo, que tinha chegado primeiro ao túmulo, entrou também, viu e creu»

Mons. Joan Enric VIVES i Sicília Bispo de Urgell (Lleida, Espanha)

Hoje «é o dia que o Senhor fez», iremos cantando ao longo de toda a Páscoa. Essa expressão do Salmo 117 inunda a celebração da fé cristã, O Pai ressuscitou a seu Filho Jesus Cristo, o Amado, Aquele em quem se compraz porque amou a ponto de dar sua vida por todos.

Vivamos a Páscoa com muita alegria. Cristo ressuscitou: celebremo-lo cheios de alegria e de amor. Hoje, Jesus Cristo venceu a morte, o pecado, a tristeza… e nos abriu as portas da nova vida, a autêntica vida que o Espírito Santo continua a nos dar por pura graça. Que ninguém fique triste! Cristo é nossa Paz e nosso Caminho para sempre. Ele, hoje, «revela o homem a si mesmo e descobre-lhe a sua vocação sublime» (Concílio Vaticano II, Gaudium et Spes 22).

O grande sinal que nos dá o Evangelho é que o sepulcro de Jesus está vazio. Já não temos de procurar entre os mortos Aquele que vive, porque ressuscitou. E os discípulos, que depois o verão Ressuscitado, isto é, que o experimentarão vivo em um maravilhoso encontro de fé, percebem que há um vazio no lugar de sua sepultura. Sepulcro vazio e aparições serão os grandes sinais para a fé do crente. O Evangelho diz que «o outro discípulo, que tinha chegado primeiro ao túmulo, entrou também, viu e creu» (Jo 20,8). Ele soube compreender, pela fé, que aquele vazio e, por sua vez, aquela mortalha e aquele sudário bem dobrados, eram pequenos sinais do passo de Deus, da nova vida. O amor sabe captar, a partir de pequenos detalhes, o que os outros, sem ele, não captam. O «discípulo que Jesus mais amava» (Jo 20,2) guiava-se pelo amor que havia recebido de Cristo.

O “ver” e o “crer” dos discípulos hão de ser também os nossos. Renovemos nossa fé pascoal. Que Cristo seja, em tudo, o nosso Senhor. Deixemos que sua Vida vivifique a nossa e renovemos a graça do batismo que recebemos. Façamo-nos seus apóstolos e seus discípulos. Guiemo-nos pelo amor e anunciemos a todo o mundo a felicidade de crer em Jesus Cristo. Sejamos testemunhos esperançosos de sua Ressurreição.

Vivamos uma vida pascal, pois há em nós um desejo de ser imortais.

Pe. Antonio Rivero, L.C.

Páscoa é muito mais que uma festa ou tempo litúrgico. É um estilo de vida, um modo de pensar, de sentir, de querer, de agir, de falar, que começa aqui na terra e se prolonga na eternidade. Páscoa é compromisso com uma nova vida com Cristo Ressuscitado, que implica um morrer ao homem velho e um viver segundo o homem novo. E este compromisso começou no dia do batismo. E se prolonga na eternidade.

Em primeiro lugar, antes da Páscoa os apóstolos atuavam de modo muito humano na sua vida. Pensavam com categorias humanas. Reagiam e se comportavam muito humanamente. Buscavam só as coisas daqui de baixo, como nos lembra hoje são Paulo na sua carta aos colossenses. Agora entendemos tantos defeitos destes apóstolos de Jesus: as suas invejas e ambições, as suas brigas e intransigências, as suas fraquezas e debilidades, medos e covardias. A ressurreição de Cristo lhes deu a força, a coragem e a valentia que necessitavam para levar uma vida nova de maior entrega aos demais, uma energia para o bem, maior valentia na luta contra mal, uma fé e esperança mais firmes. E depois da ressurreição se lançaram a serem testemunhas da ressurreição de Cristo por todo o mundo com ousadia, até sofrer o martírio por Ele. Sim, por convencidos pregaram essa ressurreição que eles presenciaram; por pregá-la eles puseram em jogo a vida e, por pôr em jogo a própria vida, perderam-na, dando o seu sangue por Cristo. E agora vivem eternamente essa vida do Ressuscitado.   

Em segundo lugar, pela força do testemunho e da vida destes apóstolos, detrás deles correram à fé milhões de todas as raças, séculos, culturas, continentes, civilizações… Por dois mil anos, como heróis. E também mudaram de vida. De uma vida talvez dissipada a uma vida boa. De uma vida boa a uma vida melhor. De uma vida melhor a uma vida santa. Isto é viver segundo a Páscoa. Que nos falem santa Maria Madalena e santo Agostinho, que falem santa Catarina de Sena e são Bernardo de Claraval; que falem santa Teresa e santo Inácio de Loiola. E que fale cada um de nós. Cada ano nós entramos no sepulcro como são João: “vemos e cremos”. E graças a essa fé podemos viver uma vida nova, por ter morto ao homem velho e passional.   

Finalmente, para quem vive como disse o poeta alemão Hans Thomma: “Venho e não sei de onde, sou e não sei quem sou, vivo sem saber quanto, morro e não sei quando, parto sem saber para onde, maravilha-me ser feliz”, eu sim sei responder a isto: Cristo ressuscitado dá a resposta; ou melhor, Ele é a resposta. E se a ressurreição for mentira? Confesso que não tenho uma só razão filosófica para rejeitar essa ideia, mas desafio a qualquer um que me mostre pelo menos uma razão para eu refutá-la. E se a ressurreição for verdade? Confesso que não tenho uma só razão filosófica para demonstrá-la, mas desafio a qualquer um que me mostre uma só razão para eu refutá-la. Eu não tenho razões humanas. Mas tenho razão: os testemunhos, vidas heroicas, mortes soberanas, das testemunhas do ressuscitado. E quando doze homens e, milhões depois deles, morrem por alguém é que morrem por algo: pela verdade. Quem dá mais? Levamos dentro a ânsia de uma vida nova e o desejo de ser imortais.    

Para refletir: Percebe-se em mim a vida nova de Cristo ressuscitado? Em que: nos meus pensamentos limpos e nobres, nos meus afetos ordenados e puros, nas minhas palavras sinceras e autênticas, nas minhas decisões honestas e retas?

Para rezar: Senhor, que também eu dê testemunho da vossa ressurreição para que os que me cercam creiam que Vós estais vivo e eles vos sigam.

Qualquer sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail:  arivero@legionaries.org

Sábado Santo - VIGILIA PASCAL


Textos: Gn 1, 1- 2, 2; Gn 22, 1-18; Ex 14, 15 – 15, 1; Is 54, 5-14; Is 55, 1-11; Ba 3, 9-15. 32 – 4, 4; Ez 36, 16-28; Rm 6, 3-11; Mc 16, 1-7

Evangelho (Mc 16,1-7): Passado o sábado, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé compraram aromas para ungir Jesus. E no primeiro dia da semana, foram muito cedo ao sepulcro, mal o sol havia despontado.  E diziam entre si: “Quem nos há de remover a pedra da entrada do sepulcro?” Levantando os olhos, elas viram removida a pedra, que era muito grande. Entrando no sepulcro, viram, sentado do lado direito, um jovem, vestido de roupas brancas, e assustaram-se. Ele lhes falou: “Não tenhais medo. Buscais Jesus de Nazaré, que foi crucificado. Ele ressuscitou, já não está aqui. Eis o lugar onde o depositaram.  Mas ide, dizei a seus discípulos e a Pedro que ele vos precede na Galileia. Lá o vereis como vos disse”.

«Jesus de Nazaré, o Crucificado. Ressuscitou»

+ Mons. Ramon MALLA i Call Bispo Emérito de Lleida (Lleida, Espanha)

Hoje, a Igreja celebra com júbilo a festa principal: o triunfo de sua Cabeça, Cristo Jesus. A Ressurreição de Jesus Cristo é um fato do qual não podemos duvidar. É compreensível que não seja estranho que um fato celestial, um corpo ressuscitado, não possa ser captado por meios terrenais. Mas, logo Maria Madalena e a mãe do Apóstolo Thiago, recebiam um testemunho indubitável, comprovado depois com muitas aparições, realizadas de modo tal que excluem totalmente a suspeita de alucinações. «Não vos assusteis! Procurais Jesus, o nazareno, aquele que foi crucificado? Ele ressuscitou! Não está aqui! Vede o lugar onde o puseram!» (Mc 16,6).

Além do gozo pelo fato da Ressurreição de Cristo, este acontecimento nos trai a alegria de contar com uma resposta, jubilosa e clara, aos interrogantes do homem: Que nos espera no final da vida? Que sentido tem o sofrimento na Terra? Não podemos duvidar que, depois da morte, espera-nos uma vida nova, que será eterna: «Lá o vereis, como ele vos disse!» (Mc 16,7). São Paulo o afirma com grande convencimento: «E, se já morremos com Cristo, cremos que também viveremos com Ele. Sabemos que Cristo, ressuscitado, dos mortos, não morre mais. A morte não tem mais poder sobre ele» (Rom 6,8-9). Logicamente, à interrogante sobre o final da vida, o cristão responde com alegre esperança.

O Evangelho de hoje ressalta que o jovem —o anjo— que fala às mulheres, une os dois conceitos de dor e glória: O que ressuscitou no mesmo que foi crucificado. Diz são Leão Magno: «... (pela tua cruz) os crentes recebem a força da debilidade, glória do opróbio e, vida da morte», as cruzes quotidianas são, então, caminho da Ressurreição.

Deixar-nos conquistar e envolver pela alegria desta noite, para entrar na Páscoa, junto com Jesus.

Pe. Antonio Rivero, L.C.

Adicionar legenda
Na Sexta-feira Santa e no Sábado Santo sentimos uma grande ausência e tristeza. Altares despojados. Imagens cobertas com um pano roxo. Nem sequer uma flor. Nada de lâmpadas acesas. E toda a Igreja, e com ela nós, permanecemos silenciosos ao pé do sepulcro de Cristo meditando emocionados até o momento da Vigília pascal onde o choro se transforma em alegria, a tristeza em gozo e a solidão em presencia do Ressuscitado. A terra estéril e seca da humanidade, agora regada com a água e o sangue do flanco de Cristo, está fazendo brotar novos filhos de Deus e fecundidade espiritual.

Em primeiro lugar, as mulheres do evangelho de hoje viviam na tristeza por causa da perda de Cristo. Santas mulheres que na vida de Cristo o seguiram com fidelidade, serviram-no com carinho oferecendo os seus bens e com a morte de Cristo se sentiam perdidas e sem rumo. Tanto era o amor por Jesus! Deus as premiou e lhes enviou um anjo que lhes anunciou a notícia mais importante: “Cristo ressuscitou!” E elas, no começo, temerosas, pois não estavam preparadas para escutar algo tão inaudito. Aliás, quem tiraria delas essa pedra que pesava no seu coração? Mais tarde, elas se encheram de alegria e foram para anunciar e contagiar este gozo profundo. Experimentaram na sua alma a presencia invisível de Cristo ressuscitado, invisível aos olhos humanos e só perceptível aos olhos da fé.

Em segundo lugar, muitos hoje também vivem na sua tristeza e angustia existencial, no seu cepticismo mental, no seu ateísmo prático, no seu indiferentismo religioso, no seu pragmatismo fácil, no seu hedonismo sensual. Também estas pessoas necessitam escutar hoje da boca da Igreja que Cristo vive e ressuscitou. Nós devemos ser esses “anjos” que os animem e abram para eles a esperança da ressurreição de Cristo. Só assim converterão a sua angústia existencial em serenidade, o seu cepticismo e ateísmo em fé sobrenatural, o seu indiferentismo em interesse positivo pela religião, o seu pragmatismo em gratuidade e adoração, o seu hedonismo em busca do sentido da cruz de cada dia. Que aconteça em nós o diz o Papa Francisco: “O grande risco do mundo atual, com a sua múltipla e esmagadora oferta de consumo, é uma tristeza individualista que brota do coração cômodo e avaro, da busca doentia de prazeres superficiais, da consciência isolada” (Evangelii gaudium, 2).

Finalmente, quem sabe nós necessitamos escutar esta esplêndida notícia: “A alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira dos que se encontram com Jesus. Quem se deixa salvar por Ele são libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento. Com Jesus Cristo sempre nasce e renasce a alegria” (Evangelii gaudium, 1). Na carta “Alegrem-se”, dedicada aos consagrados, nos diz: “A alegria não é um enfeite supérfluo, é uma exigência e fundamento da vida humana. Na peleja de cada dia, todo homem e mulher tende a alcançar e viver a alegria com todo o seu ser. No mundo com frequência chega a faltar a alegria. Não estamos chamados a realizar gestos épicos nem a proclamar palavras altissonantes, mas a testemunhar a alegria que provem da certeza de nos sentir amados e da confiança de ser salvos”. “Todo cristão, especialmente nós, consagrados, estamos chamados a sermos portadores desta mensagem de esperança que dá serenidade e alegria: a consolação de Deus, a sua ternura para com todos. Porém, só poderemos ser portadores se experimentarmos antes a alegria de ser consolados por Ele, de ser amados por Ele” (Papa Francisco 7 de julho de 2013 aos noviços e seminaristas em Roma).

Para refletir: Deixo-me contagiar pela alegria de Cristo ressuscitado? Ou vivo num contínuo tédio, tristeza e angustia? Por quê? Transmito a alegria de Cristo ao meu redor, na minha família, no trabalho, na paróquia, nas comunidades?

Para rezar: Rezemos com o Papa Francisco: “Este é o momento para dizer a Jesus Cristo: Senhor, deixei-me enganar, de mil formas fugi do vosso amor; mas aqui estou de volta para renovar a minha aliança convosco. Necessito-vos. Resgatai-me de novo, Senhor, aceitai-me uma vez mais entre os vossos braços redentores” (Evangelii gaudium, 3). Livrai-me do egoísmo e da auto referência. Em Vós e no serviço ao meu irmão encontro a verdadeira alegria.

quinta-feira, 29 de março de 2018

VIA SACRA BÍBLICA COM SÃO JOÃO DA CRUZ


P – Concedei-nos, Senhor nosso Deus, sermos encontrados também nós, por vossa graça, caminhando sempre alegremente na mesma caridade com a qual, por amor do mundo, vosso Filho entregou-se à morte. Por Cristo, nosso Senhor.

T – Amém.

I: Jesus no Horto das Oliveiras.

C - Bendita e louvada seja a sagrada Paixão e Morte de Jesus Cristo, Nosso Senhor.
T - Que quis padecer e morrer na cruz por nosso amor.

C - Disse-lhes Jesus: "A minha alma está profundamente triste, numa tristeza mortal. Fiquem aqui e vigiem comigo". Indo um pouco mais adiante, prostrou-se com o rosto em terra e orou: "Meu Pai, se for possível, afasta de mim este cálice; contudo, não seja como eu quero, mas sim como tu queres". (Mt 26, 38-39)

L – “Padecer com Cristo o Seu Cálice é coisa mais preciosa e segura nesta vida do que o gozar”... “Não fujas dos sofrimentos, porque neles está a tua saúde.”

C - Nós Vos adoramos, Santíssimo Senhor Jesus Cristo, e Vos bendizemos.
R - Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Pai Nosso, Ave Maria e Glória.

C - Santa Mãe, isto eu vos peço: que fiquem no meu peito, bem impressas,
R - As chagas de Jesus crucificado e as dores do vosso maternal Coração.

II: Jesus traído por Judas e aprisionado

C - Bendita e louvada seja a sagrada Paixão e Morte de Jesus Cristo, Nosso Senhor.
T - Que quis padecer e morrer na cruz por nosso amor.

C- O traidor tinha combinado com eles um sinal, dizendo: «Jesus é aquele que eu beijar; prendam». Judas logo se aproximou de Jesus, e disse: «Salve, Mestre»! E o beijou. (Mt 26, 48-49)

L - “Queira torna-te, no padecer, algo semelhante a este nosso grande Deus, humilhado e crucificado, pois que esta vida só tem razão de ser se for para imitá-lo.”... "Ainda que estejas no sofrimento, não queiras fazer a tua vontade, pois terás assim o dobro de sofrimento."

C - Nós Vos adoramos, Santíssimo Senhor Jesus Cristo, e Vos bendizemos.
R - Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Pai Nosso, Ave Maria e Glória.

C - Santa Mãe, isto eu vos peço: que fiquem no meu peito, bem impressas,
R - As chagas de Jesus crucificado e as dores do vosso maternal Coração.

III: Jesus condenado pelo Sinédrio

C - Bendita e louvada seja a sagrada Paixão e Morte de Jesus Cristo, Nosso Senhor.
T - Que quis padecer e morrer na cruz por nosso amor.

C - Os chefes dos sacerdotes e todo o Sinédrio procuravam algum falso testemunho contra Jesus, a fim de condenarem Jesus à morte. (Mt 26, 59)

L – “Vão é perturbar-se com as adversidades. Havemos de nos alegrar em vez de nos perturbar, para não perder a paz e a tranquilidade. Com mais abundância e suavidade se comunica Deus nas adversidades”.

C - Nós Vos adoramos, Santíssimo Senhor Jesus Cristo, e Vos bendizemos.
R - Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Pai Nosso, Ave Maria e Glória.

C - Santa Mãe, isto eu vos peço: que fiquem no meu peito, bem impressas,
R - As chagas de Jesus crucificado e as dores do vosso maternal Coração.

IV: Jesus negado por Pedro

C - Bendita e louvada seja a sagrada Paixão e Morte de Jesus Cristo, Nosso Senhor.
T - Que quis padecer e morrer na cruz por nosso amor.

C - Pedro estava sentado fora, no pátio. Uma criada chegou perto dele, e disse: «Você também estava com Jesus, o galileu»! Mas Pedro negou diante de todos: «Não sei o que você está dizendo» (Mt 26, 69).

L – “O que cai estando só, caído a sós fica e em pouca conta tem a alma, pois a si unicamente confiou”... “O amor não consiste em sentir grandes coisas, mas em ter uma grande desnudez e em padecer pelo Amado”.

C - Nós Vos adoramos, Santíssimo Senhor Jesus Cristo, e Vos bendizemos.
R - Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Pai Nosso, Ave Maria e Glória.

C - Santa Mãe, isto eu vos peço: que fiquem no meu peito, bem impressas,
R - As chagas de Jesus crucificado e as dores do vosso maternal Coração.

V: Jesus julgado por Pilatos

C - Bendita e louvada seja a sagrada Paixão e Morte de Jesus Cristo, Nosso Senhor.
T - Que quis padecer e morrer na cruz por nosso amor.

C - O povo todo respondeu: «Que o sangue dele caia sobre nós e sobre os nossos filhos. » Então Pilatos soltou Barrabás, mandou flagelar Jesus, e o entregou para ser crucificado. (Mt 27, 25-26).

L – “Alegre-se sempre em Deus que é a sua saúde, e olhe que é bom sofrer de qualquer maneira por Aquele que é bom”... "Sofrer por Deus é melhor que fazer milagres."

C - Nós Vos adoramos, Santíssimo Senhor Jesus Cristo, e Vos bendizemos.
R - Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Pai Nosso, Ave Maria e Glória.

C - Santa Mãe, isto eu vos peço: que fiquem no meu peito, bem impressas,
R - As chagas de Jesus crucificado e as dores do vosso maternal Coração.

VI: Jesus flagelado e coroado de espinhos

C - Bendita e louvada seja a sagrada Paixão e Morte de Jesus Cristo, Nosso Senhor.
T - Que quis padecer e morrer na cruz por nosso amor.

C - Então Pilatos pegou Jesus e o mandou flagelar. Os soldados trançaram uma coroa de espinhos e a colocaram na cabeça de Jesus. Vestiram Jesus com um manto vermelho.  Aproximaram-se dele e diziam: «Salve, rei dos judeus! » E lhe davam bofetadas. (Jo 19, 1-3)

L – “Tenha fortaleza no coração contra tudo aquilo que a não é Deus e seja amiga da Paixão de Cristo”.

C - Nós Vos adoramos, Santíssimo Senhor Jesus Cristo, e Vos bendizemos.
R - Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Pai Nosso, Ave Maria e Glória.

C - Santa Mãe, isto eu vos peço: que fiquem no meu peito, bem impressas,
R - As chagas de Jesus crucificado e as dores do vosso maternal Coração.

VII: Jesus carrega a Cruz

C - Bendita e louvada seja a sagrada Paixão e Morte de Jesus Cristo, Nosso Senhor.
T - Que quis padecer e morrer na cruz por nosso amor.

C - Jesus carregou a cruz nas costas e saiu para um lugar chamado «Lugar da Caveira», que em hebraico se diz «Gólgota.» (Jo 19, 17).

L - "Queira torna-te, no padecer, algo semelhante a este nosso grande Deus, humilhado e crucificado, pois que esta vida só tem razão de ser se for para imitá-lo.”... "Senhor, quero padecer e ser desprezado por amor de Vós."

C - Nós Vos adoramos, Santíssimo Senhor Jesus Cristo, e Vos bendizemos.
R - Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Pai Nosso, Ave Maria e Glória.

C - Santa Mãe, isto eu vos peço: que fiquem no meu peito, bem impressas,
R - As chagas de Jesus crucificado e as dores do vosso maternal Coração.

VIII: Jesus ajudado pelo Cirineu.

C - Bendita e louvada seja a sagrada Paixão e Morte de Jesus Cristo, Nosso Senhor.
T - Que quis padecer e morrer na cruz por nosso amor.

C - Passava por aí um homem, chamado Simão Cireneu, pai de Alexandre e Rufo. Ele voltava do campo para a cidade. Então os soldados obrigaram Simão a carregar a cruz de Jesus. (Mc 23, 21).

L – “Os toques divinos que Deus faz na alma, animam e enchem de brio para padecer. Sofre muito a alma enquanto Deus a anda ungindo e dispondo a fim de uni-la consigo”.

C - Nós Vos adoramos, Santíssimo Senhor Jesus Cristo, e Vos bendizemos.
R - Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Pai Nosso, Ave Maria e Glória.

C - Santa Mãe, isto eu vos peço: que fiquem no meu peito, bem impressas,
R - As chagas de Jesus crucificado e as dores do vosso maternal Coração.

IX: Jesus encontra com as mulheres de Jerusalém

C - Bendita e louvada seja a sagrada Paixão e Morte de Jesus Cristo, Nosso Senhor.
T - Que quis padecer e morrer na cruz por nosso amor.

C - Uma grande multidão do povo o seguia. E mulheres batiam no peito, e choravam por ele. Jesus, porém, voltou-se, e disse: “Mulheres de Jerusalém, não chorem por mim! Chorem por vocês mesmas e por seus filhos!” (Lc 23, 27-28).

L – "Quando tiveres teus desejos apagados, tuas afeições na aridez e angústias, e tuas faculdades incapazes de qualquer exercício interior, não sofras por isso; considera-te feliz por estares assim. É Deus que te vai livrando de ti mesmo, e tirando-te das mãos todas as coisas que possuis.”.

C - Nós Vos adoramos, Santíssimo Senhor Jesus Cristo, e Vos bendizemos.
R - Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Pai Nosso, Ave Maria e Glória.

C - Santa Mãe, isto eu vos peço: que fiquem no meu peito, bem impressas,
R - As chagas de Jesus crucificado e as dores do vosso maternal Coração.

X: Jesus crucificado

C - Bendita e louvada seja a sagrada Paixão e Morte de Jesus Cristo, Nosso Senhor.
T - Que quis padecer e morrer na cruz por nosso amor.

C - Eram nove horas da manhã quando crucificaram Jesus. E aí estava uma inscrição, com o motivo da condenação: «O Rei dos judeus. » Com ele crucificaram dois bandidos, um à direita e outro à esquerda. As pessoas que passavam por aí o insultavam, balançando a cabeça e dizendo: «Ei! Você que ia destruir o Templo, e construí-lo de novo em três dias, salve-se a si mesmo! Desça da cruz! » (Mc 15, 25-27. 29-30).

L – "Quem não busca a cruz de Cristo não busca a glória de Cristo." ... "Quando tiveres algum aborrecimento e desgosto, lembra-te de Cristo crucificado e cala."

C - Nós Vos adoramos, Santíssimo Senhor Jesus Cristo, e Vos bendizemos.
R - Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Pai Nosso, Ave Maria e Glória.

C - Santa Mãe, isto eu vos peço: que fiquem no meu peito, bem impressas,
R - As chagas de Jesus crucificado e as dores do vosso maternal Coração.

XI: Jesus promete seu Reino ao Bom Ladrão

C - Bendita e louvada seja a sagrada Paixão e Morte de Jesus Cristo, Nosso Senhor.
T - Que quis padecer e morrer na cruz por nosso amor.

C - Um dos criminosos crucificados insultava Jesus, dizendo: «Não és tu o Messias? Salva a ti mesmo e a nós também!» Mas o outro o repreendeu, dizendo: «Nem você teme a Deus, sofrendo a mesma condenação»? E acrescentou: «Jesus, lembra-te de mim, quando vieres em teu Reino.» Jesus respondeu: «Eu lhe garanto: hoje mesmo você estará comigo no Paraíso.» (Lc 23, 42-43)

L – “Aquele que ama Deus sobre todas as coisas, nada lhe impede fazer ou padecer por Ele seja o que for.” ... "Não fujas dos sofrimentos, porque neles está a tua saúde."

C - Nós Vos adoramos, Santíssimo Senhor Jesus Cristo, e Vos bendizemos.
R - Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Pai Nosso, Ave Maria e Glória.

C - Santa Mãe, isto eu vos peço: que fiquem no meu peito, bem impressas,
R - As chagas de Jesus crucificado e as dores do vosso maternal Coração.

XII: Jesus crucificado, a Mãe e o Discípulo amado.

C - Bendita e louvada seja a sagrada Paixão e Morte de Jesus Cristo, Nosso Senhor.
T - Que quis padecer e morrer na cruz por nosso amor.

C - Jesus viu a mãe e, ao lado dela, o discípulo que ele amava. Então disse à mãe: «Mulher, eis aí o seu filho» Depois disse ao discípulo: «Eis aí a sua mãe» E dessa hora em diante, o discípulo a recebeu em sua casa. (Jo 19, 26-27)

L - "Queres alguma palavra de consolação? Olha o meu Filho, submisso, humilhado, por meu amor, e verás quantas palavras te responde." ... "A pessoa crucificada interior e exteriormente com Cristo viverá feliz e satisfeita e, na paciência, possuirá a sua alma."

C - Nós Vos adoramos, Santíssimo Senhor Jesus Cristo, e Vos bendizemos.
R - Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Pai Nosso, Ave Maria e Glória.

C - Santa Mãe, isto eu vos peço: que fiquem no meu peito, bem impressas,
R - As chagas de Jesus crucificado e as dores do vosso maternal Coração.

XIII: Jesus morre na Cruz

C - Bendita e louvada seja a sagrada Paixão e Morte de Jesus Cristo, Nosso Senhor.
T - Que quis padecer e morrer na cruz por nosso amor.

C - Então Jesus deu outra vez um forte grito, e entregou o espírito. Imediatamente a cortina do santuário rasgou-se em duas partes, de alto a baixo; a terra tremeu, e as pedras se partiram. (Mt 27, 50-51)

L – “Só os que morrem ao homem velho, merecem renascer filhos de Deus. O que morre a si e a todas as coisas, vive vida doce e saborosa de amor com Deus”.

C - Nós Vos adoramos, Santíssimo Senhor Jesus Cristo, e Vos bendizemos.
R - Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Pai Nosso, Ave Maria e Glória.

C - Santa Mãe, isto eu vos peço: que fiquem no meu peito, bem impressas,
R - As chagas de Jesus crucificado e as dores do vosso maternal Coração.

XIV: Jesus sepultado

C - Bendita e louvada seja a sagrada Paixão e Morte de Jesus Cristo, Nosso Senhor.
T - Que quis padecer e morrer na cruz por nosso amor.

C - José, tomando o corpo, o envolveu num lençol limpo, e o colocou num túmulo novo, que ele mesmo havia mandado escavar na rocha. Em seguida, rolou uma grande pedra para fechar a entrada do túmulo, e retirou-se. (Mt 27, 59-60)

L – "Quem souber morrer a tudo terá vida em tudo." ... "O amor consiste em despojar-se e desapegar-se, por Deus, de tudo o que não é ele."

C - Nós Vos adoramos, Santíssimo Senhor Jesus Cristo, e Vos bendizemos.
R - Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Pai Nosso, Ave Maria e Glória.

C - Santa Mãe, isto eu vos peço: que fiquem no meu peito, bem impressas,
R - As chagas de Jesus crucificado e as dores do vosso maternal Coração.

Sexta-feira Santa


Textos: Is 52, 13- 53,12; Heb 4, 14-16; 5, 7-9; João 18, 1-19, 42: Paixão de Cristo segundo São João.

1ª Leitura (Is 52,13–53,12): Vede como vai prosperar o meu servo: subirá, elevar-se-á, será exaltado. Assim como, à sua vista, muitos se encheram de espanto, tão desfigurado estava o seu rosto que tinha perdido toda a aparência de um ser humano, assim se hão de encher de assombro muitas nações e, diante dele, os reis ficarão calados, porque hão-se ver o que nunca lhes tinham contado e observar o que nunca tinham ouvido. Quem acreditou no que ouvimos dizer? A quem se revelou o braço do Senhor? O meu servo cresceu diante do Senhor como um rebento, como raiz numa terra árida, sem distinção nem beleza para atrair o nosso olhar, nem aspecto agradável que possa cativar-nos. Desprezado e repelido pelos homens, homem de dores, acostumado ao sofrimento, era como aquele de quem se desvia o rosto, pessoa desprezível e sem valor para nós. Ele suportou as nossas enfermidades e tomou sobre si as nossas dores. Mas nós víamos nele um homem castigado, ferido por Deus e humilhado. Ele foi trespassado por causa das nossas culpas e esmagado por causa das nossas iniquidades. Caiu sobre ele o castigo que nos salva: pelas suas chagas fomos curados. Todos nós, como ovelhas, andávamos errantes, cada qual seguia o seu caminho. E o Senhor fez cair sobre ele as faltas de todos nós. Maltratado, humilhou-se voluntariamente e não abriu a boca. Como cordeiro levado ao matadouro, como ovelha muda ante aqueles que a tosquiam, ele não abriu a boca. Foi eliminado por sentença iníqua, mas quem se preocupa com a sua sorte? Foi arrancado da terra dos vivos e ferido de morte pelos pecados do seu povo. Foi-lhe dada sepultura entre os ímpios e um túmulo no meio de malfeitores, embora não tivesse cometido injustiça, nem se tivesse encontrado mentira na sua boca. Aprouve ao Senhor esmagar o seu servo pelo sofrimento. Mas se oferecer a sua vida como sacrifício de expiação, terá uma descendência duradoira, viverá longos dias e a obra do Senhor prosperará em suas mãos. Terminados os sofrimentos, verá a luz e ficará saciado na sua sabedoria. O justo, meu servo, justificará a muitos e tomará sobre si as suas iniquidades. Por isso, Eu lhe darei as multidões como prémio e terá parte nos despojos no meio dos poderosos; porque ele próprio entregou a sua vida à morte e foi contado entre os malfeitores, tomou sobre si as culpas das multidões e intercedeu pelos pecadores.

Salmo Responsorial: 30
R. Pai, em vossas mãos entrego o meu espírito.
Em Vós, Senhor, me refugio, jamais serei confundido, pela vossa justiça, salvai-me. Em vossas mãos entrego o meu espírito, Senhor, Deus fiel, salvai-me.

Tornei-me o escárnio dos meus inimigos, o desprezo dos meus vizinhos e o terror dos meus conhecidos: todos evitam passar por mim. Esqueceram-me como se fosse um morto, tornei-me como um objeto abandonado.

Eu, porém, confio no Senhor: Disse: «Vós sois o meu Deus, nas vossas mãos está o meu destino». Livrai-me das mãos dos meus inimigos e de quantos me perseguem.

Fazei brilhar sobre mim a vossa face, salvai-me pela vossa bondade. Tende coragem e animai-vos, vós todos que esperais no Senhor.

2ª Leitura (Heb 4,14-16; 5,7-9): Irmãos: Tendo nós um sumo sacerdote que penetrou os Céus, Jesus, Filho de Deus, permaneçamos firmes na profissão da nossa fé. Na verdade, nós não temos um sumo sacerdote incapaz de se compadecer das nossas fraquezas. Pelo contrário, Ele mesmo foi provado em tudo, à nossa semelhança, exceto no pecado. Vamos, portanto, cheios de confiança, ao trono da graça, a fim de alcançarmos misericórdia e obtermos a graça de um auxílio oportuno. Nos dias da sua vida mortal, Ele dirigiu preces e súplicas, com grandes clamores e lágrimas, Àquele que O podia livrar da morte, e foi atendido por causa da sua piedade. Apesar de ser Filho, aprendeu a obediência no sofrimento. E, tendo atingido a sua plenitude, tornou-Se, para todos os que Lhe obedecem, causa de salvação eterna.

Cristo obedeceu até à morte e morte de cruz. Por isso Deus O exaltou e Lhe deu um nome que está acima de todos os nomes.

Evangelho (Jo 18,1—19,42): Dito isso, Jesus saiu com seus discípulos para o outro lado da torrente do Cedron. Lá havia um jardim, no qual ele entrou com os seus discípulos. Também Judas, o traidor, conhecia o lugar, porque Jesus muitas vezes ali se reunia com seus discípulos. Judas, pois, levou o batalhão romano e os guardas dos sumos sacerdotes e dos fariseus, com lanternas, tochas e armas, e chegou ali. Jesus, então, sabendo tudo o que ia acontecer com ele, saiu e disse: «A quem procurais?» — «A Jesus de Nazaré!», responderam. Ele disse: «Sou eu». Judas, o traidor, estava com eles. Quando Jesus disse «Sou eu», eles recuaram e caíram por terra. De novo perguntou-lhes: «A quem procurais?» Responderam: «A Jesus de Nazaré», Jesus retomou: «Já vos disse que sou eu. Se é a mim que procurais, deixai que estes aqui se retirem». Assim se cumpria a palavra que ele tinha dito: «Não perdi nenhum daqueles que me deste». Simão Pedro, que tinha uma espada, puxou-a e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a ponta da orelha direita. O nome do servo era Malco. Jesus disse a Pedro: «Guarda a tua espada na bainha. Será que não vou beber o cálice que o Pai me deu?». O batalhão, o comandante e os guardas dos judeus prenderam Jesus e o amarraram. Primeiro, conduziram-no a Anás, sogro de Caifás, o sumo sacerdote daquele ano. Caifás é quem tinha aconselhado aos judeus: «É conveniente que um só homem morra pelo povo». Simão Pedro e um outro discípulo seguiam Jesus. Este discípulo era conhecido do sumo sacerdote. Ele entrou com Jesus no pátio do sumo sacerdote. Pedro ficou do lado de fora, perto da porta. O outro discípulo, que era conhecido do sumo sacerdote, saiu, conversou com a empregada da porta e levou Pedro para dentro. A criada da porta disse a Pedro: «Não pertences tu também aos discípulos desse homem?». Ele respondeu: «Não». Os servos e os guardas tinham feito um fogo, porque fazia frio; estavam se aquecendo, e Pedro estava com eles para se aquecer. O sumo sacerdote interrogou Jesus a respeito dos seus discípulos e do seu ensinamento. Jesus respondeu: «Eu falei abertamente ao mundo. Eu sempre ensinei nas sinagogas e no templo, onde os judeus se reúnem. Nada falei às escondidas. Por que me interrogas? Pergunta aos que ouviram o que eu falei; eles sabem o que eu disse». Quando assim falou, um dos guardas que ali estavam deu uma bofetada em Jesus, dizendo: «É assim que respondes ao sumo sacerdote?». Jesus replicou-lhe: «Se falei mal, mostra em que falei mal; e se falei certo, por que me bates?». Anás, então, mandou-o, amarrado, a Caifás. Simão Pedro continuava lá, aquecendo-se. Disseram-lhe: «Não és tu, também, um dos discípulos dele?». Pedro negou: «Não». Então um dos servos do sumo sacerdote, parente daquele a quem Pedro tinha cortado a orelha, disse: «Será que não te vi no jardim com ele?». Pedro negou de novo, e na mesma hora o galo cantou. De Caifás, levaram Jesus ao palácio do governador. Era de madrugada. Eles mesmos não entraram no palácio, para não se contaminarem e poderem comer a páscoa. Pilatos saiu ao encontro deles e disse: «Que acusação apresentais contra este homem?». Eles responderam: «Se não fosse um malfeitor, não o teríamos entregue a ti!». Pilatos disse: «Tomai-o vós mesmos e julgai-o segundo vossa lei». Os judeus responderam: «Não nos é permitido matar ninguém». Assim se realizava o que Jesus tinha dito, indicando de que morte havia de morrer. Pilatos entrou, de volta, no palácio, chamou Jesus e perguntou-lhe: «Tu és o Rei dos Judeus?». Jesus respondeu: «Estás dizendo isto por ti mesmo, ou outros te disseram isso de mim?». Pilatos respondeu: «Acaso sou eu judeu? Teu povo e os sumos sacerdotes te entregaram a mim. Que fizeste?». Jesus respondeu: «O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus guardas lutariam para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas, o meu reino não é daqui». Pilatos disse: «Então, tu és rei?». Jesus respondeu: «Tu dizes que eu sou rei. Eu nasci e vim ao mundo para isto: para dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz». Pilatos lhe disse: «Que é a verdade?». Dito isso, saiu ao encontro dos judeus e declarou: «Eu não encontro nele nenhum motivo de condenação. Mas existe entre vós um costume de que, por ocasião da Páscoa, eu vos solte um preso. Quereis que eu vos solte o Rei dos Judeus?». Eles, então, se puseram a gritar: «Este não, mas Barrabás!». Ora, Barrabás era um assaltante.  Pilatos, então, mandou açoitar Jesus. Os soldados trançaram uma coroa de espinhos, a puseram na cabeça de Jesus e o vestiram com um manto de púrpura. Aproximavam-se dele e diziam: «Viva o Rei dos Judeus!» e batiam nele. Pilatos saiu outra vez e disse aos judeus: «Olhai! Eu o trago aqui fora, diante de vós, para que saibais que eu não encontro nele nenhum motivo de condenação».. Então, Jesus veio para fora, trazendo a coroa de espinhos e o manto de púrpura. Ele disse-lhes: «Eis o homem».! Quando o viram, os sumos sacerdotes e seus guardas começaram a gritar: «Crucifica-o! Crucifica-o! ”. Pilatos respondeu: «Levai-o, vós mesmos, para o crucificar, porque eu não encontro nele nenhum motivo de condenação». Os judeus responderam-lhe: «Nós temos uma Lei, e segundo esta Lei ele deve morrer, porque se fez Filho de Deus». Quando Pilatos ouviu isso, ficou com mais medo ainda. Entrou no palácio outra vez e perguntou a Jesus: «De onde és tu?». Jesus ficou calado. Então Pilatos disse-lhe: «Não me respondes? Não sabes que tenho poder para te soltar e poder para te crucificar? ». Jesus respondeu: «Tu não terias poder algum sobre mim, se não te fosse dado do alto. Por isso, quem me entregou a ti tem maior pecado». Por causa disso, Pilatos procurava soltar Jesus. Mas os judeus continuavam gritando: «Se soltas este homem, não és amigo de César. Todo aquele que se faz rei, declara-se contra César». Ouvindo estas palavras, Pilatos trouxe Jesus para fora e sentou-se no tribunal, no lugar conhecido como Pavimento (em hebraico: Gábata). Era o dia da preparação da páscoa, por volta do meio-dia. Pilatos disse aos judeus: «Eis o vosso rei». Eles, porém, gritavam: «Fora! Fora! Crucifica-o!» Pilatos disse: «Vou crucificar o vosso rei?». Os sumos sacerdotes responderam: «Não temos rei senão César». Pilatos, então, lhes entregou Jesus para ser crucificado. Eles tomaram conta de Jesus. Carregando a sua cruz, ele saiu para o lugar chamado Calvário (em hebraico: Gólgota). Lá, eles o crucificaram com outros dois, um de cada lado, ficando Jesus no meio. Pilatos tinha mandado escrever e afixar na cruz um letreiro; estava escrito assim: «Jesus de Nazaré, o Rei dos Judeus». Muitos judeus leram o letreiro, porque o lugar onde Jesus foi crucificado era perto da cidade; e estava escrito em hebraico, em latim e em grego. Os sumos sacerdotes disseram então a Pilatos: «Não escrevas: ‘O Rei dos Judeus’, e sim: ‘Ele disse: Eu sou o Rei dos Judeus’. Pilatos respondeu: «O que escrevi, escrevi». Depois que crucificaram Jesus, os soldados pegaram suas vestes e as dividiram em quatro partes, uma para cada soldado. A túnica era feita sem costura, uma peça só de cima em baixo. Eles combinaram: «Não vamos rasgar a túnica. Vamos tirar sorte para ver de quem será». Assim cumpriu-se a Escritura: «Repartiram entre as minhas vestes e tiraram a sorte sobre minha túnica». Foi isso que os soldados fizeram. Junto à cruz de Jesus estavam de pé sua mãe e a irmã de sua mãe, Maria de Cléofas, e Maria Madalena. Jesus, ao ver sua mãe e, ao lado dela, o discípulo que ele amava, disse à mãe: «Mulher, eis o teu filho!». Depois disse ao discípulo: «Eis a tua mãe!». A partir daquela hora, o discípulo a acolheu no que era seu.  Depois disso, sabendo Jesus que tudo estava consumado, e para que se cumprisse a Escritura até o fim, disse: «Tenho sede Havia ali uma jarra cheia de vinagre. Amarraram num ramo de hissopo uma esponja embebida de vinagre e a levaram à sua boca. Ele tomou o vinagre e disse: “Está consumado”. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito. Era o dia de preparação do sábado, e este seria solene. Para que os corpos não ficassem na cruz no sábado, os judeus pediram a Pilatos que mandasse quebrar as pernas dos crucificados e os tirasse da cruz. Os soldados foram e quebraram as pernas, primeiro a um dos crucificados com ele e depois ao outro. Chegando a Jesus viram que já estava morto. Por isso, não lhe quebraram as pernas, mas um soldado golpeou-lhe o lado com uma lança, e imediatamente saiu sangue e água. (Aquele que viu dá testemunho, e o seu testemunho é verdadeiro; ele sabe que fala a verdade, para que vós, também, acrediteis.) Isto aconteceu para que se cumprisse a Escritura que diz: «Não quebrarão nenhum dos seus ossos». E um outro texto da Escritura diz: «Olharão para aquele que traspassaram».  Depois disso, José de Arimateia pediu a Pilatos para retirar o corpo de Jesus; ele era discípulo de Jesus às escondidas, por medo dos judeus. Pilatos o permitiu. José veio e retirou o corpo. Veio também Nicodemos, aquele que anteriormente tinha ido a Jesus de noite; ele trouxe uns trinta quilos de perfume feito de mirra e de aloés. Eles pegaram o corpo de Jesus e o envolveram, com os perfumes, em faixas de linho, do modo como os judeus costumam sepultar. No lugar onde Jesus foi crucificado havia um jardim e, no jardim, um túmulo novo, onde ninguém tinha sido ainda sepultado. Por ser dia de preparação para os judeus, e como o túmulo estava perto, foi lá que eles colocaram Jesus.


«Ele tomou o vinagre e disse: “Está consumado”. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito»

Rev. D. Francesca CATARINEU i Vilageliu (Sabadell, Barcelona, Espanha)

Hoje celebramos o primeiro dia do Tríduo Pascal. Por tanto é o dia da Cruz vitoriosa, desde donde Jesus nos deixou o melhor de Ele mesmo: Maria como mãe, o perdão —também os verdugos— e a confiança total em Deus Pai.

Escutamos na leitura da Paixão que nos transmite o testemunho de São João, presente no Calvário com Maria, a Mãe do Senhor e as mulheres. É um relato rico em simbologia, onde cada pequeno detalhe tem sentido. Mas também o silêncio e a austeridade da Igreja, hoje nos ajudam a viver num clima de oração, atentos ao dom que celebramos.

Diante deste mistério tão grande, estamos chamados —mais que tudo— a ver. A fé cristã não é a relação reverencial a um Deus que está longe e abstrato que desconhecemos, senão a adesão a uma Pessoa, verdadeiro homem como nós e também verdadeiro Deus. O “Invisível” fez-se carne da nossa carne, e assumiu ser homem até a morte e morte de cruz. Foi uma morte aceitada como resgate por todos, morte redentora, morte que nos dá vida. Aqueles que estavam aí e o viram, nos transmitiram os fatos e ao mesmo tempo, nos descobrem o sentido daquela morte.

Ante isto, sentimo-nos agradecidos e admirados. Conhecemos o preço do amor: «Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos» (Jo 15,13). A oração cristã não é só pedir, senão— e principalmente— admirar agradecidos.

Para nós, Jesus é modelo que temos que imitar, quer dizer, reproduzir em nós as suas atitudes. Temos que ser pessoas que amam até darmo-nos e que confiamos no Pai em toda adversidade.

Isto contrasta com a atmosfera indiferente da nossa sociedade; por isso o nosso testemunho tem que ser mais valente do que nunca, já que o dom é para todos. Como diz Melitão de Sardes, «Ele nos fez passar da escravidão à liberdade, das trevas à luz, da morte à vida. Ele é a Páscoa da nossa salvação».

Contemplemos Jesus, o Servo sofredor. O que não sofreu para nos salvar!

Pe Antonio Rivero L.C.

A Quinta-feira Santa foi “a hora de Jesus”. A Sexta-feira Santa é, sobretudo, “a hora de Satanás”. Duas horas que se reduzem a uma só hora, “a hora do Mistério Pascal”, com os seus dois ponteiros: a entrega de Cristo e a maldade humana. A celebração da Paixão de hoje, que não é missa, tem três partes: primeira parte, liturgia da Palavra e oração universal; segunda parte, adoração da santa Cruz e, terceira parte, sagrada Comunhão. Também podemos dividi-la assim: Paixão proclamada nas leituras, Paixão invocada na oração universal, Paixão venerada no beijo à santa cruz e Paixão comunicada na comunhão.

Em primeiro lugar, quem resiste contemplar este Servo sofredor? Desprezado, sem estima, leproso, ferido de Deus, humilhado, trespassado pelas nossas rebeliões (1 leitura), com medo, pavor, tristeza, tédio, gritos, lágrimas. Ai, jogado no horto das oliveiras. Ai, aniquilado e sangrando na flagelação. Ai, blasfemado, injuriado, insultado na cruz. Ai, pregado mãos e pés no madeiro ignominioso da cruz. Ai, com o flanco sangrando pela culpa dessa lança cruel. Ai, deitado na cruz, o céu fechado sem a voz do seu Pai e uma noite escura interior terrível.

Em segundo lugar, não obstante, esse Servo sofredor é modelo e exemplo para nós (2a leitura). Modelo de obediência ao Pai acima de tudo. Modelo de amor pelos homens até dar a vida por eles. Modelo de perdão sem medida. Modelo de mansidão, que diante de tanta injustiça não esperneou nem sequer se rebelou. Modelo de generosidade, que enquanto ao seu redor cada um tirava um proveito para si, Ele nada reservou para si mesmo. Modelo na hora de sofrer com paciência tanto atropelamento, golpes, empurrões, cusparadas, bofetadas, açoites, coroa de espinhos. Modelo de fidelidade até o final ao plano de Deus. Modelo de confiança nas mãos do seu Pai. 

Finalmente, cada um de nós tem algo de culpa na dor deste Servo sofredor. Os Judas que traem Jesus e o vendem por umas moedas de prazer. Os Pedros que negam Jesus para salvar a sua pele. Os outros discípulos que o abandonam de medo da cruz. Os que o martirizam e crucificam fazendo sofrer os seus irmãos, com os quais Cristo se identifica. Os Anás que estão bem apoltronados no seu sofá amidonado, que escondem no seu palácio uma máfia, sendo ele o padrinho onipotente, cético e agnóstico, disposto a dar uma bofetada em Jesus diante da força da verdade que ele não aceitava; sim, esse Anás que passará para a história como o protótipo de homem que faz valer os seus direitos de “autoridade aposentada”, para humilhar os outros, dar-se importância… E como não pôde, recorreu à violência baixa e própria de vilões. Homem orgulhoso, expeditivo, frontal, prático, seguro de sim mesmo. Também estão os Caifás. Caifás era homem mais político que ético: estava interessado na religião do “interesse”, disposto a praticá-la, embora tivesse que passar por cima da morte, enquanto lhe proporcionasse algo. Este era Caifás: um juiz que pronunciou a sentença, muito antes que o juízo começasse. Homem orgulhoso, expeditivo, frontal, cortante, prático, seguro de sim mesmo. Culpa também têm os covardes Pilatos de turno que preferem lavar as mãos para não perder o posto de prestígio, embora tenham que sacrificar a verdade e dar morte ao inocente. Claro está que têm o seu peso de culpa os Herodes supersticiosos, sensuais, frívolos que pretendem servir-se de Jesus como diversão da festa. E também os Barrabás, baderneiros, criminais, assassinos. Menos mal que também estavam os que consolaram Jesus: a sua santa Mãe, João Evangelista, o Cireneu, as santas mulheres, a Verônica.     

Para refletir: Quero acompanhar Cristo na sua Paixão e Morte, ou serei mais um na lista de quem fizer Cristo sofrer neste ano? Qual personagem da Paixão eu quero protagonizar neste ano?

Para rezar: Senhor, piedade e misericórdia. Senhor, obrigado por ter me salvado. Senhor, dai-me a graça de lutar contra o pecado e de levar a minha própria cruz, pequeno pedaço da vossa enorme cruz.

Qualquer sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail:  arivero@legionaries.org