Páginas

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

1º de setembro

Sta. Teresa Margarida do Sagrado Coração de Jesus (Redi)
Virgem de nossa Ordem

Nasceu em Arezzo (Toscana) da nobre família Redi, no ano 1747. Entrou para as Carmelitas Descalças de Florença no dia 1º de setembro de 1764. Enriquecida com a singular experiência contemplativa da expressão do Apóstolo S. João «Deus é amor», sentiu o chamamento à vida oculta pelo caminho do amor e da imolação de si mesma. Consumou a sua vocação e confirmou-a com o heroico exercício da caridade fraterna. Entrou na posse plena do amor de Deus no ano 1770 no Carmelo de Florença.


INVITATÓRIO
Ant. Vinde, adoremos o Senhor, Rei das virgens.

LAUDES
Hino
De perfume, ó flor da graça,
do Carmelo encheste as celas;
no céu, hoje, coroada,
brilhas, joia das mais belas.

Ó Margarida, que fulguras
entre os coros virginais
que vão seguindo o Cordeiro,
entre cantos nupciais.

Concede-nos que andamos
no amor íntimo do Esposo,
para ser, Cristo somente,
nossa vida, paz e gozo.

Faze-nos sempre sentir,
do Pai, a excelsa ternura,
que é primeiro amor e único,
fonte de pura doçura.

Por ti nos infunda o Espírito,
da vida eterna, o caudal;
retribuir desejamos,
o seu amor paternal.

Tu, que sentiste a Trindade,
dá-nos tal graça também,
e, contigo, a sua glória
cantemos para sempre. Amém.

Salmodia do dia corrente.

Leitura breve - Cl 3,1-4
Se ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos por alcançar as coisas do alto, onde está Cristo sentado à direita de Deus', aspirai às coisas celestes e não às coisas terrestres, pois vós morrestes, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus. Quando Cristo, vossa vida, aparecer em seu triunfo, então vós também aparecereis com ele, revestidos de glória.

Responsório breve
R. Falou-me o coração, * procurei a vossa face. R. Falou-me.
V. A vossa face eu procuro, Senhor. * Procurei. Glória ao Pai.
R. Falou-me.

Cântico evangélico
Ant. Sou o Caminho, a Verdade e a Vida: ninguém chega ao Pai senão por mim.

Preces
Adoremos a Cristo, chave de todos os segredos do Pai; e digamos com fé:

R. Senhor, mostrai-nos o Pai!

Cristo, que sois o Caminho, a Verdade e a Vida,
- sede o nosso caminho para chegarmos ao Pai. R.

Vós, que sois a Luz do mundo e o Esplendor da glória do Pai,
- iluminai a noite escura da nossa fé, enquanto caminhamos para o Pai. R.

Cristo, Palavra do Pai, que vos fizestes carne, e chamastes Santa Teresa Margarida para imitar pela fé vossa intimidade com o Pai,
- concedei-nos perseverar sempre na vida escondida convosco em Deus. R.

Jesus, espelho e prêmio da humildade, que viestes não para ser servido, mas para servir,
- ensinai-nos hoje a realizar os serviços mais humildes, agradáveis ao Pai, que vê no segredo. R.

Cristo, Palavra de Deus, que vos fizestes passível e paciente no meio de nós,
- fazei que, a exemplo de Santa Teresa Margarida, sigamos a vós crucificado por amor da vossa Igreja, que é o vosso Corpo. R.

Jesus, que tanto amastes a vossa Mãe, companheira fiel na obra da Salvação,
- fazei que, por intercessão de Maria, estejamos prontos a realizar com amor a vontade do Pai. R.
(intenções livres)

Pai Nosso

Oração
Senhor, Nosso Deus, que concedestes a Santa Teresa Margarida encontrar no Coração do Salvador tesouros inestimáveis de humildade e caridade, concedei-nos, por sua intercessão, jamais nos separarmos do amor de Jesus, vosso Filho, que é um só Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

VÉSPERAS
Hino
Ó santa virgindade,
Imagem do Deus incorruptível,
Arvore da vida!

Ó santa virgindade,
Coroa de glória e cetro do Reino,
Espelho do Deus imortal!

Ó santa virgindade,
Harmonia de um mistério admirável,
Como são belas as coroas
E as vitórias dos teus combates!

Ó santa virgindade,
Luz da liberdade e vida celeste,
Templo de Deus e morada do grande Rei!

Ó santa virgindade,
Paraíso do Omnipotente,
Herança da família do Deus imortal!

Ó santa virgindade,
Glória de Deus, fraternidade dos Anjos,
Árvore florescente de perpétua santidade!

Ó santa virgindade,
Em ti se completa a vitória de Cristo,
Em ti resplandece o poder do Omnipotente,
Em ti repousa o Espírito de Deus.

Leitura breve - 1Jo 4,16b
Deus é Amor: quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele.

Responsório breve
R. Águas torrenciais'* jamais apagarão o amor! R. Águas.
V. Nem os rios poderão afogá-lo! * Jamais. Glória ao Pai.
R. Águas.

Cântico evangélico
Ant. Assim como o Pai me amou também eu vos amei: permanecei no meu amor.

Preces
Louvemos a Cristo, que no amor de Deus e do próximo nos legou o seu mandamento supremo; confiantes supliquemos:

R. Concedei-nos, Senhor, o vosso amor.

Cristo, que no vosso Coração nos revelastes o amor eterno do Pai,
- fazei-nos testemunhas vivas do Divino Amor. R.

Cristo, que viestes trazer o fogo à terra,
-inflamai-nos na fogueira deste amor, em que Santa Teresa Margarida. R

Vós, que sempre fizestes o que agrada ao Pai,
- fazei que a nossa vida seja em tudo uma homenagem de amor filial ao Amor do Pai. R.

Vós, que fizestes do nosso próximo o sacramento da vossa presença,
- concedei que vos sirvamos com amor em todos os irmãos e irmãs, e vos descubramos em cada um deles. R.
(intenções livres)

Vós, que vos apressastes em chamar na flor da idade Santa Teresa Margarida abrasada no vosso amor,
- apressai-vos em receber quanto antes no Reino eterno do Amor os nossos irmãos e irmãs falecidos. R.

Pai Nosso

Oração
Senhor, Nosso Deus, que concedestes a Santa Teresa Margarida encontrar no Coração do Salvador tesouros inestimáveis de humildade e caridade, concedei-nos, por sua intercessão, jamais nos separarmos do amor de Jesus, vosso Filho, que é um só Deus convosco na unidade do Espírito Santo.


Terça-feira da 22ª semana do Tempo Comum

Sta. Teresa Margarida do Coração de Jesus (Redi)
Virgem de nossa Ordem.
Evangelho (Lc 4,31-37): Naquele tempo, Jesus desceu para Cafarnaum, cidade da Galileia, e lá os ensinava, aos sábados. Eles ficavam maravilhados com os seus ensinamentos, pois sua palavra tinha autoridade. Na sinagoga estava um homem que tinha um espírito impuro, e ele gritou em alta voz: «Que queres de nós, Jesus de Nazaré? Vieste para nos destruir? Eu sei quem tu és: o Santo de Deus!». Jesus o repreendeu: «Cala-te, sai dele!». O demônio então lançou o homem no chão e saiu dele, sem lhe fazer mal algum. Todos ficaram espantados e comentavam: «Que palavra é essa? Ele dá ordens aos espíritos impuros, com autoridade e poder, e eles saem». E sua fama se espalhava por todos os lugares da redondeza.

«Eles ficavam maravilhados com os seus ensinamentos, pois sua palavra tinha autoridade»

Rev. D. Joan BLADÉ i Piñol (Barcelona, Espanha)

Hoje vemos como a atividade de ensinar foi, para Jesus, a missão central de sua vida pública. Porém a pregação de Jesus era muito diferente da dos outros mestres e isso fazia com que as pessoas se espantassem e se admirassem. Certamente, ainda que o Senhor não tivesse estudado (cf. Jo 7,15), desconcertava a todos com sua doutrina, porque «falava com autoridade» (Lc 4,32). Seu estilo possuía a autoridade de quem se sabia o “Santo de Deus”.

Precisamente aquela autoridade no seu falar era o que dava força a sua linguagem. Utilizava imagens vivas e concretas, sem silogismos nem definições; palavras e imagens que extraía da própria natureza quando não das Sagradas Escrituras. Não há dúvida de que Jesus era um bom observador, homem próximo das situações humanas: ao mesmo tempo em que o vemos ensinando, também o contemplamos perto das pessoas fazendo-lhes o bem (curando as doenças e expulsando demônios, etc.). Lia no livro da vida diária as experiências que depois lhe serviriam para ensinar. Ainda que fosse um material tão simples e “rudimentar”, a palavra do Senhor era sempre profunda, inquietante, radicalmente nova, definitiva.

O mais admirável da fala de Jesus Cristo, era esse saber harmonizar a autoridade divina com a mais incrível simplicidade humana. Autoridade e simplicidade eram possíveis em Jesus graças ao conhecimento que possuía do Pai e de sua relação de amorosa obediência a Ele (cf. Mt 11,25-27). Esta relação com o Pai é o que explica a harmonia única entre a grandeza e a humildade. A autoridade de seu falar não se ajustava aos parâmetros humanos; não havia disputa, nem interesses pessoais ou desejo de sobressair. Era uma autoridade que se manifestava tanto na sublimidade da palavra ou da ação como na humildade e simplicidade. Não houve nos seus lábios nem louvor pessoal, nem soberba nem gritos. Mansidão, doçura, compreensão, paz, serenidade, misericórdia, verdade, luz, justiça... Foi o aroma que rodeava a autoridade de seus ensinos.

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

V Centenário do Nascimento (1515-2015)
* No evangelho de hoje, vamos ver de perto dois assuntos: a admiração do povo pela maneira de Jesus ensinar e a cura de um homem possuído por um demônio impuro. Nem todos os evangelistas contam os fatos do mesmo jeito. Para Lucas, o primeiro milagre é a calma com que Jesus se livrou da ameaça de morte da parte do povo de Nazaré (Lc 4,29-30) e a cura do homem possesso (Lc 4,33-35). Para Mateus, o primeiro milagre é a cura de uma porção de doentes e endemoninhados (Mt 4,23) ou, mais especificamente, a cura de um leproso (Mt 8,1-4). Para Marcos, foi a expulsão de um demônio (Mc 1,23-26). Para João, o primeiro milagre foi em Caná, onde Jesus transformou água em vinho (Jo 2,1-11). Assim, na maneira de contar as coisas, cada evangelista mostra qual foi, segundo ele, a maior preocupação de Jesus.

* Lucas 4,31: A mudança de Jesus para Cafarnaum
“Jesus foi a Cafarnaum, cidade da Galileia, e aí ensinava aos sábados”. Mateus diz que Jesus foi morar em Cafarnaum (Mt 4,13). Mudou de residência. Cafarnaum era uma pequena cidade junto ao entroncamento de duas estradas importantes: uma que vinha da Ásia Menor e ia para Petra no sul da Transjordânia, e a outra que vinha da região dos rios Euphrates e Tigris e descia para o Egito. A mudança para Cafarnaum facilitava o contato com o povo e a divulgação da Boa Nova.

* Lucas 4,32: Admiração do povo pelo ensino de Jesus
A primeira coisa que o povo percebe é o jeito diferente de Jesus ensinar. Não é tanto o conteúdo, mas sim o jeito de ensinar, que impressiona. “Jesus falava com autoridade”. Marcos acrescenta que, por este seu jeito diferente de ensinar, Jesus criava consciência crítica no povo com relação às autoridades religiosas da época. O povo percebia e comparava: Ele ensina com autoridade, diferente dos escribas” (Mc 1,22.27). Os escribas da época ensinavam citando autoridades. Jesus não cita autoridade nenhuma, mas fala a partir da sua experiência de Deus e da vida.

* Lucas 4,33-35: Jesus combate o poder do mal
O primeiro milagre é a expulsão de um demônio. O poder do mal tomava conta das pessoas e as alienava. Jesus devolve as pessoas a si mesmas. Devolve a consciência e a liberdade. E ele o faz pelo poder da sua palavra: "Cale-se, e saia dele!" Ele dizia em outra ocasião: “Se é pelo dedo de Deus que eu expulso os demônios, então o Reino de Deus chegou para vocês” (Lc 11,20). Hoje também, muita gente vive alienada de si mesma pelo poder dos meios de comunicação, da propaganda do governo e do comércio. Vive escrava do consumismo, oprimida pelas prestações e ameaçada pelos cobradores. Acha que não vive direito enquanto não comprar aquilo que a propaganda anuncia. Não é fácil expulsar este poder que hoje aliena tanta gente, e devolver as pessoas a si mesmas!

* Lucas 1,36-37: A reação do povo: ele manda nos espíritos impuros primeiro impacto
Além do jeito diferente de Jesus ensinar as coisas de Deus, o outro aspecto que causava admiração no povo era o seu poder sobre os espíritos impuros: "Que palavra é essa? Ele manda nos espíritos impuros com autoridade e poder, e eles saem". Jesus abre um novo caminho para o povo poder conseguir a pureza através do contato com ele. Naquele tempo, uma pessoa impura não podia comparecer diante de Deus para rezar e receber a bênção prometida a Abraão. Teria que purificar-se, primeiro. Havia muitas leis e normas que dificultavam a vida do povo e marginalizavam muita gente como impura. Mas agora, purificadas pela fé em Jesus, as pessoas podiam comparecer novamente na presença de Deus e rezar a Ele, sem necessidade de recorrer àquelas complicadas e, muitas vezes, dispendiosas normas de pureza.

Para um confronto pessoal
1) Jesus provocava a admiração do povo. A atuação da nossa comunidade aqui no bairro provoca alguma admiração no povo? Qual?
2) Jesus expulsava o poder do mal e devolvia as pessoas a si mesmas. Hoje, muita gente vive alienada de si mesma e de tudo. Como devolvê-las a si mesmas?


quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Segunda-feira da 22ª semana do Tempo Comum

V Centenário do Nascimento (1515-2015)
Evangelho (Lc 4,16-30): Naquele tempo, Jesus foi a Nazaré, onde se tinha criado. Conforme seu costume, no dia de sábado, foi à sinagoga e levantou-se para fazer a leitura. Deram-lhe o livro do profeta Isaías. Abrindo o livro, encontrou o lugar onde está escrito: «O Espírito do Senhor está sobre mim, pois ele me consagrou com a unção, para anunciar a Boa Nova aos pobres: enviou-me para proclamar a libertação aos presos e, aos cegos, a recuperação da vista; para dar liberdade aos oprimidos e proclamar um ano de graça da parte do Senhor». Depois, fechou o livro, entregou-o ao ajudante e sentou-se. Os olhos de todos, na sinagoga, estavam fixos nele. Então, começou a dizer-lhes: «Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir». Todos testemunhavam a favor dele, maravilhados com as palavras cheias de graça que saíam de sua boca. E perguntavam: «Não é este o filho de José?». Ele, porém, dizia: «Sem dúvida, me citareis o provérbio: ‘Médico, cura-te a ti mesmo’. Tudo o que ouvimos dizer que fizeste em Cafarnaum, faze também aqui, na tua terra!». E acrescentou: «Em verdade, vos digo que nenhum profeta é bem recebido na sua própria terra. Ora, a verdade é esta que vos digo: no tempo do profeta Elias, quando não choveu durante três anos e seis meses e uma grande fome atingiu toda a região, havia muitas viúvas em Israel. No entanto, a nenhuma delas foi enviado o profeta Elias, senão a uma viúva em Sarepta, na Sidônia. E no tempo do profeta Eliseu, havia muitos leprosos em Israel, mas nenhum deles foi curado, senão Naamã, o sírio». Ao ouvirem estas palavras, na sinagoga, todos ficaram furiosos. Levantaram-se e o expulsaram da cidade. Levaram-no para o alto do morro sobre o qual a cidade estava construída, com a intenção de empurrá-lo para o precipício. Jesus, porém, passando pelo meio deles, continuou o seu caminho.

«Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir»

Rev. D. David AMADO i Fernández (Barcelona, Espanha).

Hoje, «se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir» (Lc 4,21). Com essas palavras, Jesus comenta, na sinagoga de Nazaré, um texto do profeta Isaías: «O Espírito do Senhor está sobre mim, pois ele me consagrou com a unção» (Lc 4,18). Estas palavras têm um sentido que ultrapassa o momento histórico concreto em que foram pronunciadas. O Espírito Santo habita em plenitude em Jesus Cristo, e é Ele quem o envia aos crentes.

Mas, além disso, todas as palavras do Evangelho possuem uma atualidade eterna. São eternas porque foram pronunciadas pelo Eterno e, são atuais porque Deus faz com que se cumpram em todos os tempos. Quando escutamos a Palavra de Deus, temos que recebê-la não como um discurso humano, mas sim como uma Palavra que tem, sobre nós, poder de transformação. Deus não fala aos nossos ouvidos, mas ao nosso coração. Tudo o que diz está profundamente cheio de sentido e de amor. A Palavra de Deus é uma fonte inextinguível de vida: «É mais o que perdemos do que o que captamos, tal como ocorre com os sedentos que bebem de uma fonte» (Santo Efrém). Suas palavras saem do coração de Deus. E, desse coração, do seio da Trindade, veio Jesus - a Palavra do Pai — aos homens.

Por isso, cada dia, quando escutamos o Evangelho, temos que poder dizer como Maria: «Faça-se em mim segundo a tua palavra» (Lc 1,38); e Deus nos responderá: «Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir». Mas para que a Palavra seja eficaz em nós devemos nos desprender de todo o preconceito. Os contemporâneos de Jesus não o compreenderam, porque o viam somente com olhos humanos: «Não é este o filho de José?» (Lc 4,22). Enxergavam a humanidade de Cristo, mas não se deram conta de sua divindade. Sempre que escutamos a Palavra de Deus, mais a frente do estilo literário, da beleza das expressões ou da singularidade da situação, temos que saber que é Deus quem nos fala.

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

* Hoje, segunda-feira da 22ª semana comum, começamos a meditação do Evangelho de Lucas que se prolongará por três meses até o fim do ano eclesiástico. O evangelho de hoje traz a visita de Jesus a Nazaré e a apresentação do seu programa ao povo na sinagoga. Num primeiro momento, o povo ficou admirado. Mas, em seguida, quando perceberam que Jesus queria acolher a todos, sem excluir ninguém, ficaram revoltados e quiseram matá-lo.

* Lucas 4,16-19: A proposta de Jesus.
Animado pelo Espírito Santo, Jesus tinha voltado para a Galileia (Lc 4,14) e começou a anunciar a Boa Nova do Reino de Deus. Andando pelas comunidades e ensinando nas sinagogas, ele chegou a Nazaré, onde tinha sido criado. Estava de volta na comunidade, onde, desde pequeno, tinha participado durante quase trinta anos. No sábado seguinte, conforme o seu costume, Jesus foi à sinagoga para participar da celebração e levantou-se para fazer a leitura. Escolheu o texto de Isaías que falava dos pobres, presos, cegos e oprimidos (Is 61,1-2). Este texto refletia a situação do povo da Galileia do tempo de Jesus. A experiência que Jesus tinha de Deus como Pai amoroso dava a ele um novo olhar para avaliar a realidade. Em nome de Deus, Jesus toma posição em defesa da vida do seu povo e, com as palavras de Isaías, define a sua missão:
(1) anunciar a Boa Nova aos pobres,
(2) proclamar a libertação aos presos,
(3) a recuperação da vista aos cegos,
(4) restituir a liberdade aos oprimidos e, retomando a antiga tradição dos profetas,
(5) proclama “um ano de graça da parte do Senhor”. Proclama o ano do jubileu!

* Na Bíblia, o “Ano Jubileu” era uma lei importante.
Inicialmente, a cada sete anos (Dt 15,1; Lev 25,3), as terras deviam voltar ao clã de origem. Cada um devia poder voltar à sua propriedade. Assim impediam a formação de latifúndio e garantiam às famílias a sobrevivência. Também deviam perdoar as dívidas e resgatar as pessoas escravizadas (Dt 15,1-18). Não foi fácil realizar o ano jubileu cada sete anos (cf. Jr 34,8-16). Depois do exílio, decidiram realizá-lo cada sete vezes sete anos (Lev 25,8-12), isto é, cada cinquenta anos. O objetivo do Ano Jubileu era e continua sendo: restabelecer os direitos dos pobres, acolher os excluídos e reintegrá-los na convivência. O jubileu era um instrumento legal para voltar ao sentido original da Lei de Deus. Era uma oportunidade oferecida por Deus para fazer uma revisão da caminhada, descobrir e corrigir os erros e recomeçar tudo de novo. Jesus inicia a sua pregação proclamando um jubileu, um “Ano de Graça da parte do Senhor”.

* Lucas 4,20-22: Ligar Bíblia com Vida.
Terminada a leitura, Jesus atualiza o texto de Isaías dizendo: “Hoje se cumpriu esta escritura nos ouvidos de vocês!” Assumindo as palavras de Isaías como suas próprias palavras, Jesus lhes dá o seu pleno e definitivo sentido e se declara messias que veio realizar a profecia. Esta maneira de atualizar o texto provocou uma reação de descrédito por parte dos que estavam na sinagoga. Ficaram escandalizados e já não queriam saber dele. Não aceitaram Jesus como o messias anunciado por Isaías. Diziam: “Não é este o filho de José?” Ficaram escandalizados porque Jesus falou em acolher os pobres, os cegos e os oprimidos. O povo de Nazaré não aceitou a proposta de Jesus. E assim, no momento em que apresentou o seu projeto de acolher os excluídos, ele mesmo foi excluído.

* Lucas 4,23-30: Ultrapassar os limites da raça.
Para ajudar a comunidade a superar o escândalo e levá-la a compreender que sua proposta estava bem dentro da tradição, Jesus contou duas histórias conhecidas da Bíblia, uma de Elias e outra de Eliseu. As duas histórias criticavam o fechamento do povo de Nazaré. Elias foi enviado para a viúva estrangeira de Sarepta (1 Rs 17,7-16). Eliseu foi enviado para atender ao estrangeiro da Síria (2 Rs 5,14). Transparece aqui a preocupação de Lucas em mostrar que a abertura para os pagãos já vinha desde Jesus. Jesus teve as mesmas dificuldades que as comunidades estavam tendo no tempo de Lucas. Mas o apelo de Jesus não adiantou. Ao contrário! As histórias de Elias e Eliseu provocaram mais raiva ainda. A comunidade de Nazaré chegou ao ponto de querer matar Jesus. Mas ele manteve a calma. A raiva dos outros não conseguiu desviá-lo do seu caminho. Lucas mostra assim como é difícil superar a mentalidade do privilégio e do fechamento.

* É importante notar os detalhes no uso do Antigo Testamento.
Jesus cita o texto de Isaías até onde diz: "proclamar um ano de graça da parte do Senhor". Cortou o resto da frase que dizia: "e um dia de vingança do nosso Deus". O povo de Nazaré ficou bravo com Jesus por ele pretender ser o messias, por querer acolher os excluídos e por ter omitido a frase sobre a vingança. Eles queriam que o Dia de Javé fosse um dia de vingança contra os opressores do povo. Neste caso, a vinda do Reino seria apenas uma virada da mesa e não uma mudança ou conversão do sistema. Jesus não aceita este modo de pensar, não aceita a vingança (cf. Mt 5,44-48). A sua nova experiência de Deus como Pai/Mãe ajudava-o a entender melhor o sentido das profecias.

Para um confronto pessoal
1) O programa de Jesus consiste em acolher os excluídos. Será que nós acolhemos a todos, ou excluímos alguém? Quais os motivos que nos levam a excluir certas pessoas?
2) Será que o programa de Jesus está sendo realmente o nosso programa, o meu programa? Quais os excluídos que deveríamos acolher melhor na nossa comunidade? O que ou quem nos dá força para realizar a missão que Jesus nos deu?

30 de agosto.

Santa Eufrásia do S. Coração de Jesus
Virgem


Religiosa professa da Congregação das Religiosas da Madre do Carmelo, a nova beata nasceu em 1877, na diocese indiana de Trichur, em Edathurhty; seu nome era Rosa Eluvethingal. Pertencente à Igreja oriental de rito siro-malabar, foi superiora geral das religiosas carmelitas de Koonammavu e recebeu dons carismáticos. Na Índia ela é recordada também por sua entrega durante uma grande epidemia de cólera. No convento carmelita de Ollur, onde havia permanecido 48 dos 52 anos de sua vida religiosa, faleceu em 1952. Lá foi sepultada. Beatificada no dia 3 de dezembro de 2006. Canonizada em 2014 pelo Papa Francisco.

Salmodia, Leitura, Responsório breve e Preces do Dia Corrente.

Oração
Senhor, que hoje nos alegrais com a festa anual de Santa Eufrásia do S. Coração de Jesus, concedei-nos a ajuda dos seus méritos, Vós que nos iluminastes com o exemplo da sua virgindade e amor ao próximo. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Omite-se esta memória, neste ano, devido à Páscoa Semanal.


XXII Domingo do Tempo Comum

Textos: Dt 4, 1-2, 6-8; Tg 1, 17-18. 21-27; Mc 7, 1-8. 14-15. 21-23

Evangelho (Mc 7,1-8.14-15.21-23): Os fariseus e alguns escribas vindos de Jerusalém ajuntaram-se em torno de Jesus. Eles perceberam que alguns dos seus discípulos comiam com as mãos impuras, isto é, sem lavá-las. Ora, os fariseus e os judeus em geral, apegados à tradição dos antigos, não comem sem terem lavado as mãos até o cotovelo. Bem assim, chegando da praça, eles não comem nada sem a lavação ritual. E seguem ainda outros costumes que receberam por tradição: a maneira certa de lavar copos, jarras, vasilhas de metal, camas. Os fariseus e os escribas perguntaram a Jesus: «Por que os teus discípulos não seguem a tradição dos antigos, mas tomam a refeição com as mãos impuras?». Ele disse: «O profeta Isaías bem profetizou a vosso respeito, hipócritas, como está escrito: 'Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. É inútil o culto que me prestam, as doutrinas que ensinam não passam de preceitos humanos'. Vós abandonais o mandamento de Deus e vos apegais à tradição humana». Chamando outra vez a multidão, dizia: «Escutai-me, vós todos, e compreendei!. Nada que, de fora, entra na pessoa pode torná-la impura. O que sai da pessoa é que a torna impura. Pois é de dentro, do coração humano, que saem as más intenções: imoralidade sexual, roubos, homicídios, adultérios, ambições desmedidas, perversidades, fraude, devassidão, inveja, calúnia, orgulho e insensatez. Todas essas coisas saem de dentro, e são elas que tornam alguém impuro».

«Vós abandonais o mandamento de Deus e vos apegais à tradição humana»

Rev. D. Josep Lluís SOCÍAS i Bruguera  (Badalona, Barcelona, Espanha)

Hoje, a palavra do Senhor ajuda-nos a perceber que acima dos costumes humanos estão os Mandamentos de Deus. De facto, com o passar do tempo, é fácil nós distorcermos os conselhos evangélicos e, dando-nos ou não conta, substituir os Mandamentos ou então afogá-los com uma exagerada meticulosidade: «chegando da praça, eles não comem nada sem a lavação ritual. E seguem ainda outros costumes que receberam por tradição: a maneira certa de lavar copos, jarras, vasilhas de metal?» (Mc 7,4). É por isso que a gente simples, com um sentimento popular comum, não fez caso dos doutores da lei nem dos fariseus, que sobrepunham especulações humanas à Palavra de Deus. Jesus aplica a denúncia profética de Isaías contra os religiosamente hipócritas («O profeta Isaías bem profetizou a vosso respeito, hipócritas, como está escrito: ?Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim»: (Mc 7,6)).

Nos últimos anos, João Paulo II, ao pedir perdão em nome da Igreja por todas as coisas negativas que os seus filhos tinham feito ao longo da história, manifestou-o no sentido de que «nos tínhamos separado do Evangelho».

«Nada que, de fora, entra na pessoa pode torná-la impura. O que sai da pessoa é que a torna impura» (Mc 7,15), diz-nos Jesus. Só o que sai do coração do homem, desde a interioridade consciente da pessoa humana, nos pode fazer mal. Esta malícia é que causa dano a toda a Humanidade e a cada um. A religiosidade não consiste precisamente em lavar as mãos (recordemos Pilatos que entrega Jesus Cristo à morte!), mas em manter puro o coração.

Dito de uma maneira positiva, é o que nos diz santa Teresa do Menino Jesus nos seus Manuscritos biográficos: «Quando contemplava o corpo místico de Cristo (?) compreendi que a Igreja tem um coração (?) entusiasmado de amor». De um coração que ama surgem as obras bem feitas que ajudam em concreto a quem precisa («Porque tive fome, e me destes de comer?»: Mt 25,35).

Em que consiste a verdadeira religião?

Pe. Antonio Rivero, L.C.

V Centenário do Nascimento (1515-2015)
A nossa religião não está feita de exterioridades, como acreditavam fariseus os quais Cristo trata com tanta dureza no evangelho, até o ponto de querer agradar a Deus e ganhar a salvação. Essas “coisas” num princípio foram enfeites da religião, logo adversários da religião e finalmente suplantaram a religião.

Em primeiro lugar, a verdadeira religião não é de lábios para fora. “Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim” (Isa 29,13). Substituímos muitas vezes a verdadeira religião com ritos, costumes, piedades, tradições. Ouvir missa, batizar a criatura, fazer a primeira comunhão, casar-se na igreja, ajoelhar-se no confessionário, enterrar um morto cristãmente, peregrinações e procissões, etc. Religião não é só isso. Essas são coisas da religião, mas não a religião. Prova disso é que nem sempre existiram essas “coisas”, mas sempre existiu a religião. Outras vezes foram outros costumes, ritos, tradições... mas a religião foi a mesma. Cristo não está desprezando as normas de vida dos judeus: Ele disse que não tinha vindo para abolir a lei, mas dar cumprimento e levá-la à perfeição. Jesus interiorizou essa lei, para nos conformarmos com a aparência exterior. Jesus condena o legalismo formalista, sem alma, sem sensibilidade, sem caridade, que escraviza mais do que liberta.

Em segundo lugar, a verdadeira religião é a fé em Jesus vivo, morto, ressuscitado, glorificado, Filho de Deus. Fe é a atitude transcendental do coração do homem, para quem Jesus é tudo, como a sua escala de valores e de princípios, as suas esperanças eternas, os seus destinos... A atitude transcendental é a obediência a Deus, o seguimento dos ditames da consciência reta e o serviço desinteressado aos homens. A fé, pois, é a atitude transcendental do coração como estilo de vida: sem essa fé não existe nem missa nem sacramentos nem teologia nem moral... que valham, mas com essa fé em Deus missa e sacramento e piedades... fazem a religião florida e formosa. Ou seja, pessoas que creem, mais que praticantes é o que Deus quer. E se são praticantes, é porque dão vida à prática e espírito à letra, que de por si só mataria. Isto é, que à missa, aos sacramentos e às piedades colocam alma, espírito, coração e vida ou aqui nem homem nem religião nem nada. 

Finalmente, vamos concretizar tudo isto. Por exemplo, algumas primeiras comunhões são agora suntuosas como um casamento, e isso é um escândalo econômico, social e religioso. Essa é a verdadeira religião? Alguns casamentos são agora um rito tão secularizado como uma festa social e isso é uma degradação, a humilhação e o desprestigio do sacramento. Religião verdadeira? E assim as confissões mecânicas, as comunhões mercantis: “vou oferecer esta comunhão para conseguir esta ou aquela graça para...”. O que dizer então de procissões ou peregrinações que parecem mais uma feira onde se vende de tudo, sendo um gesto exterior de algo profundo do coração? Religião verdadeira? Agora entendemos porque Jesus foi tão duro com estes fariseus ritualistas que cifravam a religião em práticas exteriores e não na fé em Deus. Por isso Jesus, entre o homem e o sábado, ficava com o homem, para quem ai está o sábado; não ao contrário. Por isso, Jesus deu uma mão ao homem religioso e sentou a mão no homem ritualista (cf. Mc 2,27). No ano, no mês e no dia, em que Jesus disse-evangelho de hoje- que as coisas externas não fazem mal o homem, mas as internas oriundas do coração são que o tornam bom, mau, regular, santo, etc..., nesse momento Jesus pronunciou “uma das maiores frases em toda a história das religiões” (Montefiore). Frase que se dirige ao coração do homem- no sentido bíblico da expressão-, isto é, à inteligência, à vontade e ao sentimento do homem... Essa é a verdadeira religião, que Jesus, o Filho de Deus, veio para nos ensinar.

Para refletir: Sou homem religioso ou somente ritualista? Ritualista ou espiritualista? Crente ou só cumpridor? Vivo nessa atitude transcendental, em obediência a Deus, no seguimento da consciência reta e no serviço desinteressado aos homens? Fujamos do farisaísmo e do ritualismo sem fé e sem alma (evangelho), para ser gratos a Deus (salmo). Foram os “praticantes” os que levaram Cristo à cruz e o crucificaram. Onde estava a fé desses “piedosos praticantes”?

Para rezar: Fazei-me entender que me conheceis inteiramente, pois sois o meu Criador, e sabes de todas as minhas coisas. E sois Vós, Senhor, quem me transformais, quem instruis, quem me modelais, quem me perfeccionais, quem fazeis de mim o vosso filho, quem me ama e quem me salva. Finalmente, Senhor, fazei-me cair confiado e esperançado nas vossas mãos e, como uma criança nos braços do seu pai, eu durma no vosso colo.

Qualquer sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail:  arivero@legionaries.org

29 de agosto: Martírio de São João Batista

Evangelho (Mc 6,17-29): Naquele tempo, Herodes tinha mandado prender João e acorrentá-lo na prisão, por causa de Herodíades, mulher de seu irmão Filipe, com a qual ele se tinha casado. Pois João vivia dizendo a Herodes: «Não te é permitido ter a mulher do teu irmão». Por isso, Herodíades lhe tinha ódio e queria matá-lo (…). Finalmente, chegou o dia oportuno, Herodes (…) mandou um carrasco cortar e trazer a cabeça de João. O carrasco foi e, lá na prisão, cortou-lhe a cabeça (…).

O martírio de são João Batista (que é um mártir?)

REDAÇÃO evangeli.net (elaborado com base nos textos de Bento XVI)

Hoje, no martírio de são João Batista, nós contemplamos Jesus Cristo como modelo de "mártir". O Batista deu a vida por defender coerentemente a verdade sobre o matrimônio. Isso é justamente o “martírio”: Obedecer ao “Senhor dos senhores”, com todas suas consequências, sem ceder a subterfúgios.

Desde suas origens o cristianismo entendeu o martírio como “liturgia” (“identificar-se com Cristo...”) e como "acontecimento sacrificial” (“... com Cristo sofrente com amor”). No martírio o cristianismo é levado totalmente dentro da obediência de Cristo, dentro da liturgia da cruz e, assim, dentro do verdadeiro culto (rendendo totalmente o coração ao Pai). São Inácio de Antioquia, por exemplo, dizia ser como o “trigo de Cristo”, que devia ser triturado para se converter em “pão de Cristo”.

Jesus, concede-me o dom da disponibilidade para sofrer contigo. Porque “cristão” e “mártir” são equivalentes: Nas tribulações da vida ordinária eu posso me transformar em “pão” que comunica o mistério de Cristo, sendo "oferenda” para Deus e para os homens.

Reflexão de Frei Carlos Mesters, O.Carm

V Centenário do Nascimento (1515-2015)
* O evangelho de hoje descreve como João Batista foi vítima da corrupção e da prepotência do Governo de Herodes. Foi morto sem processo, durante um banquete de Herodes com os grandes do reino. O texto traz muitas informações sobre o tempo em que Jesus vivia e sobre a maneira como era exercido o poder pelos poderosos da época. Desde o começo do evangelho de Marcos ficou um suspense. Ele tinha dito: “Depois que João foi preso, Jesus voltou para a Galileia e começou a anunciar a Boa Nova de Deus!” (Mc 1,14). No evangelho de hoje, como que de repente, ficamos sabendo que Herodes já tinha matado João Batista. Assim, na cabeça do leitor e da leitora, vem logo a pergunta: ”E o que será que ele vai fazer com Jesus? Vai dar a ele o mesmo destino?” (...)

* Marcos 6,17-20. A causa do assassinato de João.
Galileia, terra de Jesus, era governada por Herodes Antipas, filho do rei Herodes, o Grande, desde 4 antes de Cristo até 39 depois de Cristo. Ao todo, 43 anos! Durante todo o tempo que Jesus viveu, não houve mudança de governo na Galileia! Herodes Antipas era dono absoluto de tudo, não prestava conta a ninguém, fazia o que bem entendia. Prepotência, falta de ética, poder absoluto, sem controle por parte do povo! Mas quem mandava mesmo na Palestina, desde 63 antes de Cristo, era o Império Romano. Herodes, para não ser deposto, procurava agradar a Roma em tudo. Insistia sobretudo numa administração eficiente que desse lucro ao Império. A preocupação dele era a sua própria promoção e segurança. Por isso, reprimia qualquer tipo de subversão. Flávio José, um escritor daquela época, informa que o motivo da prisão de João Batista era o medo que Herodes tinha de um levante popular. Herodes gostava de ser chamado de benfeitor do povo, mas na realidade era um tirano (cf. Lc 22,25). A denúncia de João contra ele (Mc 6,18), foi a gota que fez transbordar o copo, e João foi preso.

* Marcos 6,21-29: A trama do assassinato.
Aniversário e banquete de festa, com danças e orgias! Era o ambiente em que se costuravam as alianças. A festa contava com a presença “dos grandes da corte, dos oficiais e das pessoas importantes da Galileia”. É nesse ambiente que se trama o assassinato de João Batista. João, o profeta, era uma denúncia viva desse sistema corrupto. Por isso foi eliminado sob pretexto de um problema de vingança pessoal. Tudo isto revela a fraqueza moral de Herodes. Tanto poder acumulado na mão de um homem sem controle de si! No entusiasmo da festa e do vinho, Herodes fez um juramento leviano a uma jovem dançarina. Supersticioso como era, pensava que devia manter esse juramento. Para Herodes, a vida dos súditos não valia nada. Dispunha deles como dispunha da posição das cadeiras na sala. Marcos conta o fato tal qual e deixa às comunidades e a nós a tarefa de tirarmos as conclusões.

Para um confronto pessoal
1. Você conhece casos de pessoas que morreram vítimas da corrupção e da dominação dos poderosos? E na nossa comunidade e na igreja, há vítimas de desmando e de autoritarismo?
2. Herodes, o poderoso que pensava ser o dono da vida e da morte do povo, era um grande supersticioso com medo diante de João Batista. Era um covarde diante dos grandes. Um bajulador corrupto diante da moça. Superstição, covardia e corrupção marcavam o exercício do poder de Herodes. Compare com o exercício do poder religioso e civil hoje nos vários níveis da sociedade e da Igreja.