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sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

1º de fevereiro

Beata Candelária de Santo José
Virgem de nossa Ordem

Candelária de São José (Susana Paz Castillo Ramírez), nasceu em Altagracia de Orituco, Venezuela, em 11 de agosto de 1863. Distinguiu-se por seu amor aos enfermos e aos pobres. Junto com outras jovens de sua cidade e com o apoio de um grupo de médicos e do padre Sixto Sosa, pároco de Altagracia de Orituco, fundou um hospital para atender a todos os necessitados, começando com isto a fundação da Congregação das Irmãzinhas dos Pobres de Altagracia, atualmente denominada Irmãs Terceiras Carmelitas Regulares também conhecidas como Carmelitas da Madre Candelária ou Venezuelanas.  Morreu em 31 de janeiro de 1940. Foi beatificada em 27 de abril de 2008 em Caracas (Venezuela).

Salmodia, Leitura, Responsório breve e Preces do Dia Corrente.

Oração
Ó Deus que vos alegrais em habitar nos corações puros, concedei-nos, por intercessão da beata Candelária de São José, viver, por vossa graça, de tal maneira que mereçamos ter-vos sempre conosco.  Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

PREPARANDO A FESTA DA APRESENTAÇÃO DO SENHOR

«Luz para se revelar às nações»
 B. Guerrico de Igny (c. 1080-1157), abade cisterciense - 1º Sermão para a Purificação, 5-5

Saúdo-Te e louvo-Te, ó cheia de graça; trouxeste ao mundo a Misericórdia que veio sobre nós. Foste Tu quem preparou este círio que hoje recebo em minhas mãos [na liturgia desta festa]. Foste Tu quem deu a cera a esta chama… porque, Mãe sem corrupção, revestiste de carne sem corrupção o Verbo incorruptível.

Vamos, irmãos! Vede o círio que hoje arde entre as mãos de Simeão! Vinde buscar nele a luz, vinde acender nele as vossas velas, quero dizer, as lâmpadas que o Senhor quer ver entre as vossas mãos (Lc 12, 35). «Voltai-vos para Ele e ficareis radiantes» (Sl 33, 6). Não tanto por levardes círios nas mãos como por serdes vós mesmos círios que brilham por dentro e por fora, para vosso bem e para o dos outros: … Jesus iluminará a vossa fé, fará brilhar o vosso exemplo, inspirar-vos-á uma palavra de bem, tornará ardente a vossa oração, purificará a vossa intenção…

E para ti que possuis interiormente tantas lâmpadas acesas, quando se extinguir a chama desta vida, brilhará a luz da vida que não se extingue. Aparecerá para ti, no ocaso, o esplendor do meio-dia. No momento em que julgues extinguir-te, erguer-te-ás como a estrela da manhã (Jb 11, 17) e as trevas brilharão como a luz em pleno dia (Is 38, 10). Já não haverá sol durante o dia nem a luz da lua te iluminará, mas o Senhor será a tua luz eterna (Is 60,19), porque a lâmpada da nova Jerusalém é o Cordeiro (Ap 21, 23), a Ele a bênção e a glória pelos séculos dos séculos! Amém.

ORAÇÃO A NOSSA SENHORA DAS CANDEIAS
Ó Maria, por quem nos é dado Jesus Cristo, a Luz do mundo:
- abri-nos os olhos da fé para que não caiamos na escuridão do pecado e do erro;
- aconselhai-nos nos momentos difíceis, para que não nos desviemos do caminho que nos leva à Luz eterna;
- iluminai-nos nas dúvidas e incertezas com a luz da Verdade, para que possamos ser sempre fiéis ao Evangelho;
- inflamai o nosso coração com o fogo do vosso amor, para sempre amarmos Jesus e torná-lo amado por todos.
Nós vos pedimos também por aqueles que perderam a luz da fé e pelos que ainda não foram iluminados pela luz do vosso Filho, a quem buscam sinceramente em meio às trevas da ignorância.
Mãe de Deus das Candeias livrai-nos de toda cegueira espiritual e corporal, para que nos tornemos, e de fato sejamos, luz para o mundo, conforme o desejo de vosso Filho Jesus.

Sábado III do Tempo Comum

Beata Candelária de São José
Evangelho (Mc 4,35-41): Naquele dia, ao cair da tarde, Jesus disse aos discípulos: «Passemos para a outra margem!”». Eles despediram as multidões e levaram Jesus, do jeito como estava, consigo no barco; e outros barcos o acompanhavam. Veio, então, uma ventania tão forte que as ondas se jogavam dentro do barco; e este se enchia de água. Jesus estava na parte de trás, dormindo sobre um travesseiro. Os discípulos o acordaram e disseram-lhe: «Mestre, não te importa que estejamos perecendo?».  Ele se levantou e repreendeu o vento e o mar: «Silêncio! Cala-te!» O vento parou, e fez-se uma grande calmaria. Jesus disse-lhes então: «Por que sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?». Eles sentiram grande temor e comentavam uns com os outros: «Quem é este, a quem obedecem até o vento e o mar?».

Comentário: Rev. D. Joaquim FLURIACH i Domínguez (St. Esteve de P., Barcelona, Espanha)

Por que sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?

Hoje, o Senhor discute com os discípulos por sua falta de fé: «Ele disse-lhes: Como sois medrosos! Ainda não tendes fé?» (Mc 4,40). Jesus Cristo já havia dado suficientes mostras de ser Ele o Enviado e, mesmo assim, não acreditam. Não notam que, tendo com eles o próprio Senhor, nada devem temer. Jesus faz um paralelismo claro entre “fé” e “valentia”.

Em outro lugar do Evangelho, ante uma situação onde os Apóstolos duvidam, se diz que ainda não podiam acreditar porque não haviam recebido o Espírito Santo. O senhor deverá ter muita paciência para continuar ensinando aos primeiros aquilo que eles mesmos nos mostrarão depois, e do que serão firmes e valentes testemunhas.

Estaria muito bem que nós também nos sentíssemos “repreendidos”. Com mais motivo ainda! Recebemos o Espírito Santo que nos faz sentir capazes de entender como realmente o Senhor está conosco no caminho da vida, se realmente buscamos fazer sempre a vontade do Pai. Objetivamente, não temos nenhum motivo para a covardia. Ele é o único Senhor do Universo, porque «Eles ficaram penetrados de grande temor e cochichavam entre si: Quem é este, a quem até o vento e o mar obedecem?» (Mc 4,41), como afirmam admirados os discípulos.

Então, o que é o que me dá medo? São motivos tão graves como para pôr em dúvida o poder infinitamente grande como é o do Amor que o Senhor nos tem? Esta é a pergunta que nossos irmãos mártires souberam responder, não com palavras, mas com sua própria vida. Como tantos irmãos nossos que, com a graça de Deus, cada dia fazem de cada contradição um passo mais no crescimento da fé e da esperança. Nós, por que não? É que não sentimos dentro de nós o desejo de amar ao Senhor com todo o pensamento, com todas as forças, com toda a alma?

Um dos grandes exemplos de valentia e de fé, temos em Maria, Auxilio dos cristãos, Rainha dos confessores. Ao pé da Cruz soube manter em pé a luz da fé... que se fez resplandecente no dia da Ressurreição!

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm

* O evangelho de hoje descreve a tempestade no lago e Jesus dormindo no barco. Nossas comunidades, muitas vezes, se sentem como um barquinho perdido no mar da vida, sem muita esperança de poder chegar no porto. Jesus parece estar dormindo no nosso barco, pois não aparece nenhum poder divino para salvar-nos das dificuldades e da perseguição. Em vista desta situação de desespero, Marcos recolhe vários episódios que revelam como Jesus presente no meio da comunidade. Nas parábolas revelou o mistério do Reino presente nas coisas da vida (Mc 4,1-34). Agora começa a revelar o mistério do Reino presente no poder que Jesus exerce a favor dos discípulos, a favor do povo e, sobretudo, a favor dos excluídos e marginalizados. Jesus vence o mar, símbolo do caos (Mc 4,35-41). Nele atua um poder criador! Jesus vence e expulsa o demônio (Mc 5,1-20). Nele atua um poder libertador! Jesus vence a impureza e a morte (Mc 5,21-43). Nele atua o poder de vida! É o Jesus vencedor! Não há motivo para as comunidades terem medo. Este é o motivo do relato da tempestade acalmada que meditamos no evangelho de hoje.

* Marcos 4,35-36: O ponto de partida: “Vamos para o outro lado”.
Foi um dia pesado de muito trabalho. Terminado o discurso das parábolas (Mc 4,1-34), Jesus diz: “Vamos para o outro lado!” Do jeito que Jesus estava, eles o levam no barco, de onde tinha feito o discurso das parábolas. De tão cansado, Jesus deita e dorme em cima de um travesseiro. Este é o quadro inicial que Marcos pinta. Quadro bonito, bem humano.

* Marcos 4,37-38: A situação desesperadora: “Não te importa que pereçamos?”
O lago da Galiléia é cercado de altas montanhas. Às vezes, por entre as fendas das rochas, o vento cai em cima do lago e provoca tempestades repentinas. Vento forte, mar agitado, barco cheio de água! Os discípulos eram pescadores experimentados. Se eles acham que vão afundar, então a situação é perigosa mesmo! Jesus nem sequer acorda e continua dormindo. Este sono profundo não é só sinal do grande cansaço. É também expressão da confiança tranqüila que ele tem em Deus. O contraste entre a atitude de Jesus e a dos discípulos é grande!

* Marcos 4,39-40: A reação de Jesus: “Vocês ainda não têm fé?”
Jesus acorda, não por causa das ondas, mas por causa do grito desesperado dos discípulos. Primeiro, ele se dirige ao mar e diz: “Fique quieto!” E logo o mar se acalma. Em seguida, se dirige aos discípulos e diz: “Por que vocês têm medo? Ainda não têm fé?” A impressão que se tem é que não era preciso acalmar o mar, pois não havia nenhum perigo. É como quando você chega numa casa e o cachorro, ao lado do dono, late muito. Aí não precisa ter medo, pois o dono está aí e controla a situação. O episódio do mar acalmado evoca o êxodo, quando o povo, sem medo, passava pelo meio das águas do mar (Ex 14,22). Evoca o profeta Isaías que dizia ao povo: “Quando passares pelas águas eu estarei contigo!” (Is 43,2) Jesus refaz o êxodo e realiza a profecia anunciada pelo Salmo 107(106),25-30.

* Marcos 4,41: O não saber dos discípulos: “Quem é este homem?”
Jesus acalmou o mar e disse: “Então, vocês não têm fé?” Os discípulos não sabem o que responder e se perguntam: “Quem é este homem a quem até o mar e o vento obedecem?” Jesus parece um estranho para eles! Apesar da longa convivência, não sabem direito quem ele é. Quem é este homem? Com esta pergunta na cabeça, as comunidades continuavam a leitura do evangelho. E até hoje, é esta mesma pergunta que nos leva a continuar a leitura dos Evangelhos. É o desejo de conhecer sempre melhor o significado de Jesus para a nossa vida.

* Quem é Jesus?
Marcos começa o seu evangelho dizendo: “Início da Boa Nova de Jesus Cristo, Filho de Deus” (Mc 1,1). No fim, na hora da morte de Jesus, um soldado pagão declara: “Verdadeiramente, este homem era Filho de Deus!” (Mc 15,39) No começo e no fim do Evangelho, Jesus é chamado Filho de Deus. Entre o começo e o fim, aparecem muitos outros nomes de Jesus. Eis a lista:
Messias ou Cristo (Mc 1,1; 8,29; 14,61; 15,32);
Senhor (Mc 1,3; 5,19; 11,3);
Filho amado (Mc 1,11; 9,7);
Santo de Deus (Mc 1,24);
Nazareno (Mc 1,24; 10,47; 14,67; 16,6);
Filho do Homem (Mc 2,10.28; 8,31.38; 9,9.12.31; 10,33.45; 13,26; 14,21.21.41.62); Noivo (Mc 2,19);
Filho de Deus (Mc 3,11);
Filho do Deus altíssimo (Mc 5,7);
Carpinteiro (Mc 6,3);
Filho de Maria (Mc 6,3);
Profeta (Mc 6,4.15; 8,28);
Mestre (freqüente);
Filho de Davi (Mc 10,47.48; 12,35-37);
Bendito (Mc 11,9);
Filho (Mc 13,32);
Pastor (Mc 14,27);
Filho do Deus bendito (Mc 14, 61);
Rei dos judeus (Mc 15,2.9.18.26);
Rei de Israel (Mc 15,32),

Cada nome, título ou atributo é uma tentativa de expressar o que Jesus significava para as pessoas. Mas um nome, por mais bonito que seja, nunca chega a revelar o mistério de uma pessoa, muito menos da pessoa de Jesus. Além disso, alguns destes nomes dados a Jesus, inclusive os mais importantes e os mais tradicionais, são questionados e colocados em dúvida pelo próprio Evangelho de Marcos. Assim, na medida em que avançamos na leitura do evangelho, Marcos nos obriga a rever nossas idéias e a nos perguntar, cada vez de novo: “Afinal, quem é Jesus para mim, para nós?” Quanto mais se avança na leitura do evangelho de Marcos, tanto mais se quebram os títulos e os critérios. Jesus não cabe em nenhum destes nomes, em nenhum esquema, em nenhum título. Ele é maior! Aos poucos, o leitor, a leitora, vai se entregando e desiste de querer enquadrar Jesus em algum conceito conhecido ou idéia já pronta, e o aceita do jeito que ele mesmo se apresenta. O amor capta, a cabeça, não!

Para um confronto pessoal
1. As águas do mar da vida, alguma vez, já ameaçaram afogar você? O que o salvou?
2. Qual era o mar agitado no tempo de Jesus? Qual era o mar agitado na época em que Marcos escreveu o seu evangelho? Qual é, hoje, o mar agitado para nós?
3. Leia Isaías 43,2 e também Salmo 107(106),25-30, e compare-os com o episódio da tempestade acalmada. Qual a conclusão que você tira?

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

PREPARANDO A FESTA DA APRESENTAÇÃO DO SENHOR

«Simeão tomou o menino nos braços»

Aelred de Rielvaux (1110-1167), monge cisterciense - In Ypapanti Domini (Sermões inéditos )

"Simeão veio ao templo, conduzido pelo Espírito". E tu, se procuraste bem Jesus, por toda a parte, quer dizer, se - como a Esposa do Cântico dos Cânticos (Ct 3,1-3) – o procuraste escondido no teu repouso, quer lendo, quer meditando, se também o procuraste na cidade, interrogando os teus irmãos, falando dele, partilhando acerca dele, se o procuraste nas ruas e nas praças aproveitando as palavras e os exemplos dos outros, se o procuraste junto das sentinelas, isto é, escutando os que atingiram a perfeição, então também tu virás ao templo, “conduzido pelo Espírito”. Certamente que esse é o melhor lugar para o encontro entre o Verbo e a alma: procuramo-lo por toda a parte, encontramo-lo no templo… “Encontrei aquele que a minha alma ama” (Ct 3,4). Procura, pois, por toda a parte, procura em tudo, procura junto de todos, passa e ultrapassa tudo para finalmente entrares na tenda, na morada de Deus, e então encontrá-lo-ás.

“Simeão veio ao templo, conduzido pelo Espírito”. Portanto, quando os seus pais levaram o Menino Jesus, também ele o recebeu nas suas mãos: eis o amor que prova pelo consentimento, que se prende pelo abraço, que saboreia pelo afeto. Oh, irmãos, que aqui se cale a língua… Aqui nada é mais desejável do que o silêncio: são os segredos do Esposo e da Esposa…, o estrangeiro não poderia tomar parte neles. “O meu segredo é meu, o meu segredo é meu!” (Is 24,16 Vlg). Onde está, para ti, o teu segredo, Esposa que foste a única a experimentar qual é a doçura que se saboreia quando, num beijo espiritual, o espírito criado e o Espírito incriado vão ao encontro um do outro e se unem um ao outro, a tal ponto que são dois em um, melhor, diria eu, um só, justificante e justificado, santificado e santificante, divinizante e divinizado?...

Pudéssemos nós merecer dizer também o que se segue: "Agarrei-te e não mais te largarei" (Ct 3,4). Isso, S. Simeão mereceu-o, ele que disse: "Agora, Senhor, podes deixar o teu servo partir em paz". Quis que o deixassem partir, liberto dos laços da carne, para apertar mais intimamente com o abraço do seu coração Jesus Cristo nosso Senhor, a quem pertence a glória e a honra pelos séculos sem fim.

ORAÇÃO A NOSSA SENHORA DAS CANDEIAS

Ó Maria, por quem nos é dado Jesus Cristo, a Luz do mundo:
- abri-nos os olhos da fé para que não caiamos na escuridão do pecado e do erro;
- aconselhai-nos nos momentos difíceis, para que não nos desviemos do caminho que nos leva à Luz eterna;
- iluminai-nos nas dúvidas e incertezas com a luz da Verdade, para que possamos ser sempre fiéis ao Evangelho;
- inflamai o nosso coração com o fogo do vosso amor, para sempre amarmos Jesus e torná-lo amado por todos.
Nós vos pedimos também por aqueles que perderam a luz da fé e pelos que ainda não foram iluminados pela luz do vosso Filho, a quem buscam sinceramente em meio às trevas da ignorância.
Mãe de Deus das Candeias livrai-nos de toda cegueira espiritual e corporal, para que nos tornemos, e de fato sejamos, luz para o mundo, conforme o desejo de vosso Filho Jesus.

Sexta-feira da 3ª semana do Tempo Comum

São João Bosco
Evangelho (Mc 4,26-34): Jesus dizia-lhes: «O Reino de Deus é como quando alguém lança a semente na terra. Quer ele esteja dormindo ou acordado, de dia ou de noite, a semente germina e cresce, sem que ele saiba como. A terra produz o fruto por si mesma: primeiro aparecem as folhas, depois a espiga e, finalmente, os grãos que enchem a espiga. Ora, logo que o fruto está maduro, mete-se a foice, pois o tempo da colheita chegou». Jesus dizia-lhes: «Com que ainda podemos comparar o Reino de Deus? Com que parábola podemos apresentá-lo? É como um grão de mostarda que, ao ser semeado na terra, é a menor de todas as sementes. Mas, depois de semeada, cresce e se torna maior que todas as outras hortaliças, com ramos grandes a tal ponto que os pássaros do céu podem fazer seus ninhos em sua sombra». Jesus lhes anunciava a palavra usando muitas parábolas como estas, de acordo com o que podiam compreender. Nada lhes falava sem usar parábolas. Mas, quando estava a sós com os discípulos, lhes explicava tudo.

Comentário: Rev. D. Jordi PASCUAL i Bancells (Salt, Girona, Espanha)

O Reino de Deus é como quando alguém lança a semente na terra e a terra produz o fruto por si mesma

Hoje, Jesus fala às pessoas de uma experiência muito próxima das suas vidas: «Um homem lança a semente na terra (…); a semente germina e cresce (…). A terra produz o fruto por si mesma: primeiro aparecem as folhas, depois a espiga e, finalmente, os grãos que enchem a espiga» (Mc 4,26-28). Refere-se, com estas palavras, ao Reino de Deus, que consiste na «santidade e graça, Verdade e Vida, justiça, amor e paz» (Prefácio da Solenidade de Cristo Rei), que Jesus Cristo nos veio trazer. Este Reino tem de ser uma realidade, em primeiro lugar dentro de cada um de nós; depois, no nosso mundo.

Pelo Batismo, Jesus semeou, na alma de cada cristão, a graça, a santidade, a Verdade… Temos de fazer crescer esta semente para que frutifique em abundância de boas obras: de serviço e caridade, de amabilidade e generosidade, de sacrifício para cumprir bem o nosso dever de cada dia e para fazer felizes aqueles que nos rodeiam, de oração constante, de perdão e compreensão, de esforço para crescer em virtudes, de alegria…

Assim, este Reino de Deus – que começa dentro de cada um – se estenderá a nossa família, a nossa cidade, a nossa sociedade, ao nosso mundo. Porque quem vive assim, «que faz senão preparar o caminho do Senhor (…), a fim de que nele penetre a força da graça, que o ilumine a luz da verdade, que faça retos os caminhos que conduzem a Deus?» (São Gregório Magno).

A semente começa pequena, como «um grão de mostarda que, ao ser semeado na terra, é a menor de todas as sementes. Mas, depois de semeada, cresce e se torna maior que todas as outras hortaliças» (Mc 4,31-32). Porém, a força de Deus difunde-se e cresce com um vigor surpreendente. Como nos primeiros tempos do Cristianismo, Jesus pede-nos hoje que difundamos o seu Reino por todo o mundo.

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm

* É bonito ver como Jesus, cada vez de novo, buscava na vida e nos acontecimentos elementos e imagens que pudessem ajudar o povo a perceber e experimentar a presença do Reino. No evangelho de hoje ele, novamente, conta duas pequenas histórias que acontecem todos os dias na vida de todos nós: “A história da semente que cresce sozinha” e “A história da pequena semente de mostarda que cresce e se torna grande”.

* A história da semente que cresce sozinha. O agricultor que planta conhece o processo: semente, fiozinho verde, folha, espiga, grão. Ele não mete a foice antes do tempo. Sabe esperar. Mas não sabe como a terra, a chuva, o sol e a semente têm esta força de fazer crescer uma planta do nada até a fruta. Assim é o Reino de Deus. Tem processo, tem etapas e prazos, tem crescimento. Vai acontecendo. Produz fruto no tempo marcado. Mas ninguém sabe explicar a sua força misteriosa. Ninguém é dono. Só Deus!

* A história da pequena semente de mostarda que cresce e se torna grande. A semente de mostarda é pequena, mas ela cresce e, no fim, os passarinhos vêm para fazer seu ninho nos ramos. Assim é o Reino. Começa bem pequeno, cresce e estende seus ramos para os passarinhos fazerem seus ninhos. Começou com Jesus e uns poucos discípulos e discípulas. Foi perseguido e caluniado, preso e crucificado. Mas cresceu e foi estendendo seus ramos. A parábola deixa uma pergunta no ar que vai ter resposta mais adiante no evangelho: Quem são os passarinhos? O texto sugere que se trata dos pagãos que vão poder entrar na comunidade e ter parte no Reino.

* O motivo que levava Jesus a ensinar por meio de parábolas. Jesus contava muitas parábolas. Tudo tirado da vida do povo! Assim ele ajudava as pessoas a descobrir as coisas de Deus no quotidiano. Tornava o quotidiano transparente. Pois o extraordinário de Deus se esconde nas coisas ordinárias e comuns da vida de cada dia. O povo entendia da vida. Nas parábolas recebia a chave para abri-la e encontrar dentro dela os sinais de Deus.

Para um confronto pessoal
1) Jesus não explica as parábolas. Ele conta as histórias e provoca em nós a imaginação e a reflexão da descoberta. O que você descobriu nestas duas parábolas?
2) Tornar a vida transparente é o objetivo das parábolas. Ao longo dos anos, sua vida ficou mais transparente ou aconteceu o contrário?

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

PREPARANDO A FESTA DA APRESENTAÇÃO DO SENHOR

“Eu vim como a luz ao mundo, para que todo aquele que crê em Mim não permaneça nas trevas” (Jo 12, 46)

Homilia para a festa das luzes - São Sofrônio de Jerusalém (?-639), monge, bispo

Vamos ao encontro de Cristo, todos nós que veneramos o seu Mistério com fervor, avancemos para Ele de todo o coração. Quando todos, sem exceção, participarem neste encontro, que todos levem as suas luzes. Se os nossos círios dão semelhante luz, é antes de mais para mostrar o esplendor divino daquele que vem, daquele que faz resplandecer o universo e o mundo com uma luz eterna, que afasta as trevas do mal. É também, e sobretudo, para manifestar com que esplendor da nossa alma devemos ir ao encontro de Cristo. Com efeito, tal como a Mãe de Deus, a Virgem puríssima, trouxe nos seus braços a luz verdadeira, para ir ao encontro “daqueles que se encontravam nas trevas” (Is 9, 1; Lc 1, 79), assim também nós, iluminados pelos seus raios, e tendo na mão uma luz visível para todos, apressemo-nos a ir ao encontro de Cristo.

É evidente que, dado que a luz veio a este mundo (Jo 1, 9), iluminando os que estavam nas trevas, porque nos visitou a “luz do alto” (Lc 1, 78), esse mistério é o nosso mistério. […] Corramos, pois, todos juntos, vamos todos ao encontro de Deus. […] Deixemo-nos iluminar a todos por Ele, meus irmãos, tornemo-nos todos resplandecentes. Que nenhum de nós permaneça afastado desta luz, como se fosse um estrangeiro; que nenhum se obstine em permanecer mergulhado na noite. Pelo contrário, avancemos para a claridade; caminhemos, iluminados, ao seu encontro, e recebamos, com o velho Simeão, esta luz gloriosa e eterna.

Com ele exultemos de todo o coração e cantemos um hino de ação de graças a Deus, Pai da luz (Tg 1,17), que nos enviou a claridade verdadeira, para nos tirar das trevas e nos tornar resplandecentes.

Graças a Cristo, também nós vimos salvação de Deus, que Ele preparou “em favor de todos os povos”, e que manifestou para “glória de Israel” (Lc 2, 30-32). E também nós fomos libertados da noite do nosso pecado, como Simeão o foi dos laços da vida presente, ao ver Cristo.

ORAÇÃO A NOSSA SENHORA DAS CANDEIAS

Ó Maria, por quem nos é dado Jesus Cristo, a Luz do mundo:
- abri-nos os olhos da fé para que não caiamos na escuridão do pecado e do erro;
- aconselhai-nos nos momentos difíceis, para que não nos desviemos do caminho que nos leva à Luz eterna;
- iluminai-nos nas dúvidas e incertezas com a luz da Verdade, para que possamos ser sempre fiéis ao Evangelho;
- inflamai o nosso coração com o fogo do vosso amor, para sempre amarmos Jesus e torná-lo amado por todos.

Nós vos pedimos também por aqueles que perderam a luz da fé e pelos que ainda não foram iluminados pela luz do vosso Filho, a quem buscam sinceramente em meio às trevas da ignorância.

Mãe de Deus das Candeias livrai-nos de toda cegueira espiritual e corporal, para que nos tornemos, e de fato sejamos, luz para o mundo, conforme o desejo de vosso Filho Jesus.

Quinta-feira da 3ª semana do Tempo Comum

Evangelho (Mc 4,21-25): Jesus dizia-lhes: «Será que a lâmpada vem para ficar debaixo de uma caixa ou debaixo da cama? Pelo contrário, não é ela posta no candelabro? De fato, nada há de escondido que não venha a ser descoberto; e nada acontece em segredo que não venha a se tornar público. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!» Jesus dizia-lhes: «Considerai bem o que ouvis! A medida que usardes para os outros, servirá também para vós, e vos será acrescentado ainda mais. A quem tem, será dado; e a quem não tem, será tirado até o que tem».

Comentário: Rev. D. Àngel CALDAS i Bosch (Salt, Girona, Espanha)

Será que a lâmpada vem para ficar debaixo de uma caixa ou debaixo da cama?

Hoje, Jesus nos explica o segredo do Reino do Céu. Inclusive utiliza certa ironia para mostrar-nos que a “energia” interna que tem a Palavra de Deus - a própria Dele—, a força expansiva que se deve estender por todo o mundo, é como uma luz, e que esta luz não pode ficar embaixo do alqueire «Dizia-lhes ainda: Traz-se porventura a candeia para ser colocada debaixo do alqueire ou debaixo da cama? Não é para ser posta no candeeiro?» (Mc 4,21).

Por acaso podemos imaginar a estupidez humana que seria colocar a vela acesa embaixo da cama? Cristãos com a luz apagada ou com a luz acesa com a proibição de iluminar! Isto sucede quando não pomos ao serviço da fé a plenitude de nossos conhecimentos e de nosso amor. Quão antinatural resulta o egoísmo sobre nós mesmos, reduzindo nossa vida ao limite de nossos interesses pessoais! Viver sob a cama! Ridícula e tragicamente imóveis: “autistas” do espírito.

O Evangelho —pelo contrário— é um santo arrebato de Amor apaixonado que quer comunicar-se, que necessita “dizer”, que leva em si uma exigência de crescimento pessoal, de maturidade interior, e de serviço aos outros. «Se dizes: Basta! Estás morto», diz Santo Agostinho. E São Josémaria: «Senhor: que tenha peso e medida em tudo..., menos no amor».

«‘Se alguém tem ouvidos para ouvir, que ouça. ’ Lhes dizia também: ‘Ele prosseguiu: Atendei ao que ouvis: com a medida com que medirdes, vos medirão a vós, e ainda se vos acrescentará.’» (Mc 4,23-24). Mas, que queres dizer com escutar; Que devemos escutar? É a grande pergunta que devemos fazer. É o ato de sinceridade para com Deus que nos exige saber realmente que queremos fazer. E para saber o que devemos escutar: é necessário estar atento às insinuações de Deus. Devemos nos introduzir no diálogo com Ele. E a conversa põe fim às “matemáticas da medida”: «Ele prosseguiu: Atendei ao que ouvis: com a medida com que medirdes, vos medirão a vós, e ainda se vos acrescentará. Pois, ao que tem, se lhe dará; e ao que não tem, se lhe tirará até o que tem» (Mc 4,24-25). Os interesses acumulados de Deus nosso Senhor são imprevisíveis e extraordinários. Esta é uma maneira de excitar nossa generosidade.

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm

* A lâmpada que ilumina. Naquele tempo, não havia luz elétrica. Imagine o seguinte. A família está em casa. Começa a escurecer. O pai levanta, pega a lamparina, acende e coloca debaixo de um caixote ou debaixo de uma cama. O que os outros vão dizer? Vão gritar: “Pai! Coloca na mesa!” Esta é a história que Jesus conta. Ele não explica. Apenas diz: Quem tem ouvidos para ouvir, ouça! A Palavra de Deus é a lâmpada a ser acesa na escuridão da noite. Enquanto estiver dentro do livro fechado da Bíblia, ela é como a lamparina debaixo do caixote. Quando ligada à vida e vivida em comunidade, ela é colocada na mesa e ilumina!

* Prestar atenção aos preconceitos. Jesus pede aos discípulos para tomar consciência dos preconceitos com que escutam o ensinamento que ele oferece. Devemos prestar atenção nas ideias com que olhamos para Jesus! Se a cor dos óculos é verde, tudo aparece verde. Se for azul, tudo será azul! Se a ideia com que eu olho para Jesus for errada, tudo o que penso sobre Jesus estará ameaçado de erro. Se eu acho que o messias deve ser um rei glorioso, não vou entender nada do que Jesus ensina e vou entender tudo errado.

* Parábolas: um novo jeito de ensinar e de falar sobre Deus. O jeito de Jesus ensinar era, sobretudo, através de parábolas. Ele tinha uma capacidade muito grande de encontrar imagens bem simples para comparar as coisas de Deus com as coisas da vida que o povo conhecia e experimentava na sua luta diária pela sobrevivência. Isto supõe duas coisas: estar por dentro das coisas da vida, e estar por dentro das coisas do Reino de Deus.

* O ensino de Jesus era diferente do ensino dos escribas. Era uma Boa Nova para os pobres, porque Jesus revelava um novo rosto de Deus, no qual o povo se reconhecia e se alegrava. “Pai, eu te agradeço, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequenos. Sim, Pai, assim foi do teu agrado! (Mt 11,25-28)”.

Para um confronto pessoal
1) Palavra de Deus, lâmpada que ilumina. Qual o lugar que a Bíblia ocupa em minha vida? Qual a luz que dela recebo?
2) Qual a imagem de Jesus que está em mim? Quem é Jesus para mim, e quem sou eu para Jesus?

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

29 de janeiro

Beata Arcângela Girlani
Virgem de nossa Ordem


Nascida em Trino Vercellese, na Itália Setentrional, em meados do séc. XV, tomou o hábito carmelita em Parma, onde também veio a ser prioresa. Mais tarde exerceu o mesmo cargo no novo Mosteiro de Mântua, por ela fundado, onde morreu no dia 25 de janeiro de 1495. Animada por um vivo sentido da presença do Deus uno e trino, distinguiu-se pela sua especial devoção à SS. Trindade. Em colaboração com o Padre-Geral B. João Soreth, e seguindo as Constituições por ele renovadas, favoreceu uma observância viva do espírito do Carmelo nos mosteiros que lhe tinham sido confiados. O seu culto imemorial foi aprovado a 1 de outubro de 1864 pelo Papa Pio IX.

HINO DE LAUDES E VÉSPERAS

Arcângela bem-aventurada,
que chama te conduziu
à celestial morada?

Que olhar te atraiu?
Que doce voz te chamou?
Que amor te seduziu?

Ao seu amor aspiraste
e pra de todo o ganhar
os bens do mundo deixaste.

Vê-te o Carmelo chegar
humilde e fervorosa ...
Quanta luz hás de espalhar!

"Como és bela e graciosa!
Os teus olhos me fascinam:
levanta-te e vem, ó formosa!"

Dos que no exílio caminham
rumo à eternidade
sê Anjo de Caridade!

Salmodia, Leitura, Responsório breve e Preces do Dia Corrente.

                                                                                             ORAÇÃO 
Senhor, que fizestes da bem-aventurada Arcângela uma enamorada do mistério da vossa eterna Trindade, concedei-nos, por sua intercessão, que, saboreando na terra a felicidade da vossa glória, Vos contemplemos um dia no Céu. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Quarta-feira da 3ª semana do Tempo Comum

Bta Archangela Girlani
Evangelho (Mc 4,1-20): Outra vez, à beira-mar, Jesus começou a ensinar, e uma grande multidão se ajuntou ao seu redor. Por isso, entrou num barco e sentou-se, enquanto toda a multidão ficava em terra, à beira-mar. Ele se pôs a ensinar-lhes muitas coisas em parábolas. No seu ensinamento, dizia-lhes: «Escutai! O semeador saiu a semear. Ao semear, uma parte caiu à beira do caminho, e os passarinhos vieram e comeram. Outra parte caiu em terreno cheio de pedras, onde não havia muita terra; brotou logo, porque a terra não era profunda, mas quando o sol saiu, a semente se queimou e secou, porque não tinha raízes. Outra parte caiu no meio dos espinhos; estes cresceram e a sufocaram, e por isso não deu fruto. E outras sementes caíram em terra boa; brotaram, cresceram e deram frutos: trinta, sessenta e até cem por um. E acrescentou: «Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!».  Quando ficaram a sós, os que estavam com ele junto com os Doze faziam perguntas sobre as parábolas. Ele dizia-lhes: «A vós é confiado o mistério do Reino de Deus. Para aqueles que estão fora tudo é apresentado em parábolas, de modo que, por mais que olhem, não enxergam, por mais que escutem, não entendem, e não se convertem, nem são perdoados».  Jesus então perguntou-lhes: «Não compreendeis esta parábola? Como então, compreendereis todas as outras parábolas? O semeador semeia a palavra. Os da beira do caminho onde é semeada a palavra são os que a ouvem, mas logo vem Satanás e arranca a palavra semeada neles. Os do terreno cheio de pedras são aqueles que, ao ouvirem a palavra, imediatamente a recebem com alegria, mas não têm raízes em si mesmos, são de momento; chegando tribulação ou perseguição por causa da palavra, desistem logo. Outros ainda são os que foram semeados entre os espinhos: são os que ouvem a palavra, mas quando surgem as preocupações do mundo, a ilusão da riqueza e os outros desejos, a palavra é sufocada e fica sem fruto. E os que foram semeados em terra boa são os que ouvem a palavra e a acolhem, e produzem frutos: trinta, sessenta e cem por um».

Comentário: Rev. D. Antoni CAROL i Hostench (Sant Cugat del Vallès, Barcelona, Espanha)

O semeador semeia a palavra

Hoje escutamos dos lábios do Senhor a “Parábola do semeador”. A cena é totalmente atual. O Senhor não deixa de “semear”. Também nos nossos dias é uma multidão a que escuta a Jesus pela boca de seu Vigário — o Papa—, de seus ministros e... de seus fieis laicos: a todos os batizados Cristo nos outorgou uma participação em sua missão sacerdotal. Há “fome” de Jesus. Nunca como agora a Igreja tem sido tão católica, já que sob suas “asas” abriga homens e mulheres dos cinco continentes e de todas as raças. Ele nos enviou ao mundo inteiro (cf. Mc 16,15) e, apesar das sombras do panorama, se fez realidade o mandato apostólico de Jesus Cristo.

O mar, a barca e as praias são substituídos por estádios, telas e modernos meios de comunicação e de transporte. Mas Jesus é hoje o mesmo de ontem. O homem não mudou, nem a sua necessidade de ensinar a amar. Também hoje há quem — por graça e gratuita escolha divina: é um mistério!— recebe e entende mais diretamente a Palavra. Como também há muitas almas que necessitam uma explicação mais descritiva e mais pausada da Revelação.

Em todo caso, a uns e outros, Deus nos pede frutos de santidade. O Espírito Santo nos ajuda a isso, mas não prescinde de nossa colaboração. Em primeiro lugar, é necessária a diligência. Se nós respondemos a meias, quer dizer, se nós mantemos na “fronteira” do caminho sem entrar plenamente nele, seremos vítima fácil de Satanás.

Segundo, a constância na oração — o diálogo—, para aprofundar no conhecimento e amor a Jesus Cristo: «Santo sem oração...?  Não acredito nessa santidade» (São Josémaria).

Finalmente, o espírito de pobreza e desprendimento evitará que nos “afoguemos” pelo caminho. As coisas esclarecidas: «Ninguém pode servir a dois senhores... » (Mt 6,24).

Em Maria encontramos o melhor modelo de correspondência à chamada de Deus.

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm

* Sentado num barco, Jesus ensina o povo. Nestes versos, Marcos descreve o jeito que Jesus tinha de ensinar o povo: na praia, sentado no barco, muita gente ao redor para escutar. Jesus não era uma pessoa estudada (Jo 7,15). Não tinha freqüentado a escola superior de Jerusalém. Vinha do interior, da roça, de Nazaré. Era um desconhecido, meio camponês, meio artesão. Sem pedir licença às autoridades, começou a ensinar o povo. Falava tudo diferente. O povo gostava de ouvi-lo.

* Por meio das parábolas, Jesus ajudava o povo a perceber a presença misteriosa do Reino nas coisas da vida. Uma parábola é uma comparação. Ela usa as coisas conhecidas e visíveis da vida para explicar as coisas invisíveis e desconhecidas do Reino de Deus. Por exemplo, o povo da Galiléia entendia de semente, de terreno, chuva, sol, sal, flores, colheita, pescaria, etc. Ora, são exatamente estas coisas conhecidas do povo que Jesus usa nas parábolas para explicar o mistério do Reino.

* A parábola da semente retrata a vida do camponês. Naquele tempo, não era fácil viver da agricultura. O terreno tinha muita pedra. Muito mato. Pouca chuva, muito sol. Além disso, muitas vezes, o povo encurtava estrada e, passando no meio do campo, pisava nas plantas (Mc 2,23). Mesmo assim, apesar de tudo isso, todo ano, o agricultor semeava e plantava, confiando na força da semente, na generosidade da natureza.

* Quem tem ouvidos para ouvir, ouça! Jesus começou a parábola dizendo: “Escutem!” (Mc 4,3). Agora, no fim, ele termina dizendo: “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!” O caminho para chegar ao entendimento da parábola é a busca: “Tratem de entender!” A parábola não entrega tudo pronto, mas leva a pensar e faz descobrir a partir da própria experiência que os ouvintes têm da semente. Provoca a criatividade e a participação. Não é uma doutrina que já vem pronta para ser ensinada e decorada. A Parábola não dá água engarrafada, mas entrega a fonte. O agricultor que escutou, diz: “Semente no terreno, eu sei o que é! Mas Jesus diz que isso tem a ver com o Reino de Deus. O que seria?” E aí você pode imaginar as longas conversas do povo! A parábola mexe com o povo e leva a escutar a natureza e a pensar na vida.

* Jesus explica a parábola aos discípulos. Em casa, a sós com Jesus, os discípulos querem saber o significado da parábola. Eles não entenderam. Jesus estranhou a ignorância deles (Mc 4,13) e respondeu por meio de uma frase difícil e misteriosa. Ele diz aos discípulos: “A vocês foi dado o mistério do Reino de Deus. Aos de fora, porém, tudo acontece em parábolas, para que vendo não vejam, ouvindo não ouçam e para que não se convertam e não sejam salvos!”. Esta frase faz a gente se perguntar: Afinal, a parábola serve para que? Para esclarecer ou para esconder? Será que Jesus usa parábolas, para que o povo continue na ignorância e não chegue a se converter? Certamente que não! Pois em outro lugar Marcos diz que Jesus usava parábolas “conforme a capacidade dos ouvintes” (Mc 4,33)

* Parábola revela e esconde ao mesmo tempo! Revela para “os de dentro”, que aceitam Jesus como Messias Servidor. Esconde para os que insistem em ver nele o Messias, Rei grandioso. Estes entendem as imagens da parábola, mas não chegam a entender o seu significado.

* A explicação da parábola, parte por parte. Uma por uma, Jesus explica as partes da parábola, desde a semente e o terreno até a colheita. Alguns estudiosos acham que esta explicação foi acrescentada depois. Ela seria de alguma comunidade. É bem possível. Pois dentro do botão da parábola está a flor da explicação. Botão e flor, ambos têm a mesma origem que é Jesus. Por isso, nós também podemos continuar a reflexão e descobrir outras coisas bonitas dentro da parábola. Certa vez, alguém perguntou numa comunidade: “Jesus falou que devemos ser sal. Para que serve o sal?” Discutiram e, no fim, encontraram mais de dez finalidades diferentes para o sal! Aí foram aplicar tudo isto à vida da comunidade e descobriram que ser sal é difícil e exigente. A parábola funcionou! O mesmo vale para a semente. Todo mundo tem alguma experiência de semente.

Para um confronto pessoal
1) Qual a experiência que você tem de semente? Como ela te ajuda a entender melhor a Boa Nova
2) Que terreno eu sou?

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

PRIORES GERAIS DA ORDEM CARMELITA DA ANTIGA OBSERVÂNCIA


PRIOR GERAL: FR. FERNANDO MILLÁN ROMERAL, O. CARM. (2007.09.13 – ...)
Prior Geral: Fr. Joseph Chalmers, O. Carm. (1995.09 – 2007.09.13)
Prior Geral: Fr. John Malley, O. Carm. (1983.09 – 1995.09)
Prior Geral: Fr. Falco Thuis, O. Carm. (1971.09 – 1983.09)
Prior Geral: Fr. Kilian Healy, O. Carm. (1959 – 1971.09)
Prior Geral: Fr. Kilian Lynch, O. Carm. (1947 – 1959)
Prior Geral: Fr. Hilary Doswold, O. Carm. (1931 – 1947)
Prior Geral: Fr. Elijah Magennis, O. Carm. (1919 – 1931)
Prior Geral: Fr. Pius Maria Mayer, O. Carm. (1902 – 1919)
Prior Geral: Fr. Simone Maria Bernardini, O. Carm. (1900 – 1902)
Prior Geral: Fr. Luigi Galli, O. Carm. (1889 – 1900)
Prior Geral: Fr. Girolamo Priori, O. Carm. (1854 – 1863)
Prior Geral: Fr. Giuseppe Raimondo Lobina, O. Carm. (1849 – 1854)
Prior Geral: Fr. Agostino Maria Ferrara, O. Carm. (1843 – 1849)
Prior Geral: Fr. Giuseppe Palma, O. Carm.  (1841 – 1843.04.03)
Prior Geral: Fr. Giuseppe Cataldi, O. Carm. (1838 – 1841)
Prior Geral: Fr. Luigi Calamata, O. Carm. (1832 – 1838)
Prior Geral: Fr. Manuel Regidor y Brihuega, O. Carm. (1825 – 1832)
Prior Geral: Fr. Luigi Antonio Faro, O. Carm. (1819 – 1825)
Prior Geral: Fr. Timoteo Maria Ascensi, O. Carm. (1807 – 1814)
Prior Geral: Fr. Rocco Melchor, O. Carm. (1794 – 1805)
Prior Geral: Fr. Giovanni Tufano, O. Carm. (1788 – 1790)
Prior Geral: Fr. Andrea Andras, O. Carm. (1780 – 1788)
Prior Geral: Fr. José Alberto Ximenez, O. Carm. (1768 – 1780)
Prior Geral: Fr. Mariano Ventimiglia, O. Carm. (1762 – 1768)
Prior Geral: Fr. Gioacchino Maria Pontalti, O. Carm. (1756 – 1761.11.27)
Prior Geral: Fr. Luigi Laghi, O. Carm. (1742 – 1756)
Prior Geral: Fr. Nicola Ricchiuti, O. Carm. (1738 – 1742)
Prior Geral: Fr. Ludovico Benzoni, O. Carm. (1731 – 1738)
Prior Geral: Fr. Antoine-Joseph-Aimable Feydeau, O. Carm. (1728 – 1730)
Prior Geral: Fr. Gaspare Pizzolanti, O. Carm.  (1722 – 1727.06.25)
Prior Geral: Fr. Carlo Cornaccioli, O. Carm. (1716 – 1722)
Prior Geral: Fr. Pedro Tomás Sanchez, O. Carm. (1710 – 1716)
Prior Geral: Fr. Angelo de Cambolas, O. Carm. (1704 – 1710)
Prior Geral: Fr. Carlo Filiberto Berberi, O. Carm. (1698 – 1704)
Prior Geral: Fr. Juan Feyjóo González de Villalobos, O. Carm. (1692 – 1698)
Prior Geral: Fr. Paolo di Sant’Ignazio, O. Carm. (1686 – 1692)
Prior Geral: Fr. Angelo Monsignani, O. Carm. (1682 – 1686)
Prior Geral: Fr. Ferdinando Tartaglia, O. Carm. (1680 – 1682)
Prior Geral: Fr. Francesco Scannapieco, O. Carm. (1674 – 1676)
Prior Geral: Fr. Matteo Orlandi, O. Carm. (1666 – 1674)
Prior Geral: Fr. Girolamo Ari, O. Carm. (1660 – 1666)
Prior Geral: Fr. Mario Venturini, O. Carm. (1654 – 1660)
Prior Geral: Fr. Giovanni Antonio Filippini, O. Carm. (1648 – 1654)
Prior Geral: Fr. Leone Bonfigli, O. Carm. (1643 – 1647)
Prior Geral: Fr. Alberto Massari, O. Carm. (1642 – 1643)
Prior Geral: Fr. Teodoro Straccio, O. Carm. (1631 – 1642)
Prior Geral: Fr. Gregorio Canali, O. Carm. (1623 – 1631)
Prior Geral: Fr. Sebastiano Fantoni, O. Carm. (1612 – 1623)
Prior Geral: Fr. Henry Sylvio, O. Carm. (1598 – 1612)
Prior Geral: Fr. Giovanni Stefano Chizzola, O. Carm. (1592 – 1596)
PRIOR GERAL: FR. GIOVANNI BATISTA CAFFARDI, O. CARM. (1578 – 1592) - Último Prior  Geral antes da separação dos Descalços
PRIOR GERAL: FR. GIOVANNI BATISTA ROSSI, O. CARM. (1562 – 1578)
PRIOR GERAL: FR. NICOLAS AUDET, O. CARM. (1523 – 1562)
Prior Geral: Fr. Bernardino Landucci, O. Carm. (1517 – 1523)
Prior Geral: Fr. Giovanni Batista de Parme, O. Carm. (1516 – 1517)
PRIOR GERAL: BTO. FR. BAPTIST SPAGNOLI, O. CARM. (1513 – 1516.03.20)
Prior Geral: Fr. Pierre Terrasse, O. Carm. (1512 – 1513)
Prior Geral: Fr. Pons de Raynaud, O. Carm. (1503 – 1512)
Prior Geral: Fr. Guillaume de Domoquercy, O. Carm. (1481 – 1503)
Prior Geral: Fr. Cristoforo Martignoni, O. Carm. (1471 – 1481)
PRIOR GERAL: BTO. FR. JOHN SORETH, O. CARM. (1451 – 1471)
Prior Geral: Fr. Giovanni Faci, O. Carm. (1434 – 1450)
Prior Geral: Fr. Natale Bencesi, O. Carm. (1433 – 1434)
Prior Geral: Fr. Bartolomeo Roquali, O. Carm. (1430 – 1433)
Prior Geral: Fr. Jean Le Gros, O. Carm. (1411 – 1430)
Prior Geral : Fr. Jean Le Gros, O. Carm. (1389 – 1411)
Prior Geral: Fr. Jean de Raude, O. Carm. (1386 – 1404)
Prior Geral : Fr. Raymond de Vaquerie, O. Carm. (1384 – 1389)
Prior Geral: Fr. Michele Aignani, O. Carm. (1381 – 1386)
Prior Geral : Fr. Bernard Olery, O. Carm. (1381 – 1384)
Prior Geral: Fr. Bernard Olery, O. Carm. (1375 – 1381)
Prior Geral: Fr. Giovanni Ballistari, O. Carm. (1358 – 1375)
Prior Geral: Fr. Pierre-Raymond de Grasse, O. Carm. (1342 – 1358)
Prior Geral: Fr. Pierre de Casa, O. Carm. (1330 – 1342)
Prior Geral: Fr. Giovanni d’Alerio, O. Carm. (1321 – 1330)
Prior Geral: Fr. Guy Terreni, O. Carm. (1318 – 1321)
Prior Geral: Fr. Gerardo de Bologne, O. Carm. (1297 – 1318)
Prior Geral: Fr. Raymond de L’Isle, O. Carm. (1294 – 1297)
Prior Geral: Fr. Pierre de Millaud, O. Carm. (1277 – 1294)
Prior Geral: Fr. Radulphe, O. Carm. (1271 – 1277)
Prior Geral: Fr. Nicolas o Francês, O. Carm. (1266 – 1271)
PRIOR GERAL: SÃO  FR. SIMON STOCK, O. CARM. (1254 – 1265.05.16)
Prior Geral: Fr. Alain, O. Carm. (1253 – 1254)
Prior Geral: Fr. Gottfried, O. Carm. (1249 – 1253)
Prior Geral: Fr. BertholdO, O. Carm. (1237 – 1249)
PRIOR GERAL: SÃO CYRILO, O. CARM. (1232 – 1237)
PRIOR GERAL: SÃO BROCARDO, O. CARM. (1200 – 1232)
FUNDADOR E PRIOR GERAL: SÃO FR. BERTHOLDO, O. CARM. (1154 – 1195) 

Terça-feira da 3ª semana do Tempo Comum

Sto Tomás de Aquino, Presbítero e Doutor da Igreja
Evangelho (Mc 3,31-35): Nisso chegaram a mãe e os irmãos de Jesus. Ficaram do lado de fora e mandaram chamá-lo. Ao seu redor estava sentada muita gente. Disseram-lhe: «Tua mãe e teus irmãos e irmãs estão lá fora e te procuram». Ele respondeu: «Quem é minha mãe? Quem são meus irmãos?». E passando o olhar sobre os que estavam sentados ao seu redor, disse: «Eis minha mãe e meus irmãos! Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe».

Comentário: Rev. D. Josep GASSÓ i Lécera (Corró d'Avall, Barcelona, Espanha)

Eis minha mãe e meus irmãos! Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe.

Hoje contemplamos Jesus — numa cena muito especial e, também, comprometedora— ao seu redor havia uma multidão de pessoas do povoado. Os familiares mais próximos de Jesus chegaram desde Nazaré a Cafarnaum. Mas, quando viram tanta quantidade de gente, permaneceram do lado de fora e mandaram chamá-lo. Disseram-lhe: «Tua mãe e teus irmãos e irmãs estão lá fora e te procuram» (Mc 3,32).

Na resposta de Jesus, como veremos, não há nenhum motivo para rechaçar os seus familiares. Jesus tinha se afastado deles para seguir o chamado divino e mostra agora que também internamente renunciou a eles: não por frialdade de sentimentos ou por menosprezo dos vínculos familiares, senão porque pertence completamente a Deus Pai. Jesus Cristo fez ele mesmo, pessoalmente, aquilo que justamente pede aos seus discípulos.

Em vez da sua família da terra, Jesus escolheu uma família espiritual. Passando um olhar sobre os que estavam sentados ao seu redor, disse-lhes: «Eis minha mãe e meus irmãos. Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe». (Mc 3, 34-35). São Marcos, em outros lugares do seu Evangelho, refere outro dos olhares de Jesus ao seu redor.

Será que Jesus quer nos dizer que só são seus parentes os que escutam com atenção sua palavra? Não! Não são seus parentes aqueles que escutam sua palavra, senão aqueles que escutam e cumprem a vontade de Deus: esses são seu irmão, sua irmã, sua mãe.

Jesus faz uma exortação a aqueles que estão ali sentados —e a todos— a entrar em comunhão com Ele através do cumprimento da vontade divina. Mas, vemos, também, na suas palavras uma louvação a sua mãe, Maria, a sempre bem-aventurada por ter acreditado.

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm

* A família de Jesus. Os parentes chegam na casa onde Jesus estava. Provavelmente tinham vindo de Nazaré. De lá até Cafarnaum são uns 40 quilômetros. Sua mãe veio junto. Eles não entram, mas mandam recado: Tua mãe, teus irmãos e tuas irmãs estão lá fora e te procuram! A reação de Jesus é firme: Quem é minha mãe, quem são meus irmãos? E ele mesmo responde apontando para a multidão que estava ao redor: Eis aqui minha mãe e meus irmãos! Pois todo aquele que faz a vontade de Deus é meu irmão, minha irmã, minha mãe! Para entender bem o significado desta resposta convém olhar a situação da família no tempo de Jesus.

* No antigo Israel, o clã, isto é, a grande família (a comunidade), era a base da convivência social. Era a proteção das famílias e das pessoas, a garantia da posse da terra, o veículo principal da tradição, a defesa da identidade. Era a maneira concreta do povo daquela época encarnar o amor de Deus no amor ao próximo. Defender o clã era o mesmo que defender a Aliança.

* Na Galileia do tempo de Jesus, por causa do sistema implantado durante os longos governos de Herodes Magno (37 a 4 a.C.) e de seu filho Herodes Antipas (4 a 39 d.C.), o clã (a comunidade) estava enfraquecendo. Os impostos a serem pagos, tanto ao governo como ao templo, o endividamento crescente, a mentalidade individualista da ideologia helenista, as freqüentes ameaças de repressão violenta por parte dos romanos, a obrigação de acolher os soldados e dar-lhes hospedagem, os problemas cada vez maiores de sobrevivência, tudo isto levava as famílias a se fecharem dentro das suas próprias necessidades. Este fechamento era reforçado pela religião da época. Por exemplo, quem dedicava sua herança ao Templo podia deixar seus pais sem ajuda. Isto enfraquecia o quarto mandamento que era a espinha dorsal do clã (Mc 7,8-13). Além disso, a observância das normas de pureza era fator de marginalização de muita gente: mulheres, crianças, samaritanos, estrangeiros, leprosos, possessos, publicanos, doentes, mutilados, paraplégicos.

* Assim, a preocupação com os problemas da própria família impedia as pessoas de se unirem em comunidade. Ora, para que o Reino de Deus pudesse manifestar-se na convivência comunitária do povo, as pessoas tinham de ultrapassar os limites estreitos da pequena família e abrir-se, novamente, para a grande família, para a Comunidade. Jesus deu o exemplo. Quando sua própria família tentou apoderar-se dele, reagiu e alargou a família: “Quem é minha mãe, quem são meus irmãos? E ele mesmo deu a resposta apontando para a multidão que estava ao redor: Eis aqui minha mãe e meus irmãos! Pois todo aquele que faz a vontade de Deus é meu irmão, minha irmã, minha mãe! (Mc 3,33-35). Criou comunidade.

* Jesus pedia o mesmo de todos que queriam segui-lo. As famílias não podiam fechar-se. Os excluídos e os marginalizados deviam ser acolhidos dentro da convivência e, assim, sentir-se acolhidos por Deus (cf Lc 14,12-14). Este era o caminho para realizar o objetivo da Lei que dizia: “Entre vocês não pode haver pobres” (Dt 15,4). Como os grandes profetas do passado, Jesus procura reforçar a vida comunitária nas aldeias da Galileia. Ele retoma o sentido profundo do clã, da família, da comunidade, como expressão da encarnação do amor de Deus no amor ao próximo.

Para um confronto pessoal
1) Viver a fé em comunidade. Qual o lugar e a influência da comunidade na minha maneira de viver a fé?
2) Hoje, na cidade grande, a massificação promove o individualismo que é o contrário da vida em comunidade. O que estou fazendo para combater este mal?